terça-feira, 29 de junho de 2021

Homens fracos na fé


 Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 8,23-27

Naquele tempo: 23Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. 24E eis que houve uma grande tempestade no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, dormia. 25Os discípulos aproximaram-se e o acordaram, dizendo: 'Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo!' 26Jesus respondeu: 'Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?' Então, levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria. 27Os homens ficaram admirados e diziam: 'Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?'

Palavra da Salvação.

Quando rezamos o Símbolo dos Apóstolos, ou o Credo, dizemos, "Creio em Deus Pai todo poderoso...". Da leitura do Gênesis, temos, "façamos o homem à nossa imagem e semelhança". Portanto, Jesus, também sendo Deus, e tendo participado da criação do mundo, tem poder sobre ela. E quando ele diz que "eu e o Pai somos um", entendemos que o Pai age nesse mundo através do Filho, Jesus.

Nada nessa vida pode nos abalar. nem tempestades, nem ventos fortes, nem grandes ondas. Tudo está nas mãos de Deus, através de Jesus. Paulo disse, "quem vai nos separar do amor de Cristo?" Paulo conclui que nada nessa vida pode nos separar desse amor (Rm  8,35-39). E foi essa a experiência vivida pelos discípulos naquela barca. 

Portanto, não devemos nos abalar, nos preocupar, nos afligir com as intempéries da vida. Tendes fé. Tendes coragem. Deus está a nosso favor.

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça


Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 8,18-22

Naquele tempo; 18Vendo uma multidão ao seu redor, Jesus mandou passar para a outra margem do lago. 19Então um mestre da Lei aproximou-se e disse: 'Mestre, eu te seguirei aonde quer que tu vás.' 20Jesus lhe respondeu: 'As raposas têm suas tocas e as aves dos céus têm seus ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.' 21Um outro dos discípulos disse a Jesus: 'Senhor, permite-me que primeiro eu vá sepultar meu pai.' 22Mas Jesus lhe respondeu: 'Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos.'

Palavra da Salvação.

Jesus ia para outra margem. Jesus não fica parado. Ele deve afastar-se da multidão. Nesse contexto, um mestre da lei se aproximou, e disse: "eu te seguirei aonde quer que vás". Jesus, conhecendo como viviam os mestres da Lei, disse, eu não tenho onde morar. Eu peregrino pelo mundo. Não tenho um lugar fixo para viver. A realidade espiritual e teológica de Jesus não está presa à lei, nem aos templos. Jesus não vive sob a forma de viver dos mestres da Lei, com luxo e riqueza.

Em seguida, uma outra pessoa, que fazia parte do grupo dos discípulos, queria seguir Jesus, mas não conseguia se afastar dos apegos familiares. A exigência para ser discípulo se faz no desapego.

Olhemos para nós como discípulos, estamos dispostos a nos desacomodarmos de nossas garantias sociais, e de nos desapegarmos das relações familiares?


domingo, 27 de junho de 2021

"Deus não fez a morte".


"Deus não fez a morte".

Queridas e queridos, assim está no livro da Sabedoria que lemos na primeira leitura de hoje. Na segunda leitura, Paulo nos fala que "Nas atuais circunstâncias, a vossa fartura supra a penúria". E acrescento, a penúria dos que não tem o que comer, dos que não estão passando pelas penúrias modernas da pandemia. A penúria dos que sofrem com a falta de medicamentos, por causa da corrupção. Dos que estão tratados como "coisas". Dos que não recebem a devida atenção daqueles e daquelas que governam esse país, e que não garantem a vacinação contra a Covid para todas e todos. A corrupção, instalada nesse país de forma endêmica, causa penúria para muitas pessoas. 

No evangelho de hoje, temos duas histórias: a da filha do Jairo, e a da mulher com o fluxo de sangue. Duas histórias de penúria, a dor de um pai que vê sua filha doente e sem mais recurso. E uma mulher que tem uma história de sofrimento com uma doença, outra penúria.

Jesus está diante dessas duas situações de aflição para nós. Na filha de Jairo, contemplamos tantas pessoas que passam por situações de penúria por falta de tratamento de seus filhos. Crianças abandonadas, esquecidas, jogadas ao léu. Assassinadas pelo braço armado do Estado. Em Jairo, olhamos para tantas famílias que lutam para que seus membros possam ter vida, "e vida em abundância". 

Na mulher com o fluxo de sangue contínuo contemplamos  tantas pessoas com doenças graves que estão no meio de nós, e que conhecemos. Mulheres e homens entubados por conta da covid. Mulheres e homens que estão sofrendo em hospitais por falta de medicamentos que são suprimidos pela corrupção que mata.

Não devemos acumular riquezas enquanto temos irmãs e irmãos que estão na penúria. Nosso Deus é o Deus da vida. Jesus veio trazer vida para todos nós, e nos deu esse exemplo. A mulher voltou à convivência social após sua cura. Jairo teve sua filha de volta. Sejamos portadores de vida. Defender a vida é libertar todas e todos das várias situações de penúria, sejam elas espirituais ou materiais. Amém.

Leituras

1ª Leitura - Livro da Sabedoria 1,13-15;2,23-24

2ª Leitura - Segunda Carta de Paulo aos Coríntios 8,7.9.13-15

Evangelho - Marcos 5,21-43.

Link para os textos bíblicos.

https://liturgiadiaria.cnbb.org.br/app/user/user/UserView.php




sexta-feira, 25 de junho de 2021

"Não digas nada a ninguém"


Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 8,1-4

1Tendo Jesus descido do monte, numerosas multidões o seguiam. 2Eis que um leproso se aproximou e se ajoelhou diante dele, dizendo: 'Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar.' 3Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: 'Eu quero, fica limpo.' No mesmo instante, o homem ficou curado da lepra. 4Então Jesus lhe disse: 'Olha, não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote, e faze a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho para eles.'

Palavra da Salvação.

Nosso texto esconde uma situação que não conseguimos ver logo de primeira. "um leproso se aproximou".

O texto diz que Jesus descera do monte. Lembremos que é o monte do chamado Sermão da Montanha, donde tiramos as regras de convivência que os cristãos devem viver.

Jesus desceu do monte. Um leproso se aproximou dele. Aqui, acontece a primeira violação da lei para os leprosos. Eles não podiam se aproximar das pessoas. Deviam viver apartados, e gritar "leproso, leproso", para que as pessoas não se aproximassem.

Esse leproso rompe a regra. Aproxima-se de Jesus. Correu o risco de ser apedrejado, e morto. Mas, para quem já estava excluído da sociedade, da convivência, a morte, para ele, era lucro. 

Aproximou-se de Jesus. Ajoelhou-se diante dele. Lembremos que os judeus não se ajoelhavam diante de outro homem. Ao se ajoelhar, podemos entender duas coisas: ou esse leproso não era judeu, ou reconheceu em Jesus a filiação divina. 

O homem se aproxima. E diz, "se queres, tu tens o poder de me purificar". E Jesus diz, "eu quero, fica limpo". Jesus não trava diálogo antes de purificar o homem. A cura da lepra deveria ser instantânea. Sem muito falação. Ela foi direta. Simples. "Eu quero". 

Como todo milagre que Jesus realizava, o silêncio da cura era uma atitude que Jesus pedia. Mas, aqui, aparece uma situação interessante. A lei mandava que todo leproso que ficasse curado deveria se apresentar ao sacerdote, oferecer a oferta prescrita por Moisés, para que pudesse voltar à convivência. Mas, inusitadamente, Jesus transforma essa determinação em testemunho do curado em favor da vida. Claro que o leproso daria testemunho de quem o curou.

Jesus nunca buscou fama. Ele veio salvar e resgatar o que estava perdido. Essa atitude de Jesus, de ficar no silêncio, deve ser a nossa marca. Jesus nos ensina que não somos nós mais importantes nos dons que a nós são dado. Nossos dons são para o serviço, para o próximo, não para nossa promoção pessoal, social, religiosa. Mas que Deus, e a sua palavra, sua vontade, seja realizada no meio de nós. Para que não haja mais famintos, sedentos, nus, doentes, presos, refugiados. As curas de Jesus são o prenuncio de uma nova sociedade. De uma nova humanidade, onde todos e todas são tudo em Deus.

Encerro dizendo que Jesus tocou no homem leproso, o que era proibido pela lei. Muitas vezes, é necessário voltar-se para a lei que mata, que exclui, que julga, para gerar vida. Não pratiquemos a "necroreligião".

quinta-feira, 24 de junho de 2021

'João é o seu nome'


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 1,57-66

57Completou-se o tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho. 58Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela. 59No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. 60A mãe porém disse: 'Não! Ele vai chamar-se João.' 61Os outros disseram: 'Não existe nenhum parente teu com esse nome!' 62Então fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse. 63Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: 'João é o seu nome.' 64No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. 65Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia espalhou-se por toda a região montanhosa da Judéia. 66E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: 'O que virá a ser este menino?' De fato, a mão do Senhor estava com ele.

Palavra da Salvação.

Hoje celebramos a Solenidade da Natividade de São João Batista. Somente São João Batista e Jesus têm celebração da seus nascimentos. Isso devido a íntima ligação entre esses dois fatos, e esses dois personagens.

O evangelho de Lucas traça um paralelo entre a anunciação à Zacarias e Maria; os dois nascimentos são o fato espiritual marcante para as duas famílias.

João significa "Deus é misericordioso". Lembremos que Isabel era tida como estéril. 

Façamos uma leitura para os nossos dias. Era costume de que o nome de um filho tivesse relação com a família do pai. No caso de João foi diferente, como no caso de Jesus também.

A vida de João foi de anuncio de conversão e de denúncia quanto a todas as ações contrárias a vontade de Deus praticadas pelas autoridades religiosas e políticas de seu tempo. João veio para preparar o caminho do Senhor. João veio para anunciar que o messias estava para vir. João conclamava o povo a ter uma vida mais conforme ao que Deus já tinha dito pelos profetas.

Hoje lembramos João Batista. Lembramos de Isabel e Zacarias. Uma família que esperava a vinda do salvador. Uma família envolvida pela esperança. Uma família que, mesmo na dor da esterilidade, sabia que para Deus nada é impossível. 

Peçamos a São João Batista que nos inspire a denunciar as injustiças e as explorações do povo que sofre com fome, doenças, discriminação. Amém.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

"Hipócrita"!

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 7,1-5

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1'Não julgueis, e não sereis julgados. 2Pois, vós sereis julgados com o mesmo julgamento com que julgardes; e sereis medidos, co a mesma medida com que medirdes. 3Por que observas o cisco no olho do teu irmão, e não prestas atenção à trave que está no teu próprio olho? 4Ou, como podes dizer ao teu irmão: 'deixa-me tirar o cisco do teu olho', quando tu mesmo tens uma trave no teu? 5Hipócrita, tira primeiro a trave do teu próprio olho, e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão.

Palavra da Salvação.

Não julgar, não medir, não acusar. Existem pessoas que se acham melhores dos que os outros em todos os sentidos, inclusive no sentido religioso.

Jesus vivia numa sociedade cercada de leis que cerceava a liberdade do espírito. Ele veio para mostrar que a lei de Deus não era acusatória, mas libertadora. 

É triste ver que depois de mais de dois mil anos de propagação da mensagem de Jesus, ainda existam pessoas que agem como os fariseus e acusam os filhos e filhas de Deus de se importarem com a vida do próximo. Os acusadores criam leis que procuram impedir o Espírito de soprar onde quer. Mas, o Espírito é livre.

Jesus fora acusado de fazer milagres pelo poder do demônio; Jesus foi acusado de se fazer Filho de Deus. Jesus foi acusado de fazer refeição com pecadores, deixar-se tocar publicamente por prostitutas, de andar com os leprosos, de tocar no esquife dos mortos. E de muitas outras coisas que a lei condenava. Nós seguimos um fora da Lei. Nós seguimos um homem que foi contado entre os criminosos, por isso, recebeu a condenação máxima, a morte.

Ao olharmos para o texto de hoje, devemos nos perguntar: como estamos medindo as pessoas? Será que estamos sendo justos e justas em dizer que o outro tem um cisco no olho? Temos consciência das traves que nos cegam?

Hoje celebramos São Luiz Gonzaga, padroeiro da juventude. Peçamos a ele que sejamos firmes na oração para podermos compreender as pessoas. Amém.

domingo, 20 de junho de 2021

"Vamos para outra margem"


Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 4,35-41

Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a  seus discípulos: "Vamos para a outra margem!" Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava, na barca. Havia ainda outras barcas com ele.
Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro.
Os discípulos o acordaram e disseram: "Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?" Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: "Silêncio! Cala-te!" O ventou cessou e houve uma grande calmaria. Então Jesus perguntou aos discípulos: "Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?"
Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: "Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?"

Palavra da Salvação.

"Vamos para a outra margem". Muitos pregadores vão falar sobre o poder de Jesus sobre o vento e sobre as ondas. Sobre as águas que agitam o barco. E que o barco é nossa vida, é a Igreja. Isso tudo está correto. Mas, quero partilhar com você outro tema que está nessa passagem, e que nos passa despercebido. "A outra margem".

Passar a outra margem significa mudar de vida. Pasar a outra margem significa sair da mesmice do dia-a-dia. Sair da zona de conforto. Desinstalar-se daquilo que estamos acostumados. Lembra-se de Abraão? Saiu de sua terra, e foi para onde Deus indicou; mudou de margem. Lembra-se de Moisés. Deixou a segurança do rebanho do sogro para ir salvar o povo; mudou de margem. Temos outros, Pedro, Paulo, Natanael, Zaqueu, Mateus, Nicodemos.

Ir para a outra margem exige coragem e confiança em Deus. A travessia é agitada. Não existe calmaria. São ventos, onde fortes, água invadindo o barco. A travessia não é feita sozinho. Jesus vai junto. Mas, ele nos deixa conuzir a travessia. É preciso ter a coragem e a fé de saber que ele está conosco, e que nada possa nos abalar, nem nos derrotar. 

É hora de mudarmos de margem. É hora de deixar aquela vidinha mediocre de sempre e fazer coisas novas, assumir novos compromissos, novas atitudes.

Deus sempre está conosco. Deus sempre nos guia. Deus sempre mostra a direção a seguir.

"Vamos para outra margem".

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Quando orardes, não useis muitas palavras.


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 6,7-15

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. 8Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais. 9Vós deveis rezar assim: Pai Nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. 11O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. 13E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. 14De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. 15Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes. 

Palavra da Salvação.

Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. (Mt 6,5)

O evangelho de hoje nos leva a como devemos orar. Jesus fala que não devemos usar muitas palavras. É interessante que muitos pregadores desse evangelho de hoje se prendem na oração do Pai Nosso. Isso não é de todo ruim. Mas, a instrução que Jesus dá nos saltar aos olhos em nossos tempos. Temos tantos momentos de prática espiritual, adorações ao Santíssimo, Terça, Horas Santas. Falamos muito. E rezamos pouco. Ficamos pouco tempo diante do sagrado numa atitude de quem escuta, ou seja, em silêncio divino, espiritual. 

Jesus nos diz que não serão palavras repetidas que farão que Deus nos escute. Ele já sabe do que precisamos. Apenas precisamos estar colocados numa atitude de escuta, meditar suas palavras, colocar nossa vida à disposição e ao serviço do próximo.

No próprio evangelho de Mateus, no próprio capítulo 6, no versículo 5, Jesus diz que nossa oração não seja como a dos hipócritas, "que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens". O jeito de Jesus era mais discreto, Ele com o Pai, à noite, no silêncio. A natureza humana de Jesus faz com que ele entenda que os seres humanos precisam de uma oração focada naquilo que é essencial para fazer a vontade do Pai, por isso ele ensina a oração do Pai Nosso.

As três primeira partes dessa oração estão direcionadas ao Pai. Santificar o nome de Deus, que o Reino venha até nós, e que a vontade de Deus seja feita.

Logo em seguida, toda oração é dirigida a Deus para que possamos olhar a necessidade do outro. Vejamos.

"O pão nosso de cada dia nos dais hoje". O pão é nosso, tal como o Pai é nosso. Não bastar ter o meu pão. É preciso que o outro também tenha esse pão para sua vida. Pão que sustenta o corpo para o trabalho, e pão que garante que o próximo, alimentado, terá tempo de ouvir a palavra de Deus, e meditá-la.

"Perdoa as nossas ofensas como nós perdoamos a quem nos tem ofendido". O perdão é uma via de mão dupla. O mesmo perdão que eu quero que Deus me dê, devo perdoar o meu irmão. Do que adianta pedir perdão pelas suas faltas se você não perdoa o próximo? Sobre esse assunto, leia Mateus 18,21-35.

"Não nos deixeis cair em tentação". Qual tentação? Tentação do que? Tentação de não perdoar. Tentação de não questionar o porquê que existe acumulação de riqueza desse mundo, diante de tanta miséria de pessoas. A tentação de classificar as pessoas pela religião que têm. A tentação de discriminar as pessoas pela cor da pele, pela opção sexual que fizeram. A tentação de se acha melhor que os outros. A tentação de julgar pela lei, e não agir pela misericórdia. Por tudo isso, "livrai-nos do mal".

Amém.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Quem desobedecer a um só destes mandamentos, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 5,17-19

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 17Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. 18Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra. l9Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus.

Palavra da Salvação.

É interessante observar a palavra de hoje. Jesus fala da lei. Pleno cumprimento da Lei. Lembremos que Mateus escreve para os judeus. Essa era a comunidade que ele acompanhava. Cada evangelista escreveu para determinado grupo social. E assim, era preciso falar a linguagem que eles entendiam.

Ao dizer que Jesus veio dar pleno cumprimento da lei, ele quer mostrar aos compatriotas de Jesus criaram muitas leis, e esqueceram da principal lei, a Lei de Deus. Uma lei social. Uma lei que trouxe uma nova forma de convivência social. A chamada Lei de Deus é mais uma norma de conduta. Uma conduta que coloca Deus em primeiro lugar, como aquele que cuida dos seus filhos. Logo em seguida, e sendo a maior parte das normas de conduta, a Lei de Deus passa a discorrer sobre as relações sociais. Como devem agir os filhos/filhas em relação aos pais; como devemos garantir a vida das pessoas (não matar); como deve ser nossa relação afetiva com o próximo/próxima (não pecar contra a castidade); não suprimir do outro/outra aquilo que lhe pertence (não furtar); não fazer fofoca nem inventar mentira sobre as pessoas (não levantar falso testemunho); respeitar a família de cada um (não desejar a mulher do próximo); e não desejar aquilo que não nos pertence (não cobiçar as coisas alheias). Essas determinações estão ligadas entre si. Não são isoladas. 

Jesus destaca que essas "leis" devem ser levadas a sério, e que devem ser ensinadas aos outros. Essa é a garantia de entrada no Reino dos Céus. Portanto, não podemos falar, defender, ensinar de forma diferente pensada por Deus.

Sejamos anunciadores das leis que libertam da escravidão social e espiritual. 


domingo, 6 de junho de 2021

Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe


Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 3,20-35

Naquele tempo: 20Jesus voltou para casa com os seus discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. 21Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si. 22Os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Belzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. 23Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: 'Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? 24Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. 25Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se. 26Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. 27Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa. 28Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno'. 30Jesus falou isso, porque diziam: 'Ele está possuído por um espírito mau'. 31Nisso chegaram sua mãe e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: 'Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura'. 33Ele respondeu: 'Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?' 34E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: 'Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe'. 

Palavra da Salvação.

Antes de fazermos a meditação da liturgia de hoje farei o preâmbulo a seguir.

Os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola são divididos em quatro semanas. Cada uma delas procura levar o exercitante a fazer uma experiência espiritual dentro do mistério da encarnação de Deus através de Jesus. 

A chamada Segunda Semana dos Exercícios Espirituais é dedicada ao que se chama de Vida Pública de Jesus. Para nós, corresponde ao período chamado de Tempo Comum na liturgia da Igreja. Esse é o tempo em que vamos caminhar com Jesus. Ouvir sua pregação. Ver seus milagres. Aprender como deve agir um cristão que fez verdadeiramente a experiência de Deus, por Jesus, no Espírito Santo.

Hoje, estamos iniciando a décima semana do Tempo Comum. A liturgia nos leva a refletirmos sobre como agimos diante de Deus e de seu infinito amor. 

Na primeira leitura, uma alegoria para explicar porque a humanidade sofre, ou passa por momentos de agonia. Querendo se fazer como Deus, o primeiro homem, e a primeira mulher deixam-se seduzir pelo mal, aqui simbolizado pela serpente, e se mostram orgulhos a ponto de quererem ser iguais a Deus. 

Querer ser igual a Deus traz como resultado a perda do estado de felicidade na qual a humanidade fora pensada pelo criador. Ao sentirem-se nus diante de Deus, significa a "perda da proteção proveniente de Deus". O pecado, os tornou "vulneráveis às tentações". Esse tema será retomado nos evangelhos que narram como Jesus venceu as tentações. E como Ele nos ensinou a vencer as tentações confiando em Deus, "não nos deixeis cair em tentação".

A narrativa do evangelho (Mc 3,20-35) nos coloca diante de uma situação que nos parece estranha, mas que deve ter sido muito comum para Jesus. 

Quem são as pessoas que estão perto dele? Os discípulos, sua família, os mestres da lei. Cada um deles com sua experiência pessoal de Jesus.

Os mestres da lei, com sua doutrina legalista dogmática, estavam cegos diante da manifestação da glória de Deus. Os familiares, pressionados pelos vigias da doutrina, tentam impedir que Jesus continue sua caminhada, acham que ele esta fora de si, ou seja, "perdeu o juízo". E os discípulos? Esses conviviam com Jesus. Estavam mais próximos dele. Viam seus milagres. Ouviam sua palavra. Deixavam-se ser moldados pelo novo jeito de se relacionar com Deus.

Diante de Jesus é preciso tomar uma decisão. E isso fica claro na reação de dois grupos: seus familiares e os mestres da lei. Para seus familiares, Ele estava fora de si. E para os mestres da lei, o fato de expulsar demônios estava relacionado que era por causa de Belzebu, príncipe dos demônios que ele fazia tais coisas.

A narrativa centra na reação dos mestres da lei. E é para eles que Jesus diz que um reino dividido não pode subsistir. Se fosse pelo poder de satanás que Ele expulsava os demônios, esse reino estava destinado ao fracasso.

E ele acrescenta que todo pecado será perdoado, mas, pecar contra o Espírito Santo, esse não tem perdão. O Espírito é livre. Ele sopra onde quer e como quer. O Espírito Santo não é exclusividade de um grupo, de uma denominação religiosa. O Espírito Santo não está preso a dogmas e leis. Ele é livre. O Espírito Santo suscita amor, fé, esperança, alegria, mansidão, acolhimento, solidariedade. Ninguém pode dizer que possui o Espírito Santo e tem práticas homofóbicas, misóginas. Ninguém pode dizer que possui o Espírito Santo e apoia políticas públicas que exterminam crianças e jovens negros. Ninguém pode dizer que possui o Espírito Santo e aceita as obras das trevas, do mal, de satanás. 

Pecar contra o Espírito Santo é recusar a misericórdia de Deus. Jesus veio para que todos pudessem participar dessa misericórdia. Basta reconhecer-se necessitado dela. 

As portas do reino estão abertas a todas e todos. Basta aceitar a misericórdia divina. Deus nos quer todas e todos ao seu lado. Permita-se ser acolhido por Deus. Permita-se estar ao lado de Deus. Permita-se ser revestido do amor de Deus. Viva uma vida de acolhimento, de prática da caridade, de solidariedade. Rejeite toda palavra má, toda ação que gere morte.

Possamos juntos, repetir com o salmista: "No Senhor ponho a minha esperança,/ espero em sua palavra. / A minh'alma espera no Senhor / mais que o vigia pela aurora". 

Amém.

Para você que chegou até aqui, tenho um convite. Em breve, vamos iniciar em nosso canal do youtube uma série de outros temas. Aguarde! Se você já segue o nosso canal, fico feliz. Peço sua ajuda na divulgação. Envie o link para outras pessoas. 

Envie um e-mail para dapalavranspsdiaconia@gmail.com deixe sua sugestão de tema para nosso canal.

Deus lhe abençoe. Bom domingo.

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Ele é Deus dos vivos!


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 12,18-27

Naquele tempo: 18Vieram ter com Jesus alguns saduceus, os quais afirmam que não existe ressurreição e lhe propuseram este caso: 19'Mestre, Moisés deu-nos esta prescrição: 'Se morrer o irmão de alguém, e deixar a esposa sem filhos, o irmão desse homem deve casar-se com a viúva, a fim de garantir a descendência de seu irmão.' 20Ora, havia sete irmãos: o mais velho casou-se, e morreu sem deixar descendência. 21O segundo casou-se com a viúva, e morreu sem deixar descendência. E a mesma coisa aconteceu com o terceiro. 22E nenhum dos sete deixou descendência. Por último, morreu também a mulher. 23Na ressurreição, quando eles ressuscitarem, de quem será ela mulher? Por que os sete se casaram com ela!' 24Jesus respondeu: 'Acaso, vós não estais enganados, por não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus? 25Com efeito, quando os mortos ressuscitarem, os homens e as mulheres não se casarão, pois serão como os anjos do céu. 26Quanto ao fato da ressurreição dos mortos, não lestes, no livro de Moisés, na passagem da sarça ardente, como Deus lhe falou: 'Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'? 27Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos! Vós estais muito enganados.' 

Palavra da Salvação.

É tão bom ler e meditar a palavra de Deus. Elas nos ajudam a entender como nos relacionamos com Deus.

A tratativa entre saduceus e Jesus nos revelam o quanto procuramos desculpas para justificar as nossas vontades, os nossos entendimento. Muitas vezes, queremos que Deus se adeque às nossas visões de mundo. 

A perspectiva de Jesus está centrada na vida, e não na morte. Está no aqui agora. No nosso relacionamento com Deus.

Viver nossa fé e defender a vida. É defender relacionamentos de compreensão e entendimentos.

terça-feira, 1 de junho de 2021

Dai Deus o que é de Deus!


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 12,13-17

Naquele tempo: 13As autoridades mandaram alguns fariseus e alguns partidários de Herodes, para apanharem Jesus em alguma palavra. 14Quando chegaram, disseram a Jesus: 'Mestre, sabemos que tu és verdadeiro, e não dás preferência a ninguém. Com efeito, tu não olhas para as aparências do homem, mas ensinas, com verdade, o caminho de Deus. Dize-nos: É lícito ou não pagar o imposto a César? Devemos pagar ou não?' 15Jesus percebeu a hipocrisia deles, e respondeu: 'Por que me tentais? Trazei-me uma moeda para que eu a veja.' 16Eles levaram a moeda, e Jesus perguntou: 'De quem é a figura e a inscrição que está nessa moeda?' Eles responderam: 'É de César.' 17Então Jesus disse: 'Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.' E eles ficaram admirados com Jesus.

Palavra da Salvação.

O texto de hoje é polêmico. Alguns pregadores destacam, de uma forma simplória, a questão de Jesus mandar devolver ao império romano a moeda que eles tinham em mãos. Interpretam isso como se Jesus nos dissesse que devemos "pagar impostos".

Entretanto, Jesus não fala para pagar imposto. Devemos olhar mais profundamente. O que pertencia à "César"? O império romano era símbolo de morte, perseguição, falta de liberdade (ou uma liberdade vigiada). Símbolo da exploração política e econômica do povo. Tudo o que era produzido pelo povo de Deus, deveria ser entregue ao império em forma de impostos. E os judeus tinham pessoas responsáveis por essa exploração do povo. Lembremos de Zaqueu e de Mateus. O primeiro, o chefe dos cobradores de impostos; e o segundo, coletor de impostos. Eram exploradores do povo em nome do império romano.

Os chefes religiosos queriam ter como acusar Jesus de insurreição contra Roma. Contra César. Queriam que Jesus caísse em contradição. Entretanto, Jesus conhecia o que ia no coração deles. E a frase "dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus", vai além das aparências.

Aos chefes religiosos Jesus estava dizendo, a quem vocês servem de verdade? Ao Deus único e verdadeiro, ou ao império romano politeísta que adora o imperador como um Deus? Ele provoca a consciência dos chefes religiosos. A quem vocês prestam culto de verdade? Ao Deus de Abrão, Isaac, Jacó, Moisés e dos profetas, que sempre age como Libertador do povo; ou ao império que presta culto a um ser humano, e explora o povo de Deus?

Jesus não nos manda pagar impostos. Jesus no indica que o caminho da vida está em seguir o Deus libertador. O Deus que ama seu povo. O Deus que nos quer alimentando os famintos, dando de beber aos sedentos, vestindo os nus, visitando e consolando os doentes e encarcerados. Jesus não reconhece o imperador como deus. O seu Pai, é o Deus que sempre vem ao encontro do seu povo para resgatá-lo de devolver-lhes a vida. 

Lembremos bem, a quem vós quereis servir? A quem vós quereis prestar culto? Ao Deus da vida, ou ao império da morte? 

Fiquemos com Josué que disse: "Quanto a mim e a minha família, nós serviremos ao Senhor". Amém.