sexta-feira, 30 de setembro de 2022
Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo
quinta-feira, 29 de setembro de 2022
A palavra anjo indica o ofício, não a natureza
terça-feira, 27 de setembro de 2022
Deve-se preferir o serviço dos pobres acima de tudo
Dos Escritos de São Vicente de Paulo, presbítero
(Cf. Correspondance, Entretiens, Documents, ed. P. Coste, Paris 1920-1925, passim)
(Séc. XVII)
Deve-se preferir o serviço dos pobres acima de tudo
Não temos de avaliar os pobres por suas roupas e aspecto, nem pelos dotes de espírito que pareçam ter. Com frequência são ignorantes e curtos de inteligência. Mas muito pelo contrário, se considerardes os pobres à luz da fé, então percebereis que estão no lugar do Filho de Deus que escolheu ser pobre. De fato, em seu sofrimento, embora quase perdesse a aparência humana - loucura para os gentios, escândalo para os judeus - apresentou-se, no entanto, como o evangelizador dos pobres: Enviou-me para evangelizar os pobres (Lc 4,18). Devemos ter os mesmos sentimentos de Cristo e imitar aquilo que ele fez: ter cuidado pelos indigentes, consolá-los, auxiliá-los, dar-lhes valor.
Com efeito, Cristo quis nascer pobre, escolheu pobres para seus discípulos, fez-se servo dos pobres e de tal forma quis participar da condição deles, que declarou ser feito ou dito a ele mesmo tudo quanto de bom ou de mau se fizesse ou dissesse aos pobres. Deus ama os pobres, também ama aqueles que os amam. Quando alguém tem um amigo, inclui na mesma estima aqueles que demonstram amizade ou prestam obséquio ao amigo. Por isto esperamos que, graças aos pobres, sejamos amados por Deus. Visitando-os, pois, esforcemo-nos por entender os pobres e os indigentes e, compadecendo-nos deles, cheguemos ao ponto de poder dizer com o Apóstolo: Fiz-me tudo para todos (1Cor 9,22). Por este motivo, se é nossa intenção termos o coração sensível às necessidades e misérias do próximo, supliquemos a Deus que derrame em nós o sentimento de misericórdia e de compaixão, cumulando com ele nossos corações e guardando-os repletos.
Deve-se preferir o serviço dos pobres a tudo o mais e prestá-lo sem demora. Se na hora da oração for necessário dar remédios ou auxílio a algum pobre, ide tranquilos, oferecendo a Deus esta ação como se estivésseis em oração. Não vos perturbeis com angústia ou medo de estar pecando por causa de abandono da oração em favor do serviço dos pobres. Deus não é desprezado, se por causa de Deus dele nos afastarmos, quer dizer, interrompermos a obra de Deus, para realizá-la de outro modo.
Portanto, ao abandonardes a oração, a fim de socorrer a algum pobre, isto mesmo vos lembrará que o serviço é prestado a Deus. Pois a caridade é maior do que quaisquer regras, que, além do mais, devem todas tender a ela. E como a caridade é uma grande dama, faz-se necessário cumprir o que ordena. Por conseguinte, prestemos com renovado ardor nosso serviço aos pobres; de modo particular aos abandonados, indo mesmo à sua procura, pois nos foram dados como senhores e protetores.
segunda-feira, 26 de setembro de 2022
A preciosa morte dos mártires cujo preço foi a morte de Cristo
(Sermo 329,1-2: PL 38,1454-1455)
(Séc. V)
A preciosa morte dos mártires
cujo preço foi a morte de Cristo
Houve na cruz um grande comércio: abriu-se ali a bolsa para pagar nosso custo; quando seu lado foi aberto pela lança do que feria, dali correu o preço do mundo inteiro. Foram comprados fiéis e mártires; mas a fé dos mártires suportou a prova: o sangue é testemunha. Retribuíram o que tinha sido pago por eles e realizaram as palavras de São João: Assim como Cristo entregou sua vida por nós, também nós devemos entregar nossas vidas pelos irmãos (cf. 1Jo 3,16). E em outro lugar se disse: Sentaste à grande mesa, observa com cuidado o que te oferecem porque deves preparar o mesmo (Pr 23,1-2). A grande mesa é aquela em que as iguarias são o próprio Senhor da mesa. Ninguém alimenta os convivas com sua pessoa, mas assim procede o Cristo Senhor: ele é que convida, ele é o pão e a bebida. Portanto, os mártires reconheceram o que comeram e o que beberam, para retribuírem o mesmo.
Mas como retribuir, a não ser que lhes desse com que retribuir aquele que primeiro pagou? Que retribuirei ao Senhor por tudo quanto me deu? Tomarei o cálice da salvação (Sl 115,12-13). Que cálice é este? O cálice da paixão, amargo e salutar; cálice que, se dele não bebesse antes o médico, o doente temeria tocá-lo.
É ele este cálice. Nós o reconhecemos nos lábios de Cristo que dizia: Pai, se possível for afaste-se de mim este cálice (Mt 26,39). Deste mesmo cálice disseram os mártires: Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor (Sl 115,13).
Não temos então medo de fraquejar? Por quê? Porque invocaremos o nome do Senhor. Como venceriam os mártires, se neles não vencesse aquele que disse: Alegrai-vos porque eu venci o mundo? (Jo 16,33). O soberano dos céus governava-lhes a mente e a língua e, através deles, derrotava o diabo na terra e coroava os mártires no céu. Felizes os que assim beberam deste cálice: terminaram as dores, receberam as honras!
quarta-feira, 14 de setembro de 2022
A glória e a exaltação de Cristo é a cruz
Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo
(Oratio 10 in Exaltatione sanctae crucis: PG97,1018-1019) (Séc.VIII)
A glória e a exaltação de Cristo é a cruz
Celebramos a festa da cruz; por ela as trevas são repelidas e volta a luz. Celebramos a festa da cruz e junto com o Crucificado somos levados para o alto para que, abandonando a terra com o pecado, obtenhamos os céus. A posse da cruz é tão grande e de tão imenso valor que seu possuidor possui um tesouro. Chamo com razão tesouro aquilo que há de mais belo entre todos os bens pelo conteúdo e pela fama. Nele, por ele e para ele reside toda a nossa salvação, e é restituída ao seu estado original.
Se não houvesse a cruz, Cristo não seria crucificado. Se não houvesse a cruz, a vida não seria pregada ao lenho com cravos. Se a vida não tivesse sido cravada, não brotariam do lado as fontes da imortalidade, o sangue e a água, que lavam o mundo. Não teria sido rasgado o documento do pecado, não teríamos sido declarados livres, não teríamos provado da árvore da vida, não se teria aberto o paraíso. Se não houvesse a cruz, a morte não teria sido vencida e não teria sido derrotado o inferno.
É, portanto, grande e preciosa a cruz. Grande sim, porque por ela grandes bens se tornaram realidade; e tanto maiores quanto, pelos milagres e sofrimentos de Cristo, mais excelentes quinhões serão distribuídos. Preciosa também porque a cruz é paixão e vitória de Deus: paixão, pela morte voluntária nesta mesma paixão; e vitória porque o diabo é ferido e com ele a morte é vencida. Assim, arrebentadas as prisões dos infernos, a cruz também se tornou a comum salvação de todo o mundo.
É chamada ainda de glória de Cristo, e dita a exaltação de Cristo. Vemo-la como o cálice desejável e o termo dos sofrimentos que Cristo suportou por nós. Que a cruz seja a glória de Cristo, escuta-o a dizer: Agora, o Filho do homem é glorificado e nele Deus é glorificado e logo o glorificará (Jo 13,31-32). E de novo: Glorifica-me tu, Pai, com a glória que tinha junto de ti antes que o mundo existisse (Jo 17,5). E repete: Pai, glorifica teu nome. Desceu então do céu uma voz: Glorifiquei-o e tornarei a glorificar (Jo 12,28), indicando aquela glória que então alcançou na cruz.
Que ainda a cruz seja a exaltação de Cristo, escuta o que ele próprio diz: Quando eu for exaltado, atrairei então todos a mim (cf. Jo 12,32). Bem vês que a cruz é a glória e a exaltação de Cristo.
terça-feira, 13 de setembro de 2022
Para mim, viver é Cristo e morrer é lucro
segunda-feira, 12 de setembro de 2022
Em todos os momentos, pensa em Maria e invoca Maria
quarta-feira, 7 de setembro de 2022
Bem aventurados vós!
Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 6,20-26
Naquele tempo, 20 Jesus levantando os olhos para os seus discípulos, disse:
"Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus!
21 Bem-aventurados, vós que agora tendes fome, porque sereis saciados!
Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque havereis de rir!
22 Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos insultarem e amaldiçoarem o vosso nome, por causa do Filho do Homem!
23 Alegrai-vos, nesse dia, e exultai pois será grande a vossa recompensa no céu; porque era assim que os antepassados deles tratavam os profetas.
24 Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação!
25 Ai de vós, que agora tendes fartura, porque passareis fome!
Ai de vós, que agora rides, porque tereis luto e lágrimas!
26 Ai de vós quando todos vos elogiam! Era assim que os antepassados deles tratavam os falsos profetas".
Palavra da Salvação.
Meditação.
O evangelho está dividido em duas partes. A primeira, as bem aventuranças. A segunda, o que se convencionou de chamar o discurso dos "ais".
Ao proferir os "ais", Jesus começa se dirigindo aos ricos. Lembremos que a riqueza era sinal de prosperidade, de bênção, para o povo hebreu. E e pobreza, sinal de maldição.
Jesus inverte essa lógica. Ao dizer que os ricos já tem sua consolação, ele deixa um sinal de esperança para os pobres. Toca o coração desses. A riqueza não é um valor em si mesmo.
Ele dirige sua atenção para os que tem fartura. Aqueles que tem muita comida, muitas posses. A fartura era considerada outro sinal de bênção de Deus. O ter em excesso fez com que o rico, da parábola do Pobre Lázaro, não fosse para o céu.
Aos que riem, estes chorarão. Aqui devemos ter cuidado. Rir é um santo remédio. Mas ele se dirige àqueles que achando possuir bens, e que tem práticas religiosas vazias de sentido, que desprezam a dor dos outros, acham que estão num estado de alegria. Os que sufocam a vida dos mais pobres, esses chorarão, como chorou o faraó.
E por último, como dizia o poeta Augusto dos Anjos, "a mão que te afaga, é a mesma que te apedreja". A boca que te elogia, é a mesma que poderá falar mal de ti quando sua profecia não agradar. Quando sua pregação foi contrária aos interesses daqueles que detém o poder, o elogio se transforma em perseguição.
O antidoto contra isso são as bem aventurança que abrem a leitura de hoje.
Rico é aquele que abre mãos de sua riqueza em favor dos pobres, e por isso, os dois hão de chegar ao Reino de Deus.
Os que tem fome, e sede, serão saciados. E nós devemos ser instrumentos desse novo jeito de ser. Alimentar os que tem fome, e saciar os que tem sede. Aos que tem fartura, devem entender que no Reino de Deus não há famintos, nem sedentos.
Aqueles que choram pelas dores pelas quais estão passando, podem ter a certeza de que isso se mudará em vida. Lembremos o que disse Deus a Moisés quando o chamou para libertar o seu povo, "eu vi muito bem a miséria do meu povo (...). Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-lo". (Ex 3,7-8).
Quem vive esse novo jeito de ser proposto por Jesus nas bem aventuranças, há de ser perseguido. Deus está meio de nós, e conhece nossas necessidades, e conta conosco para divulgar essa libertação. Por isso, todo aquele que vive essa missão é perseguido. E quando isso acontece, sabemos que estamos no caminho certo. São Oscar Romero disse: "em um país de injustiças, se a Igreja não é perseguida é porque é conivente com a injustiça".
Ao fazermos a lectio divina de hoje, sejamos mulheres e homens construtores de um mundo novo, onde o amor é mais do que o ódio. A vida é mais do que a morte. A paz é mais do que a guerra e os conflitos. Um cristão autêntico sempre será perseguido.