Hoje celebramos a Festa de São Lourenço, diácono e mártir.
Todos os anos, a mais de 13 anos, no dia 10 de agosto escrevo um texto sobre a Festa de São Lourenço e a missão dos diáconos. Esse ano, resolvi fazer esse artigo que apresenta o pensamento da Igreja sobre o diaconato através do magistério da Igreja, apresentado pelos três último papas (João Paulo II, Bento XVI e Francisco), bem como as instruções emanadas pelas Congregações da Educação Católica e do Clero.
O debate em torno da restauração do Diaconato como grau permanente do Sacramento da Ordem não é recente. Desde o Concílio de Trento, esse debate é colocado para um entendimento da função dos Diáconos Permanentes dentro da Igreja Católica.
A Congregação para a Educação Católica e a Congregação para o Clero, em Declaração Conjunta na apresentação das Normas Fundamentais para a Formação dos Diáconos Permanentes e do Diretório do Ministério e da Vida dos Diáconos Permanentes, afirmaram: "O diaconado permanente, restaurado pelo Concílio Vaticano II em harmonia de continuidade com toda a Tradição e com os próprios desejos do Concílio de Trento, conheceu nestes últimos decénios, em muitos lugares, um forte impulso e produziu frutos prometedores, com vantagem para o trabalho urgente da nova evangelização. A Santa Sé e numerosos Episcopados não deixaram de apresentar normas e referências de vida e de formação diaconal, ajudando uma experiência eclesial que, para o seu incremento, necessita hoje de unidade de objetivos, de ulteriores elementos de clarificação e, no plano da ação, de estímulos e determinações pastorais. É toda a realidade diaconal (visão teológica fundamental, consequente discernimento vocacional e preparação, vida, ministério, espiritualidade e formação permanente) que hoje exige um discernimento do caminho percorrido até agora, para chegar a uma clarificação global, indispensável para um novo impulso deste grau da Ordem sacra, de acordo com os desejos e as intenções do Concílio Vaticano II".
Em fevereiro do ano 2000, no Ângelus, o Papa João Paulo II declarou: "Aprecio muito a presença de todos vós, também porque me oferece a oportunidade de ressaltar a importância do vosso papel característico: com a ordenação sacramental, o diácono assume uma particular "diaconia", que se exprime sobretudo no serviço ao Evangelho. Durante o rito, o Bispo consagrante pronuncia as seguintes palavras: "Recebe o Evangelho de Cristo, do qual agora te tornas arauto. Crê naquilo que lês, ensina o que crês, vive o que ensinas". Eis a vossa missão, queridos Irmãos: abraçar o Evangelho, aprofundar na fé a sua mensagem, amá-lo e testemunhá-lo com as palavras e as ações. A obra da nova evangelização precisa do vosso contributo feito de coerência e dedicação, de coragem e generosidade, no serviço quotidiano da liturgia, da palavra e da caridade. Vós, Diáconos, chamados com o celibato a levar uma vida dedicada de modo total a Deus e ao seu Reino, viveis esta vossa missão alegre e fielmente. Também vós a viveis, Diáconos casados, a quem Cristo pede que sejais modelos de verdadeiro amor no âmbito da vida familiar. O Senhor escolheu-vos a todos para serdes seus colaboradores na obra da salvação".
Em audiência aos diáconos de Roma (fevereiro de 2006), O Papa Emérito Bento XVI, afirmou:
"Prezados Diáconos, agradeço-vos os serviços que, com grande generosidade, desempenhais em numerosas atividades paroquiais de Roma, dedicando-vos de modo particular à pastoral baptismal e familiar. Ensinando o Evangelho de Cristo, que vos foi confiado pelo Bispo no dia da vossa ordenação, vós ajudais os pais que pedem o baptismo para os seus filhos, a aprofundarem o mistério da vida divina que nos foi doada e o da Igreja, a grande família de Deus, enquanto aos noivos que desejam celebrar o sacramento do matrimónio, anunciai a verdade sobre o amor humano, explicando desta forma que "o matrimónio baseado num amor exclusivo e definitivo se torna o ícone do relacionamento de Deus com o seu povo e vice-versa" ( Deus caritas est, 11).
"Muitos de vós desempenhais uma atividade de trabalho nos escritórios, nos hospitais e nas escolas: em tais ambientes, sois chamados a ser servidores da Verdade. Anunciando o Evangelho, podereis transmitir a Palavra capaz de iluminar e dar significado ao trabalho do homem, ao sofrimento dos doentes, e ajudareis as novas gerações a descobrir a beleza da fé cristã. Deste modo, sereis Diáconos da Verdade que liberta, enquanto conduzireis os habitantes desta cidade rumo ao encontro com Jesus Cristo. Acolher o Redentor na própria vida constitui, para o homem, uma fonte de profunda alegria, um júbilo que pode infundir a paz até nos momentos de provação. Por conseguinte, sede servidores da Verdade para vos tornardes portadores da alegria que Deus deseja transmitir a cada um dos homens".
"Porém, não é suficiente anunciar a fé apenas com as palavras porque, como recorda o Apóstolo Tiago, a fé "sem as obras, está completamente morta" (2, 17). Por conseguinte, é necessário acompanhar o anúncio do Evangelho com o testemunho concreto da caridade, que "para a Igreja... não é uma espécie de atividade de assistência social... mas pertence à sua natureza, é expressão irrenunciável da sua própria essência" ( Deus caritas est, 25). A prática da caridade pertence desde o início ao ministério diaconal: os sete, de quem falam os Atos dos Apóstolos, foram eleitos para servir à mesa. Vós, que pertenceis à Igreja de Roma, sois os herdeiros de uma longa tradição, que encontra no Diácono Lourenço uma figura singularmente bonita e luminosa. Existem muitos pobres, com frequência provenientes de países muito distantes da Itália, que batem às portas das comunidades paroquiais em ordem a pedir uma ajuda necessária para superar momentos de grave dificuldade. Acolhei estes irmãos com grande cordialidade e disponibilidade e procurai, na medida do possível, ajudá-los nas suas necessidades, recordando-vos sempre das palavras do Senhor: "Todas as vezes que fizestes isto a um dos menores dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes" (Mt 25, 40). Manifesto o meu agradecimento a todos aqueles dentre vós que se encontram comprometidos neste silencioso e quotidiano testemunho da caridade. Efetivamente, através do vosso serviço também os pobres sentem que fazem parte da grande família dos filhos de Deus, que é a Igreja".
"Estimados Diáconos romanos, vivendo e testemunhando a caridade infinita de Deus, que o vosso ministério possa colocar-se sempre ao serviço da edificação da Igreja como comunhão. No vosso trabalho, recebeis o apoio do carinho e da oração das vossas famílias. A vossa vocação é uma graça particular para a vossa vida familiar, que deste modo é chamada a abrir-se cada vez mais ao acolhimento da vontade do Senhor e das necessidades da Igreja. O Senhor recompense a disponibilidade com que as vossas esposas e os vossos filhos vos acompanham no vosso serviço a toda a comunidade eclesial".
O Papa Francisco, no Prefácio do livro "O Diaconato no Pensamento do Papa Francisco", de Enzo Petrolino, afirmou que "A Igreja encontra no diaconato permanente a expressão e o impulso vital para se fazer sinal visível da diaconia de Cristo Servo na história dos homens. A sensibilidade à formação de uma consciência diaconal pode precisamente ser considerada o motivo de fundo que deve permear as comunidades cristãs". E mais, "O ministério diaconal deve ser visto como parte integrante do trabalho feito pelo Concílio para preparar toda a Igreja a um renovado apostolado no mundo de hoje. Os diáconos podem com razão ser definidos como os pioneiros da nova evangelização do amor como amava dizer São João Paulo II".
A CNBB, no documento 96, parágrafo 58, apresenta o que os bispos do Brasil esperam dos diáconos permanentes.
Dizem os bispos: "Na promoção social e na vivência das obras de misericórdia, o diácono assume a opção preferencial pelos pobres, marginalizados e excluídos. Ele é apóstolo da caridade com os pobres, envolvido com a conquista de sua dignidade e de seus direitos econômicos, políticos e sociais. Está próximo da dor do mundo. Deixa-se tocar e sensibilizar pela miséria e pelas provações da vida. Reveste-se de especial compaixão pelos: “migrantes, vítimas da violência, os deslocados e refugiados, as vítimas do tráfico de pessoas e sequestros, os desaparecidos, os enfermos de HIV e de enfermidades endêmicas, os tóxico-dependentes, idosos, meninos e meninas, que são vítimas da prostituição, pornografia e violência ou do trabalho infantil, mulheres maltratadas, vítimas de exclusão e do tráfico para a exploração sexual, pessoas com capacidades diferentes, grandes grupos de desempregados/as, os excluídos pelo analfabetismo tecnológico, as pessoas que vivem nas ruas das grandes cidades, os indígenas e africanos, agricultores sem terras e trabalhadores das minas” (DA, n.402).
Lembre-se de rezar pelas vocações diaconais.
Sim. Sempre rezarmos por todos.
ResponderExcluir