quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Nada encontrarás que não esteja contido na oração do Senhor


Da Carta a Proba, de Santo Agostinho, bispo

(Ep.130,12,22-13,24:CSEL44,65-68)         (Séc.V)

Nada encontrarás que não esteja contido na oração do Senhor

Quem diz, por exemplo: Sê glorificado em todos os povos, assim como foste glorificado em nós (Eclo 36,3) e: Sejam reconhecidos fiéis os teus profetas (Eclo 36,15), o que diz senão: Santificado seja o teu nome?  

Quem diz: Deus dos exércitos, converte-nos e mostra tua face e seremos salvos (Sl 79,4), o que diz senão: Venha o teu reino?  

Quem diz: Orienta meus caminhos segundo tua palavra e nenhuma iniquidade me dominará (Sl 118,133), o que diz senão: Seja feita tua vontade assim na terra como no céu?  

Quem diz: Não me dês indigência nem riquezas (Pr 30,8) o que diz senão: O pão nosso de cada dia dá-nos hoje?  

Quem diz: Lembra-te, Senhor, de Davi e de sua mansidão (Sl 131,1) ou Senhor, se assim agi, se há iniquidade em minhas mãos, se paguei o bem com o mal (cf. Sl 7,14), o que diz senão: Perdoa nossas dívidas assim como perdoamos a nossos devedores?  

Quem diz: Arrebata-me de meus inimigos, ó Deus, e dos que se levantam contra mim liberta-me (Sl 58,2), o que diz senão: Livra-nos do mal?  

E se percorreres todas as palavras das santas preces, em meu parecer, nada encontrarás que não esteja contido nesta oração dominical ou que ela não encerre. Por isto cada qual ao orar é livre de dizer estas ou aquelas palavras, mas não pode sentir-se livre de dizer coisa diferente.  

Sem a menor dúvida, é isso que devemos pedir na oração, por nós, pelos nossos, pelos estranhos e até pelos inimigos; uma coisa para este,outra para aquele, conforme o parentesco mais próximo ou mais afastado, segundo brote ou inspire o sentimento no coração do orante.  

Sabes, agora, assim penso, não apenas como rezar, mas o que rezar; não fui eu o mestre, mas aquele que se dignou ensinar-nos a todos nós.  

A vida feliz, a ela temos de tender, temos de pedi-la ao Senhor Deus. O que seja ser feliz tem sido muito e por muitos discutido. Nós, porém, para que irmos atrás de muitos e de muitas coisas? Na Escritura de Deus, com toda a verdade e concisão, se diz: Feliz o povo que tem por Senhor o próprio Deus (Sl 143,15). Para sermos deste povo, chegar a contemplar a Deus e com ele viver sem fim, a meta do preceito é a caridade com um coração puro, consciência boa e fé sem hipocrisia (cf. 1Tm 1,5).  

Nestes três objetivos, a esperança corresponde à boa consciência. Portanto a fé, a esperança e a caridade levam a Deus o orante, aquele que crê, que espera, que deseja e que presta atenção ao que pede ao Senhor na oração dominical.

2 comentários:

  1. Excelente reflexão diácono. Bom dia!

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  2. A Fé remove montanhas! Precisamos ter esperança de dias melhores, pessoas mais solidárias, pessoas com mais empatia, e principalmente mais amor em nossas vidas e de quem necessita!

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