terça-feira, 12 de novembro de 2024

Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer.

 



Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 17,7-10

Naquele tempo, disse Jesus:

7 "Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais,  por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: 'Vem depressa para a mesa?'

8 Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: 'Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás comer e beber?'

9 Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado?

10 Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei:  Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer' ".

Palavra da Salvação.

Meditação.

No Evangelho de hoje, Jesus conta uma parábola para ensinar sobre humildade, serviço e a atitude correta diante de Deus.

 Jesus usa uma situação cotidiana, envolvendo um servo e seu senhor, para ilustrar um princípio espiritual profundo.

Ele começa com uma pergunta retórica sobre o comportamento de um senhor em relação ao seu servo. Na sociedade de então, os servos eram empregados para funções diversas, como cuidar de animais ou trabalhar no campo. Quando o servo retornava, não se esperava que o senhor o tratasse como um igual, mas que continuasse a dar ordens para que o trabalho fosse cumprido, mesmo após o retorno.

A comparação é simples: o servo, após realizar suas tarefas, ainda tinha a obrigação de servir o seu senhor em outras funções, como preparar sua refeição, e só depois poderia descansar. Jesus usa isso para mostrar como a expectativa do senhor não é de gratidão ou reconhecimento, mas apenas o cumprimento do dever.

A conclusão da parábola é clara: "Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer". Jesus está ensinando que, mesmo que os servos cumpram seus deveres com diligência, eles não devem esperar reconhecimento ou louvor, pois estão apenas cumprindo sua obrigação. A humildade está em reconhecer que o serviço prestado é parte de um dever, e não algo digno de recompensas extraordinárias.

Essa atitude de humildade é fundamental para os seguidores de Cristo. Aqueles que servem a Deus e aos outros, sem esperar recompensa, devem ter em mente que não fazem mais do que a sua obrigação, e essa é a verdadeira atitude de um discípulo de Jesus. O reconhecimento e a recompensa, se vierem, são da graça de Deus, e não de mérito próprio.

A parábola desafia a visão moderna de que os servos ou aqueles que trabalham para os outros devem ser sempre reconhecidos ou valorizados por suas ações. Ela aponta para uma vida de serviço humilde, onde o cristão serve a Deus e aos outros sem esperar sempre uma recompensa visível ou imediata. A verdadeira satisfação está no simples cumprimento da vontade de Deus.

A atitude do servo que se considera "inútil" (no sentido de não ser digno de recompensa) ensina sobre a verdadeira humildade. Ao servir a Deus e ao próximo, devemos agir com o coração grato e consciente de que nada fazemos que mereça uma recompensa divina. Nosso serviço a Deus é fruto do amor e da gratidão que temos por Ele, e não de uma expectativa de mérito.

Embora sejamos chamados a servir com humildade, isso não significa que o reconhecimento humano seja descartado. O ensino aqui é que, se trabalhamos apenas com o objetivo de ser reconhecidos, estamos distorcendo a motivação do nosso serviço. No entanto, o Evangelho também ensina que Deus, em Sua graça, recompensará os fiéis no tempo certo (cf. Mateus 6,4; Colossenses 3,23-24).

A parábola também aborda a natureza do relacionamento do ser humano com Deus. Deus não precisa de nossos serviços para ser glorificado; Ele é soberano e independente de qualquer ação humana. Quando servimos a Deus, estamos cumprindo nossa vocação como criaturas feitas à Sua imagem, e a verdadeira recompensa vem da nossa fidelidade e obediência.

A ideia de sermos "servos inúteis" também nos leva a uma reflexão sobre a natureza da salvação cristã: não podemos barganhar com Deus. A salvação é uma dádiva da graça divina e não algo que possamos conquistar através de nossos esforços ou boas obras. Nossos "serviços" são apenas uma resposta ao amor e à graça que já nos foram dados, e não algo que mereça aprovação ou reconhecimento diante de Deus.

O evangelho de hoje nos ensina a cultivar uma atitude de humildade no serviço a Deus e aos outros, reconhecendo que estamos cumprindo apenas nossa obrigação como filhos e servos do Senhor. Essa humildade nos leva a uma vida de serviço desinteressado, focada não em recompensas ou reconhecimento, mas na obediência e na gratidão a Deus.

domingo, 10 de novembro de 2024

"Tomai cuidado com os doutores da lei"



Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 12,38-44

Naquele tempo,

38 Jesus dizia, no seu ensinamento a uma grande multidão:
"Tomai cuidado com os doutores da Lei! Eles gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas;

39 gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes.

40 Eles devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso eles receberão a pior condenação".

41 Jesus estava sentado no Templo, diante do cofre das esmolas, e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre. Muitos ricos depositavam grandes quantias.

42 Então chegou uma pobre viúva que deu duas pequenas moedas,
que não valiam quase nada.

43 Jesus chamou os discípulos e disse: "Em verdade vos digo,
esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas.

44 Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver".

Palavra da Salvação.

Meditação 

Jesus observa as atitudes das pessoas no templo, especificamente aquelas dos escribas e da viúva pobre. Ele começa criticando os escribas, que buscavam reconhecimento, posições de prestígio e privilégios, mas faziam isso muitas vezes à custa dos mais vulneráveis. Eles adoravam ser saudados em público, ocupar os melhores lugares nas sinagogas e nos banquetes, e, ao mesmo tempo, "devoravam as casas das viúvas" (v. 40), ou seja, exploravam aqueles que precisavam de proteção.

Em contraste, Jesus destaca a atitude de uma viúva que oferece duas pequenas moedas, tudo o que tinha, enquanto os ricos ofertavam grandes quantias de suas sobras. Jesus elogia a generosidade da viúva, não pela quantidade da sua oferta, mas pela profundidade do seu sacrifício e pela autenticidade de seu coração. A viúva é um exemplo de confiança em Deus e de desprendimento; ela entrega tudo o que possui, evidenciando sua fé e total dependência do Senhor. Santo Inácio de Loyola disse, "tomai, Senhor, tudo o que me destes eu vos devolvo, dispondo-se deles segundo a vossa vontade ".

Esse trecho nos desafia a refletir sobre o valor das nossas ações. Deus vê o coração e a intenção por trás das ofertas e dos gestos, não a quantidade ou o reconhecimento que elas podem gerar. A mensagem de Jesus nos convida a agir com humildade e sinceridade, a viver com integridade e a reconhecer que as pequenas ações, quando feitas com amor e sacrifício genuínos, têm um grande valor aos olhos de Deus.

Deus nos abençoe. 


sábado, 9 de novembro de 2024

"O zelo por tua casa me consumirá"

 

 

Evangelho de Jesus Cristo segundo João 2,13-22

13 Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém.

14 No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados.

15 Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas.

16 E disse aos que vendiam pombas: "Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!"

17 Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: "O zelo por tua casa me consumirá".

18 Então os judeus perguntaram a Jesus: "Que sinal nos mostras para agir assim?"

19 Ele respondeu: "Destruí, este Templo, e em três dias o levantarei".

20 Os judeus disseram: "Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu o levantarás em três dias?"

21 Mas Jesus estava falando do Templo do seu corpo. 

22 Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele.

Palavra da Salvação.

Meditação

O ato de Jesus no Templo pode ser visto como um julgamento sobre a corrupção religiosa e a exploração das necessidades espirituais do povo. Jesus purifica o Templo porque a verdadeira adoração a Deus não pode ser substituída por práticas comerciais ou aproveitamento da fé alheia.

Ao falar sobre a destruição e reconstrução do "templo", Jesus antecipa a substituição do antigo templo de Jerusalém pela nova "presença" de Deus, que seria sua própria pessoa. Com sua morte e ressurreição, o acesso a Deus seria transformado e não mais dependente de sacrifícios no Templo físico.

O zelo de Jesus pela casa de Deus é um modelo de devoção radical, onde a santidade e a pureza da adoração a Deus são mais importantes do que qualquer valor material ou cultural. Esse zelo é também um reflexo do amor de Jesus por seu Pai e pelo cumprimento da vontade divina.

A ressurreição é o momento crucial que ajuda os discípulos a compreenderem o significado profundo das palavras e ações de Jesus. O Evangelho de João, ao destacar a ressurreição, enfatiza como ela revela a verdadeira identidade de Jesus e o cumprimento de suas promessas.

Esse evento é, portanto, não só um ato de purificação do Templo, mas também uma proclamação do novo caminho de Deus com a humanidade através de Cristo. Ele antecipa a transição de um sistema religioso baseado no Templo físico para a nova aliança que se realiza em Cristo ressuscitado.

Sobre a Festa da Dedicação da Basílica de Latrão.

A Basílica de São João de Latrão (em italiano, Basilica di San Giovanni in Laterano) é a catedral do Papa, ou seja, a sua igreja “catedral” como Bispo de Roma. Ela está localizada na região de Latrão, em Roma, e sua história remonta ao século IV, durante o reinado do imperador romano Constantino.

A Dedicação da Basílica de Latrão é uma festa litúrgica da Igreja Católica, celebrada no dia 9 de novembro. A data lembra a consagração da Basílica de São João de Latrão, que é uma das quatro basílicas papais em Roma e considerada a "Mãe e Cabeça de todas as Igrejas do Mundo" (ou seja, é a mais importante, não apenas por sua antiguidade e tamanho, mas pelo seu significado simbólico para a Igreja Católica). A Basílica de Latrão tem uma importância singular na história da Igreja, e a festa celebra tanto a consagração do edifício quanto a união entre o Papa e a Igreja universal.





sexta-feira, 8 de novembro de 2024

"E o senhor elogiou o administrador desonesto."

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 16,1-8

Naquele tempo,

1 Jesus disse aos discípulos: "Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens.

2 Ele o chamou e lhe disse: 'Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens'.

3 O administrador então começou a refletir: 'O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha.

4 Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da  administração'.

5 Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: 'Quanto deves ao meu patrão?'

6 Ele respondeu: 'Cem barris de óleo!' O administrador disse: 'Pega a tua conta, senta-te, depressa,  e escreve cinquenta!'

7 Depois ele perguntou a outro: 'E tu, quanto deves?' Ele respondeu:  'Cem medidas de trigo'. O administrador disse: 'Pega tua conta e escreve oitenta'.

8 E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz".

Palavra da Salvação.

Meditação.

O texto de hoje nos causa estranheza.  Parece que Jesus faz um elogio positivo da atitude do mau administrador. Porém, podemos destacar alguns ensinamentos de Jesus.

Ele faz uma afirmação: "Os filhos deste mundo são mais astutos do que os filhos da luz, no trato com o próprio mundo".

Jesus usa a atitude do administrador infiel como uma lição sobre a sabedoria prática. Embora o administrador tenha agido de forma desonesta, sua astúcia em resolver uma situação difícil é elogiada. A lição para os "filhos da luz" (aqueles que seguem Jesus, ou seja, os discípulos) é que eles, muitas vezes, são menos astutos no uso dos recursos que possuem para os fins do Reino de Deus.

Jesus não está fazendo uma apologia à desonestidade, mas está alertando seus discípulos para que usem sua sabedoria e perspicácia nas questões espirituais e materiais. Ele os incentiva a serem sábios e pragmáticos, de forma que seus recursos e talentos possam ser usados para o bem maior, para a expansão do Reino de Deus e para o bem dos outros.

A parábola de hoje nos leva a algumas reflexões.

A importância da sabedoria e astúcia. Jesus não desaprova a sabedoria prática que o administrador usou. Ele ensina que seus discípulos devem ser sábios e usar de perspicácia para gerenciar os recursos que Deus lhes confiou.

O uso dos bens materiais. Jesus está ensinando que devemos ser responsáveis no uso dos bens materiais, não apenas para nosso benefício pessoal, mas também para o benefício do Reino de Deus. O administrador, embora infiel, soube usar os bens do patrão de maneira criativa e eficaz, algo que os cristãos podem aprender a fazer com os recursos que Deus coloca em suas mãos.

A busca por tesouros eternos. Jesus alerta os discípulos de que os bens e riquezas materiais não devem ser o objetivo final. Eles devem ser usados como meios para um fim maior: glorificar a Deus e servir ao próximo.

A fidelidade no pouco e no muito. Jesus fala sobre a fidelidade nas pequenas coisas, sugerindo que a maneira como administramos nossos recursos temporais é um reflexo de nossa fidelidade com as coisas espirituais. A parábola do administrador infiel é, assim, um chamado à responsabilidade cristã no uso de recursos.

A leitura de hoje é uma lição de sabedoria, com um toque de ironia. Embora Jesus não faça apologia da desonestidade do administrador, ele usa sua astúcia como exemplo de como os discípulos de Cristo podem ser mais sábios e estratégicos no uso de recursos materiais para alcançar objetivos espirituais. Em última análise, a passagem nos desafia a ser astutos e responsáveis no uso de nossas posses e talentos, não para nosso próprio benefício, mas para promover o Reino de Deus e construir tesouros eternos.

Deus nos abençoe




quinta-feira, 7 de novembro de 2024

"Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles".

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 15,1-10
Naquele tempo,

1 os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar.

2 Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. "Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles".

3 Então Jesus contou-lhes esta parábola:

4 "Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la?

5 Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, 

6 e, chegando a casa, reú e os amigos e vizinhos, e diz: 'Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!' 

7 Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte,
do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão.

8 E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada,
varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la?

9 Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: 'Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!' 

10 Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte".

Palavra da Salvação.

Meditação.

A frase "Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles" (Lucas 15,2) é uma crítica feita pelos fariseus e mestres da lei a Jesus, e é um ponto de partida fundamental para entender o contexto das parábolas que Ele contou logo em seguida (Lucas 15,1-10). Essa crítica revela a mentalidade e os preconceitos da época, além de destacar a missão de Jesus, que era diferente da expectativa religiosa dos líderes judaicos.

Os fariseus e mestres da lei eram líderes religiosos que seguiam rigorosamente a Lei de Moisés e estabeleciam normas rígidas sobre a pureza e a santidade. Para eles, associar-se com pessoas consideradas impuras ou "pecadores" era um ato inaceitável, pois isso poderia contaminar sua própria pureza espiritual.

Naquela época, "pecadores" não se referia apenas a quem cometia atos imorais, mas incluía também aqueles que eram marginalizados por não seguirem as práticas religiosas ou sociais estabelecidas, como cobradores de impostos (publicanos), prostitutas, samaritanos e outros grupos excluídos da comunidade religiosa oficial. Para os fariseus, esse tipo de associação representava uma quebra das normas de pureza e um risco de contaminação espiritual.

Jesus, no entanto, desafiava essas normas ao acolher esses grupos, sendo visto com eles e até compartilhando refeições, o que era um ato de comunhão e aceitação. A refeição na cultura judaica não era apenas um momento de comer, mas também um momento de intimidade e aceitação. Comer com alguém, especialmente um "pecador", indicava aceitação e até um tipo de solidariedade, o que os fariseus e mestres da lei não podiam aceitar.

A crítica dos fariseus nos desafia a refletir sobre nossas próprias atitudes em relação aos outros, especialmente aqueles que são marginalizados ou vistos como "pecadores". Jesus nos convida a acolher, sem julgamentos, aqueles que estão longe d'Ele, e a oferecer a eles o amor e a graça que Ele nos oferece.

Como cristãos, devemos refletir a misericórdia de Deus, não apenas na teoria, mas nas nossas ações cotidianas, buscando aqueles que se sentem distantes de Deus e oferecendo-lhes um lugar de acolhimento.

A atitude de Jesus desafia os preconceitos que muitas vezes temos sobre quem "merece" a graça de Deus. Ele nos ensina que todos, sem exceção, são dignos de receber a salvação.

Jesus, ao se sentar à mesa com os pecadores, estava praticando a "hospitalidade divina", algo que todos os cristãos são chamados a fazer. Nossa missão é estender a mão aos que estão distantes e mostrar, por nossas atitudes, que a graça de Deus está ao alcance de todos.

Em resumo, a crítica "Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles" revela tanto os preconceitos dos fariseus quanto a missão de Jesus de acolher e salvar os perdidos. As parábolas que Ele conta em seguida reforçam a importância do arrependimento e da alegria celestial pela salvação de cada alma.

Sobre a parábola da ovelha perdida destacamos que é uma mensagem de esperança, misericórdia e amor incondicional. Ela nos lembra que não importa o quanto nos afastemos ou quão pequenos nos sintamos, Deus sempre nos buscará com amor e paciência. E quando voltamos para Ele, há uma grande celebração no céu. Que possamos refletir essa mesma alegria em nosso próprio coração e também em nossas ações, buscando os perdidos e celebrando a misericórdia de Deus.

Quanto a Dracma Perdida, vemos que o arrependimento deve ser valorizado em nossa vida diária. Quando nos arrependemos de nossos erros, podemos ter a confiança de que estamos participando de uma grande celebração celestial.

O cristão é chamado a ser uma pessoa que busca ativamente os perdidos, imitando a mulher da parábola. Não devemos esperar que as pessoas se aproximem de nós, mas sim fazer a nossa parte em alcançá-las, seja por meio de palavras, ações ou orações.

Toda vez que alguém volta para Deus, seja em um momento pessoal de arrependimento ou em um retorno à fé, devemos celebrar isso. A alegria da salvação é algo que deve ser compartilhado e celebrado com os outros, pois cada alma salva é um motivo de louvor.

A parábola da dracma perdida, assim como a da ovelha perdida, nos ensina que Deus se importa profundamente com cada pessoa e que a busca por aqueles que se afastaram d'Ele é uma prioridade em Seu coração. Ela revela a imensa alegria de Deus no arrependimento e nos convida a imitar essa busca e celebração. Que possamos viver com o entendimento de que cada pessoa é preciosa para Deus, e que, como cristãos, somos chamados a buscar e a celebrar aqueles que se perdem e, ao retornar, experimentam a grande alegria da reconciliação com Deus.




quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.



Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 14,25-33

Naquele tempo,

25 grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse:

26 "Se alguém vem a mim,  mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo.

27 Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.

28 Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário,

29 ele vai lançar o alicerce  e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo:

30 'Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!'

31 Ou ainda: Qual o rei que ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil?

32 Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz.

33 Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!"

Palavra da Salvação.

Meditação

No evangelho de hoje Jesus nos fala como deve ser o discípulo. Ressalta a necessidade de compromisso total para segui-lo.

Ele está diante de uma grande multidão que o seguia. Nesse contexto, ele enfatiza o custo do discipulado. Diz que, para segui-lo, é necessário um compromisso radical, que exige colocar a relação com Ele acima de todas as outras, inclusive com a própria família e até com a própria vida.

Jesus afirma que, se alguém quer ser seu discípulo, deve amá-lo mais do que a sua família (pai, mãe, esposa, filhos) e até mesmo mais do que a própria vida. O amor por Ele deve ser prioritário, o que implica um desapego de tudo o que é mais precioso, caso contrário, não se pode ser discípulo.

Em seguida, Ele destaca a necessidade de carregar a própria cruz. O "carregar a cruz" é uma metáfora do sofrimento e do sacrifício que virão ao seguir a Cristo. O discípulo precisa estar pronto para enfrentar dificuldades, rejeições e até mesmo a morte por causa da sua fé.

Ao usar a metáfora da torre, explica que, antes de tomar uma decisão importante (como se tornar seu discípulo), é necessário calcular os custos. Se alguém começa a construir e não tem recursos para terminar, será motivo de zombarias. Da mesma forma, a pessoa deve avaliar se está pronta para as exigências do discipulado.

Em uma outra comparação fala de um rei que, ao entrar em guerra, deve calcular se tem força suficiente para vencer o inimigo. Se não tiver, precisa buscar a paz antes que a batalha comece. O que ele quer dizer é que seguir Jesus é uma decisão que exige preparo, disposição e comprometimento.

A conclusão dessas duas comparações nos alerta de que devemos calcular bem o custo antes de tomar uma decisão, todos os que querem ser seus discípulos devem renunciar a tudo o que têm. Isso inclui não apenas bens materiais, mas também desejos, planos e a própria vontade.

Jesus ensina que seguir a Ele não é algo superficial ou fácil. Exige uma entrega total, onde qualquer coisa, até mesmo os laços mais fortes (família, interesses pessoais), devem ser colocados em segundo plano.

Acrescentou que antes de tomar a decisão de segui-lo, é necessário refletir sobre os custos do discipulado. Não se trata apenas de uma decisão emocional ou impulsiva, mas de uma escolha consciente e fundamentada.

Destaca que o discipulado exige renúncia. O cristão é chamado a abandonar a vida antiga e as prioridades pessoais para se entregar completamente ao seguimento de Cristo.

Em resumo, Jesus nos desafia a refletir profundamente sobre o que significa ser discípulo de Jesus e o quanto estamos dispostos a sacrificar para segui-lo fielmente.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

"Quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos".


 

Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 14,12-14

Naquele tempo, 

12 dizia Jesus ao chefe dos fariseus que o tinha convidado: "Quando tu deres um almoço ou um jantar,  não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa.

13 Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados,  os coxos, os cegos. 

14 Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa  na ressurreição dos justos". 

Palavra da Salvação.

Meditação

O evangelho de hoje nos convida a uma profunda reflexão sobre a natureza da hospitalidade e a verdadeira generosidade. Jesus, ao ensinar sobre como convidar para refeições, nos desafia a sair das convenções sociais que priorizam aqueles que podem nos retribuir. 

Jesus nos chama a abrir nossas mesas para os marginalizados: os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Essa hospitalidade não é apenas um ato de bondade, mas uma expressão do amor que Deus tem por todos, especialmente pelos que estão à margem da sociedade. A verdadeira hospitalidade reflete a graça e o acolhimento que encontramos em Deus.

Convidar aqueles que não podem retribuir desafia a lógica comum de troca que rege muitos relacionamentos. Aqui, Jesus enfatiza que a verdadeira generosidade é aquela que não espera nada em troca. Isso nos leva a perguntar: estamos dispostos a servir e ajudar os outros sem buscar reconhecimento ou retribuição?

Jesus menciona que a recompensa por essas ações virá na ressurreição dos justos. Isso nos lembra que nosso valor não está nas recompensas imediatas, mas sim em nossa fidelidade e compromisso com os princípios do reino de Deus. A vida eterna e o relacionamento com Deus são as recompensas que importam.

A mensagem de Jesus desafia as estruturas sociais que frequentemente excluem e marginalizam. Ele nos convida a repensar quem consideramos dignos de nosso tempo, atenção e recursos. Como seguidores de Cristo, somos chamados a construir comunidades inclusivas, onde todos são valorizados.

Esta passagem nos leva a refletir sobre como podemos praticar a empatia em nossas vidas diárias. Quais são as necessidades ao nosso redor? Como podemos ser uma presença acolhedora e solidária para aqueles que muitas vezes são esquecidos? Nos ensina que a hospitalidade é mais do que uma simples ação; é uma atitude do coração. Ao seguirmos o exemplo de Jesus, somos chamados a construir um mundo onde todos se sintam dignos e amados. Que possamos viver essa mensagem em nosso cotidiano, buscando sempre acolher e servir com generosidade.

O trecho nos convida à reflexão sobre nossas próprias atitudes em relação à generosidade e à inclusão. Ele nos desafia a avaliar quem são as "pessoas que não podem nos retribuir" em nossas vidas e a considerar como podemos ser mais acolhedores e solidários. A prática da hospitalidade, segundo Jesus, é um ato que revela o coração de Deus e promove a justiça e a dignidade para todos. 

A mensagem de hoje é especialmente relevante em um mundo onde muitas vezes se valoriza mais o que podemos ganhar do que o que podemos dar. Através da prática da hospitalidade, somos chamados a manifestar o amor de Cristo de maneira concreta.

domingo, 3 de novembro de 2024

"Quem são esses vestidos com roupas brancas"?

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 5,1-12a
Naquele tempo,

1 vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se,

2 e Jesus começou a ensiná-los: 

3 "Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.

4 Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.

5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.

6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 

7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. 

9 Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 

10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. 

11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo,
disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. 

12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus".

Palavra da Salvação.

Meditação

Hoje celebramos a solenidade de Todos os Santos e Santas de Deus. O evangelho trata das bem aventuranças. Vamos fazer uma breve reflexão sobre cada uma delas.

Inicialmente, Jesus está numa montanha. Esse é o lugar do encontro dos místicos com Deus. Moisés, na montanha, recebeu as tábuas da lei. Na montanha, Jesus apresenta como devem agir os seus seguidores. 

Jesus declara que bem aventurado são os pobres de espírito. Esses são aqueles que reconhecem sua dependência de Deus. É uma humildade diante de Deus e um coração que não se enche de orgulho. É com humildade que nos abrimos à graça de Deus, e somos dignos do Reino dos Céus.

Ao proclamar "bem aventurados os que choram", Jesus nos alerta que aqui não é apenas uma expressão de tristeza, mas um reconhecimento da realidade humana e da dor causada pelo pecado e pela opressão. Jesus, com essa bem aventurança,  nos deixa claro que o sofrimento terreno não será eterno e que Deus tem um cuidado especial pelos que sofrem.

Em seguida, "bem aventurados os mansos". Os mansos são aqueles que não reagem com violência ou arrogância. Enfrentam a vida com serenidade e humildade. Jesus exalta a mansidão como um valor do Reino, e garante que esses herdarão a terra, pois são os que verdadeiramente trazem a paz e harmonia.

"Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça". "Fome e Sede" indicam um desejo intenso, uma busca incessante pelo que é correto, justo e verdadeiro. Deus promete desejar esse desejo, sinalizando que ele se importa profundamente com a justiça.

Jesus sempre agiu com misericórdia. Por isso, "bem aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia". Ser misericordioso implica em perdoar e agir com bondade. Da mesma forma que tratamos os outros com misericórdia, também seremos tratados assim por Deus. É uma chamada para que a nossa relação com os outros reflita o amor e a graça de Deus.

"Bem aventurados os puros de coração". Esses são aqueles cujas intenções são sinceras e que buscam a Deus com um coração limpo, sem hipocrisia. Jesus exalta a transparência e a honestidade, pois somente os que têm um coração puro conseguem ver a a Deus e ter uma comunhão genuína com Ele.

Jesus declara, "bem aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus". Pacificadores são aqueles que promovem a paz e a reconciliação, evitando conflitos e divisões. São chamados de filhos de Deus porque espalham o caráteer do Pai, que é o Deus da paz. É um chamado a sermos instrumentos de paz no mundo, fazendo pontes onde há separação.

A causa da justiça, nos torna perseguidos. "Bem aventurados os perseguidos por causa da justiça". Jesus fala para aqueles que  são fiéis a Deus e ao valores do Reino de Deus. Muitas vezes, isso implica rejeição e perseguição.

As bem aventuranças terminam com a afirmação de que nos devemos alegrar com as perseguições, porque grande será nossa recompensa. Aqueles que seguem a Cristo podem enfrentar oposição. Jesus nos lembra que, na caminhada om Ele, a rejeição é muitas vezes inevitável, mas também é um sinal de fidelidade.

Por fim, ao meditarmos sobre as bem aventuranças, somos desafiados a valores desse mundo, e nos convidam a um modo de vida que valoriza a humildade, misericórdia, a pureza, a busca pela justiça e a paz. Elas descrevem não apenas uma ética pessoal, mas um compromisso social, pois o Reino de Deus é tanto uma promessa futura quanto uma realidade que deve ser vivida agora, transformando a vida das pessoas e da sociedade.