sábado, 28 de dezembro de 2024

Deus é luz e nele não há trevas.

 


Logo após o Natal, a nossa liturgia nos leva a meditarmos sobre alguns eventos que marcam a nossa vida de fé. Primeiro, contemplamos o martírio de Estêvão; segundo, fizemos memória a São João Evangelista; hoje olhamos para a maldade que quer eliminar Jesus ainda menino. No domingo, falaremos sobre a Sagrada Família de Jesus, Maria e José.

A liturgia de hoje nos apresenta três leituras que servem para a nossa reflexão: 1Jo 1,5-2,2;  Sl 123(124),2-3.4-5.7b-8 (R. 7a); Mt 2,13-18. 

A primeira leitura nos apresenta uma reflexão sobre a luz de Cristo e a reconciliação com Deus por meio do perdão. O autor destaca que "Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas" (1Jo 1,5), sublinhando a pureza divina, que ilumina nossas vidas e nos conduz à verdade. A luz de Cristo revela a realidade do pecado e, ao mesmo tempo, oferece a possibilidade de perdão.

O apóstolo João nos ensina que, se andarmos na luz, como Deus está na luz, teremos comunhão uns com os outros (1Jo 1,7). Esta comunhão é restaurada através da confissão e do arrependimento, pois "se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça" (1Jo 1,9).

Em seguida, nos lembra que Jesus Cristo, o Justo, é o nosso advogado junto ao Pai, e que Ele é o sacrifício expiatório pelos nossos pecados. Não apenas pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo. Esta passagem revela a infinita misericórdia de Deus, que se manifesta em Jesus Cristo, que se ofereceu como sacrifício para que pudéssemos ter o perdão e a vida eterna.

O Salmo nos fala da confiança do povo de Deus na ação libertadora de Deus em momentos de adversidade. Ele começa com uma reflexão sobre a salvação: "Se o Senhor não tivesse estado ao nosso lado, quando os homens se levantaram contra nós, eles nos teriam devorado vivos" (Sl 123,2-3). 

O salmista exalta a intervenção divina como a única razão pela qual o povo sobreviveu às ameaças e perigos. Essa confiança em Deus, que não abandona Seu povo, é um tema central no Antigo Testamento e é reafirmado no Novo Testamento.

O Evangelho relata um dos momentos dramáticos da infância de Jesus: a fuga da Sagrada Família para o Egito, para escapar da perseguição do rei Herodes. Quando Herodes, ao se sentir ameaçado pelo nascimento do "Rei dos Judeus", ordena o massacre de todos os meninos com menos de dois anos em Belém e arredores, a profecia de Jeremias se cumpre: "Em Ramá se ouviu uma voz, um grande lamento, choro e grande pranto: é Raquel que chora os seus filhos e não quer ser consolada, porque já não existem" (Mt 2,18).

A fuga para o Egito é um momento de grande sofrimento e dor, mas também de proteção divina. O anjo do Senhor adverte José em sonho, instruindo-o a levar Maria e Jesus para o Egito, onde permaneceriam até a morte de Herodes. Essa intervenção divina reflete o cuidado de Deus em preservar a vida do seu Filho, que viria a ser a luz do mundo.

A matança dos inocentes, por outro lado, revela a brutalidade do poder humano quando ameaça a liberdade e a vida. O sofrimento dos pequenos é um eco do sofrimento de todos os inocentes ao longo da história. Esse momento doloroso da história de Jesus antecipa as perseguições e sofrimentos que Ele mesmo enfrentaria em sua missão redentora.

Portanto, essas leituras nos convidam a refletir sobre a presença de Deus em nossas vidas, especialmente em momentos de dificuldades e sofrimentos. Em 1João, somos chamados a viver na luz de Cristo, buscando a reconciliação e o perdão de nossos pecados. O salmo nos lembra que, mesmo em tempos de adversidade, Deus está conosco, libertando-nos dos perigos. E o Evangelho de Mateus, ao narrar a fuga para o Egito e o massacre dos inocentes, revela a fidelidade e a proteção de Deus, mesmo diante da violência e da injustiça.

Juntas, essas leituras nos oferecem uma visão profunda do amor de Deus, que se manifesta em sua luz, em sua misericórdia e em sua proteção, especialmente em tempos de sofrimento e perseguição. O convite é seguir Jesus, que, mesmo na fraqueza da infância e nas adversidades, é o nosso Salvador e Libertador.

Deus nos abençoe.

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