segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Quando os pagãos nos hão de julgar!

"16 Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, 17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra". (II Tm. 3,16-17)

Ao falar a Timóteo, Paulo o exorta a ter as Sagradas Escrituras como sua bússola. A palavra que lhe foi transmitida desde a infância tem o poder de "comunicar a sabedoria que conduz a salvação pela fé em Cristo Jesus".

Meditando essa palavra inspirada por Deus, ela se torna "útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça".

Aprendemos da Igreja a fazer a lectio divina, a chamada leitura orante da Sagrada Escritura. Momento em que permitimos que Deus nos fale através da Palavra inspirada, e que damos nossa resposta ao que nos é dito.

A leitura do evangelho de hoje, da Santa Missa (Lc. 11,29-32), diz que os ninivitas e a rainha do Sul virão para julgar aquela geração. Dois personagens que não pertencem ao povo escolhido, mas que souberam reconhecer a palavra transmitida por Jonas e por Salomão. E Jesus se apresenta como maior do que os dois.

É interessante observar o quanto aqueles que não estão dentro do grupo dos "eleitos" serão aqueles que vão julgar o povo da aliança. 

Em outra passagem, Jesus afirma que "os cobradores de impostos e as prostitutas" entrarão, antes nós no Reino do Céu. (Mt. 21,31d). Interessante, aqueles que eram considerados impuros, perdidos, foram os que acolheram a palavra de Deus e mudaram de vida. Souberam entender o que eram palavras de vida eterna. 

Quantas pessoas que conhecemos que vão à Missa, que comungam, que rezam o terço, que confessam. Que buscam ser fiéis a "doutrina". Seguem todas as leis religiosas de nosso tempo, e estão longe de Deus. Em outra passagem, lemos: "ide e aprendei, misericórdia é o que quero, e não sacrifícios" (Mt. 9,13). Em Oséas 6,6, temos: "Pois eu quero amor e não sacrifícios, conhecimento de Deus mais do que holocaustos". Mais do que os sacrifícios, Deus nos chama a conhecê-los. Isso me lembra Santo Inácio de Loyola, durante as contemplações da segunda semana dos Exercícios Espirituais, ele nos propõem: A petição feita no início de todas as contemplações dos mistérios da vida pública de Jesus é sempre a mesma: "um conhecimento cada vez mais profundo e mais íntimo de Jesus Cristo para mais amá-lo e mais segui-lo".

Devemos aprender com Jesus que é manso e humilde de coração (Mt. 11,29).

No dia em que celebramos a memória de Santa Teresinha de Jesus, doutora da Igreja. No dia em que celebramos o dia dos professores, aprendamos com Jesus a orar (Pai Nosso), a ser humilde e manso (Bem Aventuranças), a acolher os perseguidos, os famintos, os sedentos, os pecadores. Que sejamos cristãos/cristãs com sejam outro Cristo na vida da sociedade, e das pessoas.

"Eu vim para que todos tenham vida...". E não qualquer vida. Ele quer que tenhamos "vida em abundância".

Neste dia, diante do evangelho em que nos diz que serão os pagãos que hão de nos julgar, vivamos o amor que acolhe todas e todos, sem distinção de raça, cor, origem, sexo, opção sexual, opção religiosa. Que não construamos uma sociedade baseada na exclusão, mas que sejamos construtores da "Civilização do Amor" (São Paulo VI). E uma civilização do amor se constrói tal como nos disse São Oscar Romero: "Uma religião de missa dominical, mas de semana injusta, não agrada ao Senhor. Uma religião de muitas rezas e tantas hipocrisias no coração, não é cristã. Uma Igreja que se instala sozinho para estar bem, para ter muito dinheiro, muita comodidade, mas que se esquece do clamor das injustiças, não é verdadeiramente a Igreja de nosso divino Redentor"(04/12/1977).

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