quarta-feira, 30 de setembro de 2020

O Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.




Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 9,57-62

57Enquanto estavam caminhando, alguém na estrada disse a Jesus: 'Eu te seguirei para onde quer que fores.' 58 Jesus lhe respondeu: 'As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.' 59 Jesus disse a outro: 'Segue-me.' Este respondeu: 'Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai.' 60 Jesus respondeu: 'Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus.' 61 Um outro ainda lhe disse: 'Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares.' 62 Jesus, porém, respondeu-lhe: 'Quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus.'

Palavra da Salvação.

Reflexão

Uma característica do evangelho de Lucas é colocar Jesus a caminho de Jerusalém. 

E, nesse caminho, vamos meditando sobre os acontecimentos da vida de Jesus. No episódio de hoje, meditamos sobre três casos distintos de pessoas que querem seguir Jesus. A primeira, se coloca a disposição. Ela mesma se faz o convite para seguir Jesus. Deve ter ficada empolgada com as palavras e milagres que viu. Mas, Jesus faz uma advertência, seguir-me exige renuncias. Não haverá conforto. Nem estabilidade. O meu caminho, para esse mundo, é feito de incertezas. É quase uma pergunta ao seu interlocutor, estás disposto a aceitar esse desafio?

Um segundo, recebe o chamado diretamente. "Segue-me". Naquele tempo, era costume o discípulos escolher o mestre. Mas, a lógica de Jesus é diferente. Nesse caso, é Ele quem escolhe seus discípulos. Jesus costuma ver as potencialidades de cada um de nós. Ele sabe muito bem a quem chamar, e o que pedir da pessoa. Entretanto, colocamos entraves para cumprir a missão, "deixa-me primeiro ir enterrar meu pai". Quer dizer, deixa eu cuidar de coisas que me parecem mais importantes. Jesus insiste, isso que você está pedindo, há outros que poderão fazer isso. Você deve anunciar o Reino de Deus. Mais uma boa oportunidade para refletirmos sobre como estamos anunciando o Reino de Deus.

E por último, outra pessoa que quer seguir, mas ainda está presa às coisas do mundo. Não quer romper com as vaidades desse mundo, e assumir os desafios de anunciar o Reino de Deus. Por isso, a imagem do arado. Quando se pega uma tarefa, uma missão, não devemos ficar pensando em como isso vai ser. Arar a terra era um trabalho árduo. Mas era preciso ser feito. É preciso preparar o caminho do Senhor. Preparar corações para receberem a palavra de Deus. Anunciar o Reino.

Não precisa ser celibatário(a) para ser discípulo(a) missionário(a) de Jesus. Podemos assumir isso em nossas vidas, hoje, concretamente. Todas as nossas modernas desculpas só fazem sentido se forem vividas na perspectiva do Reino de Deus. Amém.

terça-feira, 29 de setembro de 2020

A palavra anjo indica o ofício, não a natureza

 

Hoje celebramos os Santos Arcanjos Miguel, Gabriel, Rafael. Vou compartilhar aqui as palavras de São Gregório Magno.

Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa

(Hom. 34,8-9: PL 76,1250-1251) (Séc. VI)

É preciso saber que a palavra anjo indica o ofício, não a natureza. Pois estes santos espíritos da pátria celeste são sempre espíritos, mas nem sempre podem ser chamados anjos, porque somente são anjos quando por eles é feito algum anúncio. Aqueles que anunciam fatos menores são ditos anjos; os que levam as maiores notícias, arcanjos. Foi por isto que à Virgem Maria não foi enviado um anjo qualquer, mas o arcanjo Gabriel; para esta missão, era justo que viesse o máximo anjo para anunciar a máxima notícia. Por este motivo também a eles são dados nomes especiais para designar, pelo vocábulo, seu poder na ação. Naquela santa cidade, onde há plenitude da ciência pela visão do Deus onipotente, não precisam de nomes próprios para se distinguirem uns dos outros. Mas quando vêm até nós para cumprir uma missão, trazem também entre nós um nome derivado desta missão. Assim Miguel significa: “Quem como Deus?”; Gabriel, “Força de Deus”; e Rafael, “Deus cura”.

Todas as vezes que se trata de grandes feitos, diz-se que Miguel é enviado, porque pelo próprio nome e ação dá-se a entender que ninguém pode por si mesmo fazer o que Deus quer destacar. Por isto, o antigo inimigo, que por soberba cobiçou ser igual a Deus, dizendo: Subirei ao céu, acima dos astros do céu erguerei meu trono, serei semelhante ao Altíssimo ( cf. Is 14,13-14), no fim do mundo, quando será abandonado às próprias forças para ser destruído no extremo suplício, pelejará com o arcanjo Miguel, como diz João: Houve uma luta com Miguel arcanjo (Ap 12,7).

A Maria é enviado Gabriel, que significa “Força de Deus”. Vinha anunciar aquele que se dignou aparecer humilde para combater as potestades do ar. Portanto devia ser anunciado pela força de Deus o Senhor dos exércitos que vinha poderoso no combate. Rafael, como dissemos, significa “Deus cura”, porque ao tocar nos olhos de Tobias como que num ato de cura, lavou as trevas de sua cegueira. Quem foi enviado a curar, com justiça se chamou “Deus cura”.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Quem não está contra vós, está a vosso favor


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 9,46-50

46 Houve entre os discípulos uma discussão, para saber qual deles seria o maior. 47 Jesus sabia o que estavam pensando. Pegou então uma criança, colocou-a junto de si 48 e disse-lhes: 'Quem receber esta criança em meu nome, estará recebendo a mim. E quem me receber, estará recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior.' 49 João disse a Jesus: 'Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque não anda conosco.' 50 Jesus disse-lhe: 'Não o proibais, pois quem não está contra vós, está a vosso favor.'

Palavra da Salvação.

Reflexão

Quem pode falar em nome de Jesus, ou fazer milagres em seu nome? Essa poderia ser a pergunta feita hoje. Jesus responde que toda a pessoa de boa vontade, todos e todas que ouvem a palavra de Deus e as põem em prática, são pessoas que buscam fazer a vontade de Deus. Portanto, podem agir em seu nome também.

Segundo, a disputa pelo poder dentro do grupo dos discípulos. Quem seria mais importante? Quem seria o primeiro? Quem seria o maior? Observemos que os discípulos manifestam o desejo humano de poder. De substituir Jesus. Uma crise dentro do grupo que seguia Jesus mais de perto. 

Então, Jesus diz que quem não se fizer como criança não poderá ser o primeiro. Pois ser o primeiro envolve ser o último. As crianças eram consideradas excluídas da sociedade. Eram as últimas em tudo. Não tinham direitos. Então, na lógica do reino dos Céus, para ocupar lugar de estaque, deve-se estar no último lugar. A lógica do reino não premia os primeiros, mas aqueles e aquelas que são excluídos da sociedade, os rejeitados, os que sofrem preconceito racial, os que são rejeitados pela opção sexual que fizeram. 

Onde queremos estar, entre os primeiros nesse mundo, e os últimos no reino; ou entre os últimos nesse mundo, e primeiros no Reino dos Céus?

domingo, 27 de setembro de 2020

Os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus.


 

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 21,28-32

Jesus disse aos sacerdotes e anciãos do povo: 28 Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: `Filho, vai trabalhar hoje na vinha!' 29 O filho respondeu: `Não quero'. Mas depois mudou de opinião e foi. 30 O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: `Sim, senhor, eu vou'. Mas não foi. 31 Qual dos dois fez a vontade do pai?' Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: 'O primeiro.' Então Jesus lhes disse: 'Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. 32 Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

"Vai trabalhar na minha vinha"! O filho disse, "Não quero"! Mas mudou de opinião e foi. Disse a mesma coisa ao outro, e ele "Sim, senhor, eu vou", mas não foi.

Texto interessante para os nossos dias. Já parou para pensar na perspectiva das promessas que fazemos? No início de nossa vida, o levarmos nossos filhos e filhas para serem batizados, o celebrante faz várias perguntas, e respondemos "Renuncio". Naquele dia, renunciamos, em nome de nossos filhos/filhas ao pecado, a tudo o que causa desunião, ao demônio, a toda opressão, ao egoísmo, à injustiça, às ilusões do mundo, e às tentações do maligno. E repetimos isso no dia de nossa primeira comunhão e na crisma. 

No dia do matrimônio, prometemos amor e fidelidade por toda vida, a receber os filhos/filhas que Deus confiar-nos.

No rito das ordenações, em cada um dos graus, o ordenando faz promessas. Por ser diácono, vou me ater às promessas que os diáconos fazem. Assumimos o compromisso de estarmos ao serviço da Igreja, em desempenhar com humildade e amor e ministério dos diáconos para o bem do povo cristão, e, proclamar a fé través de palavras e atos, progredir no espírito de oração, realizar a Liturgia da Horas com o povo, em seu favor e pelo mundo inteiro.

Ao meditar sobre o texto de hoje fiquei imaginando quem são esses dois filhos hoje. Quem somos aqueles que dizemos sim, e não fazemos; e quem são os que dizem não, mas  cumprem a vontade de Deus?

Em tempos em que a palavra não tem valor, onde políticos dizem uma coisa e fazem outra, onde não há honestidade diante daquilo que se diz e o que se faz, sejamos profetas da palavra que liberta de todo mal, de toda injustiça, de todo racismo, de toda homofobia, de toda misoginia, de toda forma de destruição do meio ambiente. Assumamos o serviço da vinha como o filho obediente que percebe a necessidade de trabalhar pelo Reino de Deus, e assim, nos configurarmos a Cristo que esvaziou-se de sua divindade e assumiu a condição humana, e se entregou por nós. Amém.

sábado, 26 de setembro de 2020

'Prestai bem atenção às palavras que vou dizer'


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 9,43b-45

43b Todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia. Então Jesus disse a seus discípulos: 44 'Prestai bem atenção às palavras que vou dizer: O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens.' 45 Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. O sentido lhes ficava escondido, de modo que não podiam entender; e eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Meditar a palavra de Deus nem sempre é fácil. Exige de nós uma leitura atenta. O evangelho pode nos parecer obscuro em certos momentos. 

As pessoas "estavam admiradas com todas as coisas que Jesus fazia". Quando nos admiramos de alguma coisa, de alguém, ou de algum fato, achamos que nada daquilo que consideramos ruim pode atingir a pessoa que admiramos.

Jesus, pressentindo que queria lhe desviar do seu caminho, do seu rumo, do seu objetivo, do seu foco, ele chama os discípulos à realidade. "Prestai bem atenção as palavras que vou dizer". É uma frase impactante. Seria que as pessoas não estavam entendendo o que ele estava falando? 

Então, Jesus mostra que aquela pessoa que era admirada, deveria "ser entregue nas mãos dos homens". Mas, isso é muito duro de ouvir. Ser entregue, significa ser morto, caluniado, perseguido. Ser rejeitado. E quem gostar de passar por isso? Por isso, os discípulos "tinham medo de fazer perguntas".

Não percamos o foco de nossa evangelização. Forças contrárias ao projeto de Deus vão atuar para enfraquecer a verdade. Para caluniar os discípulos e discípulas. Não percamos o foco de sempre pregar a verdade. Lembremos, toda palavra de Boca de Deus é alimento para nossa vida, para nossas relações sociais. 

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

O Filho do Homem deve sofrer muito

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 9,18-22

Aconteceu que, Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou-lhes: 'Quem diz o povo que eu sou?' 19 Eles responderam: 'Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou.' 20 Mas Jesus perguntou: 'E vós, quem dizeis que eu sou?' Pedro respondeu: 'O Cristo de Deus.' 21 Mas Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém. 22 E acrescentou: 'O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia.'

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Lucas inicia o evangelho de hoje narrando que Jesus estava rezando, e os discípulos estavam juntos. É assim que se aprende a rezar, vendo aquele que nos guia rezando também. Isso é fundamental, ter um método, um jeito, uma forma. A Igreja Católica nos sugere a lectio divina, ou seja, a leitura orante da palavra de Deus. Não é só ler. Não só fazer exegese do texto. É confrontar a vida com aquela palavra. E Jesus estava fazendo isso.

A segunda parte do texto nos remete a uma conversa entre amigos. Jesus, ao deparar-se com a Palavra começou a refletir quem seria ele e sua missão. A cena que antecede a leitura de hoje é a da multiplicação dos pães. E sempre depois de certos milagres, ou às vezes, antes deles, Jesus está em oração. 

Jesus pergunta aos discípulos o que eles estão ouvindo as pessoas falarem quem é ele. Logo em seguida, ele quer saber qual a visão seus discípulos tinham dele. É interessante notar isso. Os discípulos convivem, estão juntos, ouvem mais intimamente. Participam da vida de Jesus. Deveriam ter uma compreensão distinta do resto dos outros. E é o que vemos. Pedro resume quem Ele é, "O Cristo de Deus".

Mas, ser o Cristo de Deus não significa ter "poderes" nesse mundo. O "Cristo de Deus" deve ser rejeitado, sofrer, ser morto, mas ressuscitar. Ser discípulo de Jesus não é receber glórias, mas é passar pelas mesmas provações, pelas mesmas rejeições. Pelo mesmo sofrimento. Mas, devem ter a esperança na ressurreição, na vida que ressurge.

Hoje, somos chamados a refletir sobre a nossa fé no "Cristo de Deus" que assume as dores do mundo para nos abrir as portas dos paraíso. Estamos dispostos a assumir essa missão na nossa vida? Ser discípulo é sofrer com o Cristo.

Amém!

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Quero misericórdia e não sacrifício!



Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 9,9-13

9 Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: 'Segue-me!' Ele se levantou e seguiu a Jesus. 10 Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: 'Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?' 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: 'Aqueles que têm saúde nóo precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Aprendei, pois, o que significa: `Quero misericórdia e não sacrifício'. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores'.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Realmente, a palavra de Deus é inspiradora para a nossa vida. Normalmente, só vamos ao encontro daqueles e daquelas que vivem segundo a "santa doutrina". Rejeitamos os pecadores. Temos até aquele discursinho sem sentido, "amo o pecador, mas odeio o pecado". Essa frase é o símbolo do desprezo pelo outro.

Jesus nos deixa um exemplo fantástico. Não basta dizer que "ama o pecador", é preciso dar provas concretas desse amor. Jesus entrou na casa de Mateus, de Zacarias. Comia com os pecadores. Dava mostras públicas de que Deus é pai do todos mesmo. Não basta rezar o Pai Nosso e fazer acepção de pessoas. Do que adianta todas as nossas prática exteriores de piedade, se ainda existe racismo, misoginia, homofobia? Se vemos pessoas que se dizem cristãs católicas praticando a corrupção? Suprimindo do outro aquilo que lhe é necessário para a vida? Acumulando riquezas? Votando em pessoas que praticam a necro-política? 

Jesus nos deixa uma boa mensagem, ele não veio chamar os justos, mas aqueles e aquelas que ainda não se deram conta de que há um Deus que faz o sol nascer para todos. Sejamos acolhedores/as. O que Deus espera de nós é misericórdia, e não sacrifícios. Amém.

domingo, 20 de setembro de 2020

Estás com inveja


Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 20,1-16a

Jesus contou esta parábola a seus discípulos: 1 'O Reino dos Céus é como a história do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. 2 Combinou com os trabalhadores uma  moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha. 3 Às nove horas da manhã, o patrão saiu de novo, viu outros que estavam na praça, desocupados, 4 e lhes disse: 'Ide também vós para a minha vinha! E eu vos pagarei o que for justo'. 5 E eles foram. O patrão saiu de novo ao meio-dia e às três horas da tarde, e fez a mesma coisa. 6 Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça, e lhes disse: `Por que estais aí o dia inteiro desocupados?' 7 Eles responderam: `Porque ninguém nos contratou'. O patrão lhes disse: `Ide vós também para a minha vinha'. 8 Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: `Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos, começando pelos últimos até os primeiros!' 9 Vieram os que tinham sido contratados às cinco da tarde e cada um recebeu uma moeda de prata. 10 Em seguida vieram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais. Porém, cada um deles também recebeu uma moeda de prata. 11 Ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: 12 `Estes últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro'. 13 Então o patrão disse a um deles: `Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? 14 Toma o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti. 15 Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?' 16a Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos.' 

Palavra da Salvação.

Reflexão

A segunda estrofe do salmo de hoje diz: 8Misericórdia e piedade é o Senhor, * / ele é amor, é paciência, é compaixão. / 9 O Senhor é muito bom para com todos, * / sua ternura abraça toda criatura.

Na primeira leitura, temos: “Estão meus caminhos tão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos”.

Na segunda leitura, Paulo diz aos Filipenses, “vivei à altura do Evangelho de Cristo”.

Já no evangelho, Jesus conta a história, parábola, que trata dos trabalhadores na vinha. Desde ao amanhecer, até o fim do dia, o dono da vinha vai contratado trabalhadores. Para os primeiros, ele faz um contrato de 1 diária, neste caso, um denário, uma moeda de prata. Isso não era nada demais, pois era o valor mínimo de um dia de trabalho. Até aí, nada de extraordinário.

Entretanto, durante todo o dia, o dono da vinha vai contratando mais pessoas para o trabalho. A cada grupo ele diz que pagará o que lhe for justo. Até chegar aqueles que foram para a vinha faltando uma hora para o fim do expediente. 

Daí em diante, a mesquinhez humana começa a falar mais alto. O dono começa a fazer o pagamento da diária, a começar pelos últimos, dando a cada um deles o valor de uma diária. Os primeiros a serem chamados, então, pensaram que receberiam mais, pois haviam trabalhado o dia todo. Quando, então recebem a mesma quantia que os últimos, reclamam. Porém, o dono da vinha diz que ele não está sendo injusto, pois estava pagando aquilo que fora combinado no início do dia.

Interessante notar duas lógicas. A primeira, a lógica remuneratória do mundo. E a segunda, a lógica dos relacionamentos no Reino de Deus. O dono da vinha é o próprio Deus. Os trabalhadores, os discípulos missionários. Cada um chamado em determinado tempo para a ação missionária da evangelização. A fila de entrada no Reino dos Céus não depende de nossos méritos, mas sim da graça de Deus, e a quem ele queira dispensar essa graça. Entrar no Reino dos Céus não depende do tempo que estamos à serviço da construção do Reino. Entrar no reino, e qual momento, depende do próprio Deus, o dono da vinha.

Sejamos os servos que fazem o trabalho necessário para a revolução social que o evangelho nos convoca. Sejamos os servos da misericórdia, do amor, do perdão, da vida. E digamos, “O Senhor é muito bom para com todos”. Amém.


sábado, 19 de setembro de 2020

Semeador saiu a semear


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 8,4-15

4 Reuniu-se uma grande multidão, e de todas as cidades iam ter com Jesus. Então ele contou esta parábola: 5 'O semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte caiu à beira do caminho; foi pisada e os pássaros do céu a comeram. 6 Outra parte caiu sobre pedras; brotou e secou, porque não havia umidade. 7 Outra parte caiu no meio de espinhos; os espinhos cresceram juntos, e a sufocaram. 8 Outra parte caiu em terra boa; brotou e deu fruto, cem por um.' Dizendo isso, Jesus exclamou: 'Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.' 9 Os discípulos lhe perguntaram o significado dessa parábola. 10 Jesus respondeu: 'A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas aos outros, só por meio de parábolas, para que olhando não vejam, e ouvindo não compreendam. 11 A parábola quer dizer o seguinte: A semente é a Palavra de Deus. 12 Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouviram, mas, depois, vem o diabo e tira a Palavra do coração deles, para que não acreditem e não se salvem. 13 Os que estão sobre a pedra são aqueles que, ouvindo, acolhem a Palavra com alegria. Mas eles não têm raiz: por um momento acreditam; mas na hora da tentação voltam atrás. 14 Aquilo que caiu entre os espinhos são os que ouvem, mas, com o passar do tempo, são sufocados pelas preocupações, pela riqueza e pelos prazeres da vida, e não chegam a amadurecer. 15 E o que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra, e dão fruto na perseverança.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

A parábola é do Semeador nos é conhecida desde os ternos tempos de nossa participação na Igreja. Ele tem uma aplicabilidade infinita. Ela pode ser usado tanto para aqueles que comungam da mesma fé, como para aqueles que, praticando o bem, não compartilham da mesma. Não precisa ser católico apostólico romano para viver a parábola do Semeador.

Jesus diz que alguém saiu semear a semente que tinha. E que essa semente foi sendo deixada em várias partes desse caminho, em vários terrenos: pedregoso, espinhento, à beira do caminho, e em terreno fértil.

Sempre comentamos essa parábola partindo da perspectiva da terra onde caí a semente. Hoje, gostaria de fazer menção ao semeador. Normalmente, a pessoa que trabalha na terra, um agricultor, antes de plantar sua semente prepara a terra. Aduba, coloca água. E só depois, então, planta. Entretanto, na parábola do Semeador não vemos isso. Parece que o semeador não se importa com a terra onde a semente será lançada. Ele vai deixando a semente cair em vários ambientes diferentes. E por que isso?

Nesse caso, não cabe ao semeador fazer a semente germinar. Isso não lhe pertence. No caso da parábola, que tem uma função catequética espiritual, ela nos mostra que, apesar de existir um ambiente propício para que a semente germine, o semeador de palavras não pode escolher onde irá lançar a semente.

Quantas vezes, perdemos a oportunidade de falarmos da Jesus, e de seu evangelho, porque temos preconceito de ir ao encontro de grupos que não são cristãos, não vivem conforme a nossas doutrinas, a nossa moral, que se declaram ateus? 

O exemplo que Jesus nos coloca nos mostra que o semeador deve semear. E que a terra onde cai essa semente, e onde ela germinará, não cabe ao semeador escolher. Quantas vezes, várias pessoas católicas apostólicas romana me mandam mensagem pedindo para não mais receber meus textos, minhas orações, a palavra de Deus. E pasmem, dentro desse grupo, existem pessoas ordenadas. Não é porque temos um ministério ordenado dentro da Igreja que somos terreno fértil. Quantos coordenadores/as de grupos de oração agem como se fossem verdadeiro "donos" daquele grupo. Quantos pessoas em nossas Igreja estão há anos à frente de uma pastoral. Quantos catequistas não percebem que precisam mudar a forma de falar, a forma de compreender a vida que seus catequisando chegam até ele/a. 

Precisamos olhar para essa parábola da perspectiva do Semeador. Sejamos corajosos, corajosas em anunciar a Palavra de Deus em qualquer ambiente em que estamos. E muitas vezes, semear é viver conforme a palavra, isso se chama coerência de vida. Amém.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

As mulheres na vida de Jesus


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 8,1-3

1Jesus andava por cidades e povoados, pregando e anunciando a Boa Nova do Reino de Deus. Os doze iam com ele; 2 e também algumas mulheres que haviam sido curadas de maus espíritos e doenças: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; 3 Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana, e várias outras mulheres que ajudavam a Jesus e aos discípulos com os bens que possuíam.

Palavra da Salvação.

Reflexão

Somente quatro versículos. Um texto bem curto. Recheado de significados. Poderíamos dizer que é um best seller da literatura bíblica.

A primeira parte do texto, versículo um, diz que Jesus "andava por cidades e povoados, pregando e anunciando a Boa Nova do Reino de Deus". Era preciso mostrar a viabilidade de um novo jeito de ser, de se relacionar. Era preciso mostrar que as regras do Reino de Deus se diferem daquilo que vivemos. Não há dominação, não há forme, não há necessitados, pois tudo é, e era, colocado em comum. 

A segunda parte do nosso texto afirma que os doze "iam com ele, e algumas mulheres" também. Observe que, ao falar das mulheres, o autor ressalta que elas haviam sido curadas de enfermidades. Ao que nos parece, engajar-se no serviço da evangelização, acompanhar Jesus, ajudar no processo de disseminação do Reino de Deus passa pelo processo de mudança de vida. Curar preconceitos, racismos, misoginias, homofobias, descriminações, violências contra crianças, é a demonstração de que o Reino de Deus já está no meio de nós.

Algumas mulheres acompanhavam o grupo de Jesus. E por que Lucas narra esse episódio? Qual a importância dessas mulheres para que esse fato ficasse registrado no evangelho? Lucas nomeia algumas. Deveriam ter tido uma importância evangelizadora dentro da comunidade. Poderíamos supor que fosse pregadoras, que tivessem o dom de curas, que fosse lideranças que praticassem a caridade. Mulheres que acolhiam os pobres, os sofredores, os discriminados, os doentes. E porque não dizer, os refugiados? Essas mulheres tinham alguma influência na comunidade para a qual Lucas escreve. Não havia uma hegemonia masculina, machista, patriarcal. 

Como gosto de destacar, "Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra" (2 Tm 3,16-17). Hoje a escritura nos mostra que a comunidade cristã não faz distinção de gênero na obra evangelizador. A comunidade criada por Jesus, a sua Igreja, pode ser conduzida apenas por homens. A presença efetiva das mulheres é importante. O Papa Francisco diz que a Igreja é mãe, e como tal deve ter o rosto feminino.

Hoje somos chamados a refletirmos sobre qual o papel protagonista a mulher tem dentro da Igreja, da comunidade.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Quando entrei em tua casa, tu não me ofereceste água para lavar os pés



 Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 7,36-50

36 Um fariseu convidou Jesus para uma refeição em sua casa. Jesus entrou na casa do fariseu e pôs-se à mesa. 37 Certa mulher, conhecida na cidade como pecadora, soube que Jesus estava à mesa, na casa do fariseu. Ela trouxe um frasco de alabastro com perfume, 38 e, ficando por detrás, chorava aos pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés, enxugava-os com os cabelos, cobria-os de beijos e os ungia com o perfume. 39 Vendo isso, o fariseu que o havia convidado ficou pensando: 'Se este homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, pois é uma pecadora.' 40 Jesus disse então ao fariseu: 'Simão, tenho uma coisa para te dizer.' Simão respondeu: 'Fala, mestre!' 41 'Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentas moedas de prata, o outro cinqüenta. 42 Como não tivessem com que pagar, o homem perdoou os dois. Qual deles o amará mais?' 43 Simão respondeu: 'Acho que é aquele ao qual perdoou mais.' Jesus lhe disse: 'Tu julgaste corretamente.' 44 Então Jesus virou-se para a mulher e disse a Simão: 'Estás vendo esta mulher? Quando entrei em tua casa, tu não me ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas e enxugou-os com os cabelos. 45 Tu não me deste o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. 46 Tu não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. 47 Por esta razão, eu te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor.' 48 E Jesus disse à mulher: 'Teus pecados estão perdoados.' 49 Então, os convidados começaram a pensar: 'Quem é este que até perdoa pecados?' 50 Mas Jesus disse à mulher: 'Tua fé te salvou. Vai em paz!' 

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Na Segunda carta de São Paulo a Timóteo, no capitulo 3, lemos: "16 Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, 17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra". Esse texto é inspirador para nossa meditação de hoje.

Jesus foi à casa da um fariseu. De um observador fiel da Lei, da doutrina, das regras. De uma pessoa que, nos nossos dias, conhece todo o catecismo, todo o Direito Canônico, que conhece as determinações litúrgicas, que sabe quem pode ou não pode comungar. Quem são os pecadores públicos etc.

Mas, a cena é bem interessante. Apesar de tudo isso, faltava aos fariseu uma coisa, amor, misericórdia, perdão. 

Jesus foi à casa do fariseu fazer refeição com ele, ou seja, participar da intimidade daquela família. Desfrutar de um bom momento com o dono da casa e com os convidados que deveriam estar presentes. Uma refeição de cortesia. É interessante notar que a chamada "pecadora" tinha intimidade naquela casa. Ela não fora importunada porque estava lá. Tinha livre acesso a casa do "santo" fariseu. E o texto diz que ela era conhecida na cidade como pecadora. Bem provável que fosse uma prostituta, pois trazia consigo um vaso de perfume muito caro. Com certeza, não era uma "dama da boa sociedade" (kkk).

Pois bem, essa mulher entra na casa do fariseu, na hora mais íntima daquela família, na hora da refeição. Ele rompo todos os protocolos sociais da época. Aproxima-se de Jesus. Chora sobre seus pés. Seca-os com os cabelos. Unge com o perfume que trazia. Já parou, alguma vez, para fazer a contemplação dessa cena? Ver as pessoas, como estão dispostas à mesa, que lugar o fariseu ocupa na mesa, onde está Jesus, como a mulher se aproxima. E por aí vai.

O evangelista coloca um detalhe na cena. Ele revela o pensamento do fariseu. Esse, conhecendo a mulher, questiona a autoridade profética de Jesus. É claro que Jesus não era bobo. Jesus conhecia a hipocrisia dos santos fariseus, e sabia muito bem o que estava indo na cabeça daquelas pessoas.

Jesus, então, questiona aquele grupo de pessoas ali ao seu redor. Antes de falar do perdão dos pecados, quero destacar as ações de boas vindas que os judeus, observantes da lei, deveriam fazer quando um convidado chegasse. É claro que, numa família rica, como  do fariseu, quem fazia isso era um dos empregados: lavar os pés. E, a seguir, o dono da casa acolhia com o beijo e com o óleo. Quantas vezes entramos e saímos de nossas comunidades cristãs e não sabemos quem é quem? Muitas vezes, eu conversa com alguém sobre determinada pessoa, e o meu interlocutor diz, "não sei quem é". Mas a pessoas pertence à nossa comunidade.

Tudo aquilo que Jesus não recebeu do santo dono da casa, a mulher pecador lhe ofereceu. E aqui, abro para nossa reflexão: quantas vezes discriminamos nossas irmãs e irmãos que são homossexuais, dizendo amar o pecador e odiar o pecado? Mas Jesus não quis nem saber qual era o pecado da mulher. Quantas vezes, discriminamos as pessoas por conta da cor da sua pele? Quantas vezes nos calamos diante da violência que as mulheres sofrem, as crianças, os jovens? Quantas vezes nos silenciamos quando vemos os governos matarem as pessoas porque são negras, pobres, favelas através do seu braço armado, a polícia? E não venha com história dos bandidos não. Pois, temos tantos ocupantes de cargos políticos que se declaram católicos, protestantes, evangélicos e agem contra a palavra a e vontade de Deus. 

E por fim, Jesus fala de dois devedores. E diz que o credor perdoou a dívida dos dois. Mas, um devia mais do que o outro. E que aquele que tinha a dívida maior amou mais o credor.

Lembremos, quem deve mais, ama mais. Quem deve pouco, ama pouco. Não busquemos se somos mais amados, ou pouco amados. A história de hoje ns interpela como anda nosso amor e acolhimento pelos que a "boa sociedade" rejeita como pecadores. Amém.


domingo, 13 de setembro de 2020

70 x 7

MENSAGEM PARA 2014 – Lu Lelis – Notícias

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 18,21-35

21 Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: 'Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?' 22 Jesus respondeu: 'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23 Porque o Reino dos Céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24 Quando começou o acerto, trouxeram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. 25 Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26 O empregado, porém, caíu aos pés do patrão, e, prostrado, suplicava: `Dá-me um prazo! e eu te pagarei tudo'. 27 Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28 Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: `Paga o que me deves'. 29 O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: `Dá-me um prazo! e eu te pagarei'. 30 Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31 Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32 Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: `Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. 33 Não devias tu também, ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?' 34 O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35 É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar  e coração ao seu irmão.'

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Perdoar. Teria mais o que dizer sobre o texto de hoje? Perdão é perdão. Fim.

Pois bem, podemos perguntar, mas, o que devemos perdoar? As ofensas sofridas. Jesus foi o mair exemplo de perdão que tivemos. E se somos a imagem e semelhança de Deus, devemos perdoar sempre.

Pronto. O perdão é o caminho que nos leva ao Reino dos Céus. Não adianta pedir perdão no sacramento da confissão se não perdoo as aqueles que me tem ofendido.

sábado, 12 de setembro de 2020

Disse Jesus aos seus discípulos

Evangelizando Crianças: A CASA CONSTRUÍDA SOBRE A ROCHA

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 6,43-49

Disse Jesus aos seus discípulos: 43 Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons. 44 Toda árvore é reconhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem uvas de plantas espinhosas. 45 O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração. Mas o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, pois sua boca fala do que o coração está cheio. 46 Por que me chamais: 'Senhor! Senhor!', mas não fazeis o que eu digo? 47 Vou mostrar-vos com quem se parece todo aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as põe em prática. 48 É semelhante a um homem que construiu uma casa: cavou fundo e colocou o alicerce sobre a rocha. Veio a enchente, a torrente deu contra a casa, mas não conseguiu derrubá-la, porque estava bem construída. 49 Aquele, porém, que ouve e não põe em prática, é semelhante a um homem que construiu uma casa no chão, sem alicerce. A torrente deu contra a casa, e ela imediatamente desabou; e foi grande a ruína dessa casa.'

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Temos uma leitura bem simples e auto explicativa. O que sustenta uma árvore? Como a árvore de alimenta? Pela raiz.
Um baú serve para guardar coisas, sejam elas novas ou velhas. Ou fazemos uso das coisas boas que estão no baú do nosso coração, ou vamos continuar na mesmice doutrinária que escraviza.
A casa. Tudo depende do alicerce.

Na verdade, Jesus nos chama atenção para aquilo que nos sustenta: raiz, baú, alicerce. E para nós, a Palavra de Deus, meditada em nosso coração, é o alicerce que nos faz ver o mundo de forma diferente. Nos faz missionários da nova humanidade. Do novo jeito de nos relacionarmos. A Palavra de Deus é contra toda forma de racismo, de discriminação, de misoginia, de homofobia, de destruição do meio ambiente. É hora de mudarmos. É hora de criarmos um novo jeito de sermos. É hora de amar de forma misericordiosamente. Perdoar sempre. Acolher. Não condenar.


Alimentemo-nos da palavra de Deus todos os dias.

Evangelizando Crianças: A CASA CONSTRUÍDA SOBRE A ROCHA

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Tira primeiro a trave do teu olho

Atalaia: TIRANDO A “TRAVE”

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 6,39-42

39 Jesus contou uma parábola aos discípulos: 'Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? 40 Um discípulo não é maior do que o mestre; todo discípulo bem formado será como o mestre. 41 Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho? 42 Como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu não vês a trave no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Esse breve texto de hoje é simples e direto para nós nos dias de hoje. Apontar o dedo para o pecado dos outros é muito mais fácil. Reconhecer os próprios erros, isso é mais difícil. Complicado. 

O texto é direto. Antes de criticar o teu irmão, olha para si mesmo primeiro. Não acuse. Ajude! Não seja inoportuno. Quem disse que você é melhor do que os outros. Muitos gostam de usar a "doutrina" para acusar. Mas, já parou para pensar que foi por causa da "sã doutrina" que Jesus foi condenado, crucificado, morto? E que foi por conta da lei do amor, da misericórdia, do perdão, que ele ressuscitou? Que sua ressurreição serviu para mostrar que é possível criar um novo mundo, uma nova humanidade? Um mundo sem racismos, sem homofobia, sem misoginia, sem preconceitos, sem violência, sem armas, sem destruição da natureza?
Liberte-se de todas as traves que te impedem de ver as ações de desumanidade, tira o cisco de teu olho, liberte-se das amarras das doutrinas que oprimem. "E então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão". Amém.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

A mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos

CG Atibaia - Reino de Deus é Justiça, Paz e Alegria!

Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 6,27-38

Disse Jesus a seus discípulos: 27 A vós que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, 28 bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam. 29 Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto,
deixa-o levar também a túnica. 30 Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não peças que o devolva. 31 O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. 32 Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Até os pecadores amam aqueles que os amam. 33 E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis? Até os pecadores fazem assim. 34 E se emprestais somente àqueles de quem esperais receber, que recompensa tereis? Até os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia. 35 Ao contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e os maus. 36 Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. 37 Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados;
perdoai, e sereis perdoados. 38 Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida,  transbordante será colocada no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos.'

Palavra da Salvação.

Reflexão.

A humanidade sempre precisou de regras para poder conviver. Os seres humanos precisam de leis para regular a sua conduta. A única vez, ou melhor, a primeira vez que isso poderia ter sido diferente, homem e mulher disseram Não! Falo do episódio do paraíso.

Pois bem, o que temos diante de nós é uma parte da Constituição daqueles que pertencem ao Reino de Deus. A lógica do Reino de Deus é diferente. Ela não está baseada na vingança. Mas é sustentada pela misericórdia e pelo amor.

Não tenho muitas palavras. Hoje, somos chamados a refletir de que modo estamos vivendo esse chamado, essa proposta de humanidade. Nada aí é divino, tudo é humano. Mas, por ser tão humano, torna-se divino, pois somos a imagem e semelhança de Deus, que se fez homem em Jesus, e que nos santifica pelo Espírito Santo. Amém!

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Mas, ai de vós, ricos

 Há 4 anos, ricos ficam mais ricos e pobres ficam mais pobres no Brasil

Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 6,20-26

20 Jesus levantando os olhos para os seus discípulos, disse: 'Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus! 21 Bem-aventurados, vós que agora tendes fome, porque sereis saciados! Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque havereis de rir! 22 Bem-aventurados, sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos insultarem e amaldiçoarem o vosso nome, por causa do Filho do Homem! 23 Alegrai-vos, nesse dia, e exultai pois será grande a vossa recompensa no céu; porque era assim que os antepassados deles tratavam os profetas. 
24 Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação! 25 Ai de vós, que agora tendes fartura, porque passareis fome! Ai de vós, que agora rides, porque tereis luto e lágrimas! 26 Ai de vós quando todos vos elogiam! Era assim que os antepassados deles tratavam os falsos profetas.
Palavra da Salvação.

Reflexão.

Esse não é um texto fácil de se meditar, ou de se pregar. Refletir internamente sobre ele, compreender no coração o que Jesus quer dizer, é relativamente simples. Agora, externar a lição que ele nos dá, aí o bicho pega.

Inicialmente, Jesus fala de esperança para os pobres, de comida para os famintos, de alegria para os que vivem chorando por causa do sofrimento. Jesus deixa uma mensagem de coragem para todas e todos que são perseguidos porque defendem a justiça.

Mas, se existe preconceito, racismo, homofobia, misoginia, destruição da natureza, é porque existe um grupo de pessoas que se locupletam dessas atitudes. E Jesus os chama de ricos. Para que alguém tenha fartura em sua mesa, é necessário que alguém tenha ficado sem o que comer (famintos). Para que alguém possa rir das coisas "boas da vida", é porque alguém está chorando. Se alguém está sendo elogiado pela sua sabedoria, pelo seu conhecimento, pela sua importância é porque alguma vantagem esta levando nisso. E Jesus alerta para que essas pessoas tomem cuidado. Tudo aquilo que estão tendo agora deve ser partilhado, colocado em comum. Caso contrário, não farão parte do Reino dos Céus.

Para mim, existem duas chaves de leitura desse texto. A primeira, quem são os bem aventurados. A segunda, quem são os que se locupletam das riquezas do mundo. A quem é destinada a salvação eterna, e a quem é destinada a danação eterna.

O texto de hoje nos chama a refletir, em qual dos dois grupos eu estou? 

terça-feira, 8 de setembro de 2020

A origem de Jesus Cristo foi assim

1052 Melhores Ideias de catequese | Bíblia para crianças, Atividades  bíblicas infantil, Atividades da bíblia para crianças

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 1,1-16.18-23

1 Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. 2 Abraão gerou Isaac; Isaac gerou Jacó; Jacó gerou Judá e seus irmãos. 3 Judá gerou Farés e Zara, cuja mãe era Tamar. Farés gerou Esrom; Esrom gerou Aram; 4 Aram gerou Aminadab; Aminadab gerou Naasson; Naasson Gerou Salmon; 5 Salmon gerou Booz, cuja mãe era Raab. Booz gerou Obed, cuja mãe era Rute. Obed gerou Jessé. 6 Jessé gerou o rei Davi. Davi gerou Salomão, daquela que tinha sido a mulher de Urias. 7 Salomão gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerou Asa; 8 Asa gerou Josafá; Josafá gerou Jorão; Jorão gerou Ozias; 9 Ozias gerou Jotão; Jotão gerou Acaz; Acaz gerou Ezequias; 10 Ezequias gerou Manassés; Manassés gerou Amon; Amon gerou Josias. 11 Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia. 12 Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou Salatiel; Salatiel gerou Zorobabel; 13 Zorobabel gerou Abiud; Abiud gerou Eliaquim; Eliaquim gerou Azor; 14 Azor gerou Sadoc; Sadoc gerou Aquim; Aquim gerou Eliud; 15 Eliud gerou Eleazar; Eleazar gerou Mató;
Mató gerou Jacó. 16 Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo. 
18 A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19 José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo. 20 Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: "José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21 Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados". 22 Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 23 "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco".

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Hoje celebramos a Natividade de Nossa Senhora. O nascimento da mãe de Jesus. Essa é uma festa litúrgica, não histórica no sentido da data. Mas, qual importância de festejarmos o nascimento de nossa Senhora? 

Todos nós temos uma origem. Nascemos numa família. Temos uma linha genealógica, mesmo que não a conheçamos. Maria não poderia ser diferente. 

O texto de hoje, nos é apresentado como a Genealogia de Jesus, da qual Maria faz parte. Temos muitas explicações teológicas do texto. Não vou desenvolver isso, pois meu objetivo é pastoral, ou seja, o que esse texto tem a ver com a minha vida hoje? Como posso tirar algum proveito dessa leitura, para mais amar e seguir Jesus Cristo, como nos diria Santo Inácio de Loyola?

Primeiramente, vejam as marcações que fiz no texto: Tamar, Raab, Rute, "mulher de Urias (Betsabá). O que isso tem de tão importante para nós? Então, Tamar embebedou Jacó para deitar-se com ele, e ter uma descendência. Uma atitude não muito correta. Raab era a prostituta de Jericó que ajudou os hebreus a conquistarem a cidade. Rute, não era judia. Betsabá, fora enganada pelo Rei. Então, na linhagem de Jesus aparecem algumas personagens de atitudes um tanto quanto duvidosas quanto a moral, mas que ajudaram na formação do povo hebreu até Davi. E Jesus faz parte disso. Estão envolvido com essa linhagem.

Segundo, Mateus faz um breve resumo da gravidez de Maria, e do desejo de José em abandoná-la secretamente. Mas, uma aparição de um anjo, o demove desse ideia. Como sempre, Deus intervindo de forma positiva na história da humanidade. De uma maneira discreta, mas decisiva. É nesse ambiente que nasce Jesus.

Terceiro, lembro a passagem dos Atos dos Apóstolos onde Pedro se recusara a tocar em alimentos estranhos à cultura judaica, chamando-os de impuro. Isso se repetiu por três vezes. Até que Deus lhe disse, não diga que é impuro aquilo que eu tornei puro.

Pois bem, Deus é onipotente. Pode tudo. De uma situação negativa, Deus pode transformar em alguma ação importante para nossa salvação. Lembro-me de Jesus dizendo, "nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entra´ra no Reino dos Céus". 

Então somos chamados a termos um olhar divino sobre todas as coisas criadas. Devemos aproveitar a oportunidade nos dada por Deus para vivermos uma vida de inclusão. Sem preconceitos, sem racismos, sem homofobia, sem misoginia. Valorizando o meio ambiente. Não apoiando políticas públicas que promovem a morte e a destruição dos pobres, negros, favelados. Nenhum atitude de preconceito deve ser praticada por nós.

Na festa da Natividade de Nossa Senhora, procuremos observar como Deus age, e façamos da mesma maneira. Amém.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

"Ninguém, depois de beber vinho velho, deseja vinho novo"

Vinho novo, Odres novos e Vestes novas - Pregações e Estudos Bíblicos 

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 5,33-39

33 Os fariseus e os mestres da Lei disseram a Jesus: 'Os discípulos de João, e também os discípulos dos fariseus, jejuam com freqüência e fazem orações. Mas os teus discípulos comem e bebem.' 34 Jesus, porém, lhes disse: 'Os convidados de um casamento podem fazer jejum enquanto o noivo está com eles? 35 Mas dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, naqueles dias, eles jejuarão.' 36 Jesus contou-lhes ainda uma parábola: 'Ninguém tira retalho de roupa nova para fazer remendo em roupa velha; senão vai rasgar a roupa nova, e o retalho novo não combinará com a roupa velha. 37 Ninguém coloca vinho novo em odres velhos; porque, senão, o vinho novo arrebenta os odres velhos e se derrama; e os odres se perdem. 38 Vinho novo deve ser colocado em odres novos. 39 E ninguém, depois de beber vinho velho, deseja vinho novo; porque diz: o velho é melhor.'

Palavra da Salvação.

Reflexão

Que belo texto para pensarmos e repensarmos nossas práticas religiosas. Nossa vivência humana. Nossa existência.

Os fariseus estão preocupados com práticas religiosas. Práticas exteriores. Aquilo que pode se mostrar publicamente para que outros vejam.

Porém, Jesus é o novo. A nova mensagem. O novo jeito de se relacionar com Deus, com o próximo. Uma nova forma de se fazer políticas públicas (apesar de alguns discordarem dessa visão).

Jesus nos chama a uma mudança de práticas religiosas. É preciso deixar de lado aquilo que é velho que condena, escraviza, exclui. Doutrinas carcomidas pelo tempo. Fazemos parte da nova aliança; do vinho novo; da roupa nova. Aqueles que querem mudar, que querem mudanças pessoais e sociais devem se despir da roupa velha e colocar uma roupagem diferente. Quem quer uma vida verdadeiramente feliz, deve deixar de consumir o vinho velho, e consumir o vinho novo. E este, deve ser guardado em odres novos, num novo coração, numa nova sociedade. Num jeito novo de agir. Devemos lutar contra os odres envelhecidos do preconceito, do racismo, da homofobia, da misoginia, da destruição do meio ambiente. Devemos não votar em pessoas que praticam necro-política; em pessoas que oprimem a população; que a privem de políticas públicas que dê dignidade a todas a todos. Políticas Públicas que valorizem a vida com condições dignas de moradia, saneamento, transporte, cultura, escolarização, educação etc. 

Jesus faz um alerta, devemos ter cuidado para não nos acomodarmos com velhas estruturas. É hora de mudarmos. É hora de novas estruturas para recebermos a mensagem de Jesus, roupa nova e odres novos.

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Avança para águas mais profundas

Reflexão do evangelho: "Pela tua palavra lançarei as redes!" - CEBI

Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 5,1-11

1 Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus. 2 Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes. 3 Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões. 4 Quando acabou de falar, disse a Simão: 'Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca'. 5 Simão respondeu: 'Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes'. 6 Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. 7 Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem. 8 Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: 'Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!' 9 É que o espanto se  apoderara de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer. 10 Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus, porém, disse a Simão: 'Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens.' 11 Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus. 

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Temos diante de nós um texto cheio de imagens concretas que falam ao nosso espírito. 

Primeiro, Jesus está às margens do lago de Genesaré. Em terra firme. E uma multidão ao redor para ouvi-lo. Já parou para tentar imaginar essa cena? Eram tantas pessoas, que deveriam estar empurrando Jesus para dentro do lago. Isso é um exercício de imaginação. As pessoas estavam ali para ouvir Jesus. Lembro-me de JMJ-Rio-2013 em Copacabana. Aquela multidão reunida para ouvir Jesus falar pela boca do Papa Francisco.

Segundo, Jesus precisa de espaço. Então, Ele vê duas barcas que haviam acabado de chegar da pesca. Uma delas era de Simão. Jesus subiu numa das barcas, e começou a ensinar às multidões. Não me perguntem o que ele disse. Não faço a mínima ideia, nem para o evangelista isso foi significativo. O que importa é o que vem a seguir. Aparece um outro detalhe, Ele pediu para que a barca se afastasse um pouco da margem.

Terceiro, ao término de sua pregação, de seu discurso, ele falou a Simão para "avançar para águas mais profundas" e lançar as redes. Interessante, Jesus, além de falar às multidões, observou que o trabalho daquela noite havia sido infrutífero. Que poder de observação. Temos essa capacidade de ver a necessidade dos outros? Ou ficamos fechados nas doutrinas que nos cegam?
Quarto, Pedro argumenta, mas em "atenção", em respeito a Jesus, lançou as redes.

Quinto, pescaram muitos peixes.

Sexto, precisaram da ajuda de outra barca.

Seis pontos de observação. E aqui se abre para o sétimo ponto, minha partilha.

Quero convidar você a olhar para a Barca. Sim, isso mesmo! A parte do relato que fala da barca. Normalmente, para nós católicos, olhamos a barca sendo a representação da Igreja Católica. Aquela que nos conduz sob o comando do Papa, sucessor de Pedro. Nesse momento, Papa Francisco, lembra-se disso? (Aqui um parênteses, por mais que tenhamos um emérito, quem está à frente da "Barca" é o Papa Francisco. Esse é para nós o atual sucessor de Pedro, aquele que foi escolhido para apascentar as ovelhas. Para ir à nossa frente. Para nos conduzir diante das exigências dos tempo atuais).

Voltemos. Jesus manda que essa barca avance para águas profundas. Significa, saíamos da margem. Não é possível pescar com esse barulho todo. O barulho afasta os peixes. Espanta-os. Pois bem, apesar de tanta experiência como pescador, Simão obedece. Acontece, então, a grande pesca da vida daqueles homens. As redes se enchem de peixe. É uma quantidade tal, que precisam da ajuda de outra barca.

Aqui, o segundo ponto de minha reflexão, a outra Barca. No processo de evangelização não estamos sozinhos. Existem outras pessoas, outros grupos, outras "barcas" que fazem o mesmo serviço. E que caminham juntas, ao lado, ajudando a carregar a rede cheia de peixes. 

Hoje, não podemos ser intolerantes com as outras denominações religiosas que ajudam a carregar aqueles e aquelas que ouviram a palavra e caminham conforme a pregação de Jesus. Devemos caminhar juntos. Doutrinas são feitas por homens, unidade é fruto do amor misericordioso de Deus. E Deus é unidade na diversidade, ele é Trino, mas cada uma das pessoas tem sua atribuição distinta. Três pessoas com atribuições distintas. Assim devemos ser nós. Unidos no mesmo Deus, mas com jeitos diferentes de vivermos essa mesma palavra. Amém.

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades.

Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho à toda criatura. | Evangelho,  Culto de missoes, Pregai
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 4,38-44

38 Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela. 39 Inclinando-se sobre ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou. Imediatamente, ela se levantou e começou a servi-los. 
40 Ao pôr do sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levaram a Jesus. Jesus colocava as mãos em cada um deles e os curava. 41 De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: 'Tu és o Filho de Deus.' Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque sabiam que ele era o Messias. 42 Ao raiar do dia, Jesus saiu, e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedi-lo que os deixasse. 43 Mas Jesus disse: 'Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado.' 44 E pregava nas sinagogas da Judeia.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Esse texto de hoje é interessante. Ele nos abre várias possibilidades meditativas. Alguns podem falar sobre a cura da sogra de Pedro, a a disposição dela em servir após a cura. E que, somos curados para o serviço do outro, e não para nós mesmos.
Segundo, outros nos falarão sobre a cura das multidões. Dos vários doentes. Há ainda os que vão se apegar aos exorcismos feito por Jesus.
E por último, os que vão falar do processo de evangelização que não é estático.
Então, você poderia me perguntar, e você, Diácono, vai falar sobre qual desses temas? Eu quero destacar uma curiosidade que, primeiramente, não aparece explicitamente na narrativa. Quem eram as pessoas curadas por Jesus? Seriam todas e todos judeus? Seriam somente aqueles que se identificavam como discípulos de Jesus? Seriam parentes de seus discípulos? Quem são essas pessoas curadas?
Jesus não faz distinção de quem vai receber a cura. Não precisa ser católico, protestante, cristão. Basta crer que ele pode fazer esse milagre. Não precisa ser heterossexual, branco, homem, anglo-saxão. Todos nós agentes do processo curativo de Deus por Jesus. Em uma passagem na Sagrada Escritura lemos, "Deus não faz distinção de pessoas" (At 10,34).
Assim, no dia de hoje, rezei sobre para quem é destinada a mensagem de evangelização de Jesus. E ele mesmo nos deu a resposta, "Eu não vim para chamar justos, e sim pecadores" (Mc 2,17).
Pensemos em direção a quem estamos indo, aos "santos", ou aos que classificamos como pecadores?