quarta-feira, 8 de junho de 2022

A economia divina é imagem do mundo espiritual


Dos Sermões de Santo Efrém, diácono
 (Sermo 3, De fine et admonitione, 2.4-5:ed. Lamy, 3,216-222) (Séc.IV)
 
A economia divina é imagem do mundo espiritual 

Fazei resplandecer, Senhor, o dia radioso do vosso conhecimento e dissipai da nossa mente as trevas noturnas, para que, iluminada, ela vos sirva renovada e pura. O nascer do sol indica aos mortais o início dos seus trabalhos; preparai, Senhor, a morada da nossa alma, para que nela permaneça o esplendor daquele dia que não conhece fim. Concedei, Senhor, que contemplemos em nós mesmos a vida da ressurreição e que nada consiga afastar o nosso espírito de vossas alegrias. Imprimi, Senhor, em nossos corações o sinal daquele dia que não se rege pelo movimento do sol, infundindo-nos uma constante orientação para vós.

Diariamente vos abraçamos nos sacramentos e vos recebemos em nosso corpo; tornai-nos dignos de sentir em nós mesmos a ressurreição que esperamos. Com a graça do batismo, conservamos escondido em nosso corpo o tesouro que nos destes, tesouro que aumenta na mesa dos vossos sacramentos; fazei-nos viver sempre na alegria da vossa graça. Possuímos em nós, Senhor, o memorial que recebemos de vossa mesa espiritual; concedei-nos a graça de possuirmos, na renovação futura, a realidade plena que ele nos recorda.

Nós vos pedimos que, através daquela beleza espiritual que a vossa vontade imortal faz resplandecer até nas criaturas mortais, nos leveis a compreender retamente a beleza da nossa própria dignidade.

A vossa crucifixão, ó Salvador dos homens, foi o termo da vossa vida corpórea; concedei-nos que, pela crucifixão do nosso espírito, alcancemos o penhor da vida espiritual. Vossa ressurreição, ó Jesus, faça crescer em nós o homem espiritual; e os sinais dos vossos sacramentos sejam para nós um espelho para conhecê-lo. Vossa economia divina, ó Salvador dos homens, é imagem do mundo espiritual; dai-nos correr nele como homens espirituais.

Não priveis, Senhor, a nossa mente da vossa revelação espiritual, e não afasteis de nossos membros o calor da vossa suavidade. A natureza mortal, que se oculta em nosso corpo, leva-nos à corrupção da morte; infundi em nossos corações o vosso amor espiritual, para que afaste de nós os efeitos da mortalidade. Concedei, Senhor, que caminhemos velozmente para a nossa pátria celeste e, como Moisés no alto monte, possamos contemplá-la desde já através da revelação.

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