quinta-feira, 11 de julho de 2024

Nada absolutamente prefiram a Cristo


Da Regra de São Bento, abade

(Prologus, 4-22;cap.72,1-12:CSEL75,2-5.162-163)
(Séc.VI)

Nada absolutamente prefiram a Cristo

Antes de tudo, quando quiseres realizar algo de bom, pede a Deus com oração muito insistente que seja plenamente realizado por ele. Pois já tendo se dignado contar-nos entre o número de seus filhos, que ele nunca venha a entristecer-se por causa de nossas más ações. Assim, devemos em todo tempo pôr a seu serviço os bens que nos concedeu, para não acontecer que, como pai irado, venha a deserdar seus filhos; ou também, qual Senhor temível, irritado com os nossos pecados nos entregue ao castigo eterno, como péssimos servos que o não quiseram seguir para a glória.
Levantemo-nos, enfim, pois a Escritura nos desperta dizendo: Já é hora de levantarmos do sono (cf. Rm 13,11). Com os olhos abertos para a luz deífica e os ouvidos atentos, ouçamos a exortação que a voz divina nos dirige todos os dias: Oxalá, ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações (Sl 94,8); e ainda: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas (Ap 2,7). E o que diz ele? Meus filhos, vinde agora e escutai-me: vou ensinar-vos o temor do Senhor (Sl 33,12). Correi, enquanto tendes a luz da vida, para que as trevas não vos alcancem (cf. Jo 12,35).

Procurando o Senhor o seu operário na multidão do povo ao qual dirige estas palavras, diz ainda: Qual o homem que não ama sua vida, procurando ser feliz todos os dias? (Sl 33,13). E se tu, ao ouvires este convite, responderes: Eu, dir-te-á Deus: Se queres possuir a verdadeira e perpétua vida, afasta a tua língua da maldade, e teus lábios, de palavras mentirosas. Evita o mal e faze o bem, procura a paz e vai com ela em seu caminho (Sl 33,14-15). E quando fizeres isto, então meus olhos estarão sobre ti e meus ouvidos atentos às tuas preces; e antes mesmo que me invoques, eu te direi: Eis-me aqui (Is 58,9). Que há de mais doce para nós, caríssimos irmãos, do que esta voz do Senhor que nos convida? Vede como o Senhor, na sua bondade, nos mostra o caminho da vida!
Cingidos, pois, os nossos rins com a fé e a prática das boas ações, guiados pelo evangelho, trilhemos os seus caminhos, a fim de merecermos ver aquele que nos chama a seu reino (cf. 1Ts 2,12). Se queremos habitar na tenda real do acampamento desse reino, é preciso correr pelo caminho das boas ações; de outra forma, nunca chegaremos lá.
Assim como há um zelo mau de amargura, que afasta de Deus e conduz ao inferno, assim também há um zelo bom, que separa dos vícios e conduz a Deus. É este zelo que os monges devem pôr em prática com amor ferventíssimo, isto é, antecipem-se uns aos outros em atenções recíprocas (cf. Rm 12,10). Tolerem pacientissimamente as suas fraquezas, físicas ou morais; rivalizem em prestar mútua obediência; ninguém procure o que julga útil para si, mas sobretudo o que o é para o outro; ponham em ação castamente a caridade fraterna; temam a Deus com amor; amem o seu abade com sincera e humilde caridade; nada absolutamente prefiram a Cristo; e que ele nos conduza todos juntos para a vida eterna.

terça-feira, 2 de julho de 2024

Gestos na Santa Missa


GESTOS E POSIÇÕES DO CORPO NA SANTA MISSA

Muitas vezes, as pessoas se aproximam dos diáconos ou padres e perguntam: “na missa, pode fazer assim”? Para responder essa pergunta vou recorrer à Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), principalmente nos número 42, 43, 44.

A IGMR alerta sobre os gestos e disposições do corpo, tanto do sacerdote como do diácono, ministros e povo em geral. Afirma a IGMR, “os gestos e posições do corpo (...) devem contribuir para que toda a celebração resplandeça pelo decoro e nobre simplicidade (grifo meu)”, isso para que “se compreenda a verdadeira e plena significação de suas diversas partes e se favoreça a participação de todos”. Além disso, essas diretrizes servem para contribuir “para o bem espiritual do povo de Deus, do atender ao seu próprio gosto e arbítrio”.

A IGMR alerta para que “a posição comum do corpo, que todos os participantes devem observar, é sinal da unidade dos membros da comunidade cristã, reunidos para a sagrada Liturgia, pois exprime e estimula os pensamentos e os sentimentos dos participantes”.

Basicamente, existem três predisposições corporais durante a santa Missa: sentados, de pé, e de joelhos.

A posição de pé deve ser observada desde a entrada da procissão inicial (seja ela simples ou solene) até a conclusão da oração da coleta inclusive. No canto de aclamação ao evangelho, e durante a sua proclamação; enquanto se reza a profissão de fé (Creio) e a oração universal (preces). E do convite Orai irmãos antes da oração sobre as oferendas até à comunhão.

A posição de sentados deverá ser observada nos seguintes momentos: durante as leituras que precedem o Evangelho; na recitação do salmo responsorial; durante a homilia e durante a preparação das oferendas; e após a comunhão, quando se deve observar, também, o silêncio sagrado (grifo meu, sobre o silêncio falaremos mais adiante).

A posição ajoelhada. Deve ser observada durante a consagração (a não ser que haja algum impedimento). Aos que não podem ajoelhar-se nessa hora, “façam uma inclinação profunda enquanto o sacerdote se ajoelha”. Após a consagração não deve existir nenhum tipo de música.

A IGMR acrescenta como gesto as “ações e as procissões realizadas pelo sacerdote com o diácono e os ministros ao se aproximarem do altar; pelo diácono antes da proclamação do Evangelho ou ao levar o Livro dos Evangelhos ao ambão, pelos fiéis, ao levarem os dons e enquanto se aproxima da Comunhão”.

Por último, não por ser de menor importância, mas pelo valor litúrgico que tem, o silêncio (grifo meu). O IGMR alerta-nos que “deve-se observar o silêncio sagrado”. Enumera alguns momentos para isso: no ato penitencial, após o convite à oração; após as leituras e homilia; após a comunhão, para que possam louvar e rezar a Deus no íntimo do coração.