quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

"E a Palavra se fez Carne e habitou no meio de Nós"


O evangelho de hoje é o início do evangelho de João. Dentre os apóstolos, a tradição afirma que seria o mais jovem de todos. Sempre esteve nos momentos mais significativos da vida de Jesus. Além disso, foi o último a morrer, e não martirizado.

Podemos dividir a leitura de hoje nos seguintes momentos: Palavra; Vida, Luz; Te4stemunho; Filhos de Deus; Palavra se torna Carne.

Pois bem, João, nesse início do evangelho, diz que a Palavra estava no princípio de tudo, e que ela estava com Deus, e que ela era Deus. Para nós, humanos, palavra é tudo. Não conseguimos viver sem a palavra. Toda nossa comunicação é feita pela palavra, seja ela escrita, falada, gesticulada, ou pelo braile. Palavra é tudo para nós. E Deus é Palavra. Palavra que cria. Palavra que dá vida. Palavra que acolhe. Palavra que vê os sofrimentos. Palavra que vem ao encontro. Palavra que salva. Palavra que cura.

A Palavra é vida. E tudo que gera vida é luz. A vida ilumina para o bem. Então, Palavra=Vida=Luz. Palavra é Luz. Luz é Vida. Vida é Palavra.

A Luz brilha nas trevas. Trevas é ausência de luz. A Luz é mais forte que as trevas, por isso João declara, "a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la". A Luz dissipa as trevas e as ações de trevas, de morte. 

A Luz precisa ser testemunhada. E Deus providencia isso. Sempre haverá alguém para nos indicar a Luz, para nos mostrar que existe uma "luz no fim do túnel". Ao indicar a luz, João nos abre a possibilidade da fé. Ele apontava a Luz, mas não era a luz. Nós não somos a Luz. Nós levamos a luz a outros.

Essa Palavra-Luz veio ao mundo para os seus. Mas esses não a reconheceram. Entretanto, todos que receberam a Palavra, tronaram-se filhos de Deus.

Nesse último dia do ano de 2020, façamos que nossa palavra esteja em comunhão com a Palavra de Deus. Sejamos geradores de Luz, e luz que gera vida. E nesse momento, Vida é não aglomerar em lugar nenhum, nem na Igreja. Vida é manter distanciamento. Vida é usar máscaras. Vida é defender a ciência. Vida é reivindicar que o governo inicie a vacinação da população brasileira. Vida é ser contra as atitudes de políticos que defendem a morte, que aceitam os grupos de extermínio. Que matam crianças, adolescentes, jovens negros das periferias e favelas. Gerar vida é ser contra o racismo, a homofobia, a misoginia. É defender o meio ambiente contra todas as agressões. É defender a Casa Comum, pois "tudo está interligado". 

Desejo a você que me acompanha nesse blog um ano 2021 de vida, e vida em abundância. Sejamos promotores da Vida, da Luz, da Palavra.

Deus nos abençoe.


Evangelho de Jesus Cristo segundo João 1,1-18

1No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. 2No princípio estava ela com Deus. 3Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. 4Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. 6Surgiu um homem enviado por Deus; Seu nome era João. 7Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: 9daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano. 10A Palavra estava no mundo - e o mundo foi feito por meio dela - mas o mundo não quis conhecê-la. 11Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. 12Mas, a todos que a receberam, deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus isto é, aos que acreditam em seu nome, 13pois estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo. 14E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como filho unigênito, cheio de graça e de verdade. 15Dele, João dá testemunho, clamando: 'Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim'.  16De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça. 17Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo. 18A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.

Palavra da Salvação.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

O que odeia o seu irmão está nas trevas

Primeira Carta de São João 2,3-11

Caríssimos: 3Para saber que o conhecemos, vejamos se guardamos os seus mandamentos. 4Quem diz: 'Eu conheço a Deus', mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. 5Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado. O critério para saber se estamos com Jesus é este: 6quem diz que permanece nele, deve também proceder como ele procedeu. 7Caríssimos, não vos comunico um mandamento novo, mas um mandamento antigo, que recebestes desde o início; este mandamento antigo é a palavra que ouvistes. 8No entanto, o que vos escrevo é um mandamento novo - que é verdadeiro nele e em vós -, pois que as trevas passam e já brilha a luz verdadeira. 9Aquele que diz estar na luz, mas odeia o seu irmão, ainda está nas trevas. 10O que ama o seu irmão permanece na luz e  não corre perigo de tropeçar. 11Mas o que odeia o seu irmão está nas trevas, caminha nas trevas, e não sabe aonde vai, porque as trevas ofuscaram os seus olhos.

Palavra do Senhor.

Reflexão.

Diante da clareza desse texto, teríamos algo a acrescentar? Apenas uma coisa, "Deus não faz acepção de pessoas". Se somos seus discípulos devemos acolher a todas e a todos, cristãos e não cristãos. Deus cria e nos dá liberdade até de negá-lo. Mas, não crer na existência de Deus não dá aos não-crentes a chave para fazer o mal, para destruir vidas.

Se cremos, não devemos odiar o irmão/irmã. Quem anda nas trevas não se importa com a morte daqueles que são contaminados pela covid por falta de uma política pública que gere vida. 

Amemos como Jesus amou.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Santos Inocentes, Mártires

Santos Inocentes

Hoje celebramos os Santos Inocentes, mártires.

Recordemos a história desses pequenos santos. No evangelho de Mateus, nos é narrado que Herodes mandou matar os meninos com menos de 2 anos de Belém. Lembremos que os magos passaram por Jerusalém buscando a criança cuja estrela brilhava forte no firmamento. E, a esta criança, eles denominaram de rei. 

Herodes ficara perturbado com essa notícia. E ao enviar os magos para a cidade de Belém, orientou-os que assim que voltassem, comunicassem onde estava a criança para que fosse também adorá-lo. Como s magos foram avisados em sonho para não voltar pelo mesmo caminho, Herodes mandou matar todas as crianças com menos de dois anos.

A primeira leitura de hoje, nos indica como devemos agir perante Deus e as pessoas. João Evangelista afirma que "Deus é luz", e onde há luza "não há trevas". Trevas e luz não podem andar juntas, pois a luz dissipa as trevas. E João diz se "dissermos que estamos em comunhão com Ele, mas andamos nas trevas, estamos mentindo".

Quando nos voltamos para as crianças mortas por Herodes, não podemos nos esquecer das crianças são assassinadas pelo estado democrático de direito que ceifa a vida de nossas crianças com armas. Que matam sonhos de crianças ao praticarem estupro e abortos indiscriminadamente. Crianças privadas de lares por conta do capitalismo que mata, que exclui. Crianças sem acesso à educação e à cultura. Crianças sem poderem ser tratadas de suas enfermidades porque os hospitais públicos são sucateados por conta da corrupção que rouba dinheiro.

A leitura da carta de João nos lembra que existem políticos que se dizem cristãos, ou religiosos, ou crentes, mas que que servem às obras das trevas. Devemos tomar cuidado com essas pessoas. Não basta dizer "Senhor, Senhor". Não basta ir à missa e comungar, ou confessar os pecados. Não basta ir ao culto e se autoproclamar "bispo" ou "pastor". 

A Festa de hoje é profética. Traz em si uma profunda profecia contemporânea. É preciso que os cidadãos desse país, desse estado, dessa cidade saibam escolher pessoas que sejam decentes e honestas para gerar vida. O sangue dos inocente clama, grita! 

A oração da coleta de hoje nos convoca a "testemunhar com a nossa vida o que nossos lábios professam". Caso contrário, seremos mentirosos e mentirosas. E a luz não estará em nós, e não teremos nossos pecados perdoados. Lembremos, os filhos da trevas são mais espertos que os filhos da luz. E os filhos das trevas sabem se travestir de luz.

"Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra da boca de Deus". Em tempos de pandemia e de isolamento, alimentemo-nos com a palavra de Deus, verbo encarnado que se veio iluminar nossas vidas. Amém.


Leitura da Primeira Carta de São João 1,5-2,2

Caríssimos: 5A mensagem, que ouvimos de Jesus Cristo e vos  anunciamos, é esta: Deus é luz e nele não há trevas. 6Se dissermos que estamos em comunhão com ele, mas andamos nas trevas, estamos mentindo e não nos guiamos pela verdade. 7Mas, se andamos na luz, como ele está na luz, então estamos em comunhão uns com os outros, e o sangue de seu Filho Jesus nos purifica de todo pecado. 8Se dissermos que não temos pecado, estamo-nos enganando a nós mesmos, e a verdade não está dentro de nós. 9Se reconhecermos nossos pecados, então Deus se mostra fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda culpa. 10Se dissermos que nunca pecamos, fazem os dele um mentiroso e sua palavra não está dentro de nós. 2,1Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. 2Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro.

Palavra do Senhor.

domingo, 27 de dezembro de 2020

Sagrada Família

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 2,22-40

22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: 'Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor.' 24Foram também oferecer o sacrifício - um par de rolas ou dois pombinhos - como está ordenado na Lei do Senhor. 25Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29'Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel.' 33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: 'Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma.' 36Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para Nazaré, sua cidade. 40O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele. 

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Ao celebrarmos a Solenidade da Sagrada Família, trazemos à memória todas as famílias de nosso tempo. Deus se encanou numa família. Num povo. Numa cultura. Viveu sua religiosidade. Cumpriu as práticas religiosas. 

A narrativa de hoje nos apresenta algumas características. Primeiro, o par de pombas. Era a oferta dos pobres. Isso significa que Jesus não fazia parte de uma família de classe alta, nem classe média. Ele era de uma família pobre. Além desse fato, o autor nos mostra duas outras personagens, Simeão e Ana. Dois anciãos que estavam no templo. 

Simeão reconhece que Jesus é a luz que vai iluminar os povos e a glória de todos e todas que esperavam a consolação divina. Além disso, afirma que essa missão não seria fácil. Maria sofreria. Uma espada transpassaria seu coração. As palavras e gestos de Cristo seriam sinal de contradição, e revelariam o que vai os corações. 

Simeão e Ana foram testemunhas oculares dos acontecimentos na vida de José, Maria e Jesus. Foram as testemunhas diante do templo. Enquanto os pastores são a voz do povo, Ana e Simeão são a voz do templo. 

Jesus fora circundado. Passara pela iniciação do seu povo. Depois, vai viver sua vida de testemunho, amparado por sua família. A vida familiar de Jesus foi fundamental para sua missão. A família lhe ensinou os princípios da fé, da religião, dos sofrimentos do povo. A família lhe indicou que Deus está ao lado dos sofredores, dos excluídos. A família de Jesus foi responsável por lhe mostrar o quanto o poder religioso e político oprimia os prediletos de Deus. O quanto essas pessoas precisavam ouvir palavras de vida eterna. Precisavam se relacionar com um Deus que vem ao encontro do seu povo.

Celebrar a Sagrada Família é reconhecer o valor dela na vida de cada um de nós. Família que protege, que mostra Deus. Amém.

sábado, 26 de dezembro de 2020

Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo


 
Hoje celebramos a festa de Santo Estêvão, primeiro mártir da era cristã. 

Estêvão era um dos sete diáconos escolhidos pela comunidade de origem grega para ajudar no cuidado dessa comunidade, principalmente no serviço às viúvas e aos órfãos, os pobres e excluídos do seu tempo. 

Entretanto, Estêvão não ficou preso aquilo para o que fora escolhido. Principalmente, porque era homem cheio do Espírito Santo. E o Espírito Santo não aprisiona, pelo contrário, liberta. 

Lembremos que Estêvão fora martirizado porque havia enfrentado os poderes religiosos e políticos de seu tempo. Ele assumiu a evangelização. Desafiou. Assumiu o anúncio de Jesus Cristo. Disse que o Jesus que fora morto pelos chefes do povo, ressuscitou. E que era pelo nome de Jesus que os cristãos viviam, rezavam, eram curados de suas enfermidades.

O evangelho alerta os cristãos de que ele serão perseguidos, entregues nas mãos daqueles que tramam o mal. Aqueles que não aceitam a verdade da palavra de Deus. Que os cristãos entregues aos tribunais. Mas, não se preocupem com isso, pois o próprio Deus, pelo Espírito Santo, lhes inspirará aquilo que deverá ser dito em sua defesa.

Celebramos a Festa do martírio de Santo Estêvão logo após a celebração do Natal. Vida e morte estão presentes nas duas celebrações. Vida que se encarna, Deus que vem ao nosso encontro. Um Deus que se encarna na periferia, em situações precárias. O nascimento de Jesus é o símbolo da morte do mal. A encarnação é sinal de vida. 

Para muitos, o martírio é o fim. Entretanto, é o início de uma vida nova. O martírio de Estêvão foi a semente, o impulso necessário para a comunidade cristã de Jerusalém partir em missão para outros lugares.

A festa de hoje nos convida a enfrentarmos tudo o que pode ser gerador de morte. Enfrentar preconceitos, racismos, misoginia, homofobia. Enfrentar a necro-política que mata crianças, adolescente, jovens e idosos. Para enfrentarmos as políticas que negam doenças graves que matam. Para enfrentarmos os obscurantismo que ronda nossa cidade, estado e país. O anti-cientificismo. O obscurantismo fundamentalista religioso.

Sant Estêvão é sinal, e símbolo de que devemos buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça. E a justiça é que "todos tenham vida, e vida em abundância".

Oremos: "Ensinai-nos, ó Deus, a imitar o que celebramos, amando os nossos próprios inimigos, pois festejamos Santo Estêvão, vosso primeiro mártir, que soube rezar por seus perseguidores. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo". Amém.


Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 10,17-22

Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: 17"Cuidado com os homens, porque eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. 18Vós sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa, para dar testemunho diante deles e das nações. 19Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado o que deveis dizer. 20Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós. 21O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. 22Vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo". Palavra da Salvação.


Atos dos Apóstolos 6,8-10; 7,54-59

Naqueles dias, 8Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. 9Mas alguns membros da chamada Sinagoga dos Libertos, junto com cirenenses e alexandrinos, e alguns da Cilicia e da Ásia, começaram a discutir com Estêvão. 10Porém, não conseguiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava. 7,54Ao ouvir essas palavras, eles ficaram enfurecidos e rangeram os dentes contra Estêvão. 55Estêvão, cheio do Espírito Santo, olhou para o céu e viu a glória de Deus e Jesus, de pé, à direita de Deus. 56E disse: "Estou vendo o céu aberto, e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus". 57Mas eles, dando grandes gritos e, tapando os ouvidos, avançaram todos juntos contra Estêvão; 58arrastaram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem, chamado Saulo. 59Enquanto o apedrejavam, Estêvão clamou dizendo: "Senhor Jesus, acolhe o meu espírito". Palavra do Senhor.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Este é aquele de quem eu disse


Evangelho de Jesus Cristo segundo João  (Jo1,1-18)

1No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. 2No princípio estava ela com Deus. 3Tudo foi feito por ela, e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. 4Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la.

6Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: 9daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano. 10A Palavra estava no mundo – e o mundo foi feito por meio dela –, mas o mundo não quis conhecê-la. 11Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. 12Mas, a todos os que a receberam, deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, 13pois estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo. 14E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade.

15Dele João dá testemunho, clamando: “Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim”. 16De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça. 17Pois por meio de Moisés foi dada a lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo. 18A Deus ninguém jamais viu. Mas o unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.

Palavra da salvação.

Reflexão.

Feliz Natal! Espero que tenha passado uma boa noite de Natal, sem aglomeração.

Ontem, falávamos de Deus que se fez presente na vida da humanidade. Deus que assumiu a condição humana. E assim foi de sua vontade pois mulheres e homens se precipitavam no inferno, conforme meditação de Santo Inácio de Loyola.

Hoje, temos a leitura do início de evangelho de São João. Observemos que a liturgia nos faz meditar sobre a figura de Jesus como aquele que vem iluminar a vida da humanidade. Aquele que vem dar novo sentido às relações sociais, ao novo jeito de nos relacionarmos. Uma luz que brilha nas trevas. Nada de diferente, pois a primeira leitura de ontem iniciava assim, "o povo que andava na escuridão viu uma grande luz".

São João atualiza essa luz para nós. A luz se torna Palavra (logos). Ele a coloca no início da criação, "no princípio"; ele coloca essa luz junto de Deus, "estava com Deus"; ele afirma que essa luz, Palavra, "era Deus".

Essa Palavra-Luz era, e é, a origem da vida. E essa luz veio brilhar nas trevas, nas trevas do pecado, do preconceito, do racismo, da misoginia, do feminicídio, da homofobia, da destruição da natureza, do assassinato de crianças, adolescente e jovens pelos governo que praticam a necro-políica. Veio brilhar nas trevas de negação da Covid-19. A luz veio brilhar para os que negam que a vacinação contra a Covid é importante. A luz brilha para que possamos lutar contra tudo o que nega a vida.

Entretanto, por mais que as trevas insistam, não conseguem apagar a luz. Ela brilha. E esse brilho passa por todas e todos que aceitaram a luz e a acenderam nesse natal. A luz brilhou, e brilha. João foi testemunha disso, e nós o somos hoje. Nós não somos a luz, mas indicamos a luz. Não somos a fonte, mas refletimos a luz. 

Aceitar a luz é tornar-se filha e filho de Deus. Essa palavra-luz tornou-se humana. Veio habitar no meio de nós. E a pessoa de Jesus, encarnado, humano, menino, criança, adolescente, jovem, adulto é o reflexo de Deus Pai. E assim, nós podemos conhecer a Deus. 

Por isso, toda e todo missionário é exaltado não como Deus, mas como anunciador da palavra. "Como são belos os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia e prega a salvação". 

Ontem, o anjo disse aos pastores, "Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor"! E por isso, somos chamados a "pregar e anunciar a paz".

Sejamos Luz e mensageiro de Paz. Paz que clama por justiça. Paz que clama por vida. Paz que clama por solidariedade. 

Feliz Natal! Deus lhe abençoe.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Deus se encarna na vida da humanidade (Noite de Natal)


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (Lc 2,1-14)

1Aconteceu que, naqueles dias, César Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento de toda a terra. 2Esse primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria. 3Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade natal. 4Por ser da família e descendência de Davi, José subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, até a cidade de Davi, chamada Belém, na Judeia, 5para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. 6Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, 7e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria. 8Naquela região havia pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do seu rebanho. 9Um anjo do Senhor apareceu aos pastores, a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. 10O anjo, porém, disse aos pastores: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: 11hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor. 12Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura”. 13E, de repente, juntou-se ao anjo uma multidão da coorte celeste. Cantavam louvores a Deus, dizendo: 14“Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por ele amados”. – 

Palavra da salvação.

Reflexão.

Deus se encarna na vida da humanidade. 

Segundo Santo Inácio de Loyola, a Trindade, vendo que a humanidade se precipitava no inferno, por conta de seus pecados, decidiu pela encarnação da segunda pessoa da Trindade.

Hoje, véspera do Natal, as leituras que ouvimos nos exortam a uma renovada esperança em nossas vidas. Não uma esperança que fica esperando; mas uma esperança que age, que vai ao encontro, que brilha na escuridão. Que liberta de toda opressão, de todo racismo, de toda misoginia, de toda destruição da natureza. Liberta de todo preconceito. De todo negacionismo científico. Uma luz que brilha para gerar vida, e vida em abundância. 

A graça de Deus se manifestou no meio de nós trazendo a salvação. Essa graça nos ensina a "viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade". 

É Deus na história. Encarnado. Assumindo a condição humana. Despojando-se de toda sua grandiosidade divina. Assumindo a pequenez a humana. A nossa frágil condição. 

O relato do nascimento de Jesus que hoje ouvimos, e que, muitas vezes, romantizamos e não conseguimos ver como aconteceu, é uma triste realidade humana que se repete até hoje, crianças que nascem ao relento, nas ruas das cidades, ou em hospitais precários, sem a mínima condição de sobrevida.

O menino Jesus nasceu dentro de um curral. Um curral de ovelhas. Estamos num período onde o clima é frio. Maria e José deveriam tem poucas roupas para aconchegar o filho. Além do mais, não estavam em casa, não tinham parentes nem vizinhos para ajudarem. Não deu tempo de fazer "chá de bebê". 

Diante dessa situação precária, a mãe não viu outra saída a não ser colocar a criança onde estava o feno para a alimentação dos animais, na manjedoura, único espeço que poderia aquecer a criança.

Aquilo que poderia ser sinal de desespero, de falta de fé, de mais um nascimento, foi um grande acontecimento. Na região, havia pastores cuidando do rebanho. Era noite. Eles revezavam na vigília noturna. Mas, como disse o profeta Isaías, uma grande luz apareceu. O anjo anuncia o nascimento do Salvador. E, para que saibam quem é a criança, um sinal foi dado, "um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura". 

Hoje, não podemos nos encontrar. Estamos no meio de uma doença que destrói a vida. Que mata. Mas, um sinal de esperança nos é dado. Na fragilidade do nascimento de uma criança surge uma esperança. Cientistas começam a encontrar esperança através de uma vacina, não podemos negar isso. A vida comunitária a de ressurgir. Não podemos estar juntos, mas o mundo virtual nos aproxima. Não podemos nos abraçar, mas podemos nos ver. Não podemos nos beijar, mas podemos rezarmos juntos. Não podemos comungar, mas podemos nos alimentar da Palavra de Deus ("nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus"). Da mesma forma que o povo hebreu ficou em casa quando da passagem do anjo exterminador da vida no Egito, hoje estamos em casa. E marquemos esse momento diante dos nossos presépios. Deus se faz no meio de nós mesmo na pandemia.

Cuide-se! Use máscara! Não frequente lugares fechados onde possa haver aglomeração. Nesse momento, precisamos estar na manjedoura, quietos, cuidado da vida, essa frágil criança que está ameaçada.

Feliz Natal! Deus lhe abençoe.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

'João é o seu nome.'

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 1,57-66

57Completou-se o tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho. 58Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela. 59No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. 60A mãe porém disse: 'Não! Ele vai chamar-se João.' 61Os outros disseram: 'Não existe nenhum parente teu com esse nome!' 62Então fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse. 63Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: 'João é o seu nome.' 64No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. 65Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia espalhou-se por toda a região montanhosa da Judéia. 66E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: 'O que virá a ser este menino?' De fato, a mão do Senhor estava com ele.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Para uma primeira compreensão do texto de hoje, precisamos entender a construção do evangelho de Lucas, pelo menos no seu início. 

Lucas faz um quadro comparativo entre o anúncio do nascimento de João Batista e de Jesus. Faz um paralelo entre o nascimento de João Batista e de Jesus. Ele nos leva a entender a relação entre aquele que preparar o Caminho, e o que é o Caminho. 

A primeira leitura de hoje nos abre uma chave de leitura para a compreensão do texto de Lucas. O profeta Malaquias afirma que Deus enviará o anjo para preparar o caminho. E ainda, "quem poderá fazer-lhe frente"? E ainda acrescenta, "Ele é como fogo na forja, e estará a postos para fazer derreter e purificar a prata, ele purificará os filhos, os refinará com o ouro". 

Malaquias nos alerta que o senhor os enviará o profeta antes que "venha o dia do Senhor". As relações familiares vão mudar, pois "o coração dos pais há de voltar-se para os filhos, e o coração dos filhos para seus pais".

Olhamos João Batista, o precursor, e pensamos em nós. Estamos anunciando a vinda de Jesus? Estamos sendo missionários e missionárias da boa nova? Vivemos as bem aventuranças como a regra para a construção da nova humanidade, da nova sociedade?

Ao dar o nome de João ao menino, Isabel causou um rebuliço. Era preciso atender a Deus. Esse nome é confirmado pelo pai Zacarias. Uma mudança de paradigma. Uma mudança de compreensão da inserção de Deus na história. É preciso dar sinais dessa chegada. É Deus que age me sua misericórdia para com o povo que sofre opressão, perseguição, descriminação. 

Natal é Deus que vem ao nosso encontro para mudar nossas relações sociais. Natal é a esperança de que uma nova humanidade é possível. 

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,46-56

Naquele tempo: 46Maria disse: 'A minha alma engrandece o Senhor, 47e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o temem. 51Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre.' 56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Estamos nos aproximando do dia de natal, dia do nascimento de Jesus, que recebe o nome de Encarnação. Os textos bíblicos vão nos preparando para esse momento. Vemos a família de Jesus, as condições de seu nascimento, o encontro de Maria, mãe de Jesus com sua prima Isabel, grávida de João Batista. As aparições do anjo para Maria e José. O encontro dos pastores com o recém nascido.

A palavra de hoje é o hino do Magnificat. Uma composição de palavras do antigo testamento que Lucas coloca na boca de Maria. Esse é um hino que apresenta aquilo que vai no coração de Maria em relação a ação de Deus na história, na vida do povo. 

Maria era uma mulher (mesmo adolescente) atenta a situação do seu povo. Opressão de Roma. Uma religião que mais ficava presa às regras e leis, do que propriamente a espiritualidade. Uma religião profundamente desencarnada. Maria esperava a manifestação de um Deus que viria ao encontro do sofrimento do povo, das suas necessidades materiais e espirituais. Ela soube reconhecer a mão poderosa de Deus agindo na história. Ela entendeu que "nosso Deus fica ao lado dos pobres". 

Maria reconhece a grandiosidade de Deus, e isso dá alegria ao seu espírito. Um espírito que esteja em comunhão com Deus, percebe a ação do Espírito Santo em sua vida. Por isso, ela afirma que "meu espírito se alegra em Deus meu Salvador". Além da grandiosidade de Deus, ele é Salvador. Por esse reconhecimento, as gerações a reconhecerão como bendita, pois aceitou que o poderoso fizesse grandes coisas em favor do seu povo através dela.

A grandiosidade do nome de Deus se manifesta na sua misericórdia que se estende a todas as gerações. A força do braço de Deus age com firmeza. Dispersa os soberbos de coração, derruba dos tronos os poderosos, despede os ricos de mãos vazias. Além disso, esse Deus eleva os humildes, enche de bens os famintos, socorre o povo em sua misericórdia.

Maria fez essa exultação diante de Isabel, sua prima, que estava grávida de João Batista. O texto diz que ela ficou com Isabel ainda mais três meses e depois voltou para casa.

Ao rezarmos esse texto, já imaginamos que Jesus não poderia ser diferente do que fora. Tendo uma mãe dessa, como ele poderia voltar às costas para os pobres? Para os pecadores? Para os excluídos? Para os desprezados pelas "leis", regras religiosas? Maria apresentou a Jesus um Deus que vê a miséria de seu povo e decide libertá-lo. E Jesus aprende, com ela, qual seria missão, "libertar o povo". 

Reverenciar Maria é aprender com ela a reconhecer Deus nos excluídos, nos pobres, nos perseguidos, nos que sofrem racismo, misoginia, homofobia. Aprendamos com ela que "nosso Deus fica ao lado dos pobres"; por isso, fizemos a opção preferencial pelos pobres", rumo a "Civilização do Amor".

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu.

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,39-45

39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito, exclamou: 'Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!' 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?  44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu.'

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Alegria, essa é a reflexão de hoje. 

Quando somos portadores de vida, geramos alegria. Fiquei pensando nas situações de tristezas pelas quais a humanidade passa: racismo, misoginia, feminicídio, homofobia, destruição da natureza, negação da vacina da covid, morte de crianças, adolescentes e jovens por governos que praticam a necro-política.

Mas, somos chamados a sermos portadores de alegria e de vida. Anunciadores de Jesus, que sempre lutou contra as formas de opressão. Que foi um defensor da justiça e da paz. Que anunciou que bem aventurados são aqueles que olham para o próximo com mais humanidade, com mais misericórdia. Que rejeitou toda tirania. Toda opressão.

Sejamos portadores de alegria. "Bem aventurada (o) aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu".

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 1,18-24

18A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo. 20Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: 'José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados'. 22Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 23'Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco.' 24Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado, e aceitou sua esposa.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

A leitura de hoje nos remete a José, pai de Jesus. Alguns e algumas poderão dizer, "pai adotivo". Sim, verdade. Mas, ele, ao olhos do seu povo, era o Pai de Jesus.

Haverá aqueles que nos falarão do silêncio de José nos evangelhos. Se olharmos atentamente, José não profere uma só palavra nas vezes em que seu nome é citado. Há uma relação mística entre José e Deus, através do anjo. 

Creio que Jesus tenha aprendido com seu pai mais do que o ofício de carpinteiro. Jesus aprendeu com seu pai como se relacionar com Deus no silêncio, na escuta, na ação.

José foi o homem do ouvir e do agir. No silêncio escondido do sonho, Deus revelou a ele como deveria fazer para proteger a vida da criança. 

Eu estava meditando sobre isso. Em tempos de pandemia, e de isolamento social, fico pensando em José fazendo de tudo para proteger o menino e de sua mãe de uma contaminação séria. José é o homem da vida. No silêncio, ele protegeu a mãe e o filho. no silêncio, partiu em retirada para o Egito, se isolou, pois havia quem atentava contra a vida do menino. Na sagrada família, ele sempre representa a proteção. 

Em nosso tempo de pandemia, de isolamento, pensemos no Deus da vida. No Deus que gera vida. No Deus que quer que tenhamos vida em abundância. No Deus que entregou sua vida. No Deus que se faz frágil para ser forte na ressurreição.

Protejamos a fragilidade da vida que se apresenta diante de nós. Sejamos prudentes. Evitemos o mal. Não nos aglomeremos. Para concluir, quando o anjo da morte passou pelas casas no Egito exterminando os primogênitos, todas as casas marcadas foram poupadas da morte. Hoje, marcar nossas casas é nos mantermos isolados uns dos outros. Não busquemos espações de aglomeração. Não promovamos ações que possam causar aglomerações. A exemplo de José, pai de Jesus, ouçamos a palavra de Deus.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Conhecimento do mistério escondido em Cristo Jesus

 


Hoje fazemos memória a São João da Cruz, Doutro da Igreja. 

Seu nome de batismo era Juan de Yepes. Nasceu em Fontivaros, na província de Ávila, Espanha, em 1542, talvez em 24 de junho. Ainda na infância, ficou órfão de pai, Gonzalo de Yepes, descendente de uma família rica e tradicional de Toledo. Mas, devido ao casamento, foi deserdado da herança. A jovem, Catarina Alvarez, sua mãe, era de família humilde, considerada de classe "inferior". Assim, com a morte do marido, que a obrigou a trabalhar, mudou-se para Medina, com os filhos.

Naquela cidade, João tentou várias profissões. Foi ajudante num hospital, enquanto estudava gramática à noite num colégio jesuíta. Então, sua espiritualidade aflorou, levando-o a entrar na Ordem Carmelita, aos vinte e um anos. Foi enviado para a Universidade de Salamanca a fim de completar seus estudos de filosofia e teologia. Mesmo dedicando-se totalmente aos estudos, encontrava tempo para visitar doentes em hospitais ou em suas casas, prestando serviço como enfermeiro.

Ordenou-se sacerdote aos vinte e cinco anos, mudando o nome. Na época, pensou em procurar uma Ordem mais austera e rígida, por achar a Ordem Carmelita muito branda. Foi então que a futura santa Tereza de Ávila cruzou seu caminho. Com autorização para promover, na Espanha, a fundação de conventos reformados, ela também tinha carta branca dos superiores gerais para fazer o mesmo com conventos masculinos. Tamanho era seu entusiasmo que atraiu o sacerdote João da Cruz para esse trabalho. Ao invés de sair da Ordem, ele passou a trabalhar em sua reforma, recuperando os princípios e a disciplina.

João da Cruz encarregou-se de formar os noviços, assumindo o cargo de reitor de uma casa de formação e estudos, reformando, assim, vários conventos. Reformar uma Ordem, porém, é muito mais difícil que fundá-la, e João enfrentou dificuldades e sofrimentos incríveis, para muitos, insuportáveis. Chegou a ser preso por nove meses num convento que se opunha à reforma. Os escritos sobre sua vida dão conta de que abraçou a cruz dos sofrimentos e contrariedades com prazer, o que é só compreensível aos santos. Aliás, esse foi o aspecto da personalidade de João da Cruz que mais se evidenciou no fim de sua vida.

Conta-se que ele pedia, insistentemente, três coisas a Deus. Primeiro, dar-lhe forças para trabalhar e sofrer muito. Segundo, não deixá-lo sair desse mundo como superior de uma Ordem ou comunidade. Terceiro, e mais surpreendente, que o deixasse morrer desprezado e humilhado pelos seres humanos. Para ele, fazia parte de sua religiosidade mística enfrentar os sofrimentos da Paixão de Jesus, pois lhe proporcionava êxtases e visões. Seu misticismo era a inspiração para seus escritos, que foram muitos e o colocam ao lado de santa Tereza de Ávila, outra grande mística do seu tempo. Assim, foi atendido nos três pedidos.

Pouco antes de sua morte, João da Cruz teve graves dissabores por causa das incompreensões e calúnias. Foi exonerado de todos os cargos da comunidade, passando os últimos meses na solidão e no abandono. Faleceu após uma penosa doença, em 14 de dezembro de 1591, com apenas quarenta e nove anos de idade, no Convento de Ubeda, Espanha.

Deixou como legado sua volumosa obra escrita, de importante valor humanístico e teológico. E sua relevante e incansável participação como reformador da Ordem Carmelita Descalça. Foi canonizado em 1726 e teve sua festa marcada para o dia de sua morte. São João da Cruz foi proclamado doutor da Igreja em 1926, pelo papa Pio XI. Mais tarde, em 1952, foi declarado o padroeiro dos poetas espanhóis.

Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas


Segue um parte do escrito espiritual dele.

Do Cântico espiritual, de São João da Cruz, presbítero

(Red. B, str. 36-37, Edit. E. Pacho, S. Juan de la Cruz, Obras completas, Burgos, 1982, p. 1124-1135) (Séc. XVI)

Embora os santos doutores tenham explicado muitos mistérios e maravilhas, e pessoas devotadas a esse estado de vida os conheçam, contudo, a maior parte desses mistérios está por ser enunciada, ou melhor, resta para ser entendida. Por isso é preciso cavar fundo em Cristo, que se assemelha a uma mina riquíssima, contendo em si os maiores tesouros; nela por mais que alguém cave em profundidade, nunca encontra fim ou termo. Ao contrário, em toda cavidade aqui e ali novos veios de novas riquezas.

Por este motivo o apóstolo Paulo falou acerca de Cristo: Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência de Deus (Cl 2,3). A alma não pode ter acesso a estes tesouros, nem consegue alcançá-los se não houver antes atravessado e entrado na espessura dos trabalhos, sofrendo interna e externamente e sem ter primeiro recebido de Deus muitos benefícios intelectuais e sensíveis e sem prévio e contínuo exercício espiritual. Tudo isto é, sem dúvida, insignificante; são meras disposições para as sublimes profundidades do conhecimento dos mistérios de Cristo, a mais alta sabedoria a que se pode chegar nesta vida.

Quem dera reconhecessem os homens ser totalmente impossível chegar à espessura das riquezas e da sabedoria de Deus! Importa antes entrar na espessura das labutas, suportar muitos sofrimentos, a ponto de renunciar à consolação e ao desejo dela. Com quanta razão a alma, sedenta da divina sabedoria, escolhe antes em verdade entrar na espessura da cruz.

Por isso, São Paulo exortava os efésios a não desanimarem nas tribulações, a serem fortíssimos, enraizados e fundados na caridade, para que pudessem compreender, com todos os santos, qual a largura, o comprimento, a altura, a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que ultrapassa todo conhecimento, a fim de serem cumulados até receber toda a plenitude de Deus (Ef 3,17-19). Já que a porta por onde se pode entrar até esta preciosa sabedoria é a cruz, e é porta estreita, muitos são os que cobiçam as delícias que por ela se alcançam; pouquíssimos os que desejam por ela entrar.


Oração

Ó Deus, que inspirastes ao presbítero São João da Cruz extraordinário amor pelo Cristo e total desapego de si mesmo, fazei que, imitando sempre o seu exemplo, cheguemos à contemplação da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

sábado, 12 de dezembro de 2020

Maria partiu para a região montanhosa

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,39-47

39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito, exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!" 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu". 46Então Maria disse: "A minha alma engrandece o Senhor, 47e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador".

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Festa de Nossa Senhora de Guadalupe. Uma das mais belas aparições da mãe de Jesus. Ela apareceu para um indígena do México. Lembremos que a a colonização espanhola na américa foi profundamente violenta. Cultura dizimada. Perseguições. Assassinatos cometidos pelos cristãos católicos que queriam expandir a fé. Além, é claro, de se apropriar das terras para a coroa espanhola.

A dureza da realidade da colonização da américa, feita de forma violenta, não tira o brilho do que celebramos hoje. Lembremos que Maria, mãe de Jesus, não vivia nos palácios de Jerusalém. Maria, mulher do povo dera a luz na "rua", num estábulo, e reclinara seu filho numa manjedoura. Além disso, fora obrigada a se refugiar em outro país porque o poder constituído de seu estado queria matar o seu filho. Ao retornar ao seu país, teve que viver num lugar distante para proteger o filho.

Celebrar Nossa Senhora de Guadalupe, "Lupita" como dizem os mexicanos, é lembrar das lutas dos povos indígenas massacrados em toda a américa latina. É lembrar que suas terras foram espoliadas, e continuam sendo, por políticas públicas que procuram roubar as terras deles. É lembrar que em nosso tempo, populações indígenas são massacradas, sofrem com as mazelas da opressão de fazendeiros, de governos, de multinacionais que procuram o lucro capitalista em detrimento da vida que a vida do Reino de Deus nos dá.

Jesus é a entrada para um reino onde não há mais ódio, ou violência. Como diz a cultura e a tradição indígena, a Terra sem Males. Sim, isso mesmo, o Reino de Deus é a Terra sem Males. E na Terra sem Males existe solidariedade, respeito a mulheres e crianças, respeito ao meio ambiente (a Casa Comum). Na Terra sem Males, tudo está interligado. 

Ao celebrarmos Nossa Senhora de Guadalupe, nos unimos aos povos originários da américa, e nos solidarizamos com a sua luta. E nos alegramos com suas conquistas. Amém.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Não temas; eu te ajudarei

 


Livro do Profeta Isaías 41,13-20

13Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tomo pela mão e te digo: 'Não temas; eu te ajudarei. 14Não tenhas medo, Jacó, pobre verme, não temais, homens de Israel. Eu vos ajudarei', diz o Senhor e Salvador, o Santo de Israel. 15Eis que te transformei num carro novo de triturar, guarnecido de dentes de serra. Hás de triturar e despedaçar os montes, e reduzirás as colinas a poeira. 16Ao expô-los ao vento, o vento os levará e o temporal os dispersará; exultarás no Senhor e te alegrarás no Santo de Israel. 17Pobres e necessitados procuram água, mas não há, estão com a língua seca de sede. Eu, o Senhor, os atenderei, eu, Deus de Israel, não os abandonarei. 18Farei nascer rios nas colinas escalvadas e fontes no meio dos vales; transformarei o deserto em lagos e a terra seca em nascentes d'água. 19Plantarei no deserto o cedro, a acácia e a murta e a oliveira; crescerão no ermo o pinheiro, o olmo e o cipreste juntamente, 20para que os homens vejam e saibam, considerem e compreendam que a mão do Senhor fez essas coisas e o Santo de Israel tudo criou.

Palavra do Senhor.

Reflexão.

Hoje trago a leitura do profeta Isaias. Não vou escrever muito. Apenas destacar algumas frase da leitura para a meditação pessoal.

"Eu sou o Senhor teu Deus, que tomo pela mão"!

"Te digo: Não temas, eu te ajudarei"

"Não tenha medo, eu te ajudarei".

"Pobres e necessitados procuram água, mas não há, estão com a língua seca de sede. Eu, o Senhor, os atenderei, eu, Deus de Israel, não os abandonarei".

"A mão do Senhor fez essas coisas e o Santo de Israel tudo criou".

Meditemos nossa relação com Deus.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Tomai sobre vós o meu jugo, e vós encontrareis descanso.

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 11,28-30

Naquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: 28Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. 29Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. 30Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Hoje eu, e mais alguns companheiros diáconos, completo 13 anos de ordenação. O que caracteriza a ordenação dos diáconos é a entrega do livro dos Evangelhos. O bispo diz, "Recebe o Evangelho de Cristo, do qual fostes constituído mensageiro; transforma em fé viva o que leres, ensina aquilo que creres e procura realizar o que ensinares".

O diácono é a configuração do Cristo servo (Lc 22,27). Todos os documentos da Igreja atestam essa verdade. O diaconato na Igreja católica fora restabelecido para que a ação missionária da Igreja pudesse chegar aos lugares mais recônditos. Os diáconos são homens de fronteira. Vão à frente. Preparam o caminho. Tal como Jesus, são incompreendidos em sua missão. 

O documento de Aparecida ressaltar que os diáconos permanentes são constituídos "para acompanhar a formação de novas comunidades eclesiais, especialmente nas fronteiras geográficas e culturais, onde ordinariamente não chega a ação evangelizadora da Igreja". Seguindo nessa mesma linha, a CNBB, no documento 96, parágrafo 58 diz, "o diácono assume a opção preferencial pelos pobres, marginalizados e excluídos. Ele é apóstolo da caridade com os pobres, envolvido com a conquista de sua dignidade e de seus direitos econômicos, políticos e sociais". 

O evangelho de hoje reflete bem uma parte da vocação diaconal. Aliviar as dores do mundo, mesmo que tenhamos nossas dores particulares. Amenizar os sofrimentos alheios, mesmo que tenhamos nossos sofrimentos. Não colocar nos ombros dos outros cargas pesadas. A palavra de Jesus não acusa, liberta. A palavra de Jesus aponta caminhos, indica direções. A palavra de Jesus é acolhedora, e como tal, olha para cada um como um filho ou filha de Deus.

Podemos estar cansados de muitas coisas. Mas, aceitar a missão de Jesus é ter certeza de que nossos sofrimentos serão aliviados.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,26-38

26O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria 28O anjo entrou onde ela estava e disse: 'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!' 29Maria ficou perturbada com estas palavras e começou apensar qual seria o significado da saudação.30O anjo, então, disse-lhe: 'Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim'. 34Maria perguntou ao anjo: 'Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?' 35O anjo respondeu: 'O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altissimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível'. 38Maria, então, disse: 'Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!' E o anjo retirou-se.

Palavra da Salvação.

Reflexão.

O texto de hoje é bem conhecido por todos nós. Quase sabemos de cor. 

Dividamos o texto em partes, para dele tirar algum proveito espiritual. 

1. O anjo, de nome Gabriel, foi enviado, por Deus, a uma cidade. O anjo não vem por si mesmo. Ele é um enviado, um mensageiro, um missionário que anuncia algo da parte de Deus. Estamos sendo missionários, ou estamos fazendo o que queremos sob a alegação de que é o que Deus quer?

2. Há uma pessoa a qual o anjo fora enviado. A uma "virgem". A alguém sem manchas. Ainda na pureza da idade, dos pensamentos, dos sentimentos, da fé. Uma pessoa não contaminada pela corrupção das coisas do mundo. Alguém que estava aberta a graça a Deus, e disposta em fazer a vontade de Deus em sua vida, mais do que as suas próprias.

3. O anúncio é feito. Ou melhor, o convite. O anjo começa a cumprir sua missão. Incialmente, ele saúda Maria com a expressão "Alegra-te". Quer dizer, toda tristeza será apagada para você que é cheia de Graça, pois "o Senhor está contigo". 

4. Maria começa a refletir que saudação era essa. Ela "começou s pensar qual seria o significado dessa salvação.

5. O anjo volta, e diz, "Não tenho medo"! Deus está contigo. Então, parte para anunciar aquilo para o qual fora enviado, "conceberás e darás a luz um filho". Essa é a primeira parte da fala. Depois, informa o nome que deverá dar à criança, "Jesus". E enumera as características desse filho: Grande, Filho do Altíssimo, herdará o trono de Davi, o seu Reino não terá fim.

6. Conhecedora de como acontecem a geração de filhos, ela pergunta, "Como será isso, se eu não conheço homem algum"? Maria ainda está presa às coisas da terra. E o anjo explica como ocorrerá. É uma experiência mística. Ele diz, o "Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Filho de Deus".

7. Maria passa da realidade terrena para a realidade  mística, por isso diz, "Eis aqui a serva do Senhor".

Olhamos para nós e para Maria. Ela, uma pessoa comum. Do meio do povo pobre de seu tempo. Temente a Deus. Esperava a realização das promessas de libertação. Estava em algum lugar, com seus afazeres. Vivia a vida do dia-a-dia. Sem grandes coisas.

Recebe a visita de Deus através do anjo. O anjo é mensageiro, não é a mensagem. Ele não anuncia a si mesmo. Ele comunica que ela será a mãe do Filho de Deus, e que por isso, o Espírito Santo a cobrirá. A encarnação é um projeto da Trindade Santa. Espírito que fecunda, que gera, que traz boa nova aos filhos e filhas de Deus. Por isso, toda e todo que são batizados e crismados não podem viver uma vida de corrupção, de roubos, de maldade. Não podem apoiar políticas públicas que desvalorizem a vida, que digam "e daí"!

A Solenidade de hoje nos ajuda a refletir sobre nossas ações no dia-a-dia. Estamos prontos a dizer, "Eis aqui a serva (servo) do Senhor"? Estamos preparados para afirmar, "Faça-se em mim segundo a tua palavra"?

domingo, 6 de dezembro de 2020

Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas!


Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1,1-8

1Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. 2Está escrito no livro do profeta Isaías: 'Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho. 3Esta é a voz daquele que grita no deserto: 'Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas!'' 4Foi assim que João Batista apareceu no deserto, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados. 5Toda a região da Judéia e todos os moradores de Jerusalém iam ao seu encontro. Confessavam os seus pecados e João os batizava no rio Jordão. 6João se vestia com uma pele de camelo e comia gafanhotos e mel do campo. 7E pregava, dizendo: 'Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias. 8Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo.'

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Estamos no segundo domingo do Advento. O verbo hoje é Preparar. Interessante notar que os verbos tem a função de indicar ação ou movimento (ou estados e fenômenos da natureza). O verbo de hoje, Preparar, está diretamente relacionado com a ação de fazer alguma coisa para que se esteja preparado para algo, no nosso caso, a segunda vinda de Jesus.

Preparamos tantas coisas, e não percebemos. A ação de preparar faz parte da nossa vida, do nosso dia-a-dia. Na religião é a mesma coisa. A fé é um ato continuo de preparação. Preparar-se para a segunda vinda de Jesus, O encontro definitivo com o Pai em seu Reino. Não sabemos quando isso será. Por isso, devemos estar preparados sempre. Na segunda leitura de hoje, Pedro nos conclama a termos uma vida "santa e piedosa" baseada na justiça e na esperança. 

Para os primeiros cristãos, uma vida santa estava relacionada diretamente em atender as necessidades dos outros. Acolher os refugiados, alimentar os famintos, saciar a sede dos sedentos, dar atenção aos doentes e encarcerados. É possível, no aqui no agora, fazer com que o novo céu e a nova terra possam ser construídos. É no hoje que fazemos nascer a nova humanidade.

O profeta Isaías, na primeira leitura, nos mostra um Deus que caminha ao nosso lado. Que trata seus filhos e filhas com carinho. Que tira da nossa vista tudo o que possa impedir de ver as maravilhas de Deus, e de sua justiça. Da mesma forma que o pastor tange o seu rebanho, assim, o Senhor vai nos conduzindo pelos seus caminhos.

Estamos meditando o primeiro capítulo do evangelho de Marcos. Certas preocupação não fazem parte desse evangelho, por exemplo, a origem de Jesus. Esse evangelho é considerado um evangelho catequético, de anuncio querigmático. Além de responder a pergunta, quem é Jesus?

É necessário ter uma mudança de vida para que possamos receber Jesus e o Espírito Santo. É preciso endireitar aquilo que não está em conformidade com a palavra de Deus. É necessário Conversão. Um novo jeito de ser. Um novo jeito de se relacionar com as pessoas. Saber acolher o que é diferente. Saber cuidar da natureza.

Preparar o caminho é tirar da indigência aqueles que estão espalhados pelas ruas de nossas cidades. É não aceitar a necro-política praticada por governantes inescrupulosos. É entender que ser filho ou filha de Deus não está ligado a cor da pele. É não aceitar a violência contra os pobres. É saber acolher os irmãos e irmãs LGBTQ+. É ser contra toda forma de violência contra as mulheres, crianças e jovens. É cuidar dos idosos e idosas. É defender o meio ambiente.

Hoje, somos chamados a preparar o caminho do Senhor. Façamos de nossa vida um verdadeiro ato missionário de preparação na vida dos outros. Amém.

sábado, 5 de dezembro de 2020

Reino dos Céus está próximo

 


Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 9,35 - 10,1.6-8

35Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade. 36Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: 37'A Messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!' 10,1E, chamando os seus doze discípulos deu-lhes poder para expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade. Enviou-os com as seguintes recomendações: 6Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! 7Em vosso caminho, anunciai: 'O Reino dos Céus está próximo'. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!

Palavra da Salvação.

Reflexão.

Minhas leitoras, meus leitores, a algum temo não tenho publicado as reflexões diárias. É assim mesmo. Apesar de diariamente lermos e meditarmos o evangelho do dia, nem sempre o Senhor nos inspira a escrever.

Estamos passando por um período difícil na história da humanidade. Não é o primeiro, nem será o último. Mas, como somos nós que estamos vivendo esse momento, nos parece uma eternidade. Temos o sentimento de demora. Isso me faz lembrar o povo de Deus 40 anos no deserto rumo a terra prometida. Ou a escravidão de 400 anos no Egito. Longos períodos de provação, e de espera de uma ação de Deus.

A leitura do evangelho de hoje, coloca Jesus em caminho, "percorria todas as cidades". Jesus nunca estava parado. Era necessário anunciar o evangelho do Reino. E no Reino de Deus não existem enfermos. No Reino de Deus todos e todas tem acesso à saúde, à moradia, à trabalho, à salário digno. No Reino de Deus não há discriminação por conta da cor da pele, da condição social, da opção sexual, se é mulher, criança ou jovem. No Reino de Deus a natureza é tratada com respeito (Paraíso). É preciso que isso seja anunciado.

Deus precisa de homens e mulheres que se predisponham a realizar essa missão, essa tarefa. Jesus chama a ação de evangelizar de messe, e essa precisa de operários. E ele nos pede que rezemos para que Deus mande mais operários. E por outro lado, ele espera de cada um de nós uma atitude de missionários, de evangelizadores para que outras e outros possam fazer o mesmo.

Os operários não são somente bispos, padres, diáconos. Toda e todo criatura é um operário desse messe. A ação de evangelizar não é restrita a sacramentos. Os sinais do reino vão além daquilo que celebramos. E se celebramos é porque precisamos nos abastecer da palavra de Deus. 

O Reino dos Céus está próximo.