segunda-feira, 29 de maio de 2023
Maria Mãe da Igreja
sexta-feira, 26 de maio de 2023
"Tu me amas"?
Jesus manifestou-se aos seus discípulos e, depois de comerem, perguntou a Simão Pedro: 'Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?'
Pedro respondeu: 'Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo'. Jesus disse: 'Apascenta os meus cordeiros'.
E disse de novo a Pedro: 'Simão, filho de João, tu me amas?' Pedro disse: 'Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo'. Jesus disse-lhe: 'Apascenta as minhas ovelhas'.
Pela terceira vez, perguntou a Pedro: 'Simão, filho de João, tu me amas?'
Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava.
Respondeu: 'Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo'. Jesus disse-lhe: 'Apascenta as minhas ovelhas.
Em verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir.'
Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. E acrescentou : 'Segue-me'.
Palavra da Salvação.
Meditação.
Conhecemos a exegese do texto. Os biblistas contrapõem a esse texto a negação de Pedro.
Inácio de Loyola, nos Exercícios Espirituais, nos orienta a fazermos um tipo de oração chamada de Contemplação. E esta consiste em ver a cena. Montá-la em sua cabeça. Inserir-se nela. Aí ficar um tempo. Ouvir o que se fala. E tirar proveito disso.
Ao nos inserimos na cena, observamos alguns detalhes.
Primeiro, Jesus e seus discípulos estão em um momento de refeição. De descontração. É nesse ambiente que se desenrola toda ação.
Jesus precisa saber se Pedro está disposto a dar continuidade à sua obra de evangelização. Somente quem ama é capaz de ser discípulo missionário. E este é aquele que vai até às últimas consequências, inclusive dando a vida.
Jesus insistiu com Pedro três vezes no ato de amar. Ao ponto dele se entristecer. Pedro passou pela mesma experiência que Jesus quando foi negado três vezes.
"Tu me amas"? Diante dessa pergunta, e da resposta, "sim, Senhor, tu sabes que eu te amo", Jesus faz a designação do ofício, "apascenta os meus cordeiros". Em seguida, diz que ele deve apascentar as ovelhas.
Aqui, surgi uma questão semântica. Qual a diferença entre cordeiros e ovelhas?
As ovelhas são as fêmeas adultas. E os cordeiros são os filhotes.
Ao sabermos isso, entendemos que Jesus diz a Pedro que os que são desprezados, esquecidos, rejeitados devem ser aqueles que precisam de mais cuidado.
O amor a Jesus nos impele a irmos ao encontro. De estarmos "em saída". A fé em Jesus é missionária.
Quem apascenta, cuida, protege, alimenta, instrui, traz de volta, resgata. E o mais importante, quem apascenta deve estar pronto para dar a vida. No pequeno gesto de "Segue-me" está contido todo um projeto de vida missionária.
Pensemos em nossa disposição de seguirmos Jesus. (Diácono Marcos Gayoso)
quinta-feira, 25 de maio de 2023
Se eu não for, o Espírito não virá a vós
segunda-feira, 22 de maio de 2023
A água viva do Espírito Santo
quarta-feira, 17 de maio de 2023
Os dias entre a ressurreição e a ascensão do Senhor
sexta-feira, 12 de maio de 2023
O primogênito de muitos irmãos
Dos Sermões do Bem-aventurado Isaac, abade do Mosteiro de Stella
(Sermo 42: PL 194,1831-1832)
(Séc. XII)
O primogênito de muitos irmãos
Como a cabeça e o corpo formam um só homem, assim o Filho da Virgem e seus membros escolhidos formam um só homem e um só Filho do homem. Cristo completo e total, como diz a Escritura, é cabeça e corpo. Com efeito, todos os membros juntos constituem um só corpo que, unido à sua cabeça, forma um só Filho do homem. Este, pela sua união com o Filho de Deus, forma um só Filho de Deus, o qual, pela sua união com Deus, forma um só Deus.
Conseqüentemente, todo o corpo com a cabeça é Filho do homem, é Filho de Deus, é Deus. Por isso se diz no Evangelho: Quero, Pai, que assim como eu e tu somos um, também eles sejam um em nós (cf. Jo 17,21). Vemos que, segundo esse famoso texto da Escritura, não existe o corpo sem a cabeça nem a cabeça sem o corpo; nem Cristo total, cabeça e corpo, sem Deus.
Tudo isto, portanto, pela sua união com Deus é um só Deus. O Filho de Deus, porém, está unido com Deus por natureza. O Filho do homem está unido com o Filho de Deus numa só pessoa; por sua vez, os membros do seu corpo estão unidos com ele sacramentalmente.
Por conseguinte, os membros fiéis e espirituais de Cristo, podem afirmar de si, com toda verdade, aquilo que ele é, até mesmo Filho de Deus e Deus. Mas o que ele é por natureza, os membros são por participação. O que ele é em plenitude, os membros são parcialmente. O que o Filho de Deus é por geração, os membros são por adoção, como está escrito: Recebestes um espírito de filhos adotivos, no qual todos clamamos: Abá – ó Pai! (Rm 8,15).
Este Espírito deu-lhes a capacidade de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12), para que o primogênito de muitos irmãos pudesse ensiná-los a dizer: Pai nosso que estais nos céus (Mt 6,9). E noutro lugar: Subo para junto do meu Pai e vosso Pai (Jo 20,17).
Pelo Espírito Santo, o Filho do homem nasceu da Virgem Maria como nossa cabeça; pelo mesmo Espírito, nós também renascemos na fonte batismal como filhos de Deus e membros do corpo de Cristo. E assim como ele nasceu livre de todo pecado, também nós renascemos pela remissão de nossos pecados.
Assim como na cruz ele tomou sobre seu corpo de carne os pecados de todo o corpo, do mesmo modo, pela graça da regeneração, concedeu ao seu corpo espiritual que não lhe fosse atribuído nenhum pecado, como está escrito: Feliz o homem a quem o Senhor não acusa de pecado (Sl 31,2). Este homem feliz é, sem a menor dúvida, Cristo: enquanto cabeça do Cristo místico é Deus e perdoa os pecados; enquanto cabeça do corpo, é o Filho do homem, nada tendo que se lhe deva perdoar; e enquanto o corpo da cabeça é formado por muitos, nada se lhe atribui.
Ele é justo em si mesmo e justifica-se a si mesmo. Ele próprio é Redentor e redimido. Tomou sobre seu corpo, na cruz, os pecados daquele corpo que ele purifica por meio da água do batismo, e continua salvando pela cruz e pela água. Ele é o Cordeiro de Deus que tira, que carrega o pecado do mundo (Jo 1,29). Ele é ao mesmo tempo sacerdote e vítima do sacrifício. Ele é Deus que, oferecendo-se a si mesmo, por si reconciliou-se consigo mesmo, com o Pai e com o Espírito Santo.
quarta-feira, 10 de maio de 2023
Os cristãos no mundo
Da Carta a Diogneto
(N.5-6: Funk 1,317-321)
(Séc.II)
Os cristãos no mundo
Os cristãos não se diferenciam dos outros homens nem pela pátria nem pela língua nem por um gênero de vida especial. De fato, não moram em cidades próprias, nem usam linguagem peculiar, e a sua vida nada tem de extraordinário. A sua doutrina não procede da imaginação fantasista de espíritos exaltados, nem se apóia em qualquer teoria simplesmente humana, como tantas outras.
Moram em cidades gregas ou bárbaras, conforme as circunstâncias de cada um; seguem os costumes da terra, quer no modo de vestir, quer nos alimentos que tomam, quer em outros usos; mas o seu modo de viver é admirável e passa aos olhos de todos por um prodígio. Habitam em suas pátrias, mas como de passagem; têm tudo em comum como os outros cidadãos, mas tudo suportam como se não tivessem pátria. Todo país estrangeiro é sua pátria e toda pátria é para eles terra estrangeira. Casam-se como toda gente e criam seus filhos, mas não rejeitam os recém-nascidos. Têm em comum a mesa, não o leito.
São de carne, porém, não vivem segundo a carne. Moram na terra, mas sua cidade é no céu. Obedecem às leis estabelecidas, mas com seu gênero de vida superam as leis. Amam a todos e por todos são perseguidos. Condenam-nos sem os conhecerem; entregues à morte, dão a vida. São pobres, mas enriquecem a muitos; tudo lhes falta e vivem na abundância. São desprezados, mas no meio dos opróbrios enchem-se de glória; são caluniados, mas transparece o testemunho de sua justiça. Amaldiçoam-nos e eles abençoam. Sofrem afrontas e pagam com honras. Praticam o bem e são castigados como malfeitores; ao serem punidos, alegram-se como se lhes dessem a vida. Os judeus fazem-lhes guerra como a estrangeiros e os pagãos os perseguem; mas nenhum daqueles que os odeiam sabe dizer a causa do seu ódio.
Numa palavra: os cristãos são no mundo o que a alma é no corpo. A alma está em todos os membros do corpo; e os cristãos em todas as cidades do mundo. A alma habita no corpo, mas não provém do corpo; os cristãos estão no mundo, mas não são do mundo. A alma invisível é guardada num corpo visível; todos vêem os cristãos, pois habitam no mundo, contudo, sua piedade é invisível. A carne, sem ser provocada, odeia e combate a alma, só porque lhe impede o gozo dos prazeres; o mundo, sem ter razão para isso, odeia os cristãos precisamente porque se opõem a seus prazeres.
A alma ama o corpo e seus membros, mas o corpo odeia a alma; também os cristãos amam os que os odeiam. Na verdade, a alma está encerrada no corpo, mas é ela que contém o corpo; os cristãos encontram-se detidos no mundo como numa prisão, mas são eles que abraçam o mundo. A alma imortal habita numa tenda mortal; os cristãos vivem como peregrinos em moradas corruptíveis, esperando a incorruptibilidade dos céus. A alma aperfeiçoa-se com a mortificação na comida e na bebida; os cristãos, constantemente mortificados, vêem seu número crescer dia a dia. Deus os colocou em posição tão elevada que lhes é impossível desertar.