terça-feira, 30 de junho de 2020

Quem é este homem?


Blognetto: E Jesus Estava... Dormindo


Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 8,23-27


23 Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. 24 E eis que houve uma grande tempestade no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, dormia. 25 Os discípulos aproximaram-se e o acordaram, dizendo: 'Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo!' 26 Jesus respondeu: 'Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?' Então,  levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria. 27 Os homens ficaram admirados e diziam: 'Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?' 

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Os discípulos estão aprendendo como agir diante das dificuldades da vida, mesmo que elas pareçam não estar sob nosso controle.

A introdução do texto é bem rápida. Jesus entra na barca e seus discípulos com ele. Então, aparentemente, o barco já está distante da ancoragem. Digamos, em alto mar. Houve uma tempestade. As ondas estão agitadas. A água entra no barco. Está eminente que o barco afunde. Os discípulos, acostumados a pescar, e por passar por essa situação várias vezes, temem.
Mas é interessante. Jesus dorme. Jesus age como se nada estivesse perturbando aquela viagem. Certa vez, imaginei essa cena da seguinte forma. Jesus estava sonhando com aquela agitação. E o vento e as ondas estavam como que sacudindo Jesus. 
Apesar de os discípulos terem medo, e depois Jesus dizer que tinha pouca fé, eles recorrem ao próprio Jesus dizendo, "Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo"! Eles não sabiam o que Jesus poderia fazer. Mas acreditavam que ele poderia fazer alguma coisa, "salva-nos"O texto afirma que Jesus se levantou e mandou que o vento e o mar se acalmassem. E assim se fez.

"Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé"? Sim, isso mesmo. Porque temos tanto medo? Porque nos apavoramos com as coisas da vida? Porque nos deixamos envolver por agitações que tiram nosso sossego? "Homens/Mulheres de pouca fé". Toda agitação, toda tribulação, toda angústia, todo medo, são humanos. Mas "se Deus é por nós, quem será contra nós" (Rm 8,31). "Quem nos poderá separar do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Mas, em todas essas coisas somos mais do que vencedores por meio daquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes nem as forças das alturas ou das profundidades, nem qualquer outra criatura, nada nos poderá separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rm 8,35.37-39).

Então, por que temer? Deixemos Deus agir em nossas vidas. Deixemos ele acalmar as tempestades pelas quais passamos. Amém.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Eu te seguirei aonde quer que tu vás



Eu te seguirei. Evangelho do Dia
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 8,18-22





18 Vendo uma multidão ao seu redor, Jesus mandou passar para a outra margem do lago. 19 Então um mestre da Lei aproximou-se e disse: 'Mestre, eu te seguirei aonde quer que tu vás.' 20 Jesus lhe respondeu: 'As raposas têm suas tocas e as aves dos céus têm seus ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.' 21 Um outro dos discípulos disse a Jesus: 'Senhor, permite-me que primeiro eu vá sepultar meu pai.' 22 Mas Jesus lhe respondeu: 'Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos.'

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Jesus retorna à sua instrução aos discípulos. Como deve ser um discípulo.
Dois caso distintos, que se completam.
O espaço que a multidão ocupa não o lugar correto para formar o discípulo, por isso, é preciso mudar de margem. Esse é o primeiro aprendizado. Mudar de margem, afastar-se de multidão ajuda a ver o todo de uma perspectiva diferente. 
Nessa mudança, aparece um mestre da lei. Alguém importante na sociedade. Um conhecedor da escritura. Da lei mosaica. Acostumado ao conforto. 
Essa pessoa se oferece para seguir Jesus. Empolgado pelos ensinamentos de Jesus, ele diz, "eu te seguirei aonde quer que vás". Jesus sabe a origem dele. Então, ao responder, Jesus alerta, "o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça". Ou seja, não tem conforto. Não tem casa. Vive em caminhada, em missão.
Em seguida, uma outra pessoa pede que, antes de seguir Jesus, ele possa sepultar seu pai. A exigência da missão não permite apegos. Por isso, Jesus diz, "deixa que os mortos sepultem os seus mortos". Quer dizer, se você quer me seguir, desapegue-se de tudo. Siga o caminho. 

Para ser discípulo é preciso ter a coragem de não ter a segurança da materialidade da vida. E não se apegar a tudo que limita nossas ações.

Hoje, dia 29, é a real solenidade de São Pedro e São Paulo. Eles nos são exemplo de desapego das garantias da vida. E deixaram tudo para se colocarem à serviço do evangelho. Se você quer ser um discípulo missionário, despoje-se de tudo que o prende. Amém.

sábado, 27 de junho de 2020

Solenidade de São Pedro e São Paulo

Para ler a reflexão desse domingo, clique na imagem.

Cantos para Missa: Solenidade de São Pedro e São Paulo - Ano A

'Ele tomou as nossas dores e carregou as nossas enfermidades.'

JESUS CURA A SOGRA DE PEDRO -

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 8,5-17


5 Quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: 6 'Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia.' 7 Jesus respondeu: 'Vou curá-lo.' 8 O oficial disse: 'Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado. 9 Pois eu também sou subordinado e tenho soldados debaixo de minhas ordens. E digo a um : 'Vai!', e ele vai; e a outro: 'Vem!', e ele vem; e digo ao meu escravo: 'Faze isto!', e ele faz.' 10 Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam: 'Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé. 11Eu vos digo: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó, 12 enquanto os herdeiros do Reino serão jogados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de  dentes.' 13 Então, Jesus disse ao oficial: 'Vai! e seja feito como tu creste.' E naquela mesma hora o empregado ficou curado. 14 Entrando Jesus na casa de Pedro, viu a sogra dele deitada e com febre. 15 Tocou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela se levantou, e pôs-se a servi-lo. 16 Quando caiu a tarde, levaram a Jesus muitas pessoas possuídas pelo demônio. Ele expulsou os espíritos, com sua palavra, e curou todos os doentes, 17 para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: 'Ele tomou as nossas dores e carregou as nossas enfermidades.'

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Entramos na parte do evangelho de Mateus que fala dos milagres de Jesus. E eu chamo de ação pastoral de Jesus.

O texto de hoje está dividido em algumas etapas. Primeiramente, o encontro do oficial romano com Jesus. O diálogo da doença do emprego do romano, o pedido da cura, e a demonstração de fé do mesmo. Segundo, a cura da sogra de Pedro.E por último, a cura de vários outros enfermos.

Inicialmente, Mateus apresenta um diálogo franco e sincero do oficial romano, uma autoridade local, com Jesus. A atitude do oficial é de súplica (lembremos o leproso ajoelhado). Imagine essa cena. Um oficial do exército romano, que tem homens ao seu comando, e que recebe ordens. Alguém que, aos olhos do povo hebreu, em autoridade sobre eles. Sim. Esse homem com tanto poder, se aproxima de Jesus, se curva, e suplica. Esse homem tem tanta confiança em Jesus que acredita que sua cura pode ser à distância, "dize uma só palavra e meu empregado ficará curado". Quem era esse empregado para que o oficial fosse interceder por ele? Qual valor tinha esse empregado para merecer ser curado? 
Aqui isso não nos importa. Para Jesus o que importa é que aquele homem, que não era "filho da promessa", que não professava a mesma fé judaica, acreditou em Jesus. Acreditou no seu poder restaurador. Acreditou que Jesus podia mudar a vida daquele empregado. Jesus, então, diz, "vai, e seja feito como tu crestes". E ainda acrescentou, "nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé". "muitos se sentarão à mesa no Reino dos Céus (...) enquanto os herdeiros do Reino serão jogados para fora, nas trevas" (lembremos, "nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor entrará o Reino dos Céus").

Segunda parte da história, Jesus cura a sogra de Pedro. Outra cena fantástica. Jesus entra na casa. Olha a mulher doente, com febre. Toca-lhe. Imediatamente, fica curada. Aqui ninguém pediu nada a Jesus. Aqui ele está no ambiente judaico. Está entre os seus. E um outro fato interessante, a mulher, curada, levanta-se e começa a servir. A cura não é para ficar parado. Quem é curado parte para o serviço. Serviço aos pobres, aos excluídos, aos famintos e sedentos. Serviço aos que estão nus, doente e encarcerados.

E por último, o evangelista narra que ao cair da tarde muitos doentes e pessoas endemoniados foram levados a Jesus. E que Jesus expulsou demônios e curou os doentes. E termina com a frase do livro do profeta Isaías, "Ele tomou as nossas dores e carregou as nossas enfermidades". 

Curar é um ato de transferir vida, tirando aquilo que gera morte. E a cura é para todas e todos que se aproximam de Jesus. Estando curado, devemos nos colocar à serviço, à disposição.

O Reino dos Céus é feito de pessoas que deixam para trás suas lepras, suas febres, seus males, suas doenças. O Reino dos Céus é um Reino de inclusão, em oposição ao reino de exclusão dos romanos. O Reino dos Céus é um reino onde Jesus é o centro. 

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar

Tempo Comum – I – Encerramento « Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 8,1-4





1 Tendo Jesus descido do monte, numerosas multidões o seguiam. 2 Eis que um leproso se aproximou e se ajoelhou diante dele, dizendo: 'Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar.' 3 Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: 'Eu quero, fica limpo.' No mesmo instante, o homem ficou curado da lepra. 4 Então Jesus lhe disse: 'Olha, não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote, e faze a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho para eles.'

Palavra da Salvação.

Reflexão.


Ontem, chegamos ao fim do discurso da Montanha, ou como eu chamei, Catequese de Jesus. Iniciamos a parte do evangelho de Mateus denominado de "As obras do Messias". Da minha perspectiva, prefiro "A prática de Jesus". Depois de instruir como o discípulo deveria agir e ser no mundo, Jesus começa, no evangelho de Mateus, uma série de atitudes que libertam o ser humano de suas amarras.

Então, lembremos que estávamos dentro da dinâmica do Sermão da Montanha. Mantendo essa linha, o evangelho de hoje diz, "tendo Jesus descido da montanha". E continua, "numerosas multidões o seguiam". Nesse momento, lhe aparece um leproso. Estaria essa pessoa junto com a multidão que estava na montanha? Acho pouco provável. Os leprosos não poderiam se juntar às pessoas. Mas, a pergunta do leproso nos faz acreditar que ele ouviu as pregações de Jesus. Mesmo que fosse à distância. 

O leproso, o excluído da convivência da comunidade, se aproximou. Nessa hora, ele correu um grande risco. Poderia ser apedrejado pela multidão. Morreria ali mesmo. Mas, que diferença isso fazia? Já estava morto mesmo. Privado da família, privado da convivência com os amigos, privado de poder circular no meio das pessoas. Aquele homem não tinha mais o que perder. Como se costuma dizer, "o não ele já tinha". Que tal arriscar? 
Ele teve coragem. Se aproximou, e ajoelhou-se. Os judeus só se ajoelham diante de Deus. É o primeiro sinal que aquele homem dá. Esse que está diante dele, que havia dito todas aquelas palavras na Montanha, só poderia ter vindo da parte de Deus, ou quem sabe, ser o próprio Deus. Ao aproximar-se, ajoelha-se. E é objetivo no seu pedido, "Senhor, se queres, tens o poder de me purificar". Sim. Isso mesmo. Aquele poder que limpa, é uma vontade pessoal do Senhor. "Se queres". 
Observemos a reação de Jesus. Ele estende a mão e toca no leproso. Esse era um gesto proibido pela lei, toda pessoa que tocasse um leproso estaria impuro. Mas, sem aquele gesto não haveria cura. Percebamos, ao tocar aquele leproso, Jesus fez mais do que curá-lo; do que limpa-lo. Jesus assumiu para ele toda a "imundice" que havia naquela ser humano, ali, ajoelhado diante dele. E a palavra diz, "o homem ficou curado da lepra" no mesmo instante. É uma cura rápida. Onde Deus toca, ou onde deixamos Deus tocar, a cura é imediata."O homem ficou curado da lepra".
Jesus, então, ordena que ele não diga nada a ninguém, mas que cumpra o ritual de purificação. Estando limpo deveria ir ao sacerdote para que fizesse a oferta de Moisés para a purificação servir de testemunho. 

E hoje, quais são as lepras que trazemos dentro de nós? O que corrói nossa humanidade? Insisto, a lepra do racismo, todos os dias assistimos nos noticiários pessoas que são agredidas, mortas, por que tem a pele escurecida. A lepra da misogenia, quantas mulheres são agredidas diariamente na cidade do Rio de Janeiro (de onde escrevo), no Estado, no Brasil? A lepra da destruição da natureza. Ouvimos e lemos notícias de que um pouco da Amazônia foi destruída, que rios são poluídos. A lepra da invasão das terras indígenas.  A lepra da homofobia. Ouvir que pessoas foram agredidas, física ou verbalmente, porque vivem de uma forma diferente de nós, é de doer. A lepra da intolerância religiosa, que se desfaz da manifestação religiosa daqueles que não comungam da mesma fé. A lepra da exclusão nas nossas Igrejas com pessoas que, por causa de uma lei injusta, são afastadas da comunhão fraterna. A lepra do fundamentalismo religioso que condena ao invés de amar, de acolher, de chorar e de se alegrar juntos. 

Tantas lepras. Tantas curas precisamos que Deus, por Jesus, opere em nós. Basta ajoelharmos e pedirmos, "Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar". Amém.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor', entrará no Reino dos Céus

Mt 7,21-29: “Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, senhor' entrará ...

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 7,21-29



Disse Jesus aos seus discípulos: 21 Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor', entrará no Reino dos Céus, mas o que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus. 22 Naquele dia, muitos vão me dizer: 'Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? E não foi em teu nome que fizemos muitos milagres?' 23 Então eu lhes direi publicamente: 'Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais o mal. 24 Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática, é como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha. 25 Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não caiu, porque estava construída sobre a rocha. 26 Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática, é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. 27 Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e a casa caiu, e sua ruína foi completa!' 28 Quando Jesus acabou de dizer estas palavras, as multidões ficaram admiradas com seu ensinamento. 29 De fato, ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os mestres da lei.

Palavra da Salvação.

Reflexão

Depois de celebrarmos a Festa do Nascimento de São João Batista, retomamos a Catequese de Jesus.
Temos dois temas importantes hoje. O primeiro, está relacionado com a nossa prática religiosa. O segundo, onde está a base de nossa fé.

A frase de Jesus é muito pertinente nos dias de hoje, "Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor', entrará no Reino dos Céus". Não nos basta participar de Missas. Não nos basta participar de Grupos de Oração. Não nos bastas rezarmos o terço. Não nos basta distribuir cestas básicas. Não nos basta a caridade. Não nos basta Adorações ao Santíssimo. Não nos basta ir à Igreja. 
Para entrar no Reino dos Céus é preciso por "em prática a vontade de meu Pai que está nos céus". Lembremos da oração do Pai Nosso, "seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu". Para entrar no Reino dos Céus é preciso ir ao encontro do outro. É preciso questionar porque há pessoas que passam fome (não só dar a comida). É preciso questionar porque os políticos são corruptos. É preciso ser contra a políticas públicas que matam as pessoas negras, faveladas e pobres. É preciso ser contra aos racistas, homofóbicos, misógenos. É preciso ser contra quem defende a destruição da natureza. Não basta dizer "Senhor, Senhor".

Mas como romper com uma prática religiosa individualista, intimista? É preciso fundamentar bem a fé. A fé não pode estar alicerçada na area. No terreno fraco. 
Quem vai entrar no Reino dos Céus é aquele que ouve a palavra de Deus "e as põe em prática". Lembremos algumas das práticas que a Palavra de Deus nos pede: dar de comer a quem tem fome; de beber a quem tem cede; vestir os nus; visitar encarcerados e doentes. Além disso, rezar pelos que nos perseguem; ser promotores da paz. Esses são alguns exemplos. Há outros na Palavra de Deus.
Não devemos ficar com a fé da infância. É nossa responsabilidade nos formarmos nas coisas de Deus. Aprofundar a fé uma responsabilidade do próprio fiel. 
Uma fé calcada na pedra não se abala com escândalos. Com contra-testemunhos. Com falta de caridade das pessoas que estão na Igreja. Uma fé baseada na rocha resisti às tentações.

Aproveite hoje e pense, onde está a minha fé? Cobro das pessoas uma coerência que eu não tenho? 

"João é o seu nome"


João Batista Recebe um Nome

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 1,57-66



57 Completou-se o tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho. 58 Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela. 59 No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. 60 A mãe porém disse: 'Não! Ele vai chamar-se João.' 61 Os outros disseram: 'Não existe nenhum parente teu com esse nome!' 62 Então fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse. 63 Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: 'João é o seu nome.' 64 No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. 65 Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia espalhou-se por toda a região montanhosa da Judeia. 66 E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: 'O que virá a ser este menino?'  De fato, a mão do Senhor estava com ele.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Solenidade da Natividade de São João Batista. Um dos santos mais populares no Brasil. Nossa liturgia celebra três nascimentos: Maria, João, Jesus. 

Qual o significado do nome João? Significa “Deus é cheio de graça”, “agraciado por Deus” ou “a graça e misericórdia de Deus” e “Deus perdoa”; “Deus é gracioso",

São vários significados. Fiquemo com um "a graça e misericórdia de Deus".

João tem duas missões. Primeira, mostrar que Deus é misericordioso com Zacarias e Isabel. Segundo, preparar o caminho de Jesus. Aquele que aponta, que indica. 

João simboliza, para nós, o fim das profecias do primeiro testamento. E é aquele que inaugura, ou abre as portas, para o segundo testamento. 
João prepara. Aponta, como profeta, os pecados do povo. João cobrava do povo atitudes de conversão, de mudança de vida. Dizia que se devia produzir "frutos que mostre a conversão". Não basta dizer que aceitou Jesus.
João dizia, "toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada ao fogo". Não basta dizer que Jesus mudou sua vida, é preciso dar provas com obras, com ações, com palavras. João inaugura um novo tempo que terá sua plenitude em Jesus.

João é aquele que dá testemunho de Jesus, "eis o  cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29). 
João envia alguns de seus discípulos com a missão de se certificar de que Jesus era o messias. Os discípulos de João vão até Jesus e perguntam: "És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro"? Então, Jesus disse: "Voltem e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a Boa Notícia". E acrescentou, "E feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim"! João entendeu o recado.

João era tão importante que Jesus deu testemunho dele: "Eu digo a vocês: entre os nascidos de mulher ninguém é maior do que João".
E por último, "Jesus começou a falar às multidões a respeito de João: «O que é que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que vocês foram ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas aqueles que vestem roupas finas moram em palácios de reis. Então, o que é que vocês foram ver? Um profeta? Eu lhes afirmo que sim: alguém que é mais do que um profeta. É de João que a Escritura diz: ‘Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti’.

E para nós, o que representa João? João é o modelo do catequista, do pastor, do missionário. João nos deixa o exemplo de quem sabe que prepara o caminho de quem é maior do que a gente. "Depois de mim, vai chegar alguém mais forte do que eu. E eu não sou digno sequer de me abaixar para desamarrar as suas sandálias". João sempre reconheceu seu papel na história. Deu a Deus aquilo que era necessário, sua vida para preparar o caminho.

Hoje somos chamados e chamadas a preparar os caminhos para Jesus chegar e fazer morada em todas e em todos. Somos chamados a denunciar as situações de injustiça e pecado (" Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, João disse-lhes: Raça de cobras venenosas, quem lhes ensinou a fugir da ira que vai chegar"? - Mt 3,7).

Nos tempos atuais tenhamos a coragem de falar contra as atitudes de racismo, de misogenia, de corrupção, de homofobia, de desmatamento da natureza, do extermínio dos povos indígenas. Tenhamos a coragem de denunciar as políticas que matam vidas negras, que matam nossos jovens negros das favelas e periferias. A exemplo de São João Batista, tenhamos a coragem de DENUNCIAR as explorações, e APONTAR para aquele que é fonte de esperança, de conversão e de justiça, Jesus Cristo!

terça-feira, 23 de junho de 2020

Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida!


Porta Estreita e Caminho Apertado: O que significa?


Evangelho de Jesus Cristo Segundo São Mateus 7,6.12-14




Disse Jesus aos seus discípulos: 6 Não deis aos cães as coisas santas, nem atireis vossas pérolas aos porcos; para que eles não as pisem com os pés e, voltando-se contra vós, vos despedacem. 12 Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas. 13 Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso é o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele! 14 Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida! E são poucos os que o encontram!

Palavra da Salvação.

Reflexão.

A catequese de Jesus hoje é muito interessante. São três temas distintos. E, para algumas pessoas, enigmáticos: cães-porcos; a lei de ouro; porta-caminho.

É muito mais fácil falar do segundo ponto. "Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles". Essa é a chamada regra de ouro. Você é a medida. Tudo aquilo que você quer que os outros façam para você, fazei também pelos outros. Alguns exemplos práticos: você gosta de que fechem um cruzamento justamente na hora que você vai passar com o carro? Não? Então não feche o cruzamento. Você gosta de que estacionem por cima da calçada impedindo que você passe? Não? Então na faça a mesma coisa. Você gosta que seu salário atrase? Não? Então não faça a mesma coisa. Você gosta de que falem mal de você? Não? Então, não fale mal dos outros também. Você gosta que roubem você? Não?! Então, não roube, não seja corrupto. E por aí vai.

A segunda questão, está relacionada com a porta estreita, e o caminho apertado. As palavras de Jesus não são fáceis de viver e de colocar em prática. As propostas contrárias às propostas do reino de Deus parecem mais fáceis de se viver. Lembremos as tentações de Jesus. Primeira, a da fome. O diabo disse, "se és o filho de Deus, mande que essas pedras se transformem em pães". Que tentação! Que porta larga! Que caminho de perdição! Seria muito mais fácil usar da condição de filho para matar a sua fome. Usar da sua autoridade sobre tudo para se satisfazer. Usar da sua posição diante de Deus para um capricho (apesar de que, ele estava com fome). Mas, nem sempre o caminho mais fácil é o mais correto. "Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra da boca de Deus". E por vai. Pegue sua Bíblia em Mateus 4,1-11. 
Um outro exemplo, mas esse a opção foi pela porta larga, e pelo caminho espaçoso é a narrativa do "pecado" de Adão e Eva, Gênesis 3,1-13.

E por último, a grande questão dos cães e porcos. Um texto que nos parece enigmático. Mas, para falar dele é preciso de muita oração, de compreender a vida, de olhar ao nosso redor. 
Jesus diz que não devemos dar aos cães coisas santas. Interessante essa figura. Quem seriam os cães? Os fariseus, os doutores da lei, os saduceus, os mestres da lei? E porque Jesus os chamaria de cães? 
Devemos refletir sobre o seguinte. A uns dias atrás, o evangelho apresentou a seguinte oração de Jesus, "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos". (Mt 11,25). Todos aqueles que usam da palavra de Deus para tirar benefícios para si, são cães. no evangelho de Marcos, Jesus manda que nos afastemos dos mestres da lei, pois eles exploram as viúvas, e roubam as suas casas. Cambada de cão sarnento. A princípio, são pessoas importantes na comunidade. Mas, apesar de conhecerem as escrituras, exploram as pessoas. 
E os porcos? Bem, judeu não come carne de porco. Até os dias de hoje. Porcos para eles eram aqueles que não professavam a fé judaica. Além disso, era como eles chamavam os romanos, porcos. Jesus diz, não dê àqueles e àquelas que não querem ouvir a nova proposta do Reino o seu tesouro, ou seja, não deem a eles aquilo que vocês estão recebendo agora (depois mandara os discípulos aos de fora). 

Então, o texto de hoje trás escondido em si um pouco da parábola do semeador (gosto de chamar de parábola do terreno). Cães e porcos são aquelas terras que recebem a semente a não germinam. Deixam-se abafar pelas tentações do mundo. Cães e porcos devem ser evitados. São pessoas racistas, homofóbicas, misógenas, destruidoras da natureza, mentirosas, corruptas. São pessoas que aparentam ter uma religiosidade, vão até a Igreja, mas suas práticas, sua forma de agir não é correta. Quanto a essas pessoas, Jesus é bem duro, não deem a elas, coisas santas", nem "pérolas". Não percamos tempo com essas pessoas. 

Ufa!. Fim. Um texto bem pesado. Mas importante para nós que fizemos o propósito de seguir Jesus, de ser seu discípulo. De viver de um jeito diferente! Amém!

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Hipócrita, tira primeiro a trave do teu próprio olho.

E por que reparas tu no argueiro que no olho do teu irmão e não ...

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 7,1-5






Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1 'Não julgueis, e não sereis julgados. 2 Pois, vós sereis julgados com o mesmo julgamento com que julgardes; e sereis medidos, co a mesma medida com que medirdes. 3 Por que observas o cisco no olho do teu irmão, e não prestas atenção à trave que está no teu próprio olho? 4 Ou, como podes dizer ao teu irmão: 'deixa-me tirar o cisco do teu olho', quando tu mesmo tens uma trave no teu? 5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu próprio olho, e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Continuamos na Catequese de Jesus. Para isso serve o período litúrgico do Tempo Comum. Momento de aprendermos com Jesus como devemos conformar nossa vida para podermos viver no Reino de Deus.

Para recordarmos, é importante lembrar que os capítulos 5, 6 e 7 do evangelho de Mateus estão dentro do contexto do Sermão da Montanha, e eu tenho chamado de Catequese de Jesus. Os teólogos dizem que essa foi um coleta feita pelo evangelista diante de tudo o que ele ouviu de Jesus em momentos diferentes.

Na catequese de hoje, Jesus fala de algo muito comum em nós, julgar e acusar os defeitos dos outros. 
Inicia dizendo, "não julgueis, e não sereis julgados". Essa frase é bem interessante. Quando julgamos, partimos de uma aparente verdade própria, de uma aparente lei própria, de um fundamentalismo religioso que engessa. De uma lei que limita ações. Por exemplo, quando praticamos o racismo, estamos julgando; quando praticamos a homofobia, estamos julgando; quando nos calamos diante da violência contra as mulheres, estamos julgando; quando não defendemos o meio ambiante das agressões que sofre por parte de governos inescrupulosos, estamos julgando; quando nos calamos diante dos ataques que as populações indígenas sofrem, estamos julgando; quando, por medo, ficamos calados diante da violência que estado faz, através de seu braço armado, a polícia, contra os pobres, os negros, os moradores de favela, estamos julgando.
Julgamos em tantas ocasiões e não percebemos. Estamos tão absortos por nosso moralismo rígido, pelas nossas doutrinas engessadas, que julgamos quase que de forma instintiva. E não percebemos isso.

Então, Jesus diz, "vós sereis julgado com o mesmo julgamento com que julgardes; e medidos com a mesma medida com que medirdes". No novo Reino não haverá julgamentos, nem medidas. São categorias que não pertencem ao discípulo de Jesus, pois "Deus faz nascer o sol sobre bons e sobre maus". Joio e trigo crescem junto. A Ele cabe fazer a colheita.

Em seguida, ele trata daquilo que nos cega, o cisco. Ele usa duas imagens distintas, o cisco e a trave no olho. Imagine, um cisco é algo pequeno, que incomoda, que atrapalha a visão. A trave, algo maior, impede a visão por completo. Imagine uma catarata. Ela dificulta a visão, principalmente de coisas pequenas, mas se, não tratada, pode causar a perda da visão do todo.
Lembremos o episódio da mulher que, supostamente, fora pega em adultério. Lembra-se da fala de Jesus aos acusadores? "Aquele que não tiver pecado, que atire a primeira pedra"? E o evangelho continua, e "foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos". Diante de Deus, ninguém pode se dizer sem pecado. Todos nós somos pecadores. Todos nós somos santos (porque batizados), e por isso, temos o dom de nos reconhecermos pecadores. Santo não é aquele que não tem pecado. Santo é aquele que se reconhece pecador. 
Pois bem, devemos parar e perceber quantas traves temos em nossos olhos. Quantas acusações fazemos os outros, principalmente, àqueles e àquelas que não são do nosso grupo religioso. Devemos pensar quantas vezes descriminamos. Quantas vezes não agimos como verdadeiros discípulos de Jesus.

Tiremos a trave de nosso olho. Usemos as referências de Deus como nosso norteador, não para julgar, mas para acolhermos no Reino dos Céus todas e todos que sejam diferentes de nós. Amém.

sábado, 20 de junho de 2020

XII Domingo do Tempo Comum



Reflexão do dia 21/06/2020

Para ler a reflexão do XII Domingo do Tempo Comum,
clique na imagem.

Esses pardais estão desaparecendo e os cientistas podem ter ...

Maria conservava no coração todas estas coisas

MARIA MEL GIBSON 2 | Maria mãe de deus, Mãe de deus


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 2,41-51



41 Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. 42 Quando ele completou doze anos, 
subiram para a festa, como de costume. 43 Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. 44 Pensando que ele estivesse na caravana,
caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo
entre os parentes e conhecidos. 45 Não o tendo encontrado,
voltaram para Jerusalém à sua procura. 46 Três dias depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas. 47 Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. 48 Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse: "Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura". 49 Jesus respondeu: "Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?" 50 Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera. 51 Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas. 

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Ontem celebramos o Sagrado Coração de Jesus. Hoje, lembramos do Coração de Maria.

A primeira observação é ver que a família de Jesus era temente a Deus e que participava das festas religiosas. A família, junto com amigos, vizinhos, familiares foram juntos a Jerusalém para a festa da Páscoa. 

Há um detalhe nessa narrativa. Lucas registra que Jesus tinha 12 anos, ou seja, ainda não tinha a idade adulta considerada pelos judeus. Essa era aos 13 anos. E para celebrar essas passagem, era (e ainda é) feita o bar mitzvah. A partir dessa idade, o menino já pode acompanhar o pai nas cerimônias da sinagoga e ficar junto aos homens. Antes, ele ficava com a mãe no espaço reservado às mulheres. Pois bem, Jesus tem 12 anos, e seu clã foi a Jerusalém.

Então, a comitiva começa o retorno. Maria e José não se preocupam, pois sabem que Jesus deveria estar na mesma caravana de volta, a final de contas todos cuidavam de todos. Porém, depois de um certo tempo, percebem que Jesus não caminha junto do grupo. Não está com ninguém. Um dia inteiro de caminhada. Onde ele está? Maria e José voltam para Jerusalém. E começam a procurá-lo. Essa procura dura três dias; três dias! Esse número lhe faz lembrar alguma coisa? Só para recordar, três são as pessoas da Trindade, três são os dias de Jesus no túmulo. Lembremos que eles foram celebrar a Páscoa. E agora, os cristãos celebram a Páscoa de Jesus, sua ressurreição. 

Observemos que eles o encontram no templo. Sentado com os mestres. Escutando e fazendo perguntas. Mas, também, dando respostas. E isso causou admiração por parte de todos os que o escutavam. Aqui outro detalhe. Jesus só poderia fazer isso depois dos 13 ano, quando os meninos começavam a se formar de uma maneira mais direta, nas coisas da religião. 

Voltemos. Ele estava no templo. Na casa de Deus. no lugar central da fé judaica. Estava junto aos mestres e doutores da palavra, esse mesmo grupo que anos depois vai condená-lo à morte. Mas agora, todos estavam boquiabertos com o que ouviam Dele. 

Seus pais chegam. Veem aquela cena. Nervosos, perguntam, "Meu filho, porque agistes assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura". Preocupação de mãe. Coração acelerado como de qualquer mãe que procura o filho e não acha. 

Na maior tranquilidade, Jesus respondeu, "Porque me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai"? É a primeira narrativa onde Jesus chamada Deus de Pai. Aqui, ele não fora questionado pelos mestres e doutores. É uma criança ainda. Nem o evangelista registra que seus pais tenham sido repreendidos por essa fala. 

Então, o evangelista conclui dizendo que eles não compreenderam essa palavra de Jesus. E que Jesus, então, se junta à sua família na terra, e volta para Nazaré. E que lhes era obediente. Essa é outra característica de Jesus, ser obediente ao tempo. Tudo na vida tem um tempo para acontecer.

E aí, a frase que fecha a leitura de hoje, "sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas". 

Aqui quero lhes falar. Desde a concepção, Maria guardava os mistérios da encarnação em seu coração, e meditava. Na visita a Isabel, quando ela ouve da prima que a criança lhe havia estremecido no ventre, é outro momento de guardar no coração aquele fato. Quando Jesus nasceu, e aparecerem anjos, pastores, astrônomos, ela guardou no coração as palavras que ouviu. Quando da apresentação de Jesus no templo, ela guardou no coração as palavras de Simeão e de Ana que profetizaram sobre o menino e sobre a mãe. 

Observemos que Maria sempre procurava fazer silêncio para compreender os mistérios da vida de Jesus. E os evangelhos registram que ele guardavam essas coisa em seu coração. Sede do amor. Da sabedoria. Do encontro pessoal com Deus. É a partir do coração que vamos ao encontro dos excluídos, dos pobres, dos sofredores. É no coração que surge o desejo de ajudar, de assumir a opção preferencial pelos pobres; pelos que sofrem racismo, pelos que que são desprezados por conta da opção sexual que fizeram, pelas acolhida das mulheres que sofrem violência, pela luta junto aos indígenas que tem sua cultura e suas terras invadidas. 

Aprendamos com Maria a meditar a palavra de Deus. A meditar e colocar em prática aquilo que ouvimos. Deus não nos quer pessoas paradas dentro de Igrejas. Deus não nos quer apenas com terços nas mãos. Deus não quer apenas participando de Missas. Deus espera de nós ação. Todas as outras coisas são importantes e necessárias, desde que nos levem à ação, ao encontro, à luta pela vida, à defesa da natureza. Amém. 

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração

Mirarán al que traspasaron-Maria madre de la Misericordia - YouTube


Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 11,25-30



Jesus pôs-se a dizer: 25 'Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 27 Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 28 Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. 30 Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Ontem falávamos que a oração do Pai Nosso era o reflexo da opção preferencial pelos pobres feita por Jesus.

Hoje, celebramos a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Inicio pedindo que não me levem a mal. Muitas vezes, olhamos para o coração de Jesus de forma romantizada. Melosa. Açucarada. 

No texto de hoje, Jesus "pôs-se a dizer: Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos"
Jesus faz uma oração de louvor, mas um louvor que reconhece a presença de Deus nos pequeninos, isto é, naqueles que são tidos como nada, como sobras da sociedade. Daqueles para os quais viramos as costas. Das pessoas que rejeitamos pelo racismo, pelo preconceito, pela violência. São esses e essas os preferidos/preferidas do Pai. São eles e elas que param para ouvir a mensagem de Jesus. São elas e eles que tem o coração aberto e disposto a assumir as exigências do Reino de Deus.
Os sábios, os entendidos ficam presos em suas teorias, em sua arrogância acadêmica, em suas certezas doutrinárias e esquecem de olhar para Jesus, e para o Pai, como realmente são, amor. 

Os pobres sempre estão cansados de carregarem os fardos colocados sobre seus ombros. E não só o fardo do trabalho, mas, quase sempre, o fardo da religião também, fardos de preceitos, de regras religiosas. No tempo de Jesus eram tantos preceitos para serem vividos, eram tantas regras religiosas a serem cumpridas, que as pessoas se sentiam cansadas e oprimidas. E Jesus disse, "Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso". Em Jesus, por Jesus, com Jesus tudo o que nos aflige é eliminado. Em Jesus não há mais famintos, nem sedentos. Nem encarcerados, nem doentes, nem nus. Nem refugiados. Todas e todos que se colocam diante de Jesus como anunciadores de sua boa nova, trazem descanso e paz. Não são regras que nos levam aos Reino dos Céus. Não são doutrinas que nos salvam. Amar o próximo, isso sim. Perdoar as ofensas da mesma forma que perdoamos os que nos ofendem. Lutar junto aos famintos para que haja pão a cada dia em todas mesas. Mesmo nas tentações, ser firme no propósito feito.

Ao celebrarmos o Coração de Jesus rezemos pelas pessoas que perderam suas vidas pela covid-19. Rezemos pelos governantes que fazem ouvidos moucos diante do clamor dos que esperam por um leito de CTI para poderem recuperar a saúde. Rezemos para a que corrupção, que priva os pobres de hospitais aparelhados para enfrentar a pandemia do coronavírus, seja eliminada do meio de nós Rezemos pelas famílias que perderam seus entes queridos para a covid-19, que encontrem em Jesus, através de nós, conforto para sua dor.

Encerro com o trecho de uma música que me fala alto ao coração: "Conheço um coração tão manso, humilde e sereno / Que louva ao Pai por revelar seu nome aos pequenos / Que tem o dom de amar, que sabe perdoar / E deu a vida para nos salvar"! Essa estrofe sempre foi um resumo, para mim, do texto de hoje. 

Sejamos mansos, humildes e serenos; saibamos revelar o nome do Pai aos pequenos; peçamos o dom de amar, de perdoar. E aprendamos a dar a vida em resgate do outro, Amém.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Se não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes

Os primeiros cristãos passam por desafios — BIBLIOTECA ON-LINE da ...
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 6,7-15




Disse Jesus aos seus discípulos: 7 Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. 8 Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais. 9 Vós deveis rezar assim: Pai Nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10 venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. 11 O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12 Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. 13 E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. 14 De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. 15 Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes.

Palavra da Salvação.

Reflexão

Hoje eu lei que a oração do Pai Nosso é uma ligação entre o céu e a terra. Interessante essa visão. É uma verdade. 
É o aprofundamento da opção preferencial pelos pobres. Um roteiro de oração dado pelo próprio Senhor.
Jesus nos ensina que Deus é nosso Pai. Veja bem, NOSSO. Aprendemos a nos colocarmos na sua presença. Quando oramos devemos lembrar que é um ato de união com Deus. E um Deus que é amor. Que acolhe. Que olha para as nossas necessidades e as necessidades dos que sofrem.
Em seguida, o nome de Deus Pai deve ser santificado, pois ele é santo. Santificamos o nome de Deus para que nossas ações também sejam santas e santificadas. 
Logo depois, pedimos que o Reino de Deus venha. E ele já está no meio de nós. Desde a ressurreição de Jesus o Reino começou a fazer parte de nossa vida. Quando damos de comer, ou de beber; quando visitamos doentes e encarcerados; quando vestimos os nus; quando acolhemos os refugiados; já estamos tornando o Reino de Deus presente. E com isso, a vontade de Deus é feita.

"Seja feita a vossa vontade". Essa é a frase de transição de um Deus que está no céus, mas quer se fazer presente na terra. 
E qual é a vontade de Deus? Que todas e todos tenham o pão necessário de cada dia. A comida necessária. O alimento que sustenta o corpo para que a alma possa "louvar, reverenciar e servir a Deus nosso Senhor" (Santo Inácio de Loyola. EE). Se Deus é Pai, e Pai Nosso, não pode haver falta de alimento para nenhum dos irmãos. Devemos ser trabalhadores incansáveis para que em nenhuma mesa falte o pão de cada dia.

Então, depois do alimento, é fundamental o perdão. Numa família não pode haver divisões. Um pai que alimenta quer que seus filhos estejam sempre juntos, unidos, em comunhão. E para isso, é necessário perdoar. Na cruz, Jesus pediu ao Pai que não fosse levado em conta o pecado que aquelas pessoas cometiam. E Santo Estêvão, diácono, enquanto era apedrejado, disse "Senhor, não os condene por esse pecado" (At 7,60). Os discípulos de Jesus são os discípulos do perdão. Da misericórdia. Do amor. 
O perdão de Deus é fundamental para perdoarmos aqueles que nos ofendem, que nos agridem, que nos caluniam. Não basta querer o perdão, é preciso dar o perdão.

"Não nos deixeis cair em tentação". A tentação, essa é artimanha do tinhoso, do encardido, do demônio, do enganador, do diabo. Satanás tem a função de nos tentar, vejam o livro de Jó (Jó 1,6-12). Apesar de ser tentado, nunca proferiu uma palavra contra Deus. Jesus, após o período da experiência do Deserto, não se entregou às tentações. Tanto um, quanto o outro, sabiam que Deus estava com eles. Então, se fores tentado, lembres de que Deus é maior de que a tentação, e que a oração precisa de mais intensidade. 
Mas, também, devemos lembrar de pedir a Deus que nos livre da tentação de ouvir o clamor dos pobres, dos sofredores, dos angustiados, dos enfermos, dos encarcerados, dos que sofrem racismo, das mulheres violentadas, dos homossexuais perseguidos. Da natureza destruída. Não caiamos na tentação de uma religião intimista e individualista. Uma religião que apenas me faz bem. Uma religião minha. Lembre-se, o Pai é Nosso. A oração é particular, pode ser individual, mas deve me levar ao encontro dos outros. Por isso, ela é uma oração da opção preferencial pelos pobres.

A conclusão do texto de hoje é uma ordem para o perdão. Devemos perdoar. Se perdoarmos, teremos nossos pecados perdoados. Caso contrário, não adiante milhares de confissões, nem indulgências plenárias. Se não perdoarmos àqueles e àquelas que nos ofendem, de nada adianta o perdão que pedimos a Deus.

São palavras forte de Jesus. Não parece, mas elas vão além das aparências. Não precisamos gritar nas igrejas diante do Santíssimo Sacramento. Não precismos cantar muitas músicas bonitas. Basta-nos estar diante de Deus e perguntar para nós mesmo, "que fiz, que faço, que farei por Cristo"?


quarta-feira, 17 de junho de 2020

"E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa"

Rainha Maria

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 6,1-6.16-18





Disse Jesus aos seus discípulos: 1 'Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus. 2 Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 3 Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, 4 de modo que, a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. 5 Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 6 Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. 16 Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo: Eles já receberam a sua recompensa. 17 Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18 para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Entramos na segunda fase da catequese de Jesus. Observemos que da leitura de hoje são retirados os versículos 7 a 15, serão lidos amanhã. Falam sobre a oração.

Jesus exorta seus discípulos a serem diferentes dos fariseus. Esses tinham uma prática religiosa de aparências. Cumpriam os preceitos religiosos para serem elogiados pelos homens. Era uma religião de aparências, não de conversão. Jesus, então, destaca três práticas religiosas de seu tempo que eram muito estimadas pelas pessoas, esmola (caridade), oração, jejum. 

A esmola é fazer caridade para com o próximo. É ir ao encontro do irmão/irmã que esteja passando alguma necessidade. Fome, sede, falta de roupa, encarcerado, ou doente. Ou ainda, que seja peregrino (refugiado) e não tem um lugar para ficar. 
Os fariseus tinham o costume de dar esmolas (nesse caso em dinheiro, pouco, é claro) de forma que as pessoas vissem o que eles estavam fazendo, e diziam "são pessoas boas". 
Jesus rejeita essa prática. A caridade, a esmola não deve ser motivo para se tocar trombeta, ou se vangloriar da ação caritativa. Não que não possa ser partilhada com outras pessoas. Mas, o motivo principal é buscar ajudar o carente, a pessoa que precisa. Lembremos de Dulce dos Pobres, e de Teresa de Calcutá. Buscavam ajuda, mas não alardeavam o que faziam.

A oração é o momento de intimidade com Deus. Quantas vezes vemos no evangelho Jesus em oração, ou indo orar. A oração é o momento de encontro pessoal com Deus. Por isso, não pode ser feita como um ato de superioridade para com os outros. Orar é um ato de intimidade com Deus. E ninguém alardeia suas intimidades por aí, certo? A oração não precisa de muitas palavras, veremos isso mais aprofundado amanhã. A oração, quando feita na intimidade, ela, por si só, transparece nas ações anti-racistas, anti-misógenas, anti-destruição da natureza. A oração nos faz ver a vida como dom de Deus, e como tal, deve ser preservada.

O jejum. É o ato de aprender a se controlar. O jejum é o gesto que tudo depende de Deus. O jejum é a forma de se privar de algo para controlar os extintos. Muitas denominações religiosas tem a prática do jejum. Não é um momento para regime. Mas, uma experiência em que Deus se torna tudo. Lembremos das tentações de Jesus no deserto. Elas vieram justamento depois de um período de oração. 
Entretanto, não devemos fazer jejum sem oração e sem esmola. O jejum nos aproxima de Deus (oração) e dos irmãos (caridade). O que nos sobra pelo jejum deve ser doado como esmola. E o que nos enfraquece espiritualmente, deve ser alimentado pela oração.

Esmola-Oração-Jejum, uma tríade que nos leva a Deus. Uma tríade que nos impulsiona para o outro. Uma tríade que nos faz ver que tudo depende de Deus, e que somos capazes de educar nossas vontades.

Mais uma instrução de Jesus aos seus discípulos. Vamos caminhando e crescendo nessa formação dada pelo próprio senhor.