domingo, 22 de dezembro de 2024

"Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!"

 



Hoje celebramos a quarta semana do Advento. Proponho uma reflexão breve sobre cada uma das leituras e o salmo responsorial.

Mq 5,1-4a

A profecia, que anuncia o nascimento do Messias em Belém, é um texto de grande importância messiânica, pois fala sobre a vinda de um governante divino e eterno. Este Messias será de origem humilde, vindo de Belém, uma cidade pequena e insignificante, mas sua autoridade será universal, "com a força do Senhor" e trazendo "a paz". Esse versículo aponta para a figura de Jesus, cujas origens estão em Deus, e cujo nascimento, embora humilde, trará salvação e paz para todos. Este é um texto profundamente vinculado ao mistério da Encarnação, em que o Filho de Deus se torna homem para habitar entre nós e trazer a redenção.

Sl 79(80),2ac.3b.15-16.18-19 (R. 4)

O Salmo é uma súplica ao Senhor, pedindo-lhe que olhe com misericórdia para o seu povo e restaure sua proteção e salvação. Ele evoca a imagem de Deus como pastor, lembrando os tempos de Israel sob a liderança de Deus, que conduzia o seu povo como uma ovelha. A petição por salvação é central: o povo de Deus está aflito e pede que o Senhor "desperte" seu poder e traga renovação. O versículo 18, "não nos apartaremos de ti; vivificai-nos, e invocaremos o teu nome", mostra um desejo profundo de intimidade com Deus e de renovação espiritual. Esse salmo se relaciona com a espera do Messias, o Salvador, que trará a restauração prometida, dando resposta à súplica de paz e salvação.

Hb 10,5-10

O autor reflete sobre a supremacia do sacrifício de Cristo em relação aos sacrifícios do Antigo Testamento. O versículo 5 faz referência ao fato de que Deus não deseja sacrifícios materiais, mas um coração disposto a cumprir a vontade divina, algo que se concretiza na entrega total de Jesus. Ao se oferecer como sacrifício definitivo, Jesus cumpre a vontade de Deus de uma maneira que os sacrifícios do Antigo Testamento nunca puderam fazer. Ele é o sacrifício perfeito, que santifica a humanidade uma vez por todas. Este texto está intimamente ligado ao tema da encarnação, pois Cristo veio ao mundo para realizar essa missão de redenção, oferecendo-se por nós.

Lc 1,39-45

Lucas descreve o encontro entre Maria e Isabel, quando Maria vai visitar sua parente após o anúncio do anjo de que ela seria a mãe do Salvador. Ao ouvir a saudação de Maria, Isabel é preenchida pelo Espírito Santo e proclama a benção sobre Maria, reconhecendo nela a mãe do Senhor. A alegria de Isabel é sinal do reconhecimento da presença de Deus na vida de Maria e, através dela, na história da salvação. Maria, por sua vez, é bem-aventurada por sua fé, pois acreditou na promessa de Deus, que se cumprirá com o nascimento de Jesus. Esse momento reforça o papel central de Maria na história da salvação e antecipa a missão de Cristo.

Essas leituras estão interligadas por um tema central: a chegada do Messias e a salvação que ele traz ao mundo. A profecia de Miquéias aponta para o nascimento de um governante que trará paz (Mq 5,1-4a), enquanto o Salmo 79(80) é uma oração pela restauração e pela salvação do povo de Deus, uma súplica que encontra sua resposta na vinda do Messias. Em Hebreus, vemos que o sacrifício de Jesus é o cumprimento da vontade de Deus, dando a salvação definitiva (Hb 10,5-10). Finalmente, o encontro entre Maria e Isabel em Lucas 1,39-45 celebra a realização dessa promessa, com a manifestação da presença de Jesus no ventre de Maria, a verdadeira paz e salvação que Deus prometeu.

Essas passagens nos chamam a refletir sobre a fé, a esperança e a confiança nas promessas de Deus. A expectativa do Messias é respondida com a visitação de Maria a Isabel, e a mensagem central é a do cumprimento das promessas divinas de salvação e paz por meio da Encarnação de Cristo.

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