domingo, 31 de janeiro de 2021

"Cala-te, e sai dele"!


Olá. Paz e Bem

Estamos no 4º Domingo do Tempo Comum. Jesus continua instruindo seus discípulos através de sua vida, de suas palavras e de seu gestos. Nós buscamos esse Jesus que tem autoridade em seus gestos e palavras.

O refrão do salmo diz: "Não fecheis o coração, ouvi hoje a voz de Deus"!

Ouçamos.

Deus suscita no meio de seu povo aqueles e aquelas que vão ser proclamadores da sua vontade. O profeta é aquele que anuncia o que Deus lhe pede, e não pode desviar dessa palavra, sob pena de morrer. Quem proclama a palavra de Deus diz aquilo que Deus quer que se diga, o não o que o próprio profeta quer.

Na segunda leitura, temos um texto que causa polêmica ainda nos nossos dias. Numa sociedade em que valorizava o casamento, e não via com bons olhos que assumia ser solteiro-celibatário, a palavra de Paulo causou um estranhamento. 

Certa vez, ouvi de um padre que o voto de castidade não poderia usar como justificativa a liberdade para pregar o Reino de Deus, pois assim, como justificaria os missionários protestantes que percorrem o mundo como missionários levando a sua família? E os bispos anglicanos, que cuidam da Igreja e da suas famílias? Sendo assim, a experiência e vivência do celibato religioso deve ter uma motivação mais profunda, do que meramente prática.

Nesse caso, devemos lembrar que para os primeiros cristãos, a segunda vinda de Jesus era iminente. Então, Paulo destaca que estar livre de qualquer compromisso familiar é uma antecipação daquilo que se viverá no Reino dos Céus. 

Antes de comentar o evangelho, devo lembrar que no tempo de Jesus o templo estava em Jerusalém. E, em cada cidade, havia uma sinagoga, onde os judeus se reuniam para ouvir a palavra de Deus, e os ensinamentos dos rabinos. Eles faziam uma atualização da palavra lida, e como o povo deveria viver diante daquela palavra.

Era costume, quando havia um convidado, chamá-lo para ler o livro e fazer a pregação. Por isso, vemos Jesus ensinando na sinagoga. Mas, nesse momento, aparece um homem que o evangelista afirma que estava "possuído por um espírito mau". Uma pessoa que voltava as costas para as coisas de Deus. 

Mas, Jesus tem autoridade. Ensina com autoridade. Fala com autoridade. Ao perceber que aquele espírito mau queria destruir sua ação pastoral de anunciar o Reino de Deus, começa a gritar. Observemos que não eram gritos de insultos, mas gritos de revelação da pessoa da Jesus. O espírito mau queria desacreditar Jesus diante daquela comunidade. Ainda não era hora da revelação de quem era Jesus. O espírito mau muitas vezes quer destruir o processo de evangelização. Interromper a proclamação da Palavra de Deus, a criação da nova humanidade, da civilização do amor.

Somos chamados a expulsar de nós mesmos o mau que habita em cada um de nós. Só poderemos ter uma sociedade justa e fraterna, quando deixarmos de praticar o mal. Deixarmos de propagar notícias falsas (fake news), de apoiarmos políticos que praticam políticas públicas que matam, e que geram morte. 

Ouçamos a palavra de Deus. Chegou a hora de os cristão se levantarem contra o mal pela qual passa a nossa sociedade. Seja servidor do Deus da Vida. Amém!


sábado, 30 de janeiro de 2021

Tendes Fé!


Olá.

Vamos nos aventurar nesse barco com Jesus e seus discípulos.

Numa conversa, ouvi a seguinte frase, "gosto desse evangelho, os discípulos num nervoso só, e Jesus, tranquilo, dormindo". Isso me trouxe uma reflexão. Quantas vezes, na vida, passamos por problemas que nos parecem grave, grandes, impossível de resolver, e Jesus se mostra quieto. Deitado sobre um travesseiro, dormindo. 

Jesus nos ensina pelo seu exemplo. Como poderiam aqueles homens sentirem medo estando ao lado de Jesus? Ainda não tinham entendido que onde Jesus está, nada pode nos perturbar. Mesmo o vento e a tempestade.

Hoje, ele nos ensina que não existe "tempo ruim" quando Jesus está perto de nós. E para que isso aconteça, é preciso deixarmos que ele entre em nossa barca, e se sinta à vontade, a ponto de repousar junto de nós.

Jesus silencia toda angústia, todo medo, toda falta de fé, todo desespero. Jesus nos chama a ter fé. Fé mesmo. Não aquela que é da boca para fora. Já presenciamos tantas ações de Jesus diante de nossos olhos, já ouvimos e meditamos a palavra dele várias vezes, fazemos adorações, rezamos terços. E a fé, como vai? Cremos mesmo que Jesus pode mudar as coisas? Cremos mesmo que Jesus é capaz de acalmar ventos e tempestades que nos assolam?

Tendes fé!


Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos. (Mc 4,35-41)

35Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para a outra margem!” 36Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava na barca. Havia ainda outras barcas com ele. 37Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. 38Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” 39Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria. 40Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” 41Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”

Palavra da Salvação.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Deixar a Palavra de Deus germinar para fazer o Reino de Deus acontecer


Olá.

Que texto lindo. O Reino de Deus é semente. E como tal, deve ser plantado, cuidado, para germinar. Nós não vemos o Reino de Deus crescer. A nós, nos cabe apenas plantar, e cuidar. 

Reino de Deus e a Palavra andam juntos. É preciso cultivar essa semente do Reino de Deus meditando fazendo a lectio divina, ou seja, ler, meditar e colocar em prática o que Deus suscita no coração de cada pessoa.

O Reino é pequeno como um grão de mostarda. Mas, se for plantado, cresce, e fica sendo a maior das hortaliças. A semente não tem medo de cresce e germinar. E quando isso acontece, ela deixa de ser semente para ser planta, árvore. Dando o fruto que dela se espera.

Nós somos essa semente. Todo batizado, traz em si essa semente que o é o Reino de Deus. Devemos morrer para tudo aquilo que nos afasta de Deus. E quando aceitamos ser semente germinada, devemos dar os frutos esperados, necessários para a vida dos outros. O fruto não é para a árvore, ou planta. O fruto é para o outro. Segundo Paulo, na carta aos Gálatas, os frutos do Reino de Deus, que são "é amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si" (Gal 5,22-23). Além da justiça.


Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 4,26-34

26Jesus disse à multidão: 'O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. 27Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. 28A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga. 29Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque o tempo da colheita chegou'. 30E Jesus continuou: 'Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? 31O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. 32Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra'. 33Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. 34E só lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.

Palavra da Salvação.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Na cruz não falta nenhum exemplo de virtude

 


Das Conferências de Santo Tomás de Aquino, presbítero

 (Colatio 6 super Credoin Deum) (Séc.XIII)

 Na cruz não falta nenhum exemplo de virtude

Que necessidade havia para que o Filho de Deus sofresse por nós? Uma necessidade grande e, por assim dizer, dupla: para ser remédio contra o pecado e para exemplo do que devemos praticar.  Foi em primeiro lugar um remédio, porque na paixão de Cristo encontramos remédio contra todos os males que nos sobrevêm por causa dos nossos pecados.

 Mas não é menor a utilidade em relação ao exemplo. Na verdade, a paixão de Cristo é suficiente para orientar nossa vida inteira. Quem quiser viver na perfeição, nada mais tem a fazer do que desprezar aquilo que Cristo desprezou na cruz e desejar o que ele desejou. Na cruz, pois, não falta nenhum exemplo de virtude.

 Se procuras um exemplo de caridade: Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos (Jo 15,13). Assim fez Cristo na cruz. E se ele deu sua vida por nós, não devemos considerar penoso qualquer mal que tenhamos de sofrer por causa dele.

 Se procuras um exemplo de paciência, encontras na cruz o mais excelente! Podemos reconhecer uma grande paciência em duas circunstâncias: quando alguém suporta com serenidade grandes sofrimentos, ou quando pode evitar os sofrimentos e não os evita. Ora, Cristo suportou na cruz grandes sofrimentos, e com grande serenidade, porque atormentado, não ameaçava (1Pd 2,23); foi levado como ovelha ao matadouro e não abriu a boca (cf. Is 53,7; At 8,32).

 É grande, portanto, a paciência de Cristo na cruz. Corramos com paciência ao combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a cruz, não se importando com a infâmia (cf. Hb 12,1-2).

 Se procuras um exemplo de humildade, contempla o crucificado: Deus quis ser julgado sob Pôncio Pilatos e morrer.

 Se procuras um exemplo de obediência, segue aquele que se fez obediente ao Pai até à morte: Como pela desobediência de um só homem, isto é, de Adão, a humanidade toda foi estabelecida numa condição de pecado, assim também pela obediência de um só, toda a humanidade passará para uma situação de justiça (Rm 5,19).

 Se procuras um exemplo de desprezo pelas coisas da terra, segue aquele que é Rei dos reis e Senhor dos senhores, no qual estão encerrados todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl 2,3), e que na cruz está despojado de suas vestes, escarnecido, cuspido, espancado, coroado de espinhos e, por fim, tendo vinagre e fel como bebida para matar a sede.

 Não te preocupes com as vestes e riquezas, porque repartiram entre si as minhas vestes (Jo 19,24); nem com honras, porque fui ultrajado e flagelado; nem com a dignidade, porque tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em minha cabeça (cf. Mc 15,17); nem com os prazeres, porque em minha sede ofereceram-me vinagre (Sl 68,22).

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Jesus começou a ensinar


Olá. Paz e Bem!

A leitura proposta para a nossa reflexão de hoje é a parábola do Semeador. Muito conhecida de todos nós. Alguns, sabem até de cor.

Mas partilho com vocês algumas experiências pessoais da meditação dessa palavra de Deus.

Jesus está às margens do mar da Galileia, e fala de semeadura de sementes. Porque não usou o ato de pescar como exemplo? Afinal de contas, ele havia chamado os pescadores para serem "pescadores de homens". 

Segunda cena, ele entra numa das barcas, enquanto as pessoas permaneciam à margem do mar. Algumas vezes, é preciso afastar-se para poder enxergar a necessidade das pessoas. É preciso estar um pouco afastado fisicamente para ver o que as pessoas precisam, de qual necessidade elas tem. O que precisa ser dito.

Como eu disse, o ambiente é o mar. Mas a pregação é sobre semear. A pregação está direcionada para quem trabalha no campo. Poderíamos entender que a maior parte daqueles pessoas era ligadas à terra, e não ao mar? Não sabemos. Mas, podemos ver com os olhos da fé dessa maneira. Esse é outro ponto. Como falar às pessoas usando aquilo que elas tem. Como falar às pessoas partindo de sua realidade pessoal. Não acusando, mas anunciando. Fazendo com que cada uma das pessoas relacionem sua vida com a palavra de Deus.

Então, Jesus começa falando que um semeador saiu a semear. Observemos que ele não diz "uma pessoa", ou "alguém". É um semeador. Quer dizer, alguém que sabe como fazer o serviço, alguém especializado na arte de semear. Pois, semear não é só jogar a semente, mas tem toda uma preparação antes. Se olharmos com olhos técnicos, um semeador jamais colocaria sementes em ambientes não propício ao crescimento da planta. Mas, "um semeador saiu a semear".

E Ele, então, vai mostrando em quais terrenos a semente caia: "à beira do caminho"; "em terreno pedregoso"; "em meio aos espinhos"; "em terra boa".

Jesus falou de terrenos onde a semente caiu. É claro que ele usa essa metáfora para falar das pessoas. Ele, em nenhum momento, usou a expressão "há pessoas que...". Ele associou sua pregação a alguma coisa que era comum na vida das pessoas. 

Em seguida, Jesus vai falando de cada um desses terrenos.

"À beira do caminho". São as pessoas que logo após ouvirem a Palavra, deixam que satanás a roubem. 

"Em terreno pedregoso". Aqueles e aquelas que ouvem a Palavra, recebem com alegria, ficam empolgados (participam de encontros animados), mas, não têm raiz, são inconstantes. Quando aparecem as dificuldades de evangelização, de relacionamentos, ou perseguições por causa da Palavra, "logo desistem".

"Entre espinhos". Os que estão focados nas riquezas do mundo. Empenham a vida em ganhar dinheiro, deixam-se seduzir pelas riquezas, e outros desejos. Com isso "sufocam a Palavra", e não "produzem frutos".

"Em terreno bom". Ouvem a Palavra e dão frutos. Meditam aquilo ouvem e procuram como viver aquela Palavra.

A Parábola do Semeador não é para todas as pessoas. A Palavra de Deus só produz frutos quando acolhemos o que ela diz, e mudamos de vida, e vamos anunciando aquilo que ela nos pede. 

Quando se prega sobre esse texto, sempre vem a pergunta, "que terreno eu sou"? Muitos de nós, que frequentamos Igreja, que rezamos terço, que frequentamos grupos de oração, de Círculo Bíblico, que somos catequistas, ministros ordenados ou extraordinários, quando estamos à frente de algum grupo ou pastoral, respondemos que somos terreno bom. Terra boa. Será?

Medite em seu coração. 

Amém.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 4,1-20

1Jesus começou a ensinar de novo às margens do mar da Galileia. Uma multidão muito grande se reuniu em volta dele, de modo que Jesus entrou numa barca e se sentou, enquanto a multidão permanecia junto às margens, na praia. 2Jesus ensinava-lhes muitas coisas em parábolas. E, em seu ensinamento, dizia-lhes: 3'Escutai! O semeador saiu a semear. 4Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; vieram os pássaros e a comeram. 5Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era profunda,6 mas, quando saiu o sol, ela foi queimada; e, como não tinha raiz, secou. 7Outra parte caiu no meio dos espinhos; os espinhos cresceram, a sufocaram, e ela não deu fruto. 8Outra parte caiu em terra boa e deu fruto, que foi crescendo e aumentando, chegando a render trinta, sessenta e até cem por um.' 9E Jesus dizia: 'Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.' 10Quando ficou sozinho, os que estavam com ele, junto com os Doze, perguntaram sobre as parábolas. 11Jesus lhes disse: 'A vós, foi dado o mistério do Reino de Deus; para os que estão fora, tudo acontece em parábolas,  12para que olhem mas não enxerguem, escutem mas não compreendam, para que não se convertam e não sejam perdoados.' 13E lhes disse: 'Vós não compreendeis esta parábola? Então, como compreendereis todas as outras parábolas? 14O semeador semeia a Palavra. 15Os que estão à beira do caminho são aqueles nos quais a Palavra foi semeada; logo que a escutam, chega Satanás e tira a Palavra que neles foi semeada. 16Do mesmo modo, os que receberam a semente em terreno pedregoso, são aqueles que ouvem a Palavra e logo a recebem com alegria, 17mas não têm raiz em si mesmos, são inconstantes; quando chega uma tribulação ou perseguição, por causa da Palavra, logo desistem. 18Outros recebem a semente entre os espinhos: são aqueles que ouvem a Palavra; 19mas quando surgem as preocupações do mundo, a ilusão da riqueza e todos os outros desejos, sufocam a Palavra, e ela não produz fruto. 20Por fim, aqueles que recebem a semente em terreno bom, são os que ouvem a Palavra, a recebem e dão fruto; um dá trinta, outro sessenta e outro cem por um.' 

Palavra da Salvação.


terça-feira, 26 de janeiro de 2021

O Reino de Deus está próximo de vós.


Hoje celebramos São Tito e São Timóteo. Dois discípulos de Paulo.

E evangelho proposto para essa festa é do envio dos 72 discípulos para a missão.

Segundo Lucas, Jesus envia esses discípulos para as cidades nas quais ele passaria. Deveria preparar os corações para receberem Ele. Aquele que anuncia o Reino de Deus. Aquele que diz que é possível construir uma nova humanidade, uma nova relação social. Um novo jeito de nos relacionarmos. Assim é o Reino de Deus.

Esse trabalho é grande e não tem fim. "A messe é grande"! E ainda mais, são poucos aqueles que se colocam à disposição da propagação da nova humanidade. É preciso que Deus suscite no coração de cada um e de cada uma o novo jeito de ser, "pedi ao dono da messe que mande operários".

Timóteo e Tito assumiram essa missão na vida deles. Assumiram ser anunciadores do novo reino, da nova sociedade, da nova humanidade. E como consequência, sofreram rejeição. Foram incompreendidos. 

Jesus nos convida a assumirmos a missão. Mas, essa, deve ser vivida na simplicidade, sem ostentação, confiando na misericórdia de Deus. Para evangelizar, não é preciso muita coisa, basta a vontade de coração. Devem anunciar a paz, e todas e todos que forem da paz, a receberão como como proposta para suas vidas.

Somos chamados a meditarmos como estamos vivendo nossa vida de discípulos missionários e missionárias. Onde estamos pondo nossa confiança, em Deus ou nas coisas? Para evangelizar precisamos de muito pouco. Basta vivermos tudo aquilo que Jesus nos ensinou. E proclamar que o Reino de Deus está próximo.

Amém.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Quem és tu, Senhor?


 Olá. Hoje celebramos a Festa da Conversão de São Paulo. Antes que aparece alguém e pergunte, "como se sabe que São Paulo se converteu no dia 25 de janeiro?", eu respondo: "aqui não é data em si que se é celebrada, mas o fato em si, a conversão de São Paulo".

Porque lembrar de um dia para se comemorar a conversão de São Paulo? Essa é a pergunta que devemos nos fazer. 

A primeira leitura de hoje (At 22,3-16) temos o próprio Paulo falando de como mudou de vida diante da experiência espiritual com o próprio Senhor Jesus. Para complementar esse texto, podemos ler At 9,1-22.

Paulo narra sua experiência social e espiritual. Ele era perseguidor dos que se declaravam seguidores de Cristo, ou, como ele mesmo diz, do "Caminho". Paulo era um homem profundamente religioso. Zeloso do dever de manter a fé judaica integra. Sem que houvesse desvios, como ele entendia os cristão. Um homem firme na fé.

Paulo tinha a autoridade necessária para prender, julgar, e executar todas e todos que não abrissem mão da fé que abraçavam. 

Por outro lado, ele era um homem do mundo. Tinha cidadania romana. Além de ser judeu.  Falava, escrevia e entendia o hebraico, o latim e o grego. Era um homem culto. 

Durante a sua viagem para Damasco, para perseguir os cristãos, ele faz a experiência de Deus. Um profunda experiência. Ele tem uma visão do próprio Jesus, que se revela para ele em forma de luz. E, em seguida, Jesus pergunta porque ele o estava perseguindo, pois perseguir os cristãos é a mesma coisa que perseguir o próprio Jesus.

Vejamos.

Primeiro, Jesus é luz. Ele ilumina as trevas da perseguição, da discriminação. Deus não faz acepção de pessoas, Pedro afirmou isso. Deus é luz na nossa vida, e Jesus é esse reflexo, e por conseguinte, os cristãos também o são. Jesus é a luz que nos cega para os nossos para os nossos pecados. E a comunidade cristão, representada por Ananias, é aquela que abre os olhos para a mudança de vida.

Segundo, a comunidade cristã é o corpo do próprio Cristo. Perseguir os cristãos é perseguir o próprio Jesus. Jesus se "materializa" naqueles que são batizados. E todo batizado é chamado/chamada a ser missionário/missionária. É preciso anunciar que uma nova humanidade é possível e viável. Os cristãos, não somos mais um no mundo, mas estamos no mundo para transformar o mundo. Para que as situações de injustiça sejam denunciadas. E para que o Reino de Deus possa ser vivido.

A festa que celebramos hoje deve nos ajudar como foi nosso encontro pessoal com Jesus. Como estamos vivendo nosso batismo. E uma revisão da nossa fé em Jesus Cristo. Estamos levando a mensagem da boa nova a todas e todos?

Deus nos abençoe.

sábado, 23 de janeiro de 2021

"Diziam que (Jesus) estava fora de si


A liturgia de hoje nos apresenta uma palavra bem curta, apenas dois versículos.

A leitura e meditação do evangelho devem estar em sintonia com a primeira leitura, tirada da Carta aos Hebreus.

O autor da Carta aos Hebreus (que sabemos hoje em dia não é Paulo), afirma que o "Sangue de Cristo purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo". Aquele que ouve a palavra e se coloca a serviço da ação evangelizador missionária, não pode deixar-se deter por nada, nem por ninguém.

Jesus tinha uma missão, anunciar o Reino de Deus no meio de nós, e evangelizar, isto é, levando a boa nova a todas, a concretização de uma nova humanidade, da Civilização do Amor. E para isso se concretizar, é preciso mudança de mentalidade, conversão do coração. Acolher, tal como Deus-Pai, aquilo que nos parece diferente.

O evangelho, então, narra que os parentes de Jesus saíram para ir ao seu encontro. Não para ouvir sua palavra, mas para "agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si".

Como poderia estar fora de si, aquele que faz a vontade de Deus? Como poderia estar fora de si, aquele que propõem a construção de uma nova sociedade? Como poderia estar fora de si, aquele que se preocupava com o bem estar das pessoas, e por isso as curava? Como poderia estar fora de si, aquele que via a opressão do povo pobre sofrida pelos poderes religiosos e políticos de seu tempo? Como aquele que era o Filho do Deus vivo poderia estar fora de si?

Dois breves versículos que nos levam a uma reflexão sobre nós mesmos diante da vida. Diante da nossa fé. Diante da nossa prática religiosa.

Como dizia Dom Hélder Câmara, "quando alimento os pobres, me chamam de santo. Mas quando pergunto porque existe a pobreza, me chamam de comunista".

É importante que tenhamos obras que gerem vida, e vida em abundância.


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 3,20-21

Naquele tempo: 20Jesus voltou para casa com os discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. 21Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si.

Palavra da Salvação.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Jesus chamou doze para que ficassem com Ele e para enviá-los a pregar


Olá.

Nosso texto de hoje é instigante. Vemos Jesus chamar os 12 discípulos que seriam envidados a pregar, e para ficassem com ele, e o acompanhasse. E deu a eles o poder de expulsar os demônios.

Marcos registra cada um deles. E lhes dá a característica pessoal. Essa é, no segundo testamento, a primeira lista nominal daqueles que são chamados a estar com Jesus. A segunda lista, está no Atos do Apóstolos, e nomeia os Diáconos. 

A primeira lista, nos remete às 12 tribo de Israel. A segunda, aos sete dons do Espírito Santo, às sete obras de Misericórdia, às sete virtudes para vencer os sete pecados capitais. E por aí vai.

Jesus envia os 12 para pregar, e lhes dá "autoridade" para "expulsar demônios". E que demônios são esses?

Muitas vezes, associamos esse demônio àquele dos filmes que assistimos. Espíritos que nos fazem contorcer a cabeça e outros efeitos especiais do cinema.

Cada tempo tem seus demônios. Em nosso tempo, o racismo, a discriminação, a homofobia, a misoginia, o apoiar a necro-política que mata por asfixia por falta de cuidado com a saúde pública, a destruição do meio ambiente através de queimadas, o valorizar posse de armas, apoiar o extermínio dos pobres, dos negros, dos favelados, das crianças, adolescentes, jovens. Tudo isso, e mais ainda, não dar de comer a quem tem fome, a de beber a quem tem sede, vestir os nus, não consolar os doentes e encarcerados, e não acolher os refugiados, são medidas demoníacas.

Deus, então, suscita profetas, discípulos, pastores que nos alertam para isso. Pregar o evangelho é um ato de profecia. E como tal, devemos denunciar tudo aquilo que nos afasta da vontade de Deus e de sua palavra. 

Temos nossos pastores. Mas, cada um de nós, somos convidados a sermos pastores-profetas daqueles que estão ao nosso redor. 

Hoje, a palavra nos convida a ficarmos atentos às nossas ações que libertam das ações de morte. Nos convida a sermos geradores de vida. De sermos construtores da Civilização do Amor. Gerar a nova humanidade. Não precisamos ter um milhão de amigos. Basta fazer a verdadeira experiência de Jesus, e assumir a missão para a qual fostes chamado. Amém.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Coração livre de preconceitos. Mãos curadas para fazer o bem.


Seguimos a narrativa de Jesus em dia de Sábado, descumprindo o que a lei determinava. 

Ontem, colher espigas para matar fome. Hoje, uma cura. 

Jesus está na sinagoga, local de culto (na Igreja). Estava um homem com uma deficiência física, "com a mão seca". As pessoas observam o que vai acontecer, se Jesus vai curar o homem. Assim, poderiam acusá-lo de não seguir a lei, e seria réu de morte. 

Então, a pergunta mais importante que os fundamentalistas deveria fazer, Jesus diz a eles, 'É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?' O centro da cena é o homem doente, deficiente, "Levanta-te e fica aqui no meio".

A lei não e para matar, não é para o mal. A Lei de Deus é geradora de vida. A Lei de Deus é para salvar vidas. 

Hoje, aprendemos com Jesus que a lei de Deus liberta, gera vida, é para fazer o bem. A lei de Deus não exclui, não discrimina, não rejeita. Não endureça seu coração.

Coração livre de preconceitos. Mãos curadas para fazer o bem.


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 3,1-6

Naquele tempo: 1Jesus entrou de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. 2Alguns o observavam para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo. 3Jesus disse ao homem da mão seca: 'Levanta-te e fica aqui no meio!' 4E perguntou-lhes: 'É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?' Mas eles nada disseram. 5Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: 'Estende a mão.' Ele a estendeu e a mão ficou curada. 6Ao saírem, os fariseus com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo.

Palavra da Salvação.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Jesus liberta do rigorismo da lei que escraviza


A liturgia de hoje nos faz refletir sobre o que se pode ou não fazer diante da lei.

Marcos contextualiza a história marcando o lugar onde estava Jesus, e o dia, Sábado. E o que estava fazendo, "passando por uns campos de trigo".

Só na abertura da leitura do evangelho, vemos Jesus infringir algumas coisas da lei. Primeiro, Jesus "estava passando", ou seja, estava fazendo um atividade física, o que era proibido pela lei, em dia de sábado.

Em seguida, vemos os discípulos rompendo com a lei do descanso, "começaram a arrancar espigas".

Os fariseus, praticantes da lei, questionam Jesus quanto a ação dos discípulos. Ao responder, Jesus mostra que não cumprir leis é uma ação dos reis. Se Davi não cumpriu a lei, porque os Fariseus cobravam isso de Jesus?

Então, a resposta que nos intriga, "O Sábado foi feito para o homem, e não o homem para o Sábado". O que é mais importante, o Sábado ou os seres humanos? Quem tem mais valor, a vida ou a lei? O que nos aproxima mais de Deus, as regras ou a geração de vida?

A prática pastoral de Jesus é a seguinte, quem vale mais, a lei, que escraviza, ou ir ao encontro dos outros para atender suas necessidades?

Reflita!


Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 2,23-28

23Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24Então os fariseus disseram a Jesus: 'Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?' 25Jesus lhes disse: 'Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães'. 27E acrescentou: 'O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado'.

Palavra da Salvação.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Odres novos para vinho novo.



Remendo Novo x Roupa Velha. Vinhos novos, odres novos. 

Jesus tem uma proposta diferente daquilo que se vivia até aquele momento. Jesus apresenta uma nova humanidade. Um sociedade solidária, a Civilização do Amor.

A leitura de hoje nos faz lembrar outra passagem: "Nem todo que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai".

Seguir Jesus. Aceitar Jesus é mudar de atitudes, de palavras, de ações. Os discípulos devem agir de forma diferente daqueles que agem contra a vida. Não é possível servir a Deus e ao dinheiro. E aqui, entenda dinheiro como tudo aquilo que gera dissenso, morte, negação da vida, racismo, preconceito, homofobia, misoginia, destruição da natureza. Negar os avanços da ciência é ir contra Deus, confira Eclesiástico 38,1-8.

Amigos, o vinho novo da mensagem de Jesus deve ser colocado em corações novos. Renove seu coração para receberes a vida nova que Cristo nos dá. Amém.

Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 2,18-22

18Os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: 'Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?' 19Jesus respondeu: 'Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. 20Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar. 21Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. 22Ninguém pðe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se  perdem. Por isso, vinho novo em odres novos'.

Palavra da Salvação.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

"Eu farei de vós pescadores de homens"


 Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1,14-20

14Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15'O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!' 16E, passando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17Jesus lhes disse: 'Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens'. 18E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. 19Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; 20e logo os chamou. Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Ontem, Batismo do Senhor. Hoje, chamado dos primeiros discípulos.

O evangelho de Marcos é considerado catequético, quer dizer, o objetivo dele é apresentar Jesus, sem se perder em outras informações pormenorizadas. Marcos tem o objetivo de responder  pergunta, Quem é Jesus? O que acontece no meio do evangelho.

Algumas observações sobre esse texto. João Batista fora preso pelo poder político-religioso de seu tempo. Esse fato, fez com que Jesus percebesse a necessidade de voltar para a Galileia. Mas, Ele não foi para se esconder. A prisão de João Batista mostrou a Jesus que é na periferia que haverá o terreno fértil para sua missão, anunciar o evangelho, e a necessidade de conversão para poder receber o Reino de Deus.

O anúncio do evangelho exige compromisso, e compromisso social, "pescadores de homens". É preciso fazer com que o evangelho seja divulgado entre todas e todos.

Quem assumi o serviço de propagar o evangelho contagia outras e outros. É uma tarefa difícil. Implica em colocar a vida em risco (prisão de João Batista).

O chamado dos primeiros discípulos evangelizadores-missionários deve nos levar a pensarmos como estamos vivendo nossa ação evangelizadora. Assumi o anúncio do Reino do Reino é missão do todas e de todos os batizados.

domingo, 10 de janeiro de 2021

Batismo do Senhor



O profeta Isaías enumera as qualidades do servo: promotor da justiça, não levanta a voz, não se faz ouvir pelas ruas, não quebra a cana rachada, não apaga o pavio que fumega, não esmorece nem se deixa abater enquanto não estabelecer a justiça na terra.

E, ainda mais, o profeta diz "Eis o meu servo, eis o meu eleito; nele se compraz minha alma, pus nele o meu espírito".

E, a leitura finaliza dizendo, "Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, 7para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas". Essa é a missão do servo. E deve ser a nossa missão também. Mas, para isso, desenvolver em nós as mesmas qualidades do servo.

Nos Atos dos Apóstolos, Pedro nos lembra que "Deus não faz distinção entre pessoas". Para Deus, todas e todos são filhos e filhas. Todos merecem respeito e acolhimento. Deus é Deus de todas e todos. E ainda, Pedro acrescenta, "Ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença". Interessante, não importa de onde se é, e quem se é. Desde pratique a justiça e creia em Deus, são considerados filhos e filhas. E Pedro conclui, "Ele andou por toda a parte, fazendo o bem o curando a todos que estavam dominados pelo demônio, porque Deus estava com ele"

Pedro fez a grande experiência libertadora de Deus. Entendeu que a lei escraviza e mata. E que o Espírito Santo liberta das opressões.

No evangelho, temos a narrativa do batismo de Jesus. Cena belíssima. Jesus se faz batizar como todos do seu tempo. Um batismo que libertava do pecado. Mas, Jesus não tinha pecado! Reflita sobre isso em seu coração.

Voltemos. Antes de batizar Jesus, João Batista forma o povo que vai até ele. Dizia: "Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias. 8Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo". É importante que o povo saiba que não era ele quem batizava com o Espírito que liberta e Salva.

Nesta cena, temos a teofania que diz: "Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem querer". Jesus é o Filho-Servo, e como tal, traz em si a marca do servo que Isaías mostrou na primeira leitura. O Espírito Santo, enviado no batismo, o torna servo. O faz libertador. O Espírito Santo move Jesus à sua missão. 

Contemplar o batismo de Jesus, é contemplar nosso batismo também. Onde estamos colocando a unção que recebemos no nosso batismo? Como estamos vivendo a missão para a qual fomos enviados pelo nosso batismo? Como vivemos o amor, a justiça e a caridade que Deus espera de nós?

O batismo não pode ser meramente um sacramento que apaga pegados. Ele deve ser entendido como um sinal que muda nossas vidas, e que nos faz filhas e filhos de Deus, em quem ele deposita seu "bem-querer". Amém.

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Dai-lhes vós mesmos de comer


Estamos ainda no tempo do Natal. O período natalino se encerra no dia da Solenidade do Batismo do Senhor, próximo dia 10 de janeiro.

Hoje é a terça-feira da semana da Epifania do Senhor, que comemoramos no último domingo, dia três de janeiro. Estamos caminhando para a celebração do Batismo do Senhor.

As duas leituras da liturgia de hoje nos fazem refletir como devemos agir diante dos pobres, dos sofredores, dos que estão errantes pelo mundo.

João nos exorta ao amor. Ele afirma que "todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece Deus". O amor é a característica principal de quem afirma que acredita em Deus, que ama a Deus sobre todas as coisas. Amar deve ser a atitude principal de quem frequenta a Igreja, reza o terço, vai aos grupos de oração, faz adoração ao santíssimo. Sem amor, nada disso tem valor. Tudo é só uma manifestação externa de uma fé vazia. O verdadeiro amor leva ao encontro daqueles e daquelas que estão em situação de penúria, de miséria, de vulnerabilidade. 

Jesus nos mostra como o amor deve ser vivido, "dai-lhes vós mesmo de comer". A multidão está diante de Jesus ouvindo suas palavras (palavras de vida eterna). A hora é avançada. Os discípulos dizem que é preciso liberar aquele povo todo para que possam ir aos povoados ao redor para comprar o que comer. Mas Jesus é o pão descido do céu. Ele é o alimento. Ele dá o alimento. 

Jesus, então, mostra aos seus discípulos que onde há um pouco de pão, e alguns peixes, desde que aja amor, é possível alimentar todas e todos. Alguns teólogos afirmam que Jesus provocou naquela multidão ali reunida, o milagre da partilha. Que ele as motivou a colocar em comum aquilo que tinham. 

É interessante notar que num grupo grande como aquele, com certeza tinham pessoas com mais comida, outras com menos, e ainda, aquelas que nada tinham. O que sobrava para alguns, faltava para outros. Então, Jesus dá graças a Deus. Jesus convoca, pela oração, que as pessoas sejam solidárias. E assim, se deu o milagre. Não basta dizer "Senhor, Senhor", é preciso dar mostras desse amor que alimenta os famintos, que dá de beber aos que tem sede, que veste os nus, que visita os doentes, que conforta os encarcerados, e que acolhe os refugiados. 

Estamos nos preparando para a Festa do Batismo do Senhor. Ser batizado, implica em renunciar as vontades próprias. Ouvir a palavra de Deus. Fazer a vontade de Deus ("seja feita a vossa vontade"). E deixar que o Espírito Santo nos guie.

domingo, 3 de janeiro de 2021

Epifania do Senhor


Hoje celebramos a Epifania do Senhor.

Antes de mais nada, Epifania significa manifestação de Deus. E, sobre esse tema, existem vários momentos na sagrada escritura de manifestação de Deus e de Jesus. Lembremos do Batismo, do milagre em Caná, de Deus na sarça ardente, os pastores no nascimento, e por aí vai.

 O evangelho de hoje revela que os povos do oriente pressentiram alguma coisa diferente ao contemplarem as estrelas. Alguma coisa de extraordinário havia acontecido naquela região. Uma manifestação divina. 

Mateus chama esses homens de magos. Magos não por que faziam magias. Eles eram astrônomos. Observavam o céu de forma científica. Olhavam para o cosmos. Para nós, a criação vai muito além da terra. Releia os capítulo um e dois do Gêneses.

Os magos perguntam, "onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer?" Como assim? "Nos vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo". Essa notícia foi perturbadora. Todos achavam que um herdeiro real viria de Herodes, e não de Belém, apesar de os profetas já preverem isso. 

Aqueles que usurpam o poder se assustam com quem pode lhes tirar do trono, "derrubou dos tronos os poderosos". É preciso assuntar bem essa notícia. Ter informações precisas. Então, Herodes diz aos magos que obtenham "informações exatas sobre o menino", e quando isso acontecer, devem voltar e comunicar ao "rei" para que ele possa ir "adorá-lo" também. 

A estrela é a guia dos magos. Sempre à frente. Indicando a direção. Mostrando o caminho. O profeta Isaias, na primeira leitura, diz que "os povos caminham à tua luz", e que a "glória já se manifesta". E Paulo afirma aos Efésios que "os pagãos são membros do mesmo corpo, associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho".

Hoje para nós, o Senhor se manifesta na pregação do seu evangelho. Nas obras de caridade. No ir ao encontro. Numa Igreja em saída, mesmo que para isso ela sofra perseguição. Uma Igreja que denuncia os pecados do mundo. Uma Igreja que defenda o meio ambiente. Uma Igreja que acolhe com afeto os que sofrem racismo, misoginia, homofobia. Os magos foram ao encontro. E nós somos chamados a irmos ao encontro. Ao encontro daquele que nos indica a direção da vida, da nova humanidade, da nova sociedade, da Civilização do Amor. 

Quem vai ao encontro de Deus não pode voltar pelo mesmo caminho. Quem tem um encontro verdadeiro com Deus muda de caminho. Não é mais possível se manter no caminho da escuridão. Uma luz iluminou as trevas. Uma luz ilumina a obscuridade das ações daqueles que insistem em praticar a necro-política. Que negam a ciência. Que negam a vida. Que dizem " e daí, todos morrem mesmo". Nosso Deus é o Deus da vida e não da morte. 

Uma luz guiou os magos. Hoje, uma luz nos guia, o evangelho de Jesus. Magos aparecem para indicar o caminho da vida. 

Anunciemos com o salmista que Deus "libertará o indigente que suplica/ e o pobre ao qual ninguém quer ajudar./ Terá pena do indigente e do infeliz/ e a vida dos humildes salvará". Amém.