segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria

Paróquia da Boa Vista: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 4,16-30

16 Veio Jesus à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura. 17 Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: 18 'O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos 19 e para proclamar um ano da graça do Senhor.' 20 Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21 Então começou a dizer-lhes: 'Hoje se cumpriu  esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir.' 22 Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: 'Não é este o filho de José?' 23 Jesus, porém, disse: 'Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum.' 24 E acrescentou: 'Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25 De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26 No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia. 27 E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio.' 28 Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29 Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até ao alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30 Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

A meditação-contemplação desse texto sempre me impressionou. Depois de muito tempo, é o que nos parece, Jesus volta à sua cidade, ao lugar onde nascera e fora criado. E, num dia de Sábado, dia reservado ao culto, à meditação palavra de Deus, ao descanso sagrado, Jesus, conforme seu costume, foi à Sinagoga. Levantou-se para fazer a leitura do livro do profeta Isaías. E, ao escolher a passagem que iria ler, escolheu a passagem que temos: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos 19 e para proclamar um ano da graça do Senhor".
Não apenas leu, era de bom tom que aquele que lesse também fizesse o comentário da leitura. E assim, Ele fez. Notemos que Jesus não falou de alguém que viria. Ele próprio se identificou com aquela leitura, com aquela passagem. Ele viu ali a concretização de sua missão, "Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura"
Sempre achei essa passagem muito interessante. Jesus se identifica com o que Isaías escreveu. Sempre me perguntei, e eu, me identifico com a Palavra de Deus? As pessoas que estavam na sinagoga ficavam admiradas com as palavra de Jesus. Era um nova leitura dos profetas. Era um assumir na própria vida aquilo que o profeta havia predito. Ninguém, até aquele momento, havia feito isso. Nem mesmo os chefes religiosos do povo. 
Algo, então, nos chama atenção. É a identificação de quem é Jesus por parte dos seus citadinos. "Não é este o filho de José"? É como dizer, nós o conhecemos, desde a infância, passando pela juventude. Onde adquiriu esse conhecimento? Nós temos dificuldades em aceitar que Deus possa realizar algo de novo através das pessoas que conhecemos, que convivemos durante muitos anos, que vimos crescer, que conhecemos a família. Na verdade, rejeitamos aqueles que são iguais a nós. Que tem a mesma origem que a nossa. 
Jesus, então, vai dizer, "nenhum profeta é bem recebido em sua pátria". Certa vez, uma liderança catequética na paróquia onde eu sirvo, uma pessoa bem formada, bem vivida, com vários cursos de especialização, com formação teológica, me disse, "você acha que sabe tudo"? Logo me veio à cabeça a passagem, "nenhum profeta é bem recebido em sua pátria". Aqui não cabe a resposta que dei a pessoa, mas em seguida, me veio outra passagem, "avance para águas mais profundas". Mude de margem. E ainda mais, "Se alguém não os receber bem, e não escutar a palavra de vocês, ao sair dessa casa e dessa cidade, sacudam a poeira dos pés" (Mt 10,14). 
Foi o que fez Jesus.Foi embora. Essa é a única referência de retorno de Jesus à sua terra natal. Uma única tentativa. Então, ao invés de ficar lamentando, decidiu ir embora, e deixar aquelas pessoas para trás. 
Desde então, comecei a observar que o processo de evangelização exige um reconhecer aqueles que estão ao nosso redor. Que nos falam da palavra de Deus, e que dar ouvido a eles/elas é uma atitude que vem de Deus. E que todo aquele que rejeita um profeta, é ao próprio Deus que o rejeita. E ainda mais, os que não são do "grupinho", os que não estão acostumados a conviver dentro de "Nazaré", são as pessoas que mais ouvem, e que mudam de vida. Amém.

sábado, 29 de agosto de 2020

Trouxe a cabeça num prato

Blog do Professor Rony: Professor Rony relembra repressão contra  professores em Curitiba no dia 29 de abril de 2015
Cabeça de João Batista


Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6,17-29

17 Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. 18 João dizia a Herodes: "Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão". 19 Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. 20 Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava. 21 Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galiléia. 22 A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: "Pede-me o que quiseres e eu to darei". 23 E lhe jurou dizendo: "Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino". 24 Ela saiu e perguntou à mãe: "O que vou pedir?" A mãe respondeu: "A cabeça de João Batista". 25 E, voltando depressa para junto do rei, pediu: "Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista". 26 O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27 Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28 trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29 Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o sepultaram.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Estamos diante de uma das cenas cruéis do segundo testamento. A morte de João Batista. Uma cena para uma oração de contemplação. 
A lectio divina dessa cena, me inspirou a perguntar-me, estaria eu pronto para dar a vida pela defesa da verdade? Mas, da verdade mesmo. Não de uma mentira que quer ser transformada em verdade. A Palavra de Deus deve nos impulsionar para buscar as verdades políticas de nossos tempos. Diante da necro-política praticada em nossos dias, como tenho agido? Fico calado diante da morte? Fico calado diante das manipulações do poder? Fico calado diante da corrupção? 
Tenho coragem de denunciar o que está errado? Tenho coragem de enfrentar o poder constituído como exigência da fé e do seguimento de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida?
O evangelho de hoje é um questionamento a nós mesmos quanto ao como estamos vivendo a nossa fé. A fé tem implicações políticas sim. Ao defendermos governos corruptos, governos que estão aliados ao que existe de mais vil em nossa sociedade, estamos pecando, pois nosso Deus é o Deus da vida. Amém.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora.

10 VIRGENS | Teatro Cristão


Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25,1-13

Disse Jesus, a seus discípulos, esta parábola: 1 'O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo. 2 Cinco delas eram imprevidentes, e as outras cinco eram previdentes. 3 As imprevidentes pegaram as suas lâmpadas, mas não levaram óleo consigo.  4 As previdentes, porém, levaram vasilhas com óleo junto com as lâmpadas. 5 O noivo estava demorando e todas elas acabaram cochilando e dormindo. 6 No meio da noite, ouviu-se um grito: `O noivo está chegando. Ide ao seu encontro!' 7 Então as dez jovens se levantaram e prepararam as lâmpadas. 8 As imprevidentes disseram às previdentes: `Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando.' 9 As previdentes responderam: `De modo nenhum, porque o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós. É melhor irdes comprar aos  vendedores'. 10 Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou, e as que estavam preparadas
entraram com ele para a festa de casamento. E a porta se fechou. 11 Por fim, chegaram também as outras jovens e disseram: `Senhor! Senhor! Abre-nos a porta!' 12 Ele, porém, respondeu: `Em verdade eu vos digo: Não vos conheço!' 13 Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Clara como água. A parábola de hoje nos mostra o valor de estarmos atentos o tempo todo. Com dizem os escoteiros, "sempre alerta". 
As lâmpadas somos nós. O óleo nossas práticas religiosas. Nossas orações. Nossos momentos de lectio divina. Momento de meditação da palavra de Deus. São as nossas atitudes antirracistas, anti-homofóbicas. O óleo que faz cm que a lâmpada se mantenha acesa é nossa defesa contra a misoginia, ser contra a violência sofrida pelas crianças, adolescente. Não apoiar a necro-política de destruição do meio ambiente. Ser contra o extermínio de pessoas, contra as guerras, contra a fabricação de armas.
Mantenhamos a reserva necessária de óleo para nossas lâmpadas, para que quando Jesus voltar, estejamos com a luz acesa para entrar na sala do Reino dos Céus. Amém.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Ai de vós!

Curral Clandestino - Boletim Ambiental

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 23,23-26

23 Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vós deveríeis praticar isto, sem contudo deixar aquilo. 24 Guias cegos! Vós filtrais o mosquito, mas engolis o camelo. 25 Aí de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós limpais o copo e o prato por fora, mas, por dentro, estais cheios de roubo e cobiça. 26 Fariseu cego! Limpa primeiro o copo por dentro, para que também por fora fique limpo.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Teria muita coisa a dizer do texto de hoje? Jesus nos adverte de que temos práticas exteriores da fé, mas deixamos de lado o que mais importa, justiça, misericórdia, fidelidade.
Em nosso tempo o que mais vemos são pessoas esbravejando defendo doutrinas, e deixando de lado o que mais importa, uma religião acolhedora. Que viva o amor. Que se compadeça com as pessoas que sofrem racismo. Uma religião que esteja ao lado das pessoas que sofrem homofobia. Que sintam a dor de quem está em situação de rua. Que se doam quando uma mulher é violentada, morta, assassinada. Que se indigne com a violência do estado através do seu braço armado, e de suas necro-políticas de sucateamento de hospitais. E muito mais a listar.
Somos chamados a vivermos novos tempos. Novo mundo. Nova humanidade. Devemos limpar o interior. O coração. Tornar-nos mais humanos. Não sejamos hipócritas achando que praticas religiosas, sem práticas que transformem a sociedade, agrada a Deus. Lembremos, "nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus". Amém.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

"Vem ver!"


Evangelho de Jesus Cristo segundo João 1,45-51

45 Filipe encontrou-se com Natanael e lhe disse: "Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José". 46 Natanael disse: "De Nazaré pode sair coisa boa?" Filipe respondeu: "Vem ver!" 47 Jesus viu Natanael que vinha para ele e comentou: "Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade". 48 Natanael perguntou: "De onde me conheces?" Jesus respondeu: "Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi". 49 Natanael respondeu: "Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel". 50 Jesus disse: "Tu crês porque te disse: Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!" 51 E Jesus continuou: "Em verdade, em verdade, eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem".

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Uma boa cena para contemplarmos. Ver o lugar. ouvir as pessoas. Ver as expressões faciais.

Filipe anuncia que encontraram o messias. Aquele do qual Moisés e os profetas haviam falado. Entretanto, Natanael (Bartolomeu), é uma pessoa honesta. Os judeus desprezavam a população da Galileia. Era uma região de conflitos, de levantes. Os moradores da Galilei não eram vistos com bons olhos. Sendo assim, a fala dele não nos assusta. "De Nazaré pode sair coisa boa"? 
Entretanto, Filipe insiste. "Vem ver"! Quer dizer, me dá um pouco de credibilidade. Se você confia em mim, "Vem ver". Natanael foi até Jesus, por causa do amigo. Ao chegar, antes que pudesse dizer qualquer coisa, Jesus diz, "Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade". A resposta de Natanael é obvia, de onde me conheces? Bem provável que ele fosse uma daquelas pessoas que nunca tivessem ido à Galileia, e muito menos em Nazaré. 
A resposta de Jesus nos surpreende, e surpreendeu ao próprio futuro apóstolo, "eu te vi de baixo da figueira". 
A reflexão de hoje vai nesse sentido. Quantas vezes, ao invés de criticarmos, de denunciarmos os pecadores, de acusarmos com doutrinas opressoras, de discriminar convidamos alguém para conhecer Jesus? Notemos que Filipe não disse que Jesus havia mudado a sua vida, que havia transformado nada. Nem que tinha feito milagres. Filipe diz que aquele de quem falaram os profetas e Moisés, essa pessoa está aqui. "Vem e vê". Simples assim. Filipe foi o condutor, apenas. Não precisou fazer grandes pregações sobre Jesus. Era apenas necessário que Natanael visse Jesus. O resto, foi com Jesus. 
Somos chamados a deixarmos as pessoas a fazerem a experiência de Jesus. Sem interferências. Convidamos. O resto, bem, o resto é com Deus, com sua palavra.
Amém.

domingo, 23 de agosto de 2020

Tu és Pedro, e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja

21º Domingo do Tempo Comum

Para ler a nossa reflexão de hoje, clique na Imagem abaixo

Papa Francisco - Fortaleza

sábado, 22 de agosto de 2020

Faça-se em mim segundo a tua palavra!

1º MISTÉRIO A ANUNCIAÇÃO DO ANJO A MARIA - YouTube

Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,26-38

26 O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria 28 O anjo entrou onde ela estava e disse: 'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!' 29 Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30 O anjo, então, disse-lhe: 'Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33 Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim'. 34 Maria perguntou ao anjo: 'Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?' 35 O anjo respondeu: 'O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice.
Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37 porque para Deus nada é impossível'. 38 Maria, então, disse: 'Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!' E o anjo retirou-se.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Todos nós conhecemos a história narrada no evangelho de hoje. Santo Inácio de Loyola, em seus Exercícios Espirituais, tem uma contemplação exclusiva para esse texto, a chamada "Contemplação da Encarnação".
Essa contemplação deve ser preparada seguindo um roteiro separado em três partes, ou, usando uma linguagem do teatro, em três atos. O primeiro, ele nos convida e a lembrar a história que vamos contemplar. Então, antes de falar da encarnação propriamente dita, ele incita o exercitante a pensar na Trindade olhando o mundo e vendo as pessoas descendo ao inferno. E, diante desse fato, "determinam" que a "segunda Pessoa se faça homem para salvar o gênero humano". E como o anjo Gabriel fora enviado a Nossa Senhora.
O segundo ato, ou movimento, consiste em ver o lugar. Ele sugere que o exercitante crie em sua imaginação a "grande extensão e curvatura do mundo, na qual estão tantas e tão diversas populações". Para Inácio, Jesus se encarna numa realidade concreta. Jesus se faz homem para salvar a humanidade criada pela Trindade. Logo em seguida a primeira cena, do segundo ato, Inácio sugere que olhemos com os olhos da imaginação a casa de nossa Senhora. Quais são suas divisões, ver a cidade de Nazaré, a região da Galileia. Ele quer que façamos essa composição de lugar para vermos a cena, e tirarmos proveito disso.
O terceiro ato é pedir o que quero. Ele sugere que peçamos "conhecimento interno do Senhor que por mim se fez homem, para que mais o ame e o siga".
Ao final dessa preparação, Inácio propõe três pontos a considerar. Agora, ele nos chama a ter uma disposição interna para a contemplação. É preciso ver, ouvir, sentir o que está acontecendo nesses três atos. O primeiro ponto, é ver a diversidade de pessoas que a Trindade contempla. Como estão vestidas, se estão doentes ou sãs; se em paz, ou em guerra; chorando ou rindo; nascendo ou morrendo. Ainda dentro desse ponto, a segunda questão a considerar, é como as pessoas Divinas olham o mundo e veem as pessoas com tana cegueira, que "morrem e descem ao inferno". Em seguida, ver Nossa Senhora e o anjo.
O segundo ponto, consiste em "ouvir o que falam as pessoas; em seguida, o que falam  as pessoas divinas dizendo, "façamos a redenção do gênero humano"; depois, o que falam o anjo e nossa Senhora.
Por último, refletir sobre todas as ações acima vistas. 

Pois bem, essa discrição toda é para que possamos ter tempo para meditar sobre o está acontecendo nessa cena de hoje; qual o sentido da encarnação? Como se dá um diálogo entre o divino e o humano. Como Deus usa de "embaixadores", nesse caso o anjo Gabriel, para anunciar a sua intenção e vontade para a humanidade. 

Grande parte do texto já conhecemos. Podemos tirar muito proveito pessoal de sua meditação. Mas, partilho com vocês algo que me chamou atenção no dia de hoje, "para Deus nada é impossível". Deus realiza tudo. Somente Deus pode tudo. Essa é uma verdade. Mas, ele quer contar com nossa ajuda. Mesmo sendo Deus onipotente, é importante a participação do ser humano na realização de sua obra. Por isso, que ele pode tudo, para ele "nada é impossível".

Para Deus tudo é possível. É possível uma jovem virgem engravidar se conhecer homem alguma; é possível uma idosa estéril dar a luz a um filho em sua velhice. É possível que Deus se encarne, e torne-se humano no meio de Deus. Isso tudo nos serve para que possamos entender que a redenção é para todos e todas; não há distinção de cor da pele, não há distinção de orientação sexual; não há distinção de se é homem ou mulher. Deus é tudo para todos.

Ao olharmos essa cena com muito carinho, atenção e tempo aproveitamos para ver nossa vida. Cremos na encarnação como sinal de libertação de para todas as pessoas? Cremos na encarnação como sinal da presença amorosa da Trindade no meio de nós? Cremos na encarnação como prova de que Deus pode realizar coisas impossíveis no meio de nós? Cremos que a encarnação desfaz toda forma de racismo, de homofobia, de misoginia, de discriminação? Cremos que a encarnação nos lembra que o meio ambiente é criação de Deus, e que "tudo está interligado"? 

Ao lermos esse texto de hoje, devemos olhar para nossa vida nos tempos atuais. Amém.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

`Amarás ao teu próximo como a ti mesmo'

Amar ao próximo como a ti mesmo | Entenda o significado

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 22,34-40

34 Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, 35 e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36 'Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?' 37 Jesus respondeu: '`Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!' 38 Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39 O segundo é semelhante a esse: `Amarás ao teu próximo como a ti mesmo'. 40 Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos.

Palavra da Salvação

Reflexão.

Nosso texto de hoje é bem simples. Não há muitas exigências ou reflexões. A pergunta é, 'dentre tantas leis, tantos mandamentos, tantas doutrinas, dogmas, prescrições, qual é o maior'? 
A resposta é simples, objetiva, direta, "Amar a Deus sobre todas as coisas". E é acima de tudo mesmo. Entende? Mas essa "lei" não está separada de outra, que é uma exigência do primeiro, e os dois caminham juntos, "amarás ao próximo a ti mesmo". 

Hoje é dia de pensarmos sobre quem é o próximo. A quem devemos amar por exigência ao amor de Deus. O amor de Deus não é intimista, individualista. Quem ama a Deus, deve, obrigatoriamente, amar ao próximo. E amar ao próximo como se ama a si mesmo. Ninguém, desde que não seja doente, deseja o mal para si mesmo. Portanto, não devemos desejar o mal a ninguém. 

Como estou exercendo o meu amor para com o próximo? Medite.

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Os últimos serão os primeiros

Explicando as parábolas de Jesus: Os trabalhadores da vinha

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 20,1-16a

Disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: 1 'O Reino dos Céus é como a história do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. 2 Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha. 3 És nove horas da manhã, o patrão saiu de novo, viu outros que estavam na praça, desocupados, 4 e lhes disse: 'Ide também vós para a minha  vinha! E eu vos pagarei o que for justo'. 5 E eles foram. O patrão saiu de novo ao meio-dia e às três horas da tarde, e fez a mesma coisa. 6 Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça, e lhes disse: 'Por que estais aí o dia inteiro desocupados?' 7 Eles responderam: 'Porque ninguém nos contratou'. O patrão lhes disse: 'Ide vós também para a minha vinha'. 8 Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: 'Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a  todos, começando pelos últimos até os primeiros!' 9 Vieram os que tinham sido contratados às cinco da tarde e cada um recebeu uma moeda de prata. 10 Em seguida vieram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais. Porém, cada um deles também recebeu uma moeda de prata. 11 Ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: 12 'Estes últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro'. 13 Então o patrão disse a um deles: 'Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? 14 Toma o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti. 15 Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?' 16a Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos.' 

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Interessante observarmos o método utilizado por Jesus para falar do Reino dos Céus, uma realidade, aparentemente, distante de nós. Mas, ao usar categorias humanas, as coisas corriqueiras do dia-a-dia, aquelas que compreendemos, ele assemelha a entrada, e a compreensão do Reino aos nossos critérios. Assim, ele revela aquilo que somos, e o que queremos. Ou, pelo menos, como devemos agir para conseguir adentrar ao Reino dos Céus.

Um patrão tinha uma vinha. Esse dono da vinha precisava de trabalhadores para a colheita. E, ao que nos parece, deveria ser uma vinha bem grande, pois ele passou o dia todo contratando trabalhadores. Desde cedo, até o cair da tarde. Aqui, abro um parênteses. A marcação do tempo nessa história está relacionado com as nossas chamadas horas canônicas. Com a liturgia das horas. Primeiramente, saiu de madrugada. Ainda cedo, por volta da 6h (Laudes). Em seguida, às 9h, às 12h, às 15h, as chamadas horas média. E continuou, às 17h (Vésperas). O evangelista nos faz pensar em nossa em nossa vida de oração. Os muçulmanos tem como obrigado religiosa pararem o que estiverem fazendo nesse horário, abrirem o "tapete" da oração, voltarem-se para Meca, e rezarem. E nós? Fazemos isso? Marcamos nosso dia com essas horas? Uma pequena pausa no dia, e lembrarmos que "até aqui o Senhor me ajudou"?

Voltemos ao texto. Pois bem, o dono da vinha precisava de trabalhadores. O interessante é que ele foi recrutando essas pessoas ao longo do dia. E havia combinado com os primeiros, o valor da diária, uma moeda de prata. Mas, olhando a fundo, nos parece haver um caso de injustiça, como pode uma pessoa que trabalhou o dia inteiro ganhar a mesma coisa de quem só trabalhou uma hora? Aos olhos da lógica capitalista isso seria tido como injustiça. 

Entretanto, o dono da vinha não rompeu com o contrato de trabalho combinado com os primeiros. Ficara acertado, com eles, uma moeda de prata. E pronto. Contrato feito.

Na hora da paga, começou pelos últimos, que ganharam a mesma coisa que os primeiros. E estes, logo reclamaram. E o dono da vinha diz que não cometeu injustiça alguma, pois pagara aos primeiros o que fora combinado. E, sendo o dinheiro dele, poderia dispor como quisesse. E quis dar aos últimos a mesma coisa que deu aos primeiros.

Jesus nos ensina que a lógica do Reino é diferente. O dono da vinha, Deus, tem autoridade para dispor de quem será retribuído e com que valor. Mas, Jesus manda um recado. Não é a posição que ocupamos na vida religiosa que nos garantirá entrada no Reino, mas a disposição que temos diante da nova realidade posta para entrada no Reino dos Céus.

Não é o tempo que temos de caminhada de fé. Importa nossa prática. Nossas ações. Aqueles que nossa sociedade considera como últimos, serão os primeiros no Reino dos Céus.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus

Deus ou o Dinheiro - Missionário Shalom feat. Lito Atalaia - YouTube

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 19,23-30

23 Jesus disse aos discípulos: 'Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus. 24 E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus.' 25 Ouvindo isso, os discípulos ficaram muito espantados, e perguntaram: 'Então, quem pode ser salvo?' 26 Jesus olhou para eles e disse: 'Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível.' 27 Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: 'Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. O que haveremos de receber?' 28 Jesus respondeu: 'Em verdade vos digo, quando o mundo for renovado e o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, também vós, que me seguistes, havereis de sentar-vos em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. 29 E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna. 30 Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos. E muitos que agora são os últimos, serão os primeiros. 

Palavra da Salvação.

Reflexão.

O evangelho de hoje abre com uma frase enigmática de Jesus: "dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus".

Antes de mais nada, devemos lembrar o seguinte, para o judeu a riqueza era (e ainda é) bênção divina (lembre-se da história de Jó). Todos que eram tementes a Deus, e seguiam os mandamentos, eram abençoados com riquezas. 

Entretanto, Jesus inverte essa lógica. A experiência de Jesus lhe mostra que, muitas vezes, a riqueza de alguém é fruto da exploração do outro, ou do desprezo pelo sofrimento alheio (lembremos do rico e do Lázaro). Então, ele muda a lógica da bênção. Bem aventurados são os pobres, e não os ricos. 

Outra questão, os ricos colocam sua  confiança no dinheiro, e no poder que esse lhes dava diante dos outros. Certa vez, ouvi de um padre que "ter dinheiro era muito bom, pois se podia fazer o que quisesse". Essa frase ilustra bem a advertência de Jesus no evangelho de hoje. A frase revela a prepotência do rico diante de Deus, achar que pode fazer tudo o que se quer. Quem pode tudo, quem é onipotente é Deus. Infelizmente, esse sacerdote perdeu essa perspectiva.

Os discípulos de Jesus ficaram intrigados. Como pode ser então? Acreditava-se que se a riqueza era uma bênção, então todo rico já estaria salvo. E dentro da nova lógica de Jesus, ninguém se salvaria pela riqueza. A resposta nos recoloca no novo rumo da história da salvação, "para Deus tudo é possível". A salvação não é uma conquista humana. A salvação é graça de Deus. E basta o rico vender tudo, dar aos pobres, e seguir Jesus, e assim terá um tesouro no céu.

Ok. Entendemos. Mas e nós? "Deixamos tudo e te seguimos". Tudo aquilo que para nós é riqueza, nós deixamos de lado, pai, mãe, filhos/filhas, campos, o que vamos receber? Mais uma vez, Jesus surpreende na construção da compreensão do que venha a ser o Reino dos Céus. "Vós que me seguistes, havereis de sentar-vos em tronos para julgar as tribos de Israel". Todos vós que sofrestes comigo, que beberam do mesmo cálice que eu, que comeram a minha carne e assumiram a mesma missão que a minha, terão sua recompensa. Não se preocupem com isso. Aquilo que para o mundo parece ser o primeiro, será o último; e quem parece ser o último, será o primeiro.

Palavras fortes e duras de Jesus. Não coloquemos nossa esperança nas riquezas. O rico conquista bens na terra; os pobres acumulam tesouros no céu. O rico pensa que tem a salvação garantida, o pobre assume a mensagem de Jesus. 

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

O jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico

XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM – “Não podeis servir a Deus e ao ...

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 19,16-22

16 Alguém aproximou-se de Jesus e disse: 'Mestre, o que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?' 17 Jesus respondeu: 'Por que tu me perguntas sobre o que é bom? Um só é o Bom. Se tu queres entrar na vida, observa os mandamentos.' 18 O homem perguntou: 'Quais mandamentos?' Jesus respondeu: 'Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso  testemunho, 19 honra teu pai e tua mãe, e ama teu próximo como a ti mesmo.' 20 O jovem disse a Jesus: 'Tenho observado todas essas coisas. O que ainda me falta?' 21 Jesus respondeu: 'Se tu queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.' 22 Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Uma bela cena para ser feita uma contemplação. Ver o lugar, as pessoas, como estão dispostas. Perceber com a pessoa se aproxima de Jesus. Se possível, como é esse rosto qual expressão ele tem? Ouvir as vozes. Ficar atento ao diálogo entre a pessoa (depois identificada como um jovem), e Jesus. Como Jesus o recebe? Que olhar Jesus tem para ele? Como Jesus recebe aquela pergunta? Havia alguma malícia no tipo de pergunta? Era uma farsa para pegar Jesus em algum "erro doutrinário"?

Depois de você ter feito isso. Vamos à nossa meditação.

Primeira coisa, ninguém faz nada de bom se não for inspirado por Deus, pois, só Deus é bom.
Se queremos "entrar na vida" devemos seguir os mandamentos, e não as doutrinas. Basta isso, seguir os mandamentos. Mas, para os judeus havia tantos mandamentos que ele queria saber quais deveria seguir. Existiam tantos preceitos, que as pessoas haviam esquecidos dos primeiros mandamentos da formação do povo de Deus, os mandamentos de Deus. Esses são importantes para se chegar à vida eterna, para entrar no Reino dos Céus. 

Jesus faz aquela pessoa recordar os mandamentos. Esses não sabemos de cor e salteado. É muito simples entrar no Reino dos Céus, entrar na vida, basta viver os mandamentos. 

Mas aquela pessoa queria algo além disso. Isso ele já praticava em sua vida. Procurava viver os mandamentos de Deus em seu dia-a-dia. Mas, ao que parece, ele precisava de alguma coisa a mais. Só aquilo, que já era muito, não o satisfazia. Então, vem a pergunta central do texto de hoje, "Tenho observado todas essas coisas. O que ainda me falta"? É como se ele dissesse, eu preciso de mais. Eu quero avançar para águas mais profundas.

Então, Jesus dá a reposta que nenhuma pessoa que tenhas riquezas gosta de ouvir, "Se tu queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me". "Se tu queres ser perfeito"! Aí está resposta que deve soar em seu coração, em nosso coração. "Se queres ser perfeito". Despoja-te de todas as riquezas, despoja-te de toda prepotência, de toda arrogância. Deixa lado as doutrinas que escravizam. Assume a palavra que liberta. Vende tudo o que tens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. E depois, "vem e segue-me". Assume o risco da cruz comigo. Da incompreensão. Da rejeição. Acolhe os rejeitados, os pecadores. Assumir a cruz é uma exigência para ser perfeito. Jesus é bem claro quanto a dificuldade dos ricos entrarem na vida eterna. Eles colocam toda a sua esperança na riqueza tem. Portanto, para entrar no Rino dos Céus é preciso despojar-se de toda riqueza, e assumir as exigências, e consequências da cruz.

Aproveitamos o dia de hoje e façamos uma revisão de onde estamos colocando nossa esperança, nossa fé. Pois, não é possível servir a Deus e ao dinheiro.

domingo, 16 de agosto de 2020

Dispersou os orgulhosos

XX Domingo do Tempo Comum

Assunção de Nossa Senhora, mãe de Jesus

Para ler a homilia de hoje, clique na imagem abaixo.

Valha-me, Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré, intercessora dos ...

sábado, 15 de agosto de 2020

O Reino dos Céus é dos excluídos

O grito que se faz oração [Marcelo Barros] - CEBI

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 19,13-15

13 Levaram crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos, porém, as repreendiam. 14 Então Jesus disse: 'Deixai as crianças, e não as proibais de virem a mim, porque delas é o Reino dos Céus.' 15 E depois de impôr as mãos sobre elas, Jesus partiu dali.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Muito boa a passagem de hoje. É interessante observarmos a situação social das crianças. 

No tempo de Jesus, as crianças faziam parte de um grupo social que não tinha nenhum valor. Eram deixadas de lado. Desprezadas em seus direitos e em suas vontades. Já escrevi sobre isso em outra postagem.

O texto de hoje nos faz pensar sobre todas as pessoas que são excluídas em nossa sociedade. De todas as pessoas que sofrem racismo. De todas as mulheres que sofrem agressões físicas e verbais. De todas as crianças que são violentadas, que estão abandonadas pelas ruas, que não são servidas por políticas públicas educacionais e de saúde decentes.

Então, as pessoas levavam as crianças até Jesus para que ele pudesse impor as mãos sobre elas. Mas, aparece um ruído nessa história. O texto diz que "os discípulos as repreendiam". Quer dizer, os discípulos criavam dificuldades para que as crianças se aproximassem de Jesus. É sobre isso que quero refletir. 

Quantas vezes, nós temos atitudes que impedem as pessoas excluídas de se aproximarem de Jesus? Quantas vezes nos deixamos envolver pelas doutrinas que oprimem e excluem? Quantas vezes apoiamos necro-políticas, que matam, que perseguem, que torturam, que discriminam? Todas essas, e outras atitudes discriminatórias afastam as pessoas de Jesus.

Então, Jesus nos deixa a grande lição, não impeçam ninguém de se aproximar de mim. O Reino dos Céus é de todos aqueles e aquelas que estão em situação de exclusão.

Devemos ficar atentos àqueles e àquelas que são excluídos pela sociedade de se aproximarem de Jesus.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

A Nova Humanidade - Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 19,3-12

Em que casos a Bíblia permite o divórcio de um casal?

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 19,3-12

3 Alguns fariseus aproximaram-se de Jesus, e perguntaram, para o tentar: 'É permitido ao homem despedir sua esposa por qualquer motivo?' 4 Jesus respondeu: 'Nunca lestes que o Criador, desde o início os fez homem e mulher? 5 E disse: 'Por isso, o homem deixará pai e mãe, e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne'? 6 De modo que eles já não são dois, mas uma só carne. 
Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe.' 7 Os fariseus perguntaram: 'Então, como é que Moisés mandou dar certidão de divórcio e despedir a mulher?' 8 Jesus respondeu: 'Moisés permitiu despedir a mulher, por causa da dureza do vosso coração. Mas não foi assim desde o início. 9 Por isso, eu vos digo: quem despedir a sua mulher - a não ser em caso de união ilegítima - e se casar com outra, comete adultério.' 10 Os discípulos disseram a Jesus: 'Se a situação do homem com a mulher é assim, não vale a pena casar-se.' 11 Jesus respondeu: 'Nem todos são capazes de entender isso, a não ser aqueles a quem é concedido. 12 Com efeito, existem homens incapazes para o casamento, porque nasceram assim; outros, porque os homens assim os fizeram; outros, ainda, se fizeram incapazes disso por causa do Reino dos Céus. Quem puder entender, entenda.'

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Estamos diante de um daqueles textos que muitos chamam de "páginas difíceis da bíblia". Para nossos dias é um texto polêmico. Ele trata de dois temas fundamentais para a vida da Igreja, o matrimônio e o celibato.

Primeiramente, devemos ir ao Deuteronômio para entender a "carta de divórcio". A mulher, no primeiro testamento, era tido como alguém sem vontades, sem direitos. Ela era propriedade, isso mesmo, propriedade da família, nesse caso do pai, e depois de casada, propriedade do marido. Eles podiam dispor da vida dela como quisessem. Era o pai que escolhia um marido para a filha; era a família do marido que dizia se aquela pessoa prestava ou não. 

Segundo, devemos sempre lembar que os evangelhos estão formando o novo povo de Deus. Estão forjando o Reino de Céus. Estão dando as dicas para a construção da nova sociedade. De como devem as pessoas se relacionarem entre si.

Lembremos que em Mateus, sempre há a ambientação do confronto entre Jesus e os fariseus. Estes levam a lei ao pé da letra. São os chamados fundamentalistas. Pessoas que buscam garantir seu status quo diante dos outros. Os fundamentalistas, normalmente, se acham melhores que as outras pessoas. Fecham-se em suas ideias. Não admitem que suas palavras, ações e gestos sejam postos à prova. Procuram sempre na palavra de Deus, uma fundamentação para suas ideias.

Nesse confronto, a pergunta é "É permitido..."? Quem determina o que é, ou, o que não é permitido. Claro que a Lei. A lei regula permissões. Ordena as relações sociais. Busca unificar as ações. 
Mas, "é permitido"? Os fariseus querem colocar Jesus à prova. Quantas vezes, em nossos dias ouvimos esse tipo de pergunta? Ficamos na religião do "pode, não pode". 

"É permitido"? E essa pergunta, segue o complemento, "despedira sua  esposa por qualquer motivo"? A resposta de Jesus nos surpreende porque ele sai do lugar comum das respostas. Ele poderia ter dito, "o que diz a lei? Como está escrito"? Mas, com essa resposta, ele estaria se igualando aos dirigentes que segregam, e Jesus veio resgatar as ovelhas perdidas. Aquelas ovelhas que foram apartada do rebanho por causa da lei.

Então, a resposta de Jesus é maravilhosa. Que tal voltarmos no tempo? Vocês, que são estudiosos da lei, da Torá, que conhecem as sagradas escrituras, esqueceram o que foi dito no início? Que homem e mulher se unem e formem uma só carne? Um ser só? Já não dois, mas um? Tá bom, então. Se é assim, por que Moisés, o grande legislador, mandou dar carta de divórcio à mulher? Jesus fala, "por causa da dureza do vosso coração". Mas, não era para ser assim. Homem e mulher são imagem e semelhança de Deus. São reflexo do Deus criador. Do Deus que se faz trindade. Do Deus que quer suas filhas e seus filhos tratados com dignidade.

Em nossos dias, devemos tratar desse assunto com muito cuidado. Com muito carinho. Com muita misericórdia. Com muito amor. Quantas pessoas conhecemos que maltrata o outro depois do casamento? Quantas pessoas descobrem algum defeito, ou falha só depois de casado/casada? É sempre bom lembrar que toda lei emanada de Deus, ou da autoridade eclesiástica, visa o bem de todas e de todos, e que devem ser revistos de tempos em tempos.

Segundo assunto tratado por Jesus foi a questão do celibato. Entender essa questão via além de nossa mera compreensão humana. Jesus trata de três tipos de celibatários: aqueles que não nasceram para o casamento; aqueles que foram feitos pelos próprios homens (castrados); e aqueles que assumem  celibato por uma causa. Nesse caso, o Reino dos Céus. Essa palavra era incompreensível para eles. Jamais pensariam que uma pessoa que plena saúde física, não se casasse. Mas Jesus, sem mencionar a si mesmo, diz, "quem puder entender, entenda".

Concluo com o seguinte pensamento. Se é para casar, que pense bem. Analise os prós e os contra. E mantenha-se casado na medida do possível. Assuma a causa do Reino dos Céus, enquanto for casado. Se é para ser celibatário, assuma a causa do Reino dos Céus. Os dois, casados e celibatários, devem ter a perspectiva do Reino dos Céus como fonte inspiradora para a nossa vida. A construção da nova sociedade passa pela compreensão do Reino de Amor (dos Céus) que Jesus veio resgatar no meio de nós.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Até setenta vezes sete

Sombra do Onipotente: SETENTA VEZES SETE


Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 18,21-19,1 

21 Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: 'Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?' 22 Jesus respondeu: 'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23 Porque o Reino dos Céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24 Quando começou o acerto, trouxeram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. 25 Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26 O empregado, porém, caiu aos pés do patrão, e, prostrado, suplicava: 'Dá-me um prazo! e eu te pagarei tudo'. 27 Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28 Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: 'Paga o que me deves'. 29 O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: 'Dá-me um prazo! e eu te pagarei'. 30 Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31 Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32 Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: 'Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. 33 Não devias tu também, ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?' 34 O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35 É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.' 19,1 Ao terminar estes discursos, Jesus deixou a Galileia e veio para o território da Judeia além do Jordão.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Como se faz o Reino dos Céus? Ou melhor dizendo, como é o Reino dos Céus? 

Essa passagem de hoje nos faz entender uma parte da oração do Pai Nosso, "perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aqueles que nos tem ofendido". É interessante notar que algumas traduções dizem "perdoai as nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores". Essas traduções nos ajudam a entender o evangelho de hoje, e a dinâmica da misericórdia divina.

Sempre temos alguma dívida com alguém. Sempre há alguém que nos deve alguma coisa. Deus perdoa nossas faltas, nossas dívidas, nossos pecados. Isso porque pedimos sua misericórdia, seu perdão. Não deveríamos fazer a mesa coisa uns com os outros? Não seria essa uma das regras de entrada e permanência no Reino dos Céus, o perdão? Por isso, Jesus diz a pedro que o perdão é infinito, ou seja, 70 vezes 7. Aqui não importa o resultado da multiplicação, mas o quanto devemos perdoar.

Hoje é o dia de refletir sobre como anda meu jeito de perdoar. Amém.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles.

ONDE DOIS OU MAIS ESTIVEREM EM MEU NOME | EVANGELHO ÁGAPE

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 18,15-20

Jesus disse a seus discípulos: 15 Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, à sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. 16 Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. 17 Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público. 18 Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. 19 De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isto vos será concedido por meu Pai que está nos céus. 20 Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles.'

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Muito interessante a leitura de hoje. Jesus fala de "pecado". E a palavra "pecado" significa "errar o alvo". E qual é o alvo a ser atingido? O alvo é fazer cumprir as leis de Deus. Outras leis nos ajudam a concretizar o amor misericordioso de Deus para com a humanidade. Todo pecado, mesmo que pessoal, sempre terá uma consequência social. Alguém será atingido, machucado, caluniado, difamado. Não se peca contra si próprio. O pecado sempre tem o outro como alvo. Por isso, só há perdão quando tanto o pecador, quanto aquele que sofreu a ação do pecado se reconciliam entre si. Não me cabe fazer lista de pecados. Essa é uma questão foro íntimo. Caso contrário, entraremos na dinâmica de ver o cisco no olho do nosso irmão/irmã, e não enxergarmos a trave que carregamos no nosso próprios olhos.

O segundo ponto a refletirmos se refere ao ligar e desligar na terra. Muitos interpretam essa pequena passagem como uma alusão ao sacramento da confissão individual. Mas, se observamos mais de perto o texto, Jesus está, ainda, se referindo à primeira parte do texto, onde fala do perdão dos pecados do próximo que foi ofendido. O perdão é a chave que liga aqui na terra a misericórdia de Deus. E ao mesmo tempo, insere os dois na dinâmica, na perspectiva do Reino dos Céus. Por outro lado, quando não há perdão de ambas as partes, se perde, tanto na terra, quanto nos céus, essa conexão que instaura o novo reino, a nova humanidade, a nova sociedade, a Jerusalém Celeste que desce do céu. Perdoar é resgatar a ovelha perdida.

O terceiro momento da nossa reflexão está diretamente relacionado com a oração comunitária. Existe uma conexão entre céu e terra. E essa acontece quando há unidade naquilo que se deseja para todos e para todas. Basta que duas pessoas tenham as mesmas vontades, os mesmos sentimentos, desde que sejam bons, acolhedores, inclusivos, misericordiosos, para que essa conexão da terra com o céu aconteça. Por isso, nossa religião não é uma religião da individualidade, do eu sozinho, de mim. É uma religião coletiva, comunitária, que se vive em grupo. Em comunidade, quer dizer, em uma "comum unidade". É preciso que essa comunidade tenham os mesmos sentimentos, os mesmos objetivos, os mesmos desejos, as mesmas vontades. É preciso que cada um de nós coloquemos nossos dons a serviço dos outros. Existem muitos dons e carismas, mas todos são concedidos pelo mesmo Espírito no qual fomos batizados. Assim, quando nos juntos para rezar, quando nos unimos para atender aos pobres e necessitados, quando juntos dizemos que somos contra o racismo, a misoginia, a homofobia, a violência contra o meio ambiente, estamos agindo com amor e misericórdia.

Ao término de nossa meditação da palavra de Deus, digamos: "Senhor que nos criastes em vossa sabedoria e nos governais em vossa providência, iluminai nossos corações com a luz do vosso Espírito, para que por toda a vida vos sejamos dedicados. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém".