sábado, 19 de abril de 2025

Porque procurais entre os mortos aquele que está vivo!

 



Meus irmãos e minhas irmãs,

Celebramos hoje o coração da nossa fé: a Ressurreição de Jesus. O evangelho de Lucas nos conduz até aquele momento tão especial, tão surpreendente e tão cheio de mistério. Algumas mulheres, que haviam acompanhado Jesus, foram ao túmulo bem cedo, ainda no escuro da madrugada. Levaram perfumes, levaram amor, levaram saudade… mas encontraram um túmulo vazio.

A primeira coisa que esse Evangelho nos ensina é que Deus surpreende. Aquelas mulheres esperavam encontrar um corpo, e encontraram a Vida. Esperavam morte, e foram visitadas pela esperança. E ali ouviram aquela pergunta que ecoa até hoje em nossos corações: "Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo?" Essa pergunta não é só para elas. É também para nós.

Quantas vezes, procuramos sentido da vida onde ele não está? Quantas vezes buscamos alegria nas coisas passageiras, paz no dinheiro, esperança nas promessas do mundo? Muitas vezes estamos como aquelas mulheres: olhando para trás, presos ao que já passou, sem perceber que Deus já nos abriu um novo caminho.

Jesus ressuscitou! Ele não está mais no túmulo, Ele está vivo e caminha conosco. Está na comunidade reunida, está no pão partilhado, está no coração de quem acredita.

Mas vejam: quando as mulheres vão contar isso aos discípulos, eles não acreditam. Acham que é “delírio”. Isso mostra que até mesmo os mais próximos de Jesus têm dificuldade de aceitar a novidade de Deus. Porque a ressurreição não é algo que se entende com a cabeça… é algo que se acolhe com o coração, com a fé.

Mesmo assim, Pedro vai até o túmulo. Ele corre. Ele quer ver com os próprios olhos. E volta admirado 

Meus irmãos, essa admiração é o começo da fé. Quando a gente se permite ficar tocado, questionado, transformado… o ressuscitado se revela.

Então, o que esse Evangelho nos pede hoje?

– Que a gente deixe os túmulos do passado.

– Que paremos de buscar a vida nas coisas que nos prendem.

– Que nos abramos ao novo que Deus quer fazer nascer em nós.

– E que sejamos anunciadores da ressurreição, como aquelas mulheres corajosas.

A Páscoa é isso: um convite à coragem, à fé e à esperança. 

Cristo ressuscitou! E nós também podemos ressuscitar com Ele: para uma vida nova, mais livre, mais confiante e mais cheia de amor. 

Amém.

Oração 

Senhor Jesus, o túmulo está vazio, e nosso coração se enche de esperança. 

Tu não estás entre os mortos, Tu estás vivo, caminhas conosco nas estradas da vida, e nos enches de luz mesmo nas madrugadas escuras da alma.

Ajuda-nos a não buscar a vida onde só há morte. Abre nossos olhos para o novo, fortalece nossa fé diante das dúvidas, e faz de nós anunciadores da tua ressurreição. 

Que a alegria pascal transforme nossa rotina, e que a tua presença ressuscitada nos acompanhe hoje e sempre.







Eis o lenho da cruz! Sexta-feira Santa

 



O relato da Paixão segundo João (João 18,1–19,42) não é apenas uma narrativa de sofrimento; é um mapa espiritual, cheio de lições de vida que podem nos transformar profundamente. A cruz de Cristo, em João, é luz não escuridão. Vamos refletir sobre algumas lições existenciais e espirituais que esse texto nos oferece:

1. Amar é se entregar até o fim.

Jesus se entrega livremente. Ninguém tira sua vida. Ele a oferece por amor.  Amar de verdade é doar-se, não pela metade, mas inteiro. É ter coragem de colocar o outro em primeiro lugar, mesmo quando isso custa. 

2. A verdadeira força está na mansidão.

Diante da violência, Jesus não revida. Diante da acusação, Ele permanece firme e sereno. A verdadeira força não está no grito, no poder, nem na vingança. Está na paz interior e na  fidelidade à verdade.

3. Servir é o caminho do discípulo.

Na Paixão, Jesus reina servindo. Ele carrega a cruz, não para ser glorificado diante do mundo, mas para libertar a humanidade. O caminho do cristão não é o da autopromoção, mas o do serviço silencioso e generoso.

4. A cruz revela a nossa humanidade.

Pedro nega. Judas trai. Pilatos lava as mãos. Os discípulos fogem. Todos têm medo. Somos frágeis. Mas Deus nos ama mesmo assim. A cruz revela não só o pecado do homem, mas a paciência de Deus conosco.

5. A cruz cria uma nova família.

No alto da cruz, Jesus entrega sua Mãe ao discípulo e o discípulo à sua Mãe. No sofrimento e no amor, nasce a comunidade. Somos chamados a **cuidar uns dos outros como irmãos e irmãs, filhos do mesmo amor.

6. Do sofrimento pode nascer a vida.

Do lado aberto de Jesus jorram sangue e água, símbolos do Batismo e da Eucaristia. Mesmo nos momentos mais duros da vida, Deus pode fazer brotar graça. Nenhuma dor é inútil quando oferecida com amor.

7. Entregar-se a Deus é o gesto mais alto da fé. 

As últimas palavras de Jesus: "Tudo está consumado." É o gesto de quem confia plenamente no Pai, mesmo quando tudo parece perdido. Há momentos em que não entendemos tudo, mas podemos nos entregar com fé, acreditando que Deus está agindo, mesmo no silêncio da cruz.

A cruz é escola de amor, não de dor. João não nos convida a lamentar, mas a contemplar com fé. Ele quer que vejamos na cruz o triunfo do amor, o caminho da vida verdadeira. Quem contempla essa entrega aprende que a vida vale a pena quando é doada.


ORAÇÃO

Senhor Jesus,

diante da tua cruz, eu me calo e contemplo.

Tu te entregaste por amor, sem reclamar, sem recuar.

Ensina-me a amar assim: com coragem, com mansidão, até o fim.

Recebe minha vida, como Tu entregaste a Tua ao Pai.

Amém.

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Quinta-feira Santa

 


O significado existencial de João 13,1-15 toca profundamente naquilo que somos, na nossa maneira de viver, nos nossos relacionamentos e no nosso modo de compreender o sentido da vida à luz de Cristo. Esse trecho do evangelho nos oferece um modelo de humanidade plena, vivida no amor e no serviço. Vamos olhar por partes:

 1. Humildade como caminho de realização.

Jesus, mesmo sendo Mestre e Senhor, se abaixa, se ajoelha diante dos outros. No mundo, muitos acham que o valor da pessoa está em dominar, mandar, brilhar. Mas Jesus inverte essa lógica: a grandeza está em servir.

Isso nos desafia a abandonar o orgulho, o desejo de superioridade e a busca por reconhecimento. Realmente crescemos como pessoas quando somos capazes de nos inclinar diante do outro com amor.

 2. Acolher o outro na sua fragilidade.

Lavar os pés de alguém é tocar no que é mais sujo, mais cansado, mais desgastado. É tocar naquilo que muitos evitam.

 Na nossa vida cotidiana, isso significa acolher o outro com suas fraquezas, limites, dores e imperfeições. Viver esse evangelho é deixar de lado julgamentos e posturas frias e nos aproximarmos dos outros com cuidado, ternura e compaixão.

 3. Aceitar ser cuidado também.

 Pedro inicialmente recusa ser lavado por Jesus. Isso revela algo muito humano: a dificuldade de aceitar ajuda, de mostrar vulnerabilidade, de permitir que alguém nos sirva.

 Existencialmente, isso nos faz refletir sobre nossa resistência em ser cuidados, ser tocados, ser amados de verdade. Às vezes, é mais difícil deixar-se amar do que amar. Mas Jesus diz: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo.” Ou seja, é preciso deixar-se amar para viver a comunhão.

4. Amor como escolha concreta.

Jesus não fala apenas de amor; Ele faz o amor acontecer num gesto simples, cotidiano e radical. Amar “até o fim” não é algo sentimental, mas uma escolha diária de se doar.

 Para nós, isso significa viver o amor no dia a dia: escutar com atenção, perdoar, ter paciência, ajudar sem esperar retorno. O lava-pés é o símbolo de tudo isso. Amar é servir com simplicidade.

 5. Transformar relações pelo serviço.

 A comunidade que nasce desse gesto é uma comunidade de iguais: ninguém está acima, todos se lavam os pés  mutuamente. O lava-pés cria uma nova forma de se relacionar, onde ninguém domina e ninguém é descartado.

 Na nossa existência, isso nos desafia a rever como tratamos os outros: em casa, no trabalho, na Igreja, na sociedade. A pergunta é: estou disposto a servir ou quero sempre ser servido?

 O sentido da vida: amar até o fim.

Por fim, esse gesto nos revela que o sentido mais profundo da existência humana é amar até o fim, como fez Jesus. Esse amor se expressa em ações concretas, humildes e silenciosas. Não se trata de grandes feitos, mas de fidelidade no amor cotidiano.

O texto do lava-pés é um espelho para o nosso viver. Nele, vemos quem Deus é — amor que se curva — e também quem nós somos chamados a ser.

 Mais do que um ensinamento moral, é um convite à transformação do nosso jeito de ser no mundo: menos ego, mais doação. Menos aparência, mais essência. Menos disputa, mais serviço.

 Oração

Senhor Jesus,

Tu que lavaste os pés dos teus discípulos,

lava também meu coração.

Ensina-me a servir com humildade, a amar sem medida

 e a reconhecer tua presença no outro.

Faz de mim instrumento do teu amor.

Amém.


quinta-feira, 6 de março de 2025

"A purificação espiritual por meio do jejum e da misericórdia"

 



Dos Sermões de São Leão Magno, papa

(Sermo 6 de Quadragesima, 1-2: PL 54,285-287) (Séc. V)

A purificação espiritual por meio do jejum e da misericórdia

Em todo tempo, amados filhos, a terra está repleta da misericórdia do Senhor (Sl 32,5). À própria natureza é para todo fiel uma lição que o ensina a louvar a Deus, pois o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe proclamam a bondade e a onipotência de seu Criador; e a admirável beleza dos elementos postos a nosso serviço requer da criatura racional uma justa ação de graças.

O retorno, porém, desses dias que os mistérios da salvação humana marcaram de modo mais especial e que precedem imediatamente a festa da Páscoa, exige que nos preparemos com maior cuidado por meio de uma purificação espiritual.

Na verdade, é próprio da solenidade pascal que a Igreja inteira se alegre com o perdão dos pecados. Não é apenas nos que renascem pelo santo batismo que ele se realiza, mas também naqueles que desde há muito são contados entre os filhos adotivos.

É, sem dúvida, o banho da regeneração que nos torna criaturas novas; mas todos têm necessidade de se renovar a cada dia para evitarmos a ferrugem inerente à nossa condição mortal, e não há ninguém que não deva se esforçar para progredir no caminho da perfeição; por isso, todos sem exceção, devemos empenhar-nos para que, no dia da redenção, pessoa alguma seja ainda encontrada nos vícios do passado.

Por conseguinte, amados filhos, aquilo que cada cristão deve praticar em todo tempo, deve praticá-lo agora com maior zelo e piedade, para cumprir a prescrição, que remonta aos apóstolos, de jejuar quarenta dias, não somente reduzindo os alimentos, mas sobretudo abstendo-se do pecado.

A estes santos e razoáveis jejuns, nada virá juntar-se com maior proveito do que as esmolas. Sob o nome de obras de misericórdia, incluem-se muitas e louváveis ações de bondade; graças a elas, todos os fiéis podem manifestar igualmente os seus sentimentos, por mais diversos que sejam os recursos de cada um.

Se verdadeiramente amamos a Deus e ao próximo, nenhum obstáculo impedirá nossa boa vontade. Quando os anjos cantaram: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2,14), proclamavam bem-aventurado, não só pela virtude da benevolência mas também pelo dom da paz, todo aquele que, por amor, se compadece do sofrimento alheio.

São inúmeras as obras de misericórdia, o que permite aos verdadeiros cristãos tomar parte na distribuição de esmolas, sejam eles ricos, possuidores de grandes bens, ou pobres, sem muitos recursos. Apesar de nem todos poderem ser iguais na possibilidade de dar, todos podem sê-lo na boa vontade que manifestam.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

"Não tenhas medo. Basta ter fé"!



Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 5,21-43

Naquele tempo, 21 Jesus atravessou de novo, numa barca, para a outra margem. Uma numerosa  multidão se reuniu junto dele, e Jesus ficou na praia. 22 Aproximou-se, então, um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Quando viu Jesus, caiu a seus pés, 23 e pediu com insistência: "Minha filhinha está nas últimas. Vem e põe as mãos sobre ela, para que ela sare e viva!" 24 Jesus então o acompanhou. Uma numerosa multidão o seguia e o comprimia. 25 Ora, achava-se ali uma mulher que, há doze anos, estava com uma hemorragia; 26 tinha sofrido nas mãos de muitos médicos, gastou tudo o que possuía, e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais. 27 Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se dele por detrás, no meio da multidão, e tocou na sua roupa. 28 Ela pensava: "Se eu ao menos tocar na roupa dele, ficarei curada". 29 A hemorragia parou imediatamente, e a mulher sentiu dentro de si que estava curada da doença. 30 Jesus logo percebeu que uma força tinha saído dele. E, voltando-se no meio da multidão, perguntou: "Quem tocou na minha roupa?" 31 Os discípulos disseram: "Estás vendo a multidão que te comprime e ainda perguntas: 'Quem me tocou'? " 32 Ele, porém, olhava ao redor para ver quem havia feito aquilo. 33 A mulher, cheia de medo e tremendo, percebendo o que lhe havia acontecido, veio e caiu aos pés de Jesus, e contou-lhe toda a verdade. 34 Ele lhe disse: "Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença". 35 Ele estava ainda falando, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, e disseram a Jairo: "Tua filha morreu.  Por que ainda incomodar o mestre?" 36 Jesus ouviu a notícia  e disse ao chefe da sinagoga: "Não tenhas medo. Basta ter fé!" 37 E não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. 38 Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a confusão e como estavam chorando e gritando. 39 Então, ele entrou e disse: "Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu, mas está dormindo". 40 Começaram então a caçoar dele. Mas, ele mandou que todos saíssem, menos o pai e a mãe da menina, e os três discípulos que o acompanhavam. Depois entraram no quarto onde estava a criança. 41 Jesus pegou na mão da menina e disse: "Talitá cum" - que quer dizer:  "Menina, levanta-te!" 42 Ela levantou-se imediatamente e começou a andar, pois tinha doze anos. E todos ficaram admirados. 43 Ele recomendou com insistência que ninguém ficasse sabendo daquilo. E mandou dar de comer à menina. Palavra da Salvação.

Meditação.

A passagem de Marcos 5,21-43 é profundamente rica em lições sobre fé, perseverança e o poder transformador de Jesus. Aqui, meditamos sobre dois momentos distintos, mas igualmente reveladores da ação de Cristo na vida das pessoas. Cada um deles nos ensina algo precioso sobre a confiança em Deus, mesmo em meio à dor e ao desespero.

Confiar, Mesmo no Desespero. Jairo, um líder da sinagoga, vive um momento de extrema angústia. Sua filha está à beira da morte, e ele sabe que, para ela ser curada, algo extraordinário precisa acontecer. Mesmo sendo uma figura importante e respeitada na comunidade, ele se aproxima de Jesus com humildade, reconhecendo a necessidade de algo além de suas forças. Ele se lança aos pés de Jesus, pedindo ajuda com um coração desesperado.

Ele não hesita em buscar Jesus, mesmo sabendo que muitos poderiam julgá-lo, pois ele era um líder religioso e a sua fé em Jesus poderia ser vista como uma humilhação. No entanto, ele preferiu crer que Jesus tinha o poder de fazer o impossível. Isso nos desafia a refletir: quando nos deparamos com situações difíceis, como agimos? Estamos dispostos a confiar em Jesus, independentemente do que os outros possam pensar?

Fé Silenciosa e Persistente (Marcos 5,25-34). Neste trecho, a mulher que sofre de hemorragia há 12 anos se aproxima de Jesus com uma fé silenciosa e persistente. Ela não o aborda com palavras, mas crê firmemente que, ao tocar suas vestes, seria curada. Sua fé era uma fé que não fazia alarde, mas que buscava, de maneira discreta, o toque transformador de Jesus. Ela já havia passado por diversos médicos e tratamentos sem sucesso, mas ainda assim não desistiu da esperança.

A mulher nos ensina a perseverar em nossa fé, mesmo quando tudo parece estar perdido. Sua coragem de tocar em Jesus, em um momento de fragilidade e invisibilidade, revela o poder da fé silenciosa. Quantas vezes em nossas vidas nos sentimos invisíveis, sem forças para clamar, mas ainda assim é possível tocar em Jesus com o nosso coração? A fé que cura não precisa ser exibida; ela pode ser simples e silenciosa, mas tem um poder imenso.

Jesus é Senhor da Vida (Marcos 5,35-43). Quando os mensageiros chegam com a notícia de que a filha de Jairo morreu, parece que toda esperança se perde. Porém, Jesus diz a Jairo: “Não temas, crê somente”. Essa palavra de Jesus é um convite à confiança, mesmo quando tudo parece estar perdido. Quando chegam à casa de Jairo, Jesus toma a menina pela mão e a ressuscita, provando que Ele é Senhor sobre a morte e que, para Ele, nada é impossível.

Esta parte da passagem nos convida a refletir sobre o poder da palavra de Jesus. Ele não apenas cura, mas tem autoridade sobre a morte. Quando tudo parece terminar, quando as circunstâncias nos dizem que não há mais esperança, é a palavra de Jesus que nos chama a confiar e crer. Ele nos ensina que, mesmo diante do que parece ser o fim, há sempre a possibilidade de um novo começo.

O evangelho de hoje nos ensina que, em momentos de dor, perda e sofrimento, a fé em Jesus pode fazer toda a diferença. Tanto Jairo quanto a mulher hemorrágica foram profundamente transformados pela presença de Jesus, não porque Ele atendeu apenas a seus pedidos, mas porque Ele tocou profundamente suas vidas, restaurando não só a saúde física, mas a esperança e a dignidade.

Jesus nos chama, como fez com essas duas pessoas, a confiar n'Ele em meio aos nossos desafios. Ele é aquele que tem poder sobre as enfermidades, sobre os nossos medos e até sobre a morte. O convite é para que, como Jairo e a mulher, não percamos a esperança, mas busquemos a Ele com fé, sabendo que Ele tem poder para restaurar nossas vidas e trazer luz onde há trevas.

Aprendamos a perseverar na fé, confiar no poder restaurador de Jesus e reconhecer que, com Ele, há sempre uma oportunidade para a vida nova. Ele é o Senhor que pode transformar até os momentos mais difíceis em uma história de vitória e esperança.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

"Que tens a ver comigo, Jesus, Filho do Deus altíssimo?"



Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 5,1-20

Naquele tempo, 1 Jesus e seus discípulos  chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2 Logo que saiu da barca, um homem possuído por um espírito impuro, saindo de um cemitério, foi ao seu encontro. 3 Esse homem morava no meio dos túmulos e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4 Muitas vezes tinha sido amarrado com algemas e correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava as algemas. E ninguém era capaz de dominá-lo. 5 Dia e noite ele vagava  entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras. 6 Vendo Jesus de longe, o endemoninhado correu,  caiu de joelhos diante dele 7 e gritou bem alto: "Que tens a ver comigo,  Jesus, Filho do Deus altíssimo? Eu te conjuro por Deus, não me atormentes!" 8 Com efeito, Jesus lhe dizia: "Espírito impuro, sai desse homem!" 9 Então Jesus perguntou: "Qual é o teu nome?" O homem respondeu: "Meu nome é 'Legião', porque somos muitos". 10 E pedia com insistência para que Jesus não o expulsasse da região. 11 Havia aí perto uma grande manada de porcos, pastando na montanha. 12 O espírito impuro suplicou, então: "Manda-nos para os porcos,  para que entremos neles". 13 Jesus permitiu. Os espíritos impuros saíram do homem  e entraram nos porcos. E toda a manada - mais ou menos uns dois mil porcos - atirou-se monte abaixo para dentro do mar, onde se afogou. 14 Os homens que guardavam os porcos saíram correndo e espalharam a notícia na cidade e nos campos. E as pessoas foram ver o que havia acontecido. 15 Elas foram até Jesus  e viram o endemoninhado sentado, vestido e no seu perfeito juízo, aquele mesmo que antes estava possuído pela Legião. E ficaram com medo. 16 Os que tinham presenciado o fato explicaram-lhes o que havia acontecido com o endemoninhado e com os porcos. 17 Então começaram a pedir que Jesus fosse embora da região deles. 18 Enquanto Jesus entrava de novo na barca, o homem que tinha sido endemoninhado pediu-lhe que o deixasse ficar com ele. 19 Jesus, porém, não permitiu. Entretanto, lhe disse: "Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti". 20 Então o homem foi embora  e começou a pregar na Decápole tudo o que Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados. 

Palavra da Salvação.

Meditação.

A passagem de hoje narra o encontro de Jesus com um homem possuído por uma legião de demônios, que vivia entre os sepulcros, completamente fora de si e isolado da sociedade. Quando Jesus chega à região dos gerasenos, o homem corre até Ele, se prostrando diante d'Ele, e os demônios o reconhecem como o Filho de Deus.

Alguns pontos para nossa reflexão.

A Misericórdia de Jesus. Mesmo o homem sendo rejeitado e excluído pela sociedade, Jesus não o abandona. Ele vai até ele, buscando libertá-lo e restaurá-lo. Isso nos ensina que ninguém está fora do alcance do amor de Deus, independente da situação ou do que tenha acontecido no passado.

A Libertação Espiritual. A história mostra o poder de Jesus sobre o mal. Jesus expulsa os demônios e traz liberdade ao homem, que antes vivia atormentado e sem paz. Isso simboliza a libertação que Jesus pode proporcionar a todos que estão aprisionados em seus próprios "demônios" — sejam vícios, medos, culpas ou qualquer tipo de sofrimento interno.

A Transformação. Após ser curado, o homem que antes vivia descontrolado se encontra em sua razão, sentado aos pés de Jesus. Ele passa de uma vida de caos para uma vida de paz. Isso nos mostra o poder transformador da presença de Cristo em nossas vidas.

O Testemunho. O homem, agora liberto, quer seguir Jesus, mas Jesus o envia de volta para sua casa, dizendo-lhe para contar a todos o que Ele fez. Isso nos lembra da importância do testemunho. Nossa experiência com Jesus não é algo que devemos guardar para nós mesmos, mas compartilhar com os outros, para que mais pessoas possam conhecer Seu poder transformador.

Rejeição e Medo. Quando as pessoas da cidade veem o homem transformado e percebem o poder de Jesus, elas ficam com medo e pedem para que Ele se retire. Essa reação é um lembrete de que, muitas vezes, o poder de Deus pode incomodar e desafiar as convenções das pessoas, levando-as ao medo e à rejeição.

A leitura de hoje é uma poderosa mensagem sobre a capacidade de Jesus de trazer cura, libertação e transformação. Nos ensina também a importância do testemunho de vida e como, muitas vezes, o poder de Deus pode ser um desafio para as estruturas estabelecidas.




domingo, 2 de fevereiro de 2025

Ele será um sinal de contradição.



Hoje celebramos a Festa da Apresentação de Jesus, também chamada de Purificação de Maria.

Na primeira leitura, Malaquias nos fala da vinda de um mensageiro que preparará o caminho para o Senhor, que virá como um juiz justo e purificador. Esse mensageiro nos lembra da vinda de Jesus, o Salvador, que veio não só para salvar, mas também para purificar e transformar os corações dos homens. A vinda de Cristo exige de nós uma atitude de espera, mas também de purificação interior. Ele vem para renovar, para limpar, para restaurar nossa relação com Deus. Somos chamados a refletir: O que preciso purificar em minha vida para acolher a plenitude do Salvador?

O Salmo exalta o Senhor como o Rei da Glória, aquele que merece ser recebido com reverência. Ele é o Deus de toda a criação e, ao mesmo tempo, o Messias que se revela como a luz do mundo. Quando refletimos sobre esta passagem, somos chamados a abrir as portas do nosso coração para que Cristo, o Rei da Glória, entre em nossa vida. Ele não vem apenas para reinar sobre o universo, mas também sobre o nosso interior, transformando-nos e nos conduzindo à verdadeira liberdade. Estamos dispostos a deixar Cristo entrar e reinar em nosso ser?

Na carta aos Hebreus, o autor nos lembra da solidariedade de Cristo conosco, ao tornar-se plenamente humano, para nos salvar da morte e do pecado. Jesus compartilhou de nossa fragilidade humana, enfrentando nossas lutas e sofrimentos. Ele não é um Salvador distante, mas um que está conosco em nossas dificuldades. Ele se fez carne para ser nosso intercessor e para nos conduzir à salvação. Esta passagem nos convida a refletir sobre o amor imenso de Deus, que enviou seu Filho para compartilhar de nossa condição e nos redimir. Quando sentimos o peso das dificuldades, podemos nos lembrar de que Jesus, sendo totalmente humano, compreende e nos apoia. Ele não é apenas o Salvador distante, mas o companheiro próximo e fiel.

O episódio narrado por Lucas no mostra a apresentação de Jesus no templo. 

Simeão e Ana reconhecem nele o Messias prometido. Simeão, tomado pela esperança e fé, ao ver Jesus, pode finalmente morrer em paz, porque contemplou a salvação de Deus. Ana, por sua vez, louva e agradece a Deus, proclamando a salvação para todos. Este momento de reconhecimento no templo nos chama a uma reflexão profunda: Será que estamos também prontos para reconhecer a presença de Cristo em nossas vidas? Estamos atentos às manifestações de Deus no nosso cotidiano? Simeão e Ana nos mostram a importância de viver na expectativa da salvação, buscando a Deus e reconhecendo sua presença quando Ele se revela.

Portanto, as leituras de hoje nos convidam a preparar nossos corações para a vinda do Senhor, a reconhecer em Jesus o Salvador que veio ao nosso encontro, para compartilhar nossa humanidade, purificar-nos e nos conduzir à verdadeira paz. 

Como Simeão e Ana, somos chamados a viver com fé e esperança, esperando a salvação que já está entre nós. 

A purificação do coração (Malaquias), a abertura à realeza de Deus (Salmo 24), a compreensão da solidariedade de Cristo (Hebreus) e o reconhecimento da salvação em Jesus (Lucas) são chamadas para cada um de nós. 

Que possamos abrir as portas do coração e viver na expectativa da graça e da luz que Cristo traz a todos os que o aguardam com fé.

Deus nos abençoe!

Leituras

Profecia de Malaquias 3,1-4

Assim diz o Senhor: 1 Eis que envio meu anjo, e ele há de preparar o caminho para mim; logo chegará ao seu templo o Dominador, que tentais encontrar, e o anjo da aliança, que desejais. Ei-lo que vem, diz o Senhor dos exércitos; 2 e quem poderá fazer-lhe frente, no dia de sua chegada? E quem poderá resistir-lhe, quando ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a barrela dos lavadeiros; 3 e estará a postos, como para fazer derreter e purificar a prata: assim ele purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata, e eles poderão assim fazer oferendas justas ao Senhor. 4 Será então aceitável ao Senhor a oblação de Judá e de Jerusalém, como nos primeiros tempos e nos anos antigos. Palavra do Senhor.

Salmo responsorial 

Sl 23(24),7.8.9.10 (R. 10b)

R. O Rei da glória é o Senhor onipotente!

7 "Ó portas, levantai vossos frontões! † Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, * a fim de que o Rei da glória possa entrar!" R.

 8 Dizei-nos: "Quem é este Rei da glória?" † "É o Senhor, o valoroso, o onipotente, * o Senhor, o poderoso nas batalhas!" R.

9 "Ó portas, levantai vossos frontões! † Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, * a fim de que o Rei da glória possa entrar!" R.

10 Dizei-nos: "Quem é este Rei da glória?" † "O Rei da glória é o Senhor onipotente, * o Rei da glória é o Senhor Deus do universo" R.

SEGUNDA LEITURA

Carta aos Hebreus 2,14-18

Irmãos: 14 Visto que os filhos têm em comum a carne e o sangue, também Jesus participou da mesma condição, para assim destruir, com a sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo, 15 e libertar os que, por medo da morte, estavam a vida toda sujeitos à escravidão. 16 Pois, afinal, não veio ocupar-se com os anjos, mas com a descendência de Abraão. 17 Por isso devia fazer-se em tudo semelhante aos irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso e digno de confiança nas coisas referentes a Deus, a fim de expiar os pecados do povo. 18 Pois, tendo ele próprio sofrido ao ser tentado, é capaz de socorrer os que agora sofrem a tentação. Palavra do Senhor.

EVANGELHO 

Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 2,22-40

22 Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23 Conforme está escrito na Lei do Senhor: "Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor." 24 Foram também oferecer o sacrifício - um par de rolas ou dois pombinhos - como está ordenado na Lei do Senhor. 25 Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26 e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27 Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28 Simeão tomou o menino nos braços  e bendisse a Deus: 29 "Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30 porque meus olhos viram a tua salvação, 31 que preparaste diante de todos os povos: 32 luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel". 33 O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34 Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: "Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35  Assim serão revelado  os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma". 36 Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37 Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38 Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39 Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40 O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele. Palavra da Salvação.


EVANGELHO (mais breve)

Meus olhos viram a tua salvação.


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 2,22-32


22

Quando se completaram os dias

para a purificação da mãe e do filho,

conforme a Lei de Moisés,

Maria e José levaram Jesus a Jerusalém,

a fim de apresentá-lo ao Senhor.

23

Conforme está escrito na Lei do Senhor:

"Todo primogênito do sexo masculino

deve ser consagrado ao Senhor."

24

Foram também oferecer o sacrifício

- um par de rolas ou dois pombinhos -

como está ordenado na Lei do Senhor.

25

Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão,

o qual era justo e piedoso,

e esperava a consolação do povo de Israel.

O Espírito Santo estava com ele

26

e lhe havia anunciado que não morreria

antes de ver o Messias que vem do Senhor.

27

Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo.

Quando os pais trouxeram o menino Jesus

para cumprir o que a Lei ordenava,

28

Simeão tomou o menino nos braços 

e bendisse a Deus:

29

"Agora, Senhor, conforme a tua promessa,

podes deixar teu servo partir em paz;

30

porque meus olhos viram a tua salvação,

31

que preparaste diante de todos os povos:

32

luz para iluminar as nações

e glória do teu povo Israel".

Palavra da Salvação.