Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 18,1-5.10.12-14
1 Os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: 'Quem é o maior no Reino dos Céus?' 2 Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles 3 e disse: 'Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. 4 Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus. 5 E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe. 10 Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus vêem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus.
12 Que vos parece? Se um homem tem cem ovelhas, e uma delas se perde, não deixa ele as noventa e nove nas montanhas, para procurar aquela que se perdeu? 13 Em verdade vos digo, se ele a encontrar, ficará mais feliz com ela, do que com as noventa e nove que não se perderam. 14 Do mesmo modo, o Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequeninos.
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Antes de mais nada, gostaria de dizer que as reflexões aqui postadas são fruto de minha "lectio divina" diária.
Ontem, na Festa de São Lourenço, padroeiro dos diáconos, lembrei-me do que está escrito no documento 96 da CNBB, parágrafo 60. "O Diácono, antes de ser servidor da Palavra, será discípulo e ouvinte. Com frequência, fará a leitura meditada e cheia de amor daquele que fala". E ainda mais, "A familiaridade com a Palavra de Deus facilitará o itinerário de conversão não apenas para separar-se do mal e aderir ao bem, mas também para alimentar no coração os pensamentos de Deus, de modo que a fé qual resposta à Palavra, se torne o novo critério de juízo e avaliação dos homens e das coisas, dos acontecimentos e dos problemas".
Após esse preâmbulo, passo a fazer a reflexão de hoje.
Um evangelho com um sentimento bem humano, querer ser o maior, o primeiro, aquele que trem posição de destaque no meio dos outros, na sociedade, na Igreja, na comunidade. Ser a figura mais importante.
Jesus mostra que a lógica do Reino dos Céus é diferente. Nossas categorias de poder são contrárias à lógica do Reino. Para ser importante no Reino dos Céus é preciso ser desprovido de aqui nesse mundo.
O exemplo com a criança é muito pertinente para os nossos dias. Quando lemos isso hoje, olhamos para a criança com os nossos critérios. Para nós, a criança é símbolo da inocência, da pureza, do amor, do carinho. Para nós, ao menos no Brasil, ela é detentora de direitos, inclusive com um Estatuto próprio.
Entretanto, no tempo de Jesus, às crianças eram nada diante da sociedade. Desprovidas de direitos. Inclusive, na escala hierárquica da família, eram as últimos a fazerem as refeições. Choca-nos isso, mas é verdade. Primeiro, os homens. Depois, as mulheres. Por último, as crianças.
Então, Jesus diz aos seus discípulos que se não nos fizermos como as crianças, não entraremos no Reino dos Céus. Se não nos despojarmos de toda forma de poder, de influência, de domínio. Se não nos desapropriarmos das doutrinas que excluem. Se não nos despirmos de tudo aquilo que gera racismo, homofobia, misoginia, violência contra a natureza. Se não formos contrário a necro-política que mata negros, pobres, favelados; que exclui do sistema educacional e de saúde aquelas e aqueles que são desprovidos de dinheiro. Se não assumirmos as dores do pequeninos, então, não entraremos no Reino dos Céus.
Isso é mudança de paradigma. É inverter valores. É mudança nas relações sociais. É falar do politica pública humanitária. É falar de política sim!
Então, se não entendermos a lição do hoje pela lógica social, Jesus propõe uma outra lógica. Veja bem. Ele fala de uma ovelha perdida. Essa é uma visão muitas vezes romantizadas por muitos pregadores. Mas a lógica é outra. Ter e manter um rebanho de ovelhas era (e ainda é) muito caro. Pasto, água, redil, empregados. tudo isso contava. Uma ovelha a menos no rebanho era perder dinheiro. Era uma a menos para ser tosquiada. Uma a menos para a alimentação. E por aí vai.
Jesus então, transporta isso para a lógica do Reino dos Céus. Se nós não queremos perder uma ovelha, pois vamos perder dinheiro, quanto mais o Pai não quer perder um só de seus filhos e filhas. Qualquer um que se desvie do caminho do Reino dos Céus, Deus vai ao seu encontro. Deus acolhe. Resgata. Traz de volta. Coloca nos ombros. Dá o alimento necessário para a vida. Mostra que dentro do redil está a segurança para a vida. E, quando ele consegue resgatar a ovelha (ou numa brincadeira, o "ovelho) perdida, ele se alegra.
Mateus mostra à comunidade como devem ser. Primeiro, não disputar poder. Segundo, serem discípulos missionários de todas e todos aqueles que se afastaram do redil. É isso que ele nos pede hoje. Resgatar os/as que estão perdidos e perdidas. Não com doutrinas acusadoras, mas com amor e misericórdia. Amém.
Esta reflexão me remete que devemos fazer as coisas do fundo do coração (pureza do coração de uma criança) que não tem maldade, com simplicidade e com pureza de espírito.
ResponderExcluirFazer com amor e bondade para que os necessitados possam se sentir mais acolhidos.