sábado, 6 de fevereiro de 2021

Ovelhas sem pastor


Olá.

Temos diante de nós uma narrativa bem interessante de meditarmos. Os discípulos voltaram da missão dada por Jesus. Começam a partilhar tudo o que aconteceu: o que ouviram, que resposta deram às aflições do povo, que tipos de curas realizaram. Se foram bem recebidos ou não, e quais lugares não quiseram dar ouvido a proclamação de que o Reino de Deus está próximo.

Jesus, ao perceber que precisavam refazer-se da missão, e que era preciso que eles, então, se colocassem diante de Deus em oração, os leva a um lugar à parte. Ou, pelo menos, tenta. 

A missão, o envio, não é nosso. É Deus quem nos envia. E para não fazermos da missão um projeto pessoal, mas dar vazão ao projeto de Deus, é preciso retirar-se. É preciso avaliar diante de Deus o que foi feito, ou o que se deixou de fazer. Parar, aqui, não significa largar a missão. Mas, parar é saber que tudo depende de Deus quando o assunto é anunciar o seu Reino.

Jesus leva seus discípulos para um lugar a parte. Ou, pelo menos, tenta. Entretanto, o povo está sedento de ouvir a palavra de Deus. Mas, poderíamos perguntar, "eles não iam à sinagoga todos os sábados"? "Não frequentavam o templo"? "E nesses lugares, não se pregava a palavra de Deus"?

Sim. Mas aqui nos fica claro que o que eles encontravam nesses lugares eram palavras vazias. Sem sentido. Desconectadas da realidade da vida. Uma religião de manutenção, e não libertadora. Um religião de cumprir preceitos e leis. Uma religião nada acolhedora. 

Jesus apresentou um Deus diferente. Um Deus que os "chefes religiosos" esconderam do povo, principalmente, do povo mais simples, pobre, excluído. Eles resolveram dizer quem poderia ou não frequentar a sinagoga e o templo. Classificaram as pessoas de puras e impuras. Afastaram as pessoas de Deus. Ou afastaram Deus das pessoas.

Jesus tem um dilema: ou ele cuida dos discípulos que voltaram da missão, ou dá atenção ao povo sofrido. Jesus insistiu no retiro dos discípulos. Entretanto, aquelas pessoas eram como "ovelhas sem pastor". Quem cuidaria delas? As lideranças religiosas já não atendiam as suas necessidades, fossem elas materiais ou espirituais. A palavra daqueles chefes já não tocava o coração do rebanho. Era uma palavra vazia de sentido e significado. 

Jesus acolhe aquela multidão. Ele não pode deixar suas ovelhas perdidas, esquecidas. Então, ele toma uma difícil decisão, "começou a ensinar-lhes muitas coisas". Creio que dentre essas coisas, é que após a missão, dever-se-ia parar para rezar, avaliar, refazer o projeto de anunciar que o Reino de Deus está próximo. 

Jesus nos chama a uma revisão de vida. O que estamos fazendo para nos preparar para a missão? Quantas vezes, paramos, rezamos, colocamo-nos diante de Deus para vermos se o que estamos fazendo está em acordo com o que ele nos pede? Quantas vezes, mudamos de rumo? Quantas vezes, acolhemos os que sofrem? Quantas vezes, deixamos os preceitos, as leis, os preconceitos de lado para afirmar, "você é uma filha, um filho de Deus", e o Reino de Deus está próximo?


Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6,30-34

Naquele tempo: 30Os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31Ele lhes disse: 'Vinde sozinhos para um lugar deserto, e descansai um pouco'. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer. 32Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. 33Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé, e chegaram lá antes deles. 34Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.

Palavra da Salvação.

Um comentário:

  1. Ensinar é um dom que Deus nos dá para que outros possam adquirir conhecimentos. E através deles poder se expressar e se conectar com o mundo! E propiciar a quem adquiri conhecimento repassar para outros poderem discernirem sobre quaisquer que seja os assuntos aprendidos.

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