quinta-feira, 25 de junho de 2020

Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar

Tempo Comum – I – Encerramento « Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 8,1-4





1 Tendo Jesus descido do monte, numerosas multidões o seguiam. 2 Eis que um leproso se aproximou e se ajoelhou diante dele, dizendo: 'Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar.' 3 Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: 'Eu quero, fica limpo.' No mesmo instante, o homem ficou curado da lepra. 4 Então Jesus lhe disse: 'Olha, não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote, e faze a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho para eles.'

Palavra da Salvação.

Reflexão.


Ontem, chegamos ao fim do discurso da Montanha, ou como eu chamei, Catequese de Jesus. Iniciamos a parte do evangelho de Mateus denominado de "As obras do Messias". Da minha perspectiva, prefiro "A prática de Jesus". Depois de instruir como o discípulo deveria agir e ser no mundo, Jesus começa, no evangelho de Mateus, uma série de atitudes que libertam o ser humano de suas amarras.

Então, lembremos que estávamos dentro da dinâmica do Sermão da Montanha. Mantendo essa linha, o evangelho de hoje diz, "tendo Jesus descido da montanha". E continua, "numerosas multidões o seguiam". Nesse momento, lhe aparece um leproso. Estaria essa pessoa junto com a multidão que estava na montanha? Acho pouco provável. Os leprosos não poderiam se juntar às pessoas. Mas, a pergunta do leproso nos faz acreditar que ele ouviu as pregações de Jesus. Mesmo que fosse à distância. 

O leproso, o excluído da convivência da comunidade, se aproximou. Nessa hora, ele correu um grande risco. Poderia ser apedrejado pela multidão. Morreria ali mesmo. Mas, que diferença isso fazia? Já estava morto mesmo. Privado da família, privado da convivência com os amigos, privado de poder circular no meio das pessoas. Aquele homem não tinha mais o que perder. Como se costuma dizer, "o não ele já tinha". Que tal arriscar? 
Ele teve coragem. Se aproximou, e ajoelhou-se. Os judeus só se ajoelham diante de Deus. É o primeiro sinal que aquele homem dá. Esse que está diante dele, que havia dito todas aquelas palavras na Montanha, só poderia ter vindo da parte de Deus, ou quem sabe, ser o próprio Deus. Ao aproximar-se, ajoelha-se. E é objetivo no seu pedido, "Senhor, se queres, tens o poder de me purificar". Sim. Isso mesmo. Aquele poder que limpa, é uma vontade pessoal do Senhor. "Se queres". 
Observemos a reação de Jesus. Ele estende a mão e toca no leproso. Esse era um gesto proibido pela lei, toda pessoa que tocasse um leproso estaria impuro. Mas, sem aquele gesto não haveria cura. Percebamos, ao tocar aquele leproso, Jesus fez mais do que curá-lo; do que limpa-lo. Jesus assumiu para ele toda a "imundice" que havia naquela ser humano, ali, ajoelhado diante dele. E a palavra diz, "o homem ficou curado da lepra" no mesmo instante. É uma cura rápida. Onde Deus toca, ou onde deixamos Deus tocar, a cura é imediata."O homem ficou curado da lepra".
Jesus, então, ordena que ele não diga nada a ninguém, mas que cumpra o ritual de purificação. Estando limpo deveria ir ao sacerdote para que fizesse a oferta de Moisés para a purificação servir de testemunho. 

E hoje, quais são as lepras que trazemos dentro de nós? O que corrói nossa humanidade? Insisto, a lepra do racismo, todos os dias assistimos nos noticiários pessoas que são agredidas, mortas, por que tem a pele escurecida. A lepra da misogenia, quantas mulheres são agredidas diariamente na cidade do Rio de Janeiro (de onde escrevo), no Estado, no Brasil? A lepra da destruição da natureza. Ouvimos e lemos notícias de que um pouco da Amazônia foi destruída, que rios são poluídos. A lepra da invasão das terras indígenas.  A lepra da homofobia. Ouvir que pessoas foram agredidas, física ou verbalmente, porque vivem de uma forma diferente de nós, é de doer. A lepra da intolerância religiosa, que se desfaz da manifestação religiosa daqueles que não comungam da mesma fé. A lepra da exclusão nas nossas Igrejas com pessoas que, por causa de uma lei injusta, são afastadas da comunhão fraterna. A lepra do fundamentalismo religioso que condena ao invés de amar, de acolher, de chorar e de se alegrar juntos. 

Tantas lepras. Tantas curas precisamos que Deus, por Jesus, opere em nós. Basta ajoelharmos e pedirmos, "Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar". Amém.

2 comentários:

  1. E ainda precisamos reconhecer que há essa lepra, fingir que está tudo certo, tudo normal é mais fácil, se reconhecermos tal existência precisaremos fazer mudanças em nós mesmo, não é? Mas como mudar se achamos que está tudo certo?

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  2. Concordo e compartilho de sua opinião,Sueli Leitão. Temos que pedir diariamente a cura de nossas lepras.

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