sexta-feira, 5 de março de 2021

Este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado.


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 15,1-3.11-32
 

Hoje temos uma das mais belas passagens do evangelho, o conhecido texto do Pai Misericordioso. Um texto que marcou, e marca muitas pessoas pela atitude de um pai com seus filhos.

Um deles, o mais novo, eufórico com as coisas do mundo, com as coisas da vida, querendo "ganhar o mundo" através das riquezas, decidiu pedir a parte da herança que lhe cabia.

O pai tinha duas possibilidades. A primeira, negar. Dizer que não era ainda a hora da partilha. E a segunda, o que vemos na leitura de hoje. Dividiu os bens, e deu a parte da herança que cabia ao mais novo.

Aos nossos olhos, a história acabaria aí. Pronto. Herança dividida, aquele pai não teria mais compromisso com aquele filho. Com certeza, o irmão deve ter ficado perplexo com essa atitude.

Entretanto, Jesus quer destacar a ação do Pai. Alguns estudiosos dizem que provavelmente aquele pai ia todos os dias para o lugar mais alto da casa, ou até mesmo para estrada ver se aquele filho estava voltando.

Mas, a história nos conta que todo o dinheiro recebido foi gasto numa vida desenfreada. Não enumera o que ele fez. Só diz que caiu em miséria. E que fora cuidar de porcos, e comer a mesma comida que esses bichos. Aqui, acabe uma explicação, os judeus não comem carne de porco.

Aquele filho, então, lembrou-se que na casa do seu pai os empregados eram tratados com dignidade, e pensou em voltar. Mas como seria isso? Ele tinha perdido a herança, o anel de filho, a dignidade de membro daquela família. Como voltaria?

Então, pensou, volto e peço para ser tratado como um dos empregados, assim, terei dignidade na vida. 

Temos, a partir desse momento, o grande pulo do gato. A grande revelação de Jesus. Vendo o filho ainda longe, na estrada, voltando, foi ao seu encontro. É a primeira atitude de Deus Pai em relação a nós, Ele vem ao nosso encontro.

Em seguida, o filho disse, "perdoa-me, pequei contra ti, já não sou digno de ser chamada teu filho. Trata-me com um dos teus empregados".

O pai não lhe diz se o perdoou ou não. Simplesmente, pega o filho pelas mãos, chama os empregados. Manda que a ele seja devolvida a túnica e o anel de filho. Isso já bastava para o perdão paterno. 

Deus é assim. Ele não quer saber o que fizemos. Ele olha para a nossa miséria quando nos reconhecemos pecadores, e nos coloca, novamente, no lugar de filhos. Nos devolve a dignidade de filhos e filhas. E faz festa. Muita festa.

Eu poderia parar aqui. Mas, vamos adiante. Temos ainda a nossa representação nessa história, o filho mais velho.

Nesse momento da história, chega o filho mais velho. Ouve barulho de festa, música. E pergunta a um dos empregados o que estava acontecendo. O empregado narra que o irmão havia voltado, e que o pai havia mandado matar novilho novo, e fazer festas. O filho mais velho se recusa a entrar em casa.

O pai, então, vem ao seu encontro. Observe que a ação de ir ao encontro é sempre do Pai. Ele acolheu o filho perdido, e agora precisava acolher o filho revoltado, triste, chateado com a situação.

O filho diz, "esse teu filho gastou teus bens com prostitutas; e você manda fazer uma festa para ele"? O pai diz, "filho, tu sempre estivestes aqui. Tudo que é meu, é teu. Este teu irmão estava morto e voltou a vida, estava perdido e foi encontrado".

Mais uma vez, o pai recolhe da terra um dos filhos que poderia ficar perdido por causa do ciúme, da inveja, da raiva.

O texto não diz como acaba essa história. Mas fica para nós que nosso Deus, o Deus que Jesus veio revelar e mostrar o rosto, é um Deus que se alegra com a conversão. Um Deus que busca resgatar o que está perdido. Que vem ao nosso encontro. O pai do evangelho resgatou os dois filhos. O pai da parábola se importa com os dois filhos. Assim é Deus. Quer todos e todas juntos de si.

Nossa leitura deve nos levar a atitudes de misericórdia. Independentemente, da religião que as pessoas professam, e mesmo que não professem, elas devem ser respeitas. Jesus chamou ao resgate os que derem de comer aos famintos, de beber aos sedentos; que vestisse os nus; que fosse visitar os doentes, e consolar os encarcerados. Que acolhessem os peregrinos-refugiados-perseguidos. Lembremos, com a mesma medida com a qual medirmos, seremos medidos. Somos nós mesmos que produzimos nosso instrumento de medição.

Amém.

 Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 15,1-3.11-32

Naquele tempo: 1Os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. 'Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles.' 3Então Jesus contou-lhes esta parábola: 11'Um homem tinha dois filhos. 12O filho mais novo disse ao pai: 'Pai, dá-me a parte da herança que me cabe'. E o pai dividiu os bens entre eles. 13Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. 15Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. 16O rapaz queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. 17Então caiu em si e disse: 'Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. 18Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: `Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados'. 20Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o, e cobriu-o de beijos. 21O filho, então, lhe disse: 'Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho'. 22Mas o pai disse aos empregados: `Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. 24Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado'. E começaram a festa. 25O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. 27O criado respondeu: `É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde'. 28Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29Ele, porém, respondeu ao pai: `Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado'. 31Então o pai lhe disse: `Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado'.'

Palavra da Salvação.


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Sim! Muito bonita esta palavra! Tratar a todos com respeito, dignidade e de forma igual deveria ser o que norteia o ser humano! Todos somos iguais e devemos proporcionar o que há de melhor de nós para o próximo!

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