terça-feira, 30 de março de 2021

Terça-feira da Semana Santa. As sete dores de Nossa Senhora, Maria, mãe de Jesus.

 


Uma antiga tradição nos lembra, durante o período da Semana Santa, as Sete Dores de Nossa Senhora, Maria, Mãe de Jesus.

1º. A profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas 2,34-35)

"34 Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: «Eis que este menino vai ser causa de queda e elevação de muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35 Quanto a você, uma espada há de atravessar-lhe a alma. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações".

Cumprido o rito mosaico, Maria e José levaram o menino ao templo para o consagrá-lo ao Senhor. O sacerdote Simeão, então, faz duas profecias, uma em relação ao menino; a outra, em relação à mãe.

Ele diz que em Jesus muitas coisas serão reveladas. As pessoas deverão assumir a opção pela vida ou pela morte. E quanto a Ela, a dor pela qual o filho deverá passar, vai atravessar a sua alma. Dor de mãe, que sofre com a dor do filho. Ele diz, "serão revelados os pensamento de muitos corações". Assim, rezamos, "as gerações hão de me chamar de bem-aventurada". Bem aventurada aquela que acreditou e passou pela dor do sofrimento com fé em Deus.

2º. A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus 2,13-21)

A necessidade de sair da própria pátria para proteger o filho. Deixar para trás os familiares, os amigos, os vizinhos. Uma nova vida. Num lugar novo e distante. Quantas dúvidas no coração. Uma viagem perigosa. Somente o Pai, a Mãe, o recém nascido, e um animal como meio transporte. Uma grande distância a ser percorrida. Passando pelos perigos do deserto. Sem abrigo. Quantas incertezas. Quanta dor isso provocou naquele coração de mãe.

Muitas vezes, para salvar a vida de um filho, de uma filha, é necessário partir para outro lugar, levando consigo as incertezas dessa nova vida.

Maria passou pela dor dos refugiados. Dos sem pátria. Daqueles e daquelas que precisaram deixar suas terras, suas raízes, sua cultura, sua fé, para garantir a própria vida.

Era preciso passar pela dor de ser refugiado para entender as pessoas que passam por essa situação.

3º. O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas 2,41-51)

Após cumprir as obrigações religiosas em Jerusalém, a família voltava para casa com a caravana. Todos se conheciam. Sabiam nome, e de qual família pertenciam. Era costume as crianças e adolescentes andarem pela caravana. 

Mas, depois de três dias de caminhada, não encontraram o menino no meio dos parentes. Que desespero! Voltaram para Jerusalém. Com certeza, às pressas.

Lá, depois de uma busca minuciosa, tiveram a surpresa de encontrar o garoto no templo, junto aos doutores da lei. Conversando, perguntando, questionando, ensinando. 

A perda de um filho/filha é uma dor muito grande. Imagine ainda perder o filho do próprio Deus. Que angústia. 

Maria sente as dores e compreende as famílias que veem seus filhos e filhas perdidos, sumidos, raptados, desaparecidos. 

4º. O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas 23:27-31)

Lá estava ele. Ensanguentado. Carregando a cruz. Depois de todo o flagelo. Depois de toda a dor. Ter que caminhar até o Calvário. Uma caminhada não muito longa para quem está bem. Mas dolorosa para quem está ensanguentado, alquebrantado. 

Ela encontra o Filho. Olha-o nos olhos. Vê passar em sua cabeça toda a história de uma vida de relação entre mãe e filho. Desde o anuncio, até aquele momento. Todas as alegrias e tristezas. Lá está Ela, vendo o Filho, na dor.

5º. Maria observando o sofrimento e morte de Jesus na Cruz - Stabat Mater (João 19:25-27)

Lá estava ela, ao pé da cruz, como narra João. Imagina a cena. Ela, aqui em baixo. Ele, lá em cima, pregado na cruz. Sangue escorrendo para tudo que era lado.

Quanta dor. Quanto desespero. Ela devia estar rezando junto com o filho: "meu Deus, meu Deus, porque me (nos) abandonastes". Porque abandonar o próprio filho? Porque era preciso que o filho passe por isso? 

Maria entende todas as mães que veem seus filhos sendo mortos injustamente. Quantas crianças, jovens, adolescentes negros e pobres sendo mortos sem motivo algum? Colocados na cruz das balas de fuzis, e de outras armas. Pessoas que são mortas pelo braço armado do Estado. Pessoas que são mortas porque não existe uma política de vacinação contar a Covid-19.

Quanto sofrimento.

6º. Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus 27:55-61)

Mãe da Piedade. Recebe, nos braços, o Filho da Misericórdia. Um corpo sem vida. Aquela criança que recebeu os braços da mãe no nascimento, aquela criança que viajou nos braços da mãe para o Egito. Aquela criança nos braços da mãe sendo amamentada. 

Agora, aquele corpo sem vida. Quanta coisa passou na cabeça de Maria. Quantas dores as mães que perdem seus filhos passam. Maria compreende a dor o sofrimento das mães que tem nos braços os filhos e filhas sem vida.

7º. Maria observa o corpo do filho a ser depositado no Santo Sepulcro (Lucas 23:55-56)

O último lugar da existência humana. O sepulcro. Depois de viver, o sepulcro passa a ser nossa casa.

Maria está ali. Vendo o filho ser colocado no sepulcro. É a última vez que ela verá o filho. Pelo menos é o que ela imagina.

Quantas mães veem seus filhos sendo colocados no sepulcro. Quantas mães sofrem. 

Maria, consola essas mães. Mostra que a dor pode ser transformada em vida. Vida que age no dia-a-dia para que a violência seja cessada. Que não haja mais mortes violentas. Que não haja morte por armas. 

Medite as dores. Não é hora de falarmos de ressurreição. Nem de vida. É hora de pensar nos sofrimentos pelos quais a humanidade passa.

Um comentário:

  1. Verdade!! Muito sofrimento para todos nós!!! Necessitamos urgente de medidas de contenção da pandemia: Vacina para todos; protocolos cumpridos em todo lugar fechado, respeito com outrem e preocupação com os outros!!

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