sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Ele viu, e acreditou.

 


Hoje celebramos a festa de São João apóstolo e evangelista. Vamos fazer uma breve reflexão sobre os dois textos da liturgia de hoje, 1Jo 1,1-4 e  Jo 20,2-8.

Para entendermos o que escreveu São João em sua carta, vamos refletir sobre os versículos iniciais do seu evangelho.

O Evangelho de João narra a descoberta do túmulo vazio por Maria Madalena e a corrida de Pedro e do discípulo amado (identificado tradicionalmente como João) até o sepulcro. Esse episódio é fundamental, pois revela a primeira reação diante da ressurreição de Cristo e é um testemunho de fé.

Maria Madalena, ao encontrar o túmulo vazio, corre para informar Pedro. Ela não compreende totalmente o que aconteceu, mas a notícia a faz agir. Esse movimento de correr até o sepulcro pode ser visto como um símbolo da nossa urgência espiritual em buscar a verdade. Quando nos confrontamos com o vazio, com o mistério da morte e da vida, somos impulsionados a buscar respostas. Na vida cristã, isso também nos remete à nossa constante busca por compreender o mistério da ressurreição.

Quando o discípulo amado chega ao sepulcro e vê as faixas de linho, ele acredita. A sua fé não nasce de uma explicação lógica ou de uma visão milagrosa, mas da percepção profunda de que algo extraordinário aconteceu. O Evangelho fala aqui da fé que se ilumina no mistério da ressurreição. Às vezes, a fé não nasce de provas evidentes, mas de uma percepção interior, da luz que brota no coração ao nos depararmos com o vazio do túmulo, que é preenchido pela presença viva de Cristo. A fé é um dom, é um olhar interior que nos permite ver além do óbvio.

O vazio do túmulo, em sua aparente ausência, é na verdade a presença plena de Cristo. A ressurreição de Jesus não é apenas um evento histórico; ela é a porta para a vida nova, a confirmação de que a morte foi vencida e que, através de Cristo, temos acesso à vida eterna. Este é o mistério que os discípulos começam a entender aos poucos, e também é o mistério que nós, como cristãos, somos chamados a viver.

Essa experiência fez João refletir durante a vida esse mistério. 

No início de sua carta, o apóstolo João nos apresenta um testemunho claro e direto: o Verbo da Vida, que esteve com o Pai, se revelou aos apóstolos e agora é transmitido a nós. Este texto é um convite a mergulharmos na profundidade da experiência cristã, que é vivencial, pessoal e comunitária.

João fala do que viu, ouviu e tocou, evidenciando a proximidade de Cristo com os apóstolos. Ele não transmite uma doutrina distante ou teórica, mas um testemunho de algo vivido. O cristianismo, portanto, não é uma religião de meras crenças, mas uma experiência de encontro pessoal com Jesus, o Verbo da Vida. A ressurreição de Cristo é algo que transpassa a história, mas também toca e transforma a vida de cada cristão. Este testemunho de João nos convida a uma experiência viva com Cristo.

Ele escreve para nos convidar a uma comunhão com Deus e com os irmãos. A razão de dar esse testemunho não é apenas para que conheçamos uma história, mas para que participemos da vida divina. “O que vimos e ouvimos, anunciamos também a vocês, para que vocês tenham comunhão conosco”, ele diz. Esta comunhão é o fruto do encontro com o Cristo ressuscitado e é a verdadeira fonte da alegria plena (v. 4). A verdadeira alegria não é apenas emocional, mas nasce da união com Deus e com os irmãos na fé.

O apóstolo nos lembra que essa comunhão com Deus e com os outros crentes é o que nos dá uma alegria completa. Não se trata de uma alegria passageira ou superficial, mas de uma alegria que nasce do encontro com a verdade, com a luz e com a vida que são Jesus Cristo. A nossa fé é uma experiência de plenitude que não se restringe a algo individual, mas é vivida na comunidade.

Juntos, esses dois textos nos oferecem uma meditação sobre como a resurreição de Cristo transforma a nossa vida e nos convida a uma experiência pessoal e comunitária de fé.

Deus nos abençoe.

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