Diácono Bernardo Tura

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6° Domingo do tempo comum
Ano B/2021

“Impureza ou inclusão”

Neste domingo, somos interpelados por uma questão muito atual: o que significa ser impuro e o que a inclusão pode causar na vida das pessoas? Nossa sociedade está num momento difícil, as pessoas seguem a regra: “se não está comigo, está contra mim”. Não toleram o diferente e pensam primeiro em si e depois nos outros. Este mundo dividido entre nós e eles não é o que indica o ensinamento de Jesus, não é o que devemos buscar.

Na primeira leitura, vemos a triste realidade da opção por excluir. Ou seja, ao entender que a doença é fruto de um pecado, a opção é retirar a pessoa do convívio dos outros e obrigá-la a se acusar continuamente. Será esta a solução mais adequada? Será que excluir tudo que é diferente é a solução? E mais, a pergunta que fica no ar é como definir o que seria “ser impuro”?

Na segunda leitura, Paulo nos leva a refletir sobre a pureza. Vindo de uma sociedade cheia de restrições alimentares e morais ele afirma: “fazei tudo para a glória de Deus”. Isso deveria ser uma solução para nós, até porque ele também nos fala: “Não escandalizeis ninguém! ” Só que logo em seguida surge uma afirmação conflitante: “procuro agradar a todos, em tudo”. Num mundo dividido, como é possível não escandalizar e agradar ao mesmo tempo?!

No Evangelho, vemos a solução para este impasse surgir a partir de um diálogo entre diferentes. As curas recebidas surgem a partir de uma conversa. A compaixão é a resposta ao pedido de ajuda e a fé daquele que é impuro é tão grande que cura sua alma. O amor para com ele é tão grande que cura seu corpo, mas isso não é o suficiente. É preciso que ele volte para a comunidade e, por isso, Jesus pede que ele vá ao sacerdote para que aqueles que o excluíram, agora passem a ouvi-lo.

Quanto a nós, vamos seguir pelo mundo e buscar superar a exclusão. Entender que aqueles que são diferentes de nós não são nossos inimigos ou impuros. Levar a compaixão ao mundo, pensar nas periferias sociais e existenciais e buscar – como Paulo dizia - “o que é vantajoso para todos”. Só num mundo onde a inclusão é a conduta de todos e todas pode haver a verdadeira pureza.

A todos que esta mensagem chegar,

Beijos e bênçãos.

Diácono Bernardo Tura



18º Domingo do Tempo Comum 


“Dai-lhes vós mesmos de comer”

Neste domingo, vemos a ação de Jesus frente a uma situação que era, em si, injusta e que não parecia ser possível de ser superada. Este acontecimento deve ser pensado nos dias de hoje

Na primeira leitura, Isaías nos fala da aliança de Deus com os homens que é celebrada num grande banquete. Esta refeição, que saciou a todos, foi algo maravilhoso e gratuito e assim também é o pacto por Ele proposto, pois é gratuito e justo como deve ser nossa ação no mundo quando estamos seguindo seus ensinamentos

Na segunda leitura, Paulo nos traz uma verdade incômoda. Ao escolher seguir Jesus, podemos ter algumas situações difíceis e até sofrermos algumas perseguições, mas isso não indica que estamos errados ou que fomos abandonados à própria sorte. De fato, a todo instante da nossa vida - mesmo nos momentos mais difíceis – teremos o amor de Deus por nós, o que foi apresentado ao mundo por Jesus.

No Evangelho, Jesus se afasta após saber da morte de seu primo, mas o povo o procura, como foi dito na primeira leitura. Neste ponto, há que se observar que mesmo na situação de tristeza, Ele se preocupa com as pessoas humildes que vêm ao seu encontro. Ele as acolhe e cura suas doenças. No fim do dia, Ele pede a seus discípulos algo impossível.  É neste momento que escolher seguir Jesus é difícil, pois não havia como fazer o que era pedido. Mesmo sem saber como fazer, os discípulos decidem seguir com Jesus e cumprir seu pedido e a resposta vem a partir do momento que entregam os bens disponíveis a Jesus. Ele ergue os olhos para é Céu, pronuncia a benção, parte o pão e o distribui para o povo. O que é isso senão o que Ele fez na Última Ceia? A realidade da comunhão foi mostrada no banquete da primeira leitura, na multiplicação dos pães do Evangelho de hoje, na noite em que Ele mais nos amou e na resposta para os nossas dificuldades e dilemas de hoje.

Quanto a nós, vamos seguir esta Aliança, responder com coragem e profecia ao chamado de Jesus e seguir para acolher, cuidar e proteger nossos irmãos e nossas irmãs das periferias sociais e existenciais, mesmo sem entender plenamente ou saber como fazer, mas lembrando que tudo começa com a disposição de atender ao chamado de Jesus 

A todos que esta mensagem chegar
Beijos e bênçãos

Diácono Bernardo Tura




16º Domingo do Tempo Comum 

O Reino da Misericórdia

Neste domingo, as leituras nos levam a refletir sobre como a Misericórdia é a chave do Reino de Deus e, ao mesmo tempo, é a grande característica deste Reino. Resta saber se nós também seremos caracterizados desta forma.

Na primeira leitura, vemos uma realidade que é para muitos uma contradição entre o Deus onipotente e o Deus todo misericordioso. De fato, num mundo que confunde poder com rigidez, domínio com opressão e força com violência, a visão de um Deus que mostra seu poder no perdão e na misericórdia é absolutamente incompreensível.

Talvez a solução seja seguir o conselho de Paulo, na segunda leitura, e deixar que o Espírito nos guie no entendimento de que podemos e devemos pensar uma outra forma de viver a realidade do Reino de Deus e trazer este entendimento para um mundo marcado pela injustiça, a discriminação e a cultura do descarte.

No Evangelho, Jesus nos descreve o Reino de Deus através de parábolas, talvez porque de outra forma seria difícil demais entender. Mas algumas coisas ficam claras para os que aceitarem o desafio de ler o texto sem ideias preconcebidas e entender a realidade da missão de trazer o Reino de Deus ao mundo. Primeiramente, nossa missão vai se realizar se aceitarmos o fermento que o Espírito deposita em nós. Em segundo lugar, não interessa o que fomos e o que somos e sim o quão grandes – ou misericordiosos - estamos dispostos a ser, pois realmente nós próprios somos um campo cheio de trigo e joio. A verdade é que o projeto do Reino de Deus no mundo é um projeto inacabado e que só vai mudar se estivermos dispostos a cuidar das sementes da esperança e de ser fermento na massa ... 

Quanto a nós, vamos sair no munda na direção de nossos irmãos e irmãs que estão nas periferias sociais ou existenciais e, no caminho, vamos lançar as sementes de misericórdia nas casas em que entrarmos. Vamos colocar o fermento do amor para que no dia da colheita – pela Misericórdia – possamos estar todos nos feixes do trigo.

A todos que esta mensagem chegar
Beijos e bênçãos

Diácono Bernardo Tura


13º Domingo do Tempo Comum 

O encontro e a Missão

Neste domingo, celebramos duas pessoas comuns com suas virtudes e pecados, qualidades e defeitos, que experimentaram o Encontro que mudou suas vidas e que lhes enviou em missão. A realidade do encontro pessoal com Jesus, tão presente no documento de Aparecida, nos leva a repensar nossa vida e nos envia em missão.

Na primeira leitura, Pedro está preso e vai ter o mesmo destino de Tiago, ou seja, a morte. Naquele momento a missão que Jesus havia lhe confiado estava em risco. O que fazer? O mesmo homem, que não tinha tido nenhum pudor em decepar com a espada a orelha de um servo quando a missão de Jesus foi ameaçada, agora espera pacificamente sua execução. O que mudou em sua vida? Enquanto isso a comunidade eclesial rezava ...

Na segunda leitura, vemos Paulo na prisão no fim de sua vida prestes a ser executado. Ele também aguarda pacificamente a mesma. Vendo o homem pacífico, cheio de amor e misericórdia e capaz de se relacionar com povos e culturas diferentes da sua, sou obrigado a me lembrar de Saulo. Saulo era forte, rico, intolerante com o diferente, violento como Pedro e tomado de uma fé assassina. O que mudou em sua vida? Enquanto isso a comunidade eclesial rezava …

No Evangelho, Jesus pergunta o que parece não fazer sentido, afinal qual a importância da opinião dos outros sobre quem ele seria? A dúvida dos outros era também a dúvida dos seus discípulos como foi revelado logo após, tanto assim que a resposta de Simão é a revelação do pai que está no Céu. Jesus em seguida dá a Pedro, não a Simão, e à sua Igreja o Poder das Chaves. Ele confiou a estes discípulos sua igreja mesmo sabendo de suas falhas e fraquezas. O que mudou em suas vidas?

A resposta à pergunta que fiz por três vezes é simples: O Encontro real e pessoal com Jesus. Este não é um encontro qualquer e sim o momento em que Este nos transforma de forma radical e nos envia numa missão para o próximo. Ou seja, para os outros e não para nós mesmos.

Quanto a nós, devemos celebrar nosso encontro com Jesus e torná-lo ainda mais real e concreto e, por isso, vamos sair no mundo em missão – ficando em casa nesse momento – na direção de nossos irmãos e irmãs que estão nas periferias sociais ou existenciais. Levemos a todos o amor e a misericórdia, a opção pela não violência e a defesa da vida em plenitude, até o dia que voltemos a nos encontrar com Jesus.

A todos que esta mensagem chegar
Beijos e bênçãos
Diácono Bernardo Tura

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