domingo, 29 de agosto de 2021

22º Domingo do Tempo Comum - 29-08 Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o homem


Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 7,1-8.14-15.21-23

Naquele tempo: 1Os fariseus e alguns mestres da Lei vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus. 2Eles viam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado. 3Com efeito, os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. 4Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre. 5Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram então a Jesus: 'Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?' 6Jesus respondeu: 'Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: 'Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. 7De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos'. 8Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens'. 14Em seguida, Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: 'Escutai todos e compreendei: 15o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. 21Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, 22adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. 23Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o homem'. 

Palavra da Salvação.

Ouvir e viver a Palavra de Deus, eis nossa reflexão de hoje. 

Na primeira leitura, ouvimos Moisés dando as diretrizes para que o povo pudesse viver feliz na terra prometida. E alertou para que não mudassem nada das leis de Deus.

A segunda leitura de hoje, tirada do livro de Tiago, é um alerta para nós de como estamos vivendo a nossa fé. Ele diz que não basta apenas ouvir Palavra, mas que se deve colocar em prática. E afirma que a religião pura é aquela que, movida pela Palavra de Deus, vai ao encontro dos que estão em sofrimento diante de nós. Não somos fieis de uma religião intimista ou individualista, toda nossa viva ascética deve nos levar ao encontro das dores do mundo.

No evangelho, vemos um embate entre Jesus e os fariseus. Estes estão mais preocupados com práticas vazias do que com a fé que nos move a fazer o bem. Os fariseus são mais cumpridores de preceitos religiosos do que viverem a fé verdadeira.

Jesus nos convida a olharmos para nós e nos conhecermos. As impurezas humanas são forjadas dentro do próprio ser humano. 

"Más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas estas coisas más saem de dentro do homem, e são elas que tornam impuro o homem". Essa é a realidade humana. Jesus nos chama a olharmos para dentro de nós mesmos, e evangelizarmos nossas gestos e ações.

Lembro-me de que a algum tempo atrás, na missa, rezávamos assim, "confesso a Deus, e a vós irmãos e irmãs, que pequei muitas vezes, por palavras, atos e omissões". É disso que Jesus fala. 

As leituras de hoje nos convidam a uma mudança de vida, vivendo e acolhendo a Palavra de Deus que me impulsiona a mudar as estruturas injustas de nossa sociedade.

Deus lhe abençoe. Bom Domingo. Até semana que vem!

sábado, 28 de agosto de 2021

Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara eternidade!

Dos Livros das Confissões, de Santo Agostinho, bispo

 (Lib. 7,10.18;10,27: CSEL 33,157-163.255)
(Séc.V)

Instigado a voltar a mim mesmo, entrei em meu íntimo, sob tua guia e o consegui, porque tu te fizeste meu auxílio (cf. Sl 29,11). Entrei e com certo olhar da alma, acima do olhar comum da alma, acima de minha mente, vi a luz imutável. Não era como a luz terrena e evidente para todo ser humano. Diria muito pouco se afirmasse que era apenas uma luz muito, muito mais brilhante do que a comum, ou tão intensa que penetrava todas as coisas. Não era assim, mas outra coisa, inteiramente diferente de tudo isto. Também não estava acima de minha mente como óleo sobre a água nem como o céu sobre a terra, mas mais alta, porque ela me fez, e eu, mais baixo, porque feito por ela. Quem conhece a verdade, conhece esta luz.

  Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara eternidade! Tu és o meu Deus, por ti suspiro dia e noite. Desde que te conheci, tu me elevaste para ver que quem eu via, era, e eu, que via, ainda não era. E reverberaste sobre a mesquinhez de minha pessoa, irradiando sobre mim com toda a força. E eu tremia de amor e de horror. Vi-me longe de ti, no país da dessemelhança, como que ouvindo tua voz lá do alto: “Eu sou o alimento dos grandes. Cresce e me comerás. Não me mudarás em ti como o alimento de teu corpo, mas tu te mudarás em mim”.

 E eu procurava o meio de obter forças, para tornar-me idôneo a te degustar e não o encontrava até que abracei o mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus (1Tm 2,5), que é Deus acima de tudo, bendito pelos séculos (Rm 9,5). Ele me chamava e dizia: Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). E o alimento que eu não era capaz de tomar se uniu à minha carne, pois o Verbo se fez carne (Jo 1,14), para dar à nossa infância o leite de tua sabedoria, pela qual tudo criaste.

 Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existissem em ti. Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

Vem Ver!


Evangelho de Jesus Cristo segundo João 1,45-51

45Filipe encontrou-se com Natanael e lhe disse: "Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José". 46Natanael disse: "De Nazaré pode sair coisa boa?" Filipe respondeu: "Vem ver!" 47Jesus viu Natanael que vinha para ele e comentou: "Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade". 48Natanael perguntou: "De onde me conheces?" Jesus respondeu: "Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi". 49Natanael respondeu: "Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel". 50Jesus disse: "Tu crês porque te disse: Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!" 51E Jesus continuou: "Em verdade, em verdade, eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem".

Palavra da Salvação.

O encontro de Filipe com Natanael nos revela algumas coisas. Primeiro, para os discípulos não havia problema algum que "aquele de quem Moisés escreveu na Lei" fosse o filho de José. A humanidade do Filho do Homem não atrapalhou em nada.

Segundo, vemos Natanael, ou Bartolomeu, agindo com toda a sinceridade possível. Mas, uma pessoa aberta ao convite dos amigos e pronto a fazer uma nova experiência. Mesmo não acreditando que de Nazaré, que ficava na Galileia, pudesse vir algo de bom, aceita o convite de Filipe para ir até Jesus.

Terceiro, o encontro de Natanael com Jesus. Esse, logo ao ver, diz que ali, diante dele, está um "israelita de verdade, um homem sem falsidade". Muito interessante essa fala. Hoje vemos tantas pessoas que dizem acreditar em Jesus são falsas em sua fé. 

Jesus revela que havia visto o homem em questão. E, a partir dai, Bartolomeu crê em Jesus. E esse anuncia que Jesus é o Filho de Deus. E Jesus revela que coisas maiores eles verão ainda. 

"Vem ver"! Venha ver. Nunca deixe a oportunidade do encontro com Jesus acontecer.

sábado, 21 de agosto de 2021

Evangelização-Bem Comum-Democracia exigências do cristão.


Toda evangelização tem um viés social implícito nela. Não podemos falar do evangelho sem falar em mudanças das estruturas sociais injusta. Não podemos falar de evangelização e voltarmos às costas para os irmãos e irmãs que passam necessidades nesse mundo. 

No próprio evangelho, vemos Jesus dizer: "Voltem e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a Boa Notícia" (Mt 11,5). A evangelização passa, necessariamente, por um viés social. Em outro momento, Jesus afirmou, "Vocês é que têm de lhes dar de comer" (Mc 6,37). A ação solidária humana praticada pelos discípulos/discípulas de Jesus é uma ação evangelizadora. A ação social cristã é uma ação de evangelização. Resgatar a dignidade humana daqueles que veem seus direitos sendo desrespeitados, é uma ação evangelizadora. O respeito às instituições políticas democráticas, é uma ação evangelizadora. 

O Ensinamento Social da Igreja (ou Doutrina Social da Igreja) nos alerta para o valor da Democracia. O Compêndio da Doutrina Social da Igreja, no número 407, afirma: "Uma autêntica democracia não é somente o resultado de um respeito formal de regras, mas é o fruto da convicta aceitação dos valores que inspiram os procedimentos democráticos: a dignidade da pessoa humana, o respeito dos direitos do homem, do fato de assumir o «bem comum» como fim e critério regulador da vida política. Se não há um consenso geral sobre tais valores, se perde o significado da democracia e se compromete a sua estabilidade". Defender a democracia é uma exigência de toda ação da Igreja, e de sua evangelização.

No parágrafo 408, afirma a DSI: "O Magistério reconhece a validade do princípio concernente à divisão dos poderes em um Estado: «é preferível que cada poder seja equilibrado por outros poderes e outras esferas de competência que o mantenham no seu justo limite. Este é o princípio do “Estado de direito”, no qual é soberana a lei, e não a vontade arbitrária dos homens».

No sistema democrático, a autoridade política é responsável diante do povo. Os organismos representativos devem estar submetidos a um efetivo controle por parte do corpo social. Este controle é possível antes de tudo através de eleições livres, que permitem a escolha assim como a substituição dos representantes. A obrigação, por parte dos eleitos, de prestar contas acerca da sua atuação, garantida pelo respeito dos prazos do mandato eleitoral, é elemento constitutivo da representação democrática".

Outro princípio fundamental para a evangelização dentro do Ensinamento Social da Igreja, éq o Princípio do Bem Comum.

O Compêndio da Doutrina Social da Igreja afirma que "o conjunto de condições da vida social que permitem, tanto aos grupos, como a cada um dos seus membros, atingir mais plena e facilmente a própria perfeição". Lembremos que Jesus disse para que fôssemos perfeitos como o Pai é perfeito. E essa perfeição passa pelo valor da vida humana em todos os seus aspectos sociais. 

Assim, afirma o documento que "bem comum não consiste na simples soma dos bens particulares de cada sujeito do corpo social. Sendo de todos e de cada um, é e permanece comum, porque indivisível e porque somente juntos é possível alcançá-lo, aumentá-lo e conservá-lo, também em vista do futuro. Assim como o agir moral do indivíduo se realiza em fazendo o bem, assim o agir social alcança a plenitude realizando o bem comum. O bem comum pode ser entendido como a dimensão social e comunitária do bem moral" (DSI 164, §2º).

O Catecismo da Igreja Católica apresenta oito parágrafo para falar do "bem comum". Citando a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, afirma que o bem comum é o "conjunto daquelas condições da vida social que permitem aos grupos e a cada um de seus membros atingirem de maneira mais completa e desembaraçadamente a própria perfeição" (1906).

Continua o Catecismo dizendo que o bem comum comporta "três elementos sociais", a saber, "respeito pela pessoa como tal", "o bem estar social e o desenvolvimento do próprio grupo", "a paz".

Quanto ao "respeito pela pessoa como tal", afirma o catecismo que "em nome do bem comum, os poderes públicos são obrigados a respeitar os direitos fundamentais e inalienáveis da pessoa humana". E continua afirmando que o "bem comum consiste nas condições para exercer as liberdade naturais indispensáveis ao desabrochar da vocação humana". 

Ao falar do "bem estar social e do desenvolvimento", afirma o Catecismo que a autoridade política deve "tornar acessível a cada um aquilo de que precisa para levar uma vida verdadeiramente humana: alimento, vestuário, saúde, trabalho, educação e cultura, informação conveniente, direito de fundar um lar etc." (1908). 

E por fim, a Paz. E diz que a Paz  é uma "ordem justa, duradoura e segura." E conclui afirmando que "o bem comum está sempre orientado ao progresso das pessoas" (1912).

No momento em que passamos no Brasil por uma crise entre os poderes do Estado, onde a democracia tem sido vilipendiada a todo momento, onde o bem comum parece subordinar-se a interesses escusos de grupos econômicos que desvalorizam a vida humana, nós, cristãos católicos somos convocados a nos unirmos a todos os homens de boa vontade, a todas e todos que buscam construir uma nova civilização, a civilização do amor.

E assim, somos chamados e chamadas a sermos propagadores da "civilização do amor". Esse princípio está "iluminado pelo primado da caridade" que tem como "sinal distintivo dos discípulos de Cristo (DSI 580)".

"Jesus nos ensina que a lei fundamental da perfeição humana e da transformação do mundo é o mandamento novo do amor" (DSI 580).

Portanto, "é necessário que os cristãos sejam testemunhas profundamente convictas e saibam mostrar, com a sua vida, como o amor é a única força que pode guiar à perfeição pessoal e social e mover a história rumo ao bem" (DSI 580).

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

"Amarás ao teu próximo como a ti mesmo"


 Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 22,34-40

Naquele tempo: 34Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, 35e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36'Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?' 37Jesus respondeu: '`Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!' 38Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39O segundo é semelhante a esse: `Amarás ao teu próximo como a ti mesmo'. 40Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos.

Palavra da Salvação

"Queres ser perfeito, vai vende teus bens, dá os dinheiros aos pobres, depois vem e segue-me". Foi assim que Jesus falou ao homem rico. E, acrescentou, o quanto é difícil um rico entrar no Reino dos Céus.

Hoje, Jesus fala aos fariseus. Podemos identificar esse grupo religioso com aqueles que tinham uma observância da lei de uma forma fundamentalista, ou seja, deixavam de lado a relação entre Deus e a humanidade.

Para um judeu fariseu o mais importante era a lei. E eles tinham muitas leis, além do decálogo. Faziam interpretações das Leis de Deus e criavam outras, e as faziam como mais importantes que o que Deus havia dado a Moisés, apesar de saber que a lei de Deus é importantíssima para as relações sociais humana.

Ao perguntarem qual era o maior mandamento, queriam testar Jesus. Lembremos que Jesus é Filho de Deus. E como tal, não poderia negar o amor do Filho pelo Pai. Por isso, afirma categoricamente que o maior mandamento é "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento". Vejam, amar a Deus é uma ação de toda a pessoa humana. O todo humano está relacionado diretamente a Deus. Nada pode ficar de fora. O coração, sede do sentimento; a alma, sede da vida; o entendimento, sede da razão. Jesus está afirmando que devemos amar a Deus com nosso querer (coração); com nossa vida (alma); com nosso entendimento (razão). 

Entretanto, eles poderiam alegar que faziam isso. E Jesus dá um passo a mais. É preciso que esse amor a Deus se transforme em ação a favor do próximo. Por isso, acrescenta que o o segundo mandamento está diretamente relacionado ao relacionamento social entre os filhos e filhas de Deus. E acrescentou, que "o segundo é semelhante a esse: `Amarás ao teu próximo como a ti mesmo". 

Para Jesus não há amor a Deus se não houver amor ao próximo. E devemos amar ao próximo como amamos a nós mesmos. O mesmo amor que queremos que Deus nos dê, deve ser o mesmo amor com o qual amamos os outros. Amor que gera vida, que amor que abomina a discriminação, o racismo, a homofobia, a misoginia. Amor que acolhe as pessoas de todas as raças, sexos, religiões. Amor que impulsiona ao serviço solidário aos homens e mulheres.

Amar a Deus sobre todas as coisa deve nos impulsionar ao amor ao próximo. Amar a Deus implica numa ação social em amor ao próximo. A própria palavra de Deus, revelada através dos escritos do segundo testamento, nos dá outras demonstrações dessa implicação social do amor a Deus. 

Na carta de São Tiago, lemos, "a fé: sem as obras, ela está completamente morta" (Tg 2,17). Na primeira carta de São João temos, "Se alguém diz: «Eu amo a Deus», e no entanto odeia o seu irmão, esse tal é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê. E este é justamente o mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também o seu irmão (1 Jo 4,20-21).

Lembremos o que nos disse Jesus, "Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino do Céu. Só entrará aquele que põe em prática a vontade do meu Pai, que está no céu". (Mt 7,21). E, nesse caso, fazer a vontade o Pai é "amar ao próximo como a si mesmo".

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Não renunciar ao chamado de Deus.


 Leitura do Livro dos Juízes 9,6-15

Naquele tempo: 6Todos os habitantes de Siquém e os de Bet-Melo se reuniram junto a um carvalho que havia em Siquém e proclamaram rei a Abimelec. 7Informado disso, Joatão foi postar-se no cume do monte Garizim e se pôs a gritar em alta voz, dizendo: 'Ouvi-me, moradores de Siquém, e que Deus vos ouça. 8Certa vez, as árvores resolveram ungir um rei para reinar sobre elas, e disseram à oliveira: 'Reina sobre nós`. 9Mas ela respondeu: 'Iria eu renunciar ao meu azeite,
com que se honram os deuses e os homens, para me balançar acima das árvores?' 10Então as árvores disseram à figueira: 'Vem e reina sobre nós'. 11E ela lhes respondeu: 'Iria eu renunciar à minha doçura e aos saborosos frutos', 12As árvores disseram então à videira: 'Vem e reina sobre nós'. 13E ela lhes respondeu: 'Iria eu renunciar ao meu vinho, que alegra os deuses e os homens, para me balançar acima das outras árvores?' 14Por fim, todas as árvores disseram ao espinheiro: 'Vem tu reinar sobre nós'. 15O espinheiro respondeu-lhes: 'Se deveras me constituís vosso rei, vinde e repousai à minha sombra; mas se não o quereis, saia fogo do espinheiro e devore os cedros do Líbano!'.

Palavra do Senhor.

É impressionante como a Palavra de Deus ilumina as ações de nossa vida. Basta ter a coragem de ler, meditar, orar, e procurar viver.

Da mesma forma que Jesus comparou as pessoas aos vários tipos de terreno, o autor do livro dos Juízes compara as pessoas a quatro tipos de árvore: oliveira, figueira, parreira, espinheiro.

Cada tipo de árvore, revela o coração de cada um de nós. Existe um livro que se chama a Revolução dos Bichos. Vale a leitura.

O povo eleito queria um rei. E escolheram alguém que, aparentemente, não era bem vista por Joatão. Então, ele proferiu o discurso que lemos anteriormente.

Vejamos. As árvores viviam bem sem uma árvore com plenos poderes sobre as demais. Entretanto, elas queriam uma que estivesse à frente de todas.

Escolheram a oliveira, inicialmente. a oliveira. Responsável por dar o óleo necessário à vida. Ela se vale de sua importância para os deuses e para os homens para recusar o convite. Se vale de sua importância.

Diante da negativa, foram ao encontro da figueira. Essa, diante de sua nobreza de doçura e dos frutos saborosos.

Foram, então, à videira. Essa se valeu de sua nobreza juntos aos deuses e aos homens para declinar do convite.

Por último, foram ao espinheiro. Uma das árvores mais abomináveis. Sem nada a oferecer. Nem mesmo uma sombra poderia oferecer. Mas, foi essa que aceitou o ofício. E, como o que oferecer, deu-lhes fogo. Deu-lhes a destruição. 

Devemos tomar cuidado a quem vamos colocar como nossos líderes. A quem vamos seguir. Além disso, não devemos achar que nossas doçuras, nobreza de vida nos afastem do serviço.

Deus nos mostra que tudo aquilo que temos de bom deve ser colocado à serviço da comunidade.

Os últimos serão os primeiros.


 Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 20,1-16a

Naquele tempo: Jesus contou esta parábola a seus discípulos: 1'O Reino dos Céus é como a história do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. 2Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha. 3Às nove horas da manhã, o patrão saiu de novo, viu outros que estavam na praça, desocupados, 4e lhes disse: 'Ide também vós para a minha vinha! E eu vos pagarei o que for justo'. 5E eles foram. O patrão saiu de novo ao meio-dia e às três horas da tarde, e fez a mesma coisa. 6Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça, e lhes disse: `Por que estais aí o dia inteiro desocupados?' 7Eles responderam: `Porque ninguém nos contratou'. O patrão lhes disse: `Ide vós também para a minha vinha'. 8Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: `Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a  todos, começando pelos últimos até os primeiros!' 9Vieram os que tinham sido contratados às cinco da tarde e cada um recebeu uma moeda de prata. 10Em seguida vieram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais. Porém, cada um deles também recebeu uma moeda de prata. 11Ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: 12`Estes últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro'. 13Então o patrão disse a um deles: `Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? 14Toma o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti. 15Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?' 16aAssim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos.'

Palavra da Salvação.

Texto bem simples. De fácil compreensão. Não há nada escondido. Ciúmes, esse é o tema. Achar-se melhor que os outros porque se está mais tempo na caminhada. 

Jesus nos ensina que não depende do tempo em que estamos no caminhada junto de Deus. Isso não nos dá vantagens e prestígio diante dos outros. Não importa o tempo de caminhada. O que conta é a intensidade da oração, do trabalho, e da confiança em Deus. 

Cada um de nós é chamado em determinado momento da vida. E não importa o tempo que estamos caminhando. Todos teremos a mesma recompensa. 

Medite!


segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Vem e segue-me!


 Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 19,16-22

16Alguém aproximou-se de Jesus e disse: 'Mestre, o que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?' 17Jesus respondeu: 'Por que tu me perguntas sobre o que é bom? Um só é o Bom. Se tu queres entrar na vida, observa os mandamentos.' 18O homem perguntou: 'Quais mandamentos?' Jesus respondeu: 'Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, 19honra teu pai e tua mãe, e ama teu próximo como a ti mesmo.' 20O jovem disse a Jesus: 'Tenho observado todas essas coisas. O que ainda me falta?' 21Jesus respondeu: 'Se tu queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.' 22Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico.

Palavra da Salvação.

"Alguém aproximou-se". Mateus não identifica a pessoa. Poderia ser qualquer um. Poderia ser eu, ser você. Essa pessoa deseja possuir a vida eterna. Como todos nós. 

Incialmente, ele pergunta o que deveria fazer, de bom, para ter a vida eterna. Jesus afirma que só Deus é bom. Então, se somos criados à imagem e semelhança de Deus, devemos ser bons. Essa é a primeira resposta de Jesus, não direta, mas implícita.

A segunda resposta fala da vida cotidiana. Jesus diz, "se tu queres entrar na vida, observa os mandamentos". Mas, a pessoa, conhecedora de todos os mandamentos da lei mosaica, e da lei dos fariseus, fica confuso, e pergunta: "quais mandamentos?" Então, Jesus responde, "não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, ama o próximo como a ti mesmo". Tudo o que está no decálogo relacionado com o outro. Jesus mostra que mais do que as leis que falam do nosso relacionamento com Deus, a que nos impele de irmos ao encontro do outro são as leis que nos farão termos a vida eterna. Basta isso.

Mas, a pessoa quer mais. Deseja avançar para águas, mais profundas. Tem uma sede de infinito. A resposta, de quem procura a vida, é direta, "tenho observado todas essas coisas. O que me falta"? Quer dizer, preciso de mais. 

Então, Jesus responde, "vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me". Quem quer mais do que a simples observância da lei, deve comprometer-se com os pobres. Deve desfazer-se de seus bens. Distribuir aos necessitados. Em seguida, seguir Jesus, ou seja, assumir a mesma vida que Jesus teve. Não se preocupar com os bens materiais. Doar a própria vida. Assumir a cruz de Jesus.

"Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico". Interessante, no fim da perícope, Mateus identifica a pessoa como um jovem. Mas, não pensemos nos jovens em idade. Uma pessoa ainda não amadurecida pelos anos da vida. Ser jovem, nesse caso, é uma pessoa que está iniciando a vida adulta, por isso, tinha bens, riquezas. 

Para entrar na vida eterna basta viver os mandamentos. Para ser perfeito, deve-se assumir a opção preferenciai pelos pobres, excluídos, marginalizados, sem terra, sem teto, sem emprego. Ser perfeito é comprometer-se com a vida, com a saúde, com o desprezo que os encarcerados sofrem. Para ser perfeito é preciso despir-se de todo preconceito e assumir a vida de Jesus (segui-lo). Esse exemplo nos foi deixado por alguns santos, sejam eles atuais ou do passado. Só para lembrar alguns e algumas, Dom Oscar Romero, Teresa de Calcutá, Dulce dos Pobres, Dorothy Stangy, Pedro Casaldáliga, Hélder Câmara, Francisco.

Hoje somos chamados a  sermos sinais e testemunhas perfeitas da entrega a Deus e ao projeto de Jesus. "Coragem", disse Jesus.

domingo, 15 de agosto de 2021

O Poderoso fez por mim maravilhas!


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,39-56

39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito, exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!" 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu". 46Maria disse: "A minha alma engrandece o Senhor, 47e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador, 48pois, ele viu a pequenez de sua serva, eis que agora as gerações hão de chamar-me de bendita. 49O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome! 50Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam. 51Demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos. 52Derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou. 53De bens saciou os famintos despediu, sem nada, os ricos. 54Acolheu Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, 55como havia prometido aos nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre". 56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.

Palavra da Salvação.

Hoje celebramos a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Depois de Jesus, Maria é a primeira mortal que é elevada aos céus em corpo.

A oração da Coleta, que abre a Missa de hoje, nos pede que vivamos "atentos às coisas do alto, a fim de participarmos da sua glória". E a leitura do evangelho nos remete à visita que Maria faz a Isabel logo após saber que ela estava grávida.

Maria partiu apressadamente para uma região da Judeia. Ao saudar Isabel, a criança que estava em seu ventre estremeceu. E Isabel fez uma oração de louvor e agradecimento a Deus pelo sim de Maria.

Então, Maria exultou no Espírito e fez a belíssima oração do Magnificat. Essa oração nos coloca de volta na vida. Nos faz ver que Deus age na história, na pequenez. Nos humildes, nos fracos, nos sem teto, nos que passam fome pelas ruas de nossas cidades. Nos que moram nas ruas. Nos que morreram por negligência política de não ter dado vacina a todas e a todos no momento certo. 

Maria nos mostrou o poder de Deus que com seu braço "dispersou os orgulhosos". Um Deus que "derrubou do trono os poderosos", e que "exaltou os humildes". Um Deus que "saciou os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias". Um Deus que acolheu a todos e todas que foram fieis à sua promessa, e que creem em Jesus como enviado de Deus.

Celebrar a Assunção é olhar para Maria como aquela que, cumprindo a missão dada por Deus, é encaminhada ao Reino diretamente. Esse é o nosso destino, o Reino dos Céus, vivamos uma vida plena do evangelho, inspirada pelo Espírito Santo, e, mesmo sendo pecadores, chegaremos aos Reino de Deus. Amém.

sábado, 14 de agosto de 2021

A cidade de Deus espera a salvação e o perdão dos pecados

Livro do Profeta Miquéias 7,7-20

A cidade de Deus espera a salvação e o perdão dos pecados


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Eu, porém, olharei para o Senhor, à espera de Deus, meu Salvador; meu Deus me ouvirá.8 Não te alegres, minha inimiga, por eu ter caído, pois me levantarei; se estou na escuridão, o Senhor é a minha luz.9Sofrerei a ira do Senhor, – pois pequei contra ele – enquanto ele não decidir minha causa e não fizer o meu julgamento; ele me conduzirá para a luz e eu verei a santidade de suas obras.10 Minha inimiga olhará e se cobrirá de vergonha; ela que me diz: "Onde está o Senhor, teu Deus? Volto os olhos para ela; agora será pisada aos pés, como lama do caminho.11 Virá o dia em que serão edificados teus muros; naquele dia, se ampliarão tuas fronteiras.12 Naquele dia, virão a ti habitantes da Assíria ao Egito, desde o Egito até ao rio, desde um mar a outro mar e desde uma montanha à outra.13 A terra, porém, será devastada, por culpa de seus habitantes, em razão de suas obras.14 Apascenta o teu povo com o cajado da autoridade, o rebanho de tua propriedade, os habitantes dispersos pela mata e pelos campos cultivados; que eles desfrutem a terra de Basã e Galaad, como nos velhos tempos.15 E, como foi nos dia sem que nos fizeste sair do Egito, faze-nos ver novos prodígios.16 As nações verão e se envergonharão, apesar de todo o seu poderio; hão de pôr a mão sobre a boca, seus ouvidos estarão surdos;17 hão de lamber o chão, como serpentes, e outros répteis da terra. Hão de sair de suas casas tremendo diante do Senhor nosso Deus: dele sentirão um grande medo.18 Qual Deus existe, como tu, que apagas a iniquidade e esqueces o pecado daqueles que são resto de tua propriedade? Ele não guarda rancor para sempre, o que ama é a misericórdia.19 Voltará a compadecer-se de nós, esquecerá nossas iniquidades e lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados.20 Tu manterás fidelidade a Jacó e terás compaixão de Abraão, como juraste a nossos pais, desde tempos remotos.