sábado, 20 de novembro de 2021

Dia Nacional da Consciência Negra.


 Hoje, celebramos a Dia Nacional da Consciência Negra.

Com certeza, vamos ouvir pessoas dizerem que é consciência humana. Que isso é uma afronta.

Entretanto, devemos ficar atentos! Ter um dia para fazermos memória à consciência negra, é uma oportunidade para recordamos que nosso país foi construído através do trabalho escravo de pessoas negras. Que durante muitos século, sofreram violências físicas e verbais. Executaram trabalhos forçados sem remuneração adequada. Que foram privados de moradia digna. De assistência médica. De alimentação adequada. 

Esse é um dia para relembrarmos isso! E ainda mais, para olharmos para nossas irmãs e irmãos negros que em pleno século XXI são agredidos/as em sua dignidade como pessoas. São abordados por forças polícias como se fossem criminosos. São violentados e violentas. São mortas e mortos. Ainda existe um grupo de pessoas brancas que se acham melhores e superiores aos outros grupos étnicos.

A Igreja Católica Apostólica Romana europeia nos trouxe, como devoção, uma série de santas e santos brancos e brancas. Europeizaram as figuras de Jesus e de Maria. E nós, como filhas e filhos do Deus que não faz acepção de pessoas, agimos na história da humanidade. E para isso, nossa Igreja faz memória a santas e santos negros. Nossa tradição católica revela que um dos "reis magos" era negro.

Hoje somos chamadas e chamados a olharmos a cultura negra como uma manifestação do amor de Deus entre nós. Valorizar suas expressões culturais. Sua forma de render culto a Deus. Devemos valorizar seus instrumentos musicais, valorizar seu modo de se vestir. Valorizar as danças. A comida.

O salmo 150 nos convida a louvarmos a Deus com tudo aquilo que possa emitir som. A manifestação da alegria humana diante de Deus faz com que o louvemos com todos os instrumentos que a humanidade produza. Esse salmo fala em címbalos sonoros, que são os instrumentos de percussão. 

Para que possamos ter sempre em mente que Deus é Pai de todas e todos, listo aqui, alguns santos e santas negros da história da Igreja.

Nossa Senhora Aparecida

São Benedito

Santo Agostinho de Hipona

São Martinho de Lima

Santa Josefina Bakhita

São Maurício 

Santa Efigênia 

Santo Antônio de Categeró

Beato Pe. Victor

Beata Nhá Chica

Todas a santos e santas negros e negras de Deus, rogai por nós.

Paz de Cristo. Axé. Saravá.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Sinodalidade


 As palavras, e seus derivados, fazem a gente se confundir. Nesses dias, estamos, na Igreja Católica Apostólica Romana, vivendo uma experiência estranha a nós, a Sinodalidade. E, confundimos com Sínodo.

Sínodo é uma reunião convocada pelo Papa para que os bispos possam debater sobre um determinado assunto, e que resposta eles darão aos crentes e não crentes.

O Sínodo convocado para 2023 tem um tema, a Sinodalidade. Essa palavra significa caminhar juntos. O Papa traz para a igreja uma nova forma de ver. Caminhar juntos significa criar espaços de escuta daquilo que pensar toda a comunidade cristã. E essa deveria ter sido uma prática da Igreja.

Jesus praticou a sinodalidade. Vamos lembrar?

Quando ele pergunta aos discípulos o que as pessoas dizem quem ele é, isso é sinodalidade. Quando Jesus tem que tomar uma decisão se aquela mulher seria apedrejada ou não, e ele ouve os argumentos dos algozes, é uma forma de sinodalidde. Reversa. Pois a ação dele é de libertação daquela pessoa.

A Igreja, desde o início, também viveu a sinodalidade. Quando da escolha dos 7 diáconos, os apóstolos ouviram a comunidade grega, e esta escolheu aqueles que a serviriam.

Não estamos acostumados a falar dentro da Igreja. Recebemos as coisas prontas. Estamos confusos no que devemos falar e fazer. Tenho observado que nossos irmãos e irmãs leigas sempre fazem referência ao clero, pois somos uma igreja clerical, e não ministerial. Não sabemos que a igreja deve caminhar junto com a humanidade, não só com os católicos. Somos fundamentalistas farisaicos. Queremos regras de conduta. Regras morais. E por isso, esperamos que o clero nos diga o que temos que fazer.

A sinodalidade é um novo jeito de a Igreja se ver. É um novo jeito de nos comunicarmos. Claro que não vamos mudar regras, mas podemos dizer como vamos viver com juntos. Como podemos "caminhar juntos".

Sempre que a Igreja precisa dar uma resposta a alguma questão vital, ela convoca um sínodo. Lembremos alguns: Juventude, Família, Amazônia. Existem outros. Evangelizar não é só anunciar o evangelho. É compreender as necessidades do momento histórico para dar a resposta adequada, à luz da evangelho, aos anseios da humanidade.

A sinodalidade é um jeito concreto de vivermos as Bem Aventurança. 

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

"Caminhar Juntos"!


O papa Francisco convocou um Sínodo dos Bispos para ano de 2023. 

O Documento que vai servir de base para esse sínodo será fruto de uma ampla escuta da comunidade humana. O Papa quer escutar todas e todos, católicos e não católicos, crentes e não crentes. É uma atitude evangélica, inspirada na prática de Jesus Cristo.

Ao lermos e meditarmos os evangelhos de Jesus, vemos que ele foi ao encontro de todas e todos que estavam longe por algum motivo. Fosse porque a lei (doutrina) os afastava da graça de Deus, seja porque não faziam parte do "povo de Deus", e por isso eram discriminados e rejeitados no seu jeito de ser e de viver,

A leitura do evangelho de hoje nos faz pensarmos como agimos diante daqueles e daquelas que não fazem parte de nosso grupinho religioso. 

Dez leprosos caminhavam. Quando avistaram Jesus, gritaram, "Mestre, tem compaixão de nós"! Hoje, muitas irmãs e muitos irmãos, se apresentam diante de nós, e gritam, "tem compaixão de nós". E, muitas vezes, viramos as costas. Viramos as costas porque não andam com a gente no mesmo grupo religioso. Porque não são católicos apostólicos romano. Porque não vão à missa. Porque não rezam o terço, e não tem outras práticas religiosas. 

O exemplo de inclusão que Jesus realiza é fantástico. Os 10 leprosos, a Samaritana, a mulher Cananeia, os cegos-coxos-aleijados, as mulheres em situação de prostituição, as mulheres que eram consideradas excluídas, e as crianças.

Jesus sempre caminhou junto com os que não estavam de acordo com a lei. Comia com os pecadores, frequentava a casa dos publicanos. Conversava com o chefe dos cobradores de impostos. Teve no seu grupo de apóstolos pecadores públicos, revolucionários, pescadores. 

Jesus é o exemplo de como a Palavra de Deus nos mostra que devemos caminhar juntos. Por isso, ele se auto proclamou "caminho, verdade e vida". Ele é o caminho da comunhão, da unidade, da aceitação. Ele é a verdade que nos faz ver do mesmo jeito que Deus, ou seja, o Pai Nosso. Ele é a vida, pois suas palavras, de inclusão, geram vida para a humanidade.

Através desse Sínodo, o Papa quer que aprendamos a sairmos de nós mesmos. Que possamos olhar para a humanidade com um olhar de misericórdia, e anunciar a Palavra de Deus como um novo jeito de ser. Um novo jeito de ser na Igreja, na sociedade, na família. Um jeito sem ódios ou rancores, um jeito de fraternidade e solidariedade. Não podemos ser disseminadores de ódios, ofensas. Não podemos ter atitudes racistas, misóginas, homofóbicas. Não podemos apoiar políticas públicas que gerem morte, que destruam a natureza, que façam as pessoas comerem ossos ao invés de carne.

"Caminhar Juntos", essa é a convocação do Papa Francisco para o Sínodo de 2023. E quem caminha junto não escolhe o companheiro ou companheira de viagem, mas se compadece de sua fraqueza, de suas angústias, de suas tristezas, de sua dores. 

Jesus se fez um com os outros. E por isso, devemos ser um com os outros também.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar.

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 15,1-10

Naquele tempo: 1Os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. 'Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles.' 3Então Jesus contou-lhes esta parábola: 4'Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, 6e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: 'Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!' 7Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. 8E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? 9Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: 'Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!' 10Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte.' 

Palavra da Salvação.

Temos um jeito meio narcisista de tratarmos a nossa fé. Sempre achamos que somos melhores porque vamos à missa, porque rezamos o terço, porque pagamos dízimo, porque fazemos adoração ao santíssimo, porque frequentamos os sacramentos, dentre outras manifestações religiosas exteriores.

Entretanto, muitas vezes, viramos as costas para as pessoas que necessitam fazer esse encontro com Deus, pois queremos que as pessoas façam a mesma experiência com Deus, como se houvesse um jeito único de Deus se revelar a cada um de nós.

O evangelho de hoje nos faz meditar sobre nossas práticas religiosas no dia-a-dia. Lucas destaca que os pecadores e os publicanos iam ter com Jesus para ouvi-lo. E Jesus aproveitando essa abertura, não se fez de rogado, e ia ao encontro deles fazendo refeição com eles. Interessante esse gesto. Jesus não esperou que os pecadores e publicanos fossem ao seu encontro apenas. Ele se fez um com eles. Participou da sua vida concretamente. Não é possível evangelizar sem conhecer a vida íntima daqueles e daquelas aos quais somos enviados/enviadas.

Fazer refeição é participar da intimidade. É colocar-se no lugar do outro para conhecer o que ele pensa, e para saber o que se deve dizer. Como anunciar Deus aos pecadores e publicanos?

Jesus contou duas histórias para ilustrar sua atitude. Jesus partiu da experiência religiosa dos mestre da lei para mostrar que Deus não veio buscar e resgatar os que já são puros e santos. Mas, Ele veio para buscar os que se desviaram do caminho. 

Aprendamos com Jesus a ir ao encontro daqueles e aquelas que estão fora do redil.