sexta-feira, 31 de julho de 2020
Ficaram escandalizados por causa dele
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 13,54-58
54 Dirigindo-se para a sua terra, Jesus ensinava na sinagoga, de modo que ficavam admirados. E diziam: 'De onde lhe vem essa sabedoria e esses milagres? 55 Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? 56 E suas irmãs não moram conosco? Então, de onde lhe vem tudo isso?' 57 E ficaram escandalizados por causa dele. Jesus, porém, disse: 'Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!' 58 E Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé.
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Jesus passa pela experiência de ser rejeitado. Ele acreditava porque era conhecido pelos amigos, vizinhos, familiares eles o ouviriam. Mas não. Jesus se mostra como um do meio do povo. Ele era filho de um casal que conhecemos. Seus familiares moram aqui perto, e nós os conhecemos. Como ter tanta sabedoria assim?
Quantas pessoas hoje sofrem com isso? Quantas pessoas que fazem a experiência pessoal do Reino de Deus, de Jesus, e são rejeitadas porque passam a pensar diferente?
Pense hoje em quantas pessoas você rejeitou? Quantas pessoas você ignorou?
quarta-feira, 29 de julho de 2020
Deus é amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele.
"O amor consiste mais em obras do que em palavras"
Primeira Carta de São João 4,7-16
7 Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. 8 Quem não ama, não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor. 9 Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele. 10 Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados. 11 Caríssimos, se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros. 12 Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece conosco e seu amor é plenamente realizado entre nós. 13 A prova de que permanecemos com ele, e ele conosco, é que ele nos deu o seu Espírito. 14 E nós vimos, e damos testemunho, que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. 15 Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece com ele, e ele com Deus. 16 E nós conhecemos o amor que Deus tem para conosco, e acreditamos nele. Deus é amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele.
Palavra do Senhor.
Reflexão.
Hoje celebramos a memória de Santa Marta, irmã de Lázaro. Nos evangelhos, Marta aparece duas vezes. A primeira, quando Jesus chega em Betânia e é acolhido na casa dos três irmãos, Lázaro, Marta e Maria. Nesse episódio, Marta acolhe Jesus (poderia ser a mais velha dos três). Aqui, Maria fica ouvindo as palavras de Jesus, enquanto Marta está nos afazeres domésticos. Então, Marta reclama com Jesus. No segundo episódio, quando da morte do irmão Lázaro, ela diz a Jesus que se Ele estivesse lá, seu irmão não teria morrido. Depois de um breve diálogo, ela reconhece Jesus como o caminho para a vida eterna.
Entretanto, não esquecendo a comemoração de hoje, resolvi tomar a Primeira Carta de São João para a nossa reflexão. Pois, a vida daquela família de Betânia se resumia no amor. Na experiência amorosa de Deus na pessoa de Jesus. E isso se transfigura no acolhimento que Jesus sentia no meio daquela família. Alguns teólogos dizem que sempre que Jesus ia a Betânia, ele se hospedava na casa de Marta. Tinha tanta afeição por aquela família, que chorou diante do túmulo de Lázaro. É a única cena na Sagrada Escritura em que vemos Jesus chorando. Isso demonstra profundo amor. Por isso, escolhi falar sobre a carta de São João.
Nesta carta, João afirma, "Deus é amor". Essa expressão é muito significativa. A teologia afirma que João evangelista teria sido o mais novo dos discípulos. Não falo em idades, pois isso seria impreciso. João é um dos primeiros a conviver com Jesus. Em todos os momentos marcantes da vida de Jesus, João estava presente. Jesus sempre levava consigo Pedro, Tiago, João. Quando da prisão de Jesus, o evangelho narra que João era conhecido da criada de Pilatos, e que, por conta disso, conseguiu que Pedro entrasse no pátio. Aos pés da cruz estava João, junto de Maria. Na Ressurreição de Jesus, ao ouvir de Maria Madalena que Jesus não estava no túmulo, foi o primeiro a correr, e chegar primeiro. Isso tudo demonstra um amor incondicional por Jesus.
A experiência amorosa que João fez de Jesus, foi uma experiência pessoal, mas não individualista ou intimista. O amor experimentado em si transforma-se em gestos, em obras, em palavras.
O trecho apresentado a nós hoje, diz, "amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus". É preciso que nos amemos. Amemo-nos uns aos outros. E o amor não faz distinção de pessoas. O amor não discrimina. O amor não se regozija com a violência. O amor se entristece com a morte de quem quer que seja.
Amar é a melhor forma de se concretizar a presença de Deus no meio de nós. No meio do mundo. Segundo São João, somos missionários e missionárias do amor de Deus. E isso basta.
Mas esse é um amor exigente. Esse amor foge dos padrões de amor do mundo. O amor de Deus exige de nós amar o que nos é diferente. O amor de Deus exige amar os que nos perseguem. O amor de Deus exige de nós amarmos os que nos odeiam. O amor de Deus exige perdoar 70 vezes 7.
Quem ama a Deus, alimenta os famintos, dá de beber ao sedentos, veste os nus, visita os doentes, é solidário com os presos injustamente. Apoia as famílias dos detentos. Chora com aqueles que perdem seus familiares e amigos. É solidário com os que sofrem racismo. Condoe-se com as dores das mulheres violentadas sexualmente, ou que sofrem violências físicas de seus companheiros o outras pessoas. É contra a destruição do meio ambiente.
A liturgia de hoje nos convida a revermos o nosso amor, tanto por Jesus, quanto pelas pessoas. A quem amamos? Como amamos?
terça-feira, 28 de julho de 2020
Os anjos retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal
Evangelho de Jesus segundo Mateus, 13,36-43
36 Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: 'Explica-nos a parábola do joio!' 37 Jesus respondeu: Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38 O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. 39 O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifadores são os anjos. 40 Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: 41 o Filho do Homem enviará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; 42 e depois os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. 43 Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça.'
Palavra da Salvação.
Esse texto já apareceu em outro momento de nossa liturgia. Já fizemos uma reflexão sobre ele.
Mas, para não passar em branco, destaco:
"A boa semente são os que pertencem ao Reino".
"O joio são os que pertencem ao Maligno".
Quem são os que pertencem ao Reino? Todos e todos aqueles/aquelas que dão de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, que vestem os nus, que visitam os enfermos e encarcerados, e acolhem os refugiados. A esses Jesus dirá, "toda vez que fizestes isso a um dos meus irmãos menores, foi a mim que o fizestes". E ainda mais, todos os que vivem as bem aventuranças. Todas e todos que despojam-se de seus bens para ir ao encontro do Reino. Pertencem ao Reino aqueles e aquelas que ouvem a palavra e a colocam em prática. São os que não discriminam as pessoas pelo cor da pele; que não agridem pessoas que fizeram opção sexual diferente; que violentam mulheres, crianças, adolescentes; que não matam. Pertencem ao Reino todas e todos que defendem a Amazônia e o meio ambiente como um todo. Que respeitam a cultura indígena; que estão ao lado dos quilombolas, dos ribeirinhos.
Quem pertence ao Maligno? Todas e todos que apoiam políticas públicas de extermínio; todas e todos que votam em pessoas que desviam verbas públicas da saúde, da educação, do saneamento. Que não se importam com as pessoas que padecem e morrem nos hospitais. Que não cuida da saúde do próximo. Que não se preocupam com a ciência que pesquisa curas para doenças graves.
Tome cuidado. Pergunte-se: De que lado eu estou? Do Reino ou do Maligno? Lembremos, "nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor entrará no Reino dos Céus".
"Os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai", se praticares o bem, o amor, a misericórdia,.Amém.
segunda-feira, 27 de julho de 2020
"Nada lhes falava sem usar parábolas"
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 13,31-35
31 Jesus contou-lhes outra parábola: 'O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo. 32 Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E torna-se uma árvore, de modo que os pássaros vêm e fazem ninhos em seus ramos.' 33 Jesus contou-lhes ainda uma outra parábola: 'O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado.' 34 Tudo isso Jesus falava em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar parábolas, 35 para se cumprir o que foi dito pelo profeta: 'Abrirei a boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo'.
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Semente de mostarda. E Fermento na massa. Já meditamos sobre esses dois elementos transformados em parábolas por Jesus.
O Reino não é para muitos. O Reino é para os que estão preparados a ouvir e entender.
O grão de mostarda é pequeno, mas torna-se uma árvore grandiosa onde os pássaros veem construir os seus ninhos. Essa é a primeira imagem do Reino dos Céus proposta por Jesus, a lugar do repouso, da casa, da acolhida. O Reino é de tal forma, que ele se transforma num espaço de abrigo para todos e todas que compreendem o seus mistérios, seus encantos, e aceitam trocar riquezas desse mundo para conquistar um espaço nesse Reino.
Depois, o Reino é fonte vida. O Reino é alimento. O Reino faz a massa crescer. Basta um pouco de solidariedade. Um pouco de amor, um pouco de respeito, um pouco de aceitação do que é diferente. Um pouco de oportunidades para todos/todas. Um pouco de saúde, de educação, de compaixão, para que o Reino possa crescer.
Somos chamadas e chamados sermos anunciadores desse Reino. somos discípulos e discípulas missionários/missionárias.
Cada um de nós é convidado a deixar-se germinar por esse pequeno grão, e nos tornarmos parte dessa árvore acolhedora. Cada um de nós é convidado a levedar a massa, mesmo em pouco quantidade, como o fermento, e sermos fonte de alimento para todos e todas que veem ao nosso encontro.
As parábolas falam ao coração. Quem tem o coração para entender o Reino, compreende as parábolas. Amém.
domingo, 26 de julho de 2020
sábado, 25 de julho de 2020
O Filho do Homem não veio para ser servido
São Tiago, Apóstolo . Festa
25 de Julho de 2020
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 20,20-28
Eles responderam: "Podemos". 23 Então Jesus lhes disse: "De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou". 24 Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25 Jesus, porém, chamou-os, e disse: "Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26 Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; 27 quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28 Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos".
Palavra da Salvação.
Reflexão.
O reino de Deus não segue a lógica dominadora do mundo. No Reino o maior é o servo, aquele que se coloca em último lugar. O primeiro no Reino de Deus não ocupa os melhores assentos; não tem as melhores mesas. Não é o primeiro a ser servido. É o último da fila.
Todos os discípulos podiam beber do cálice. Todos morreram martirizados. Beberam do mesmo cálice, o derramamento de sangue. Mas, ocupar lugar de destaque, de honra no reino, essa prerrogativa não está nas mãos de Jesus. Não é ele quem define.
Pensamos em todas e todos que buscam lugar de destaque e privilégios dentro da Igreja, da Comunidade, da Pastoral, do Movimento. Os chamados "Coordenadores/Coordenadoras". Os "Comentaristas das Missas". Aqueles e aquelas que brigam para fazerem leituras nas missas, ou qualquer outro serviço; somente para serem vistos pela comunidade. A lógica de Jesus não é essa.
Olhemos para nós mesmos. Olhemos para nossas comunidades. Lembro de uma história. Eu estava na noviciado dos jesuítas. Num determinado momento, o padre provincial foi fazer a visita de rotina. Um dos noviços foi convocado para arrumar o quarto do provincial. E quando o noviço foi a rouparia pegar as roupas de cama e de banho, o irmão lhe deu uma toalha poida. O noviço retrucou, é para o padre provincial. E o irmão disse, "para quem é, está muito bom". Aquilo chocou num primeiro momento. Mas, foi um aprendizado. Quantas pessoas não tem nem um pedaço de toalha para se secarem. Assim, ficou marcado que a simplicidade é para todos. Ela nos torna iguais.
Aprendamos que os melhores lugares são para aqueles que Deus escolheu. Amém.
sexta-feira, 24 de julho de 2020
Em que terreno a boa semente germina?
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 13,18-23
Disse Jesus aos seus discípulos: 18 Ouvi a parábola do semeador: 19 Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. 20 A semente que caiu em terreno pedregoso é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria; 21 mas ele não tem raiz em si mesmo, é de momento: quando chega o sofrimento ou a perseguição, por causa da palavra, ele desiste logo. 22 A semente que caiu no meio dos espinhos é aquele que ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ele não dá fruto. 23 A semente que caiu em boa terra é aquele que ouve a palavra e a compreende. Esse produz fruto. Um dá cem, outro sessenta e outro trinta.'
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Sobre a palavra de Deus, Jesus nos alerta de que temos quatros jeitos de a acolhermos: "não compreender"; "sem raiz"; "preocupações do mundo, ilusão das riquezas"; "compreender a palavra". Essa foi a experiência de Jesus durante a sua vida.
Aquele/aquela que não compreende a Palavra são as pessoas que "até" ouvem, mas não busca tirar de si as incompreensões. Vivem de doutrinas que condenam as pessoas. Não entendem o significado de perdão, de misericórdia, de amor.
O terreno pedregoso são as pessoas que se empolgam, que participaram de um movimento de massa, de um grandioso encontro. Que se empolgaram com os cânticos, com a agitação, com a euforia de um pregado, com algum testemunho. Mas, não aprofundam a fé. Não buscam, pela palavra, compreender os conflitos da vida. Não compreendem que na vida existem dificuldades, dores. E que todas e todos que assumem a palavra, serão perseguidos.
Terreno espinhoso são as pessoas que se deixam sufocar pelas preocupações do mundo e negligenciam a espiritualidade. Que deixam de lado os momentos de meditação, a oração. Que não praticam a caridade para com o próximo. Acham que apenas uma missa de fim de semana seja o suficiente para alimentar a própria experiência de Deus. Que participar da Igreja é somente num determinado momento de um fim de semana. Estão mais preocupados com as riquezas que o mundo oferece (vejam a passagem das tentações de Jesus).
E por último, por ser mais importante, a terra que produz boa semente. São todos e todas que se deixam modificar pela palavra de Deus. Que buscam a construção de um mundo novo, de uma nova sociedade, de uma nova humanidade. Todas e todos que compreendem a palavra escutada. E aqui, compreender não é entender tudo, mas é buscar fazer a vontade de Deus, mesmo que isso nos pareça absurdo. É não ficar preso a regras que escravizam. A doutrinas que excluem. Mas é viver o amor. É ser inclusivo. É viver o amor que age mais do que fala. Que não dá ouvido às coisas do mundo. Que se volta para Deus em todas as circunstâncias da vida. Que sabe amar como Jesus amou. Não basta estar na Igreja para ser terra boa. Não basta participar da comunhão para ser ter boa. Não basta fazer caridade para ser terra boa. Não basta confessar-se para ser terra boa. Não bastam adorações, grupos de oração, terços, bom como qualquer outro ato devocional. Tudo isso só terá sentido se compreendermos que o amor (caridade) vem em primeiro lugar. Que acima de tudo isso está amar o próximo como a si mesmo. A dar vida pelos outros.
Voltemo-nos para nós mesmos. Olhemos para o terreno de nossa vida. Veja qual terreno você é hoje. E se tem a predisposição de mudar. De fazer do jeito novo que Jesus nos deixou. Que Jesus nos falou. Que Jesus nos ensinou.
Oremos: "Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo".
quinta-feira, 23 de julho de 2020
Felizes sois vós, porque vossos olhos vêem e vossos ouvidos ouvem
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 13,10-17
10 Os discípulos aproximaram-se e disseram a Jesus: 'Por que tu falas ao povo em parábolas?' 11 Jesus respondeu: 'Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado. 12 Pois à pessoa que tem, será dado ainda mais, e terá em abundância; mas à pessoa que não tem, será tirado até o pouco que tem. 13 É por isso que eu lhes falo em parábolas: porque olhando, eles não vêem, e ouvindo, eles não escutam, nem compreendem. 14 Deste modo se cumpre neles a profecia de Isaías: 'Havereis de ouvir, sem nada entender. Havereis de olhar, sem nada ver. 15 Porque o coração deste povo se tornou insensível. Eles ouviram com má vontade e fecharam seus olhos, para não ver com os olhos, nem ouvir com os ouvidos, nem compreender com o coração, de modo que se convertam e eu os cure'. 16 Felizes sois vós, porque vossos olhos vêem e vossos ouvidos ouvem. 17 Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram.
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Estamos no ano A da liturgia da Igreja Católica. Nesse período, lemos o evangelho de Mateus. E, para entendermos esse autor, precisamos ter em mente que ele escreve para os cristãos de origem judaica, ou seja, aqueles que foram criados na tradição dos rabinos judeus e agora "aceitaram Jesus". Ou melhor dizendo, se converteram a mensagem da boa nova.
Nesse evangelho, Mateus anima a sua comunidade cristã partindo das regras religiosas judaicas e coloca Jesus ressignificando tudo. Dando um novo olhar.
As parábolas servem para revelar aos que seguem Jesus aquilo que é da vontade de Deus. Por isso, Jesus recorda Isaías 6,9ss. E ainda, Isaías 44,18. Jesus faz uma leitura nova da profecia de Isaías. Ele mostra que para entender a dinâmica do Reino dos Céus é preciso ver o mundo de um outro jeito. Que leis e doutrinas cegam as pessoas. Que as leis escravizam, matam, tolem. Enquanto, o amor, a aceitação do pequeno, a inclusão do excluído é a vontade de Deus.
Jesus indica que os profetas ansiaram por esse momento. E que aquela geração teve a oportunidade de ter um encontro pessoal com o próprio Deus em Jesus. E isso, é um bem aventurança. Lembre-se, "todo aquele que ouve a minha palavra e a põem em prática, esse é meu irmão, minha irmã, e minha mãe".
Jesus nos pede um engajamento na mudança de vida. Jesus nos pede que sejamos discípulos missionários de uma nova humanidade, Que sejamos promotores de vida, de justiça, de paz. Ouçamos a sua voz. "Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem". Amém.
quarta-feira, 22 de julho de 2020
Por que choras?
Festa de Santa Maria Madalena
Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20,1-2.11-18
1 No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. 2 Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: "Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram". 11 Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando.
Enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. 12 Viu, então, dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13 Os anjos perguntaram: "Mulher, por que choras?" Ela respondeu: "Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram". 14 Tendo dito isto, Maria voltou-se para trás e viu Jesus, de pé. Mas não sabia que era Jesus. 15 Jesus perguntou-lhe: "Mulher, por que choras? A quem procuras?" Pensando que era o jardineiro, Maria disse: "Senhor, se foste tu que o levaste dize-me onde o colocaste, e eu o irei buscar". 16 Então Jesus disse: "Maria!" Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: "Rabunni" (que quer dizer: Mestre). 17 Jesus disse: "Não me segures. Ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus". 18 Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: "Eu vi o Senhor!", e contou o que Jesus lhe tinha dito.
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Hoje celebramos a FESTA de Santa Maria Madalena, Apóstola dos apóstolos, segundo o Papa Francisco. Até 2016, essa era uma memória obrigatória. Agora, foi elevada a Festa. Isso é significativo num momento em que o mundo passa pela ressignificação do papel da mulher na sociedade, nos cargos de direção, na ocupação de espaços de poder decisório, e no meio da própria Igreja.
Elevar a memória de Santa Maria Madalena a Festa é uma oportunidade de dar visibilidade às mulheres de nosso tempo. É nos proporcionar um revisitar a Sagrada Escritura e observar a importância delas para Deus, e para seu projeto salvífico. Quantos nomes de mulheres na bíblia temos na memória? Débora. Eva. Sara. Ester. Judite. Rute. E quantas outras? Maria, Isabel, Ana, Céfora, Priscila. E quantas mais? Sim, elas fazem parte da história da Salvação. Em muitos casos são protagonistas de libertação, de mudanças de hábitos. De fé em Deus. Lembremos também a mãe dos irmãos Macabeus que incentivou seus filhos a não cederem às propostas de apostasia do rei.
São poucas as referências diretas a Santa Maria Madalena nos evangelhos. A única que temos com certeza, é a do texto do evangelho de hoje. Uma verdadeira ação de amor. Não preocupada com as consequências de quem vai ao túmulo de um condenado pelo império romano e pelos sacerdotes dos hebreus, ela se aproxima do túmulo. Que cena linda! Ao chegar, encontra o túmulo aberto e vazio. É importante repetir, o túmulo estava vazio. E diz, entre lágrimas, "Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram". Só um grande amor poderia sentir tanta dor. Onde colocaram meu amado? O livro dos Cânticos dos Cânticos, que é a primeira leitura de hoje, diz, "busquei o amor de minha vida:
procurei-o, e não o encontrei".
Essa é Santa Maria Madalena. Aquela que se tornou a Apóstola dos apóstolos. Demonstra tanto amor. Um amor incondicional. Um amor que não tem medo. Um amor que leva ao encontro. Um amor que chora por não ver o Senhor.
"Mulher, porque choras?". Mulher choras por aquelas que veem seus filhos tombarem pelas armas do estado. Choras pelas mulheres que não encontram tratamento para seus filhos e filhas nos hospitais públicos. Choras por todas que não conseguem um emprego por não terem creches decentes para seus filhos/filhas. Choras porque seus companheiros não conseguem um trabalho para dar vida digna às suas famílias. Choras poque vês muitas mulheres sendo mortas por que lutam por terra, emprego, moradia. Choras porque sofre com seus rebentos que fizeram uma opção sexual diferente e são violentados/violentadas e discriminados/discriminadas. Choras porque vês tantas e tantos sofrerem racismo. Choras porque tantas mulheres sofrem violência diária, seja sexual, verbal, física. Choras porque vês a natureza sendo destruída. Choras por tantas coisas. Mas, mesmo diante daquilo que poderia nos parecer o fim, tu nos dá uma palavra de esperança e de vida, tu nos dizes, "Eu vi o Senhor". Nós te pedimos, nos mostra esse Senhor, isso nos basta. Aponta-nos aquele que é o autor da vida, e que restituiu a vida. Amém!
terça-feira, 21 de julho de 2020
Qual Deus existe como tu?
Leitura da Profecia de Miqueias 7,14-15.18-20
14 Apascenta o teu povo com o cajado da autoridade, o rebanho de tua propriedade, os habitantes dispersos pela mata e pelos campos cultivados; 15 E, como foi nos dias em que nos fizeste sair do Egito, faze-nos ver novos prodígios. 18 Qual Deus existe, como tu, que apagas a iniquidade e esqueces o pecado daqueles que são resto de tua propriedade? - Ele não guarda rancor para sempre,
o que ama é a misericórdia. 19 Voltará a compadecer-se de nós, esquecerá nossas iniquidades e lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados. 20 Tu manterás fidelidade a Jacó e terás compaixão de Abraão, como juraste a nossos pais, desde tempos remotos.
Palavra do Senhor.
Reflexão.
Hoje optei por fazer a meditação sobre a profecia de Miqueias. O evangelho de hoje já apareceu em outros momentos litúrgicos. Caso queira ler, clique sobre a citação, Evangelho - Mt 12,46-50.
Miqueias é um dos profetas que vê a ruína do povo por conta dos ricos que exploram os pobres. Entretanto, a leitura de hoje, vemos que o povo está disperso, afastado, sem direção, sem rumo, sem saber para onde ir, "apascenta o teu povo". O profeta lembra que a escravidão no Egito era uma desgraça. Um tormenta. Uma tortura. Mas, o Senhor, ao libertar o povo da escravidão, fez com que ele vissem novos prodígios.
Deus se esquece de nossas faltas, de nossas iniquidades. Deus não leva em conta nossos pecados, pois nós somos sua propriedade. Todo aquele que tem um bem, trata-o com todo cuidado, pois sabe o quanto custoso foi para ter aquela propriedade. Deus sabe o quanto foi custoso criar o ser humano. O quanto teve que preparar um espaço para que a humanidade pudesse habitar. No fim de tudo, coloca o homem e a mulher para cuidar de tudo. E Ele cuida de nós. Trata-nos com carinho. E por isso, não leva em conta as nossas faltas, pois, se assim o fizesse, não subsistiríamos.
Deus ama a misericórdia, e por isso não guarda rancor. "Deus é amor". E o amor, "tudo desculpa". Deus é fiel às suas promessas, aquilo que Ele promete, Ele cumpre.
Ao voltar-se para nós, ele se compadece, pois lembra de seu amor, de sua misericórdia, e apaga as nossas iniquidades.
Ao rezarmos hoje, lembremos "perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos os que nos ofendem; e não nos deixeis cair em tentação". Peçamos a Deus a graça de não cair na tentação de não perdoar. Se somos seus filhos, se somos feitos a sua imagem e semelhança, devemos agir com misericórdia, com perdão, com justiça. Amém.
domingo, 19 de julho de 2020
Os habitantes de Nínive se levantarão contra essa geração e a condenarão
Jesus desceu à mansão dos mortos.
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 12,38-42
38 Alguns mestres da Lei e fariseus disseram a Jesus: 'Mestre, queremos ver um sinal realizado por ti.' 39 Jesus respondeu-lhes: 'Uma geração má e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas. 40 Com efeito, assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem estará três dias e três noites no seio da terra. 41 No dia do juízo, os habitantes de Nínive se levantarão contra essa geração e a condenarão, porque se converteram diante da pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas. 42 No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará contra essa geração, e a condenará, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão.'
Palavra da Salvação.
Reflexão
Gente, que Palavras! Fortes para os fariseus. Mais fortes ainda para nós. Jesus revela que quem condenará aquela geração serão, justamente, aqueles e aquelas que não fazem parte o povo eleito. Os ninivitas e a Rainha de Sabá. Jesus nos mostra o quanto aqueles que não pertencem ao "povo eleito" ouvem os que proclamam a palavra de Deus.
Todos buscavam um sinal. Hoje, muitas pessoas estão presas a sinais. Entretanto, o sinal é a Palavra proclamada. O Sinal está nas bem aventuranças, na boa nova trazida por Jesus. A nova humanidade, a nova sociedade a de se consolidar quando aqueles que creem na palavra assumirem em suas vidas o novo jeito de ser. O novo jeito de se relacionar. A nova forma de entender o outro, o pequeno, o pobre, o excluído, o perseguido, o diferente como filho/filha de Deus.
Ao profeta Miqueias foi revelado o que agrada a Deus, ao Senhor: "Foi-te revelado, ó homem, o que é o bem, e o que o Senhor exige de ti: principalmente praticar a justiça e amar a misericórdia, e caminhar solícito com teu Deus" (Mq 6,8). O que agrada a Deus é a justiça, a misericórdia, e o ser solícito com teu Deus.
Devemos tomar cuidado com todas e todos que por, nossas doutrinas, preconceitos, racismos, homofobias, excluímos da misericórdia de Deus.
Hoje, vamos seguir a máxima de Santo Inácio de Loyola, "não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma, mas o sentir e saborear as coisas internamente". Saboreie essa palavras. Que sinal você espera de Deus? Que sinal você espera ser para todas e todos aos quais você é enviado a evangelizar?
sábado, 18 de julho de 2020
Tramaram matar Jesus
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 12,14-21
14 Os fariseus saíram e fizeram um plano para matar Jesus. 15 Ao saber disso, Jesus retirou-se dali. Grandes multidões o seguiram, e ele curou a todos. 16 E ordenou-lhes que não dissessem quem ele era, 17 para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: 18 'Eis o meu servo, que escolhi; o meu amado, no qual coloco a minha afeição; porei sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará às nações o direito. 19 Ele não discutirá, nem gritará, e ninguém ouvirá a sua voz nas praças. 20 Não quebrará o caniço rachado, nem apagará o pavio que ainda fumega, até que faça triunfar o direito. 21 Em seu nome as nações depositarão a sua esperança.'
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Recordamos que Mateus sempre direciona seu evangelho aos judeus. Isso é importante para compreendermos o texto de hoje. Em Mateus, Jesus está sempre confrontando os fariseus quanto às regras, e as suas leis morais.
O trecho de hoje, destacada, logo no início, a trama dos fariseus em quererem matar Jesus. Mas, o que teria feito Jesus para suscitar essa vontade nos fariseus? Lembremos que no evangelho de ontem Jesus e seus discípulos estavam passando por um campo. E que, ao sentirem fome, seus discípulos colheram as espigas e comeram. Se voltarmos à Bíblia, e lermos o que esta imediatamente antes do texto de hoje, vamos ver que Jesus está na sinagoga, e um homem de mão atrofiada entra. Era dia de sábado, tal como o fato das espigas. E os fariseus perguntam a Jesus se é permitido curar em dia de sábado. Jesus então diz que a vida humana vale mais que regras. E manda o homem estender a mão, e ela é curada. A partir daqui entra o nosso texto de hoje.
Ao saber que os fariseus estavam tramando um plano para lhe matar, "Jesus retirou-se dali". Interessante esse gesto. Olhemos mais adiante no texto. É preciso saber se suas ações e palavras estão de acordo com a vontade de Deus. E nada melhor do que ir na Palavra de Deus. Aquilo que Deus quer de nós não vem do nada. A vontade de Deus está expressa na Sagrada Escritura e nos fatos cotidianos da vida.
Jesus saiu dali para rezar. Para meditar. Para se recompor da discussão com os fariseus. Então, deparou-se com esse texto extraído do livro de Isaías que fala do servo sofredor. Notemos, o servo de Deus passará por tribulações, perseguições, incompreensões. Entretanto, esse servo é amado, tem sobre si o Espírito de Deus. Esse servo proclama o direito. O servo dá exemplo com a própria vida e com suas ações em favor dos excluídos, dos pobres, dos despossuídos de direitos. O servo de Deus não grita (não precisa impor-se pela palavra). O servo de Deus não usa da violência ("não quebrará o caniço rachado). O servo sabe que tudo está nas mãos de Deus.
Diante dos fatos, as multidões vão atrás de Jesus. Deixam de lado os fariseus e suas doutrinas, suas leis. Nesse momento, assumem para si a vida e a missão de Jesus. Entretanto, Jesus não veio para ser proclamado rei. Jesus não veio ocupar o lugar dos poderosos. Jesus veio resgatar o que estava perdido. Perdoar os pecados. Acolher os pobres, os excluídos, aqueles que sofrem preconceitos. Jesus vem apresentar como deve ser a nova humanidade, a Jerusalém celeste, o Reino dos Céus, a Civilização do Amor.
Pensemos hoje, o que buscamos? Glórias humanas? Reconhecimento? Vaidades? Ou caminhamos junto de Jesus para sermos crucificados em Jerusalém, para ressuscitarmos com ele? Que Santa Madre Teresa de Calcutá, Santa Dulce dos Pobres, São Dom Oscar Romero intercedam por nós. Amém.
sexta-feira, 17 de julho de 2020
Quero a misericórdia e não o sacrifício
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 12,1-8
1 Jesus passou no meio de uma plantação num dia de sábado. Seus discípulos tinham fome e começaram a apanhar espigas para comer. 2 Vendo isso, os fariseus disseram-lhe: 'Olha, os teus discípulos estão fazendo, o que não é permitido fazer em dia de sábado!' 3 Jesus respondeu-lhes: 'Nunca lestes o que fez Davi, quando ele e seus companheiros sentiram fome? 4 Como entrou na casa de Deus e todos comeram os pães da oferenda que nem a ele nem aos seus companheiros era permitido comer, mas unicamente aos sacerdotes? 5 Ou nunca lestes na Lei, que em dia de sábado, no Templo, os sacerdotes violam o sábado sem contrair culpa alguma? 6 Ora, eu vos digo: aqui está quem é maior do que o Templo. 7 Se tivésseis compreendido o que significa: 'Quero a misericórdia e não o sacrifício', não teríeis condenado os inocentes. 8 De fato, o Filho do Homem é senhor do sábado.'
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Estamos diante de um texto que nos dá ânimo e alegria em sermos discípulos de Jesus. Lembremos que a alguns dias atrás, Jesus louvou ao Pai por ter revelado essas coisas aos pequeninos, aos excluídos, aos perseguidos.
Jesus mostra aos que são apegados às doutrinas, às leis, aos "pode e não pode" que Deus age diferente com suas filhas e com seus filhos.
As leis, sejam civis ou religiosas, não podem limitar a ação missionária. Deus age no mundo por misericórdia, "vi a aflição do meu povo, e vim libertá-lo", disse Ele a Moisés.
Deus é Pai, e como tal é inclusivo. Não rejeita nenhum de seus filhos e filhas. E Jesus, sendo um com o Pai, sendo o reflexo do Pai, não poderia agir de forma diferente.
A narrativa de hoje mostra Jesus "quebrando" certas regras dos judeus que escravizavam. É dia de sábado. Pela regra, ninguém poderia fazer esforço algum. Entretanto, Mateus coloca Jesus, com seus discípulos, caminhando por uma plantação. E, em seguida, narra que os discípulos tiveram fome. E que, violando a regra, pegam as espigas e comem.
Quantas regras temos hoje que excluem as pessoas da comunhão em nossa Igreja? Casais em segunda união, mesmo com anos de matrimônio, não podem se aproximar da mesa da comunhão. Um homem, ou uma mulher que esteja em segunda união não pode ser admitido para ser padrinho ou madrinha de alguém, mesmo que tenham anos de caminhada na Igreja, que sejam um exemplo de casal cristão, que rezem em família e na comunidade.
Jesus, como bom judeu, fora criado na sinagoga, ouvindo a palavra de Deus. Sendo instruído pelos rabinos. Conhecia a história de seu povo. Então, ele lembrou do episódio de Davi que adentrou ao templo e comeu do pão dos sacerdotes (I Sam 21). Teria Davi cometido algum pecado? Não é assim a narrativa de Samuel.
E depois, para mostrar a hipocrisia da lei que segrega, ele fala de seu tempo presente quanto a ação dos sacerdotes dentro do Templo que não cumprem a lei, mas são liberados dela.
Pois bem, então, Jesus conclui nos instruindo a rezar, meditar e compreender o que disse o profeta Oseias, "Quero misericórdia e não sacrifício" (Os 6,6 - pode ser que haja variações dependendo da tradução da bíblia; algumas substituem a palavra misericórdia por "amor", "lealdade").
Aproveito para acrescentar a segunda parte do versículo de Oseias, onde lemos, "... conhecimento de Deus, mais do que holocaustos".
Todo sacrifício, toda obra da ascese desprovida de um conhecimento profundo da vontade de Deus não é libertadora. Jejuns e penitências só fazem sentido se voltarmos nosso coração para o conhecimento da vontade de Deus; e essa vontade Jesus deixou bem claro, "amai-vos uns aos outros".
Como eu disse acima, ao louvar o Pai por ter revelado essas coisas aos pequenos, Jesus exultou e disse, "Sim Pai, porque assim foi do teu agrado". Agradamos a Deus nas obras de misericórdia, de amor. Pense nisso! Amém.
quinta-feira, 16 de julho de 2020
todo aquele que faz a vontade do meu Pai, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.'
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 12,46-50
46 Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47 Alguém disse a Jesus: 'Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo.' 48 Jesus perguntou àquele que tinha falado: 'Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?' 49 E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: 'Eis minha mãe e meus irmãos. 50 Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.'
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Jesus nos mostra uma liberdade interior profunda diante da evangelização. Ela não pode ser parada por nada.
Jesus está falando. Está pregando. Está instruindo as pessoas. Nesse exato momento, chegam seus parentes mais próximos e, à frente, sua mãe. A reação natural de todos nós seria pedir licença, e dar atenção. Entretanto, Jesus dá um passo a mais, um salto à frente. Sua família agora não está restrita a um núcleo familiar pequeno.
Se Deus é o Pai Nosso, todo e toda aquela e aquele que se identificam com essa paternidade divina passam a fazer parte da grande família humana da criação de Deus. E ser filha ou filho de Deus exige de nós fazer a vontade do Pai.
Não pensemos que Jesus tenha desprezado a família. Nessa fala dele, está escondido a aceitação que Maria teve de vontade de Deus. "Faça-se em mim segundo a vossa palavra". Maria é o exemplo para todos e todas para fazerem a vontade de Deus, por mais que, num primeiro momento, não compreendamos como vai se realizar.
Olhando por detrás das palavras de Jesus, ele nos diz, vede, como minha mãe fez a vontade de Deus, assim, todos vós deveis aprender com ela como fazer essa vontade também.
A humanidade de Maria nos ensina a fazer aquilo que Deus quer. E louvar a Deus por isso.
Certa vez, numa contemplação que fiz dessa cena, imaginei Maria indo ao encontro do Filho para dizer a ele que lembrasse de dizer certas coisas, que não esquecesse de falar de fazer a vontade de Deus.
Oremos a Deus. Peçamos que ele nos envie o Espírito Santo para que possamos fazer a vontade de Deus. Amém.
quarta-feira, 15 de julho de 2020
Porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 11,25-27
25 Jesus pôs-se a dizer: 'Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 27 Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Palavra da Salvação.
Reflexão
Já escrevi sobre esse texto a um tempo atrás. E falei de um tipo de oração que Santo Inácio de Loyola chama Repetição. Ou seja, tomamos um oração na qual tivemos alguma experiência espiritual, seja ela de consolação ou desolação, e a retomamos.
Jesus louvo ao Pai para revelar as coisas do Céu aos pequeninos. Aqueles e aquelas que não são considerados letrados, doutores, pessoas versadas nas Sagradas Escrituras, nas leis, nas doutrinas. Jesus afirma que assim foi da vontade do Pai.
Jesus é o Filho. E ainda, em Santo Inácio de Loyola, ele diz que vendo a Trindade como a humanidade se precipitava no inferno, decidem pele encarnação da segunda pessoa, o Filho.
Tudo foi dado a Jesus. Ou tudo foi criado por Jesus, e para Jesus (Col 1,16). E o Filho e o Pai se conhecem, óbvio. Mas o Pai só pode ser revelado pelo Filho. É Ele que dá a conhecer o Pai, e sua vontade. E o Filho revela o Pai. E, ao revelar o Pai, o Filho percebe que são os pequeninos que entendem que o Filho e o Pai formam uma unidade no ser, no agir, no falar. Os pequenos são desprovidos de prepotência acadêmica. Os pequenos são desprovidos de conhecimentos literários. Os pequenos são desprovidos de doutrinas. E isso, os habilita e ver no Filho o Pai. Ou a ver o Pai revelado no Filho
Peçamos a Deus a graça de vermos o Filho, e pelo Filho chegarmos aos Pai. Amém.
terça-feira, 14 de julho de 2020
Ai de ti
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 11,20-24
20 Jesus começou a censurar as cidades onde fora realizada a maior parte de seus milagres, porque não se tinham convertido. 21 'Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se os milagres que se realizaram no meio de vós, tivessem sido feitos em Tiro e Sidônia, há muito tempo elas teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e cobrindo-se de cinza. 22 Pois bem! Eu vos digo: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia serão tratadas com menos dureza do que vós. 23 E tu, Cafarnaum! Acaso serás erguida até o céu? Não! Serás jogada no inferno! Porque, se os milagres que foram realizados no meio de ti tivessem sido feitos em Sodoma, ela existiria até hoje! 24 Eu, porém, vos digo: no dia do juízo, Sodoma será tratada com menos dureza do que vós!'
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Antes de iniciar a reflexão de hoje, peço desculpas aos meus leitores pelo atraso. Entretanto, em tempos de quarentena, algumas atividades domésticas ficam prementes. Perdão.
Mãos à obra.
É preciso entendermos as cidades de Corazim e de Betsaida.
Corazim ficava ao norte da Galileia Distante 3 km de Cafarnaum. Em uma colina acima da costa norte do Mar da Galileia. Fora uma cidade judaica famosa pela sua produção de trigo de boa qualidade. Aí residiam, também, alguns pescadores judeus.
Betsaida, que significa da pesca, em hebraico, era uma povoação pesqueira a nordeste do Mar da Galileia, situada a alguns quilômetros de Cafarnaum. Pedro, André e Filipe eram dessa localidade. (João 1:44)
Cafarnaum, Corazim e Betsaida constituíam o chamado «triângulo evangélico». De facto, nestas cidades ou nas suas proximidades, decorreu significativa parte da vida pública de Jesus.
Pois bem, partindo dessa primícia, Mateus coloca na boca de Jesus uma "maldição" para essas três cidades, pois a sua população foi testemunha de muita coisa do apostolado evangelizador de Jesus Cristo. Então, Jesus diz que se em Tiro e Sidônia, duas cidades fora do círculo judaico, tivessem sido feito as obras que Jesus realizou nessas três cidades, aqueles povos teriam se convertido. Mudado de vida. Feito penitência.
Então, Jesus fala a nós através dessas imagens para que possamos parar e ver quais são as obras que Ele opera em nossas vidas, na vida das nossas comunidades, na vida daquelas pessoas que não fazem parte do "clubinho". Deus é Deus de todos e de todas. Não importa a denominação religiosa. Não importa a cor da pele; não importa se é homem ou mulher. Não importa a sua orientação sexual. Ele é Pai, e como tal, olha para cada um de seus filhos e filhas com o olhar de amor. Tal como aquele pai que, após a saída do filho, todos os dias ia para a janela ver se ele retornaria.
Não nos preocupemos com leis, com doutrinas, com moral. Importa que sejamos missionários e missionários que acolhem a todas e a todos. Que ouvem. Que agem por misericórdia. Que dão a vida pelos seus irmãos. Não deixe a graça de Deus passar, caso contr´rio, "ai de ti". Amém.
segunda-feira, 13 de julho de 2020
Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 10,34-11,1
Disse Jesus aos seus discípulos: 34 Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada. 35 De fato, vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. 36 E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. 37 Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. 38 Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. 39 Quem procura conservar a sua vida vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. 40 Quem vos recebe, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. 41 Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo. 42 Quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa.' 11,1 Quando Jesus acabou de dar essas instruções aos doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles.
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Apresentar diariamente uma reflexão de um texto bíblico a uma comunidade é quase como um parto. É preciso, primeiro, que o texto fale ao coração de quem propõe uma reflexão. Sentir o texto. Ver o que ele diz à pessoa que vai escrever.
Em seguida, é preciso transportar esse texto para um incubadora, ou seja, nesse caso, o coração. E aí que o texto bíblico sai da racionalidade da leitura e passa a ser vida.
Terceiro, o desejo de comunicar aos outros a palavra lida, meditada, transformada em vida.
Partindo desse preambulo, digo a vocês que não foi fácil produzir essa reflexão de hoje. Levou um tempo maior do que o habitual. Mas, vamos lá.
Dividi o texto em três partes, apesar delas formarem um conjunto bem interligado. Primeiro, o tema da paz x espada; segundo, a divisão na família; terceiro, a vida do discípulo missionário.
Mateus inicia o texto colocando na boca de Jesus a seguinte frase, "Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada". Forte essa palavra. Não é Jesus o príncipe da paz? Pois bem, partamos da seguinte primícia histórica, a região onde Jesus vivia estava sob o domínio romano. E existia a "pax romana". O que era essa "paz romana"? A dominação romana estava baseada na força e na assimilação da cultura romana por parte daqueles que eram dominados. Além disso, as províncias dominadas deveriam pagar o imposto ao império. A região da judeia não estava isenta disso. Entretanto, os romanos permitiam que os judeus exercessem sua religião sem conflito com a forma religiosa romana, isto é, os judeus estavam dispensados de prestar culto ao imperador como deus. (por isso que na condenação de Jesus, eles dizem "todo aquele que se diz rei é contra César).
A paz que Jesus dá não é semelhante à paz dos romanos. Em João 14,27, lemos: "A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá". Aqui, esse paz não é ausência de conflitos. É uma paz que enfrenta o mal com o bem. É uma paz que oferece a outra face; é uma paz que perdoa setenta vezes sete; é uma paz que dá a vida pelos seus; é uma paz que reza por aqueles que nos perseguem; é uma paz que promove a justiça, pois a paz é fruto da justiça (Is 32,17). A paz de Jesus está descrita nas bem aventuranças. A paz está no cântico de Maria, mãe de Jesus, o Magnificat (Lc 1, 46-56). A paz de Jesus está transformada em oração quando ele ensina a rezar o Pai Nosso.
Essa paz de Jesus gera uma divisão. Pois, numa mesma casa haverá aqueles que hão de aceitar esse novo jeito de viver, e aqueles que vão rejeitar. Em João 9 a partir do versículo 19, temos o diálogo entre os fariseus e os pais do cego de nascença. Faça uma leitura desse episódio, é bem interessante para entendermos o texto da divisão dentro da família.
Em seguida, Jesus se dirige aos que serão discípulos missionários. É preciso tomar a cruz de Jesus. É preciso viver do jeito que Jesus viveu. É preciso anunciar a boa nova, mesmo que isso gere conflito em casa, ou mesmo dentro da Igreja. A boa nova de Jesus não são doutrinas ou regras, leis. A boa nova de Jesus está na transformação de uma sociedade que mata, em uma humanidade que ama. Que gera vida. Mesmo que para isso, o missionário precise perder a própria vida.
E por último, quem acolher um discípulo, por menor que seja, e lhe der o mais básico para a sobrevivência, isto é, água, por ser discípulo missionário de Jesus, terá uma recompensa maior que a própria água.
Hoje não foi fácil escrever. Mas a palavra de Deus é assim mesmo. Não basta o conhecimento técnico da exegese, da teologia bíblica. Tudo isso é necessário. Mas essa palavra só produzirá frutos em nós e na sociedade se ela se transformar em vida, em ações. Amém.
domingo, 12 de julho de 2020
sábado, 11 de julho de 2020
Não tenhais medo deles
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 10,24-33
Disse Jesus aos seus discípulos: 24 O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. 25 Para o discípulo, basta ser como o seu mestre, e para o servo, ser como o seu senhor. Se ao dono da casa eles chamaram de Belzebu, quanto mais aos seus familiares! 26 Não tenhais medo deles, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido. 27 O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados! 28 Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno! 29 Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. 30 Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados. 31 Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais. 32 Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. 33 Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus.
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Nosso texto de hoje tem muitas possibilidades de reflexão. Fiz a opção de falar sobre o "Não tenhais medo"!
Essa expressão já foi motivo de várias catequeses do Papa Francisco. O medo é inerente ao ser humano. Sentir medo é normal. "Pai, afaste de mim esse cálice", foi assim que Jesus expressou o seu medo. E depois, "meu Deus, me Deus porque me abandonastes". São expressões do medo humano. Mas, o próprio Jesus, enfrentando o medo, se recompôs; "Contudo seja feita a vossa vontade, e não a minha".
O evangelista apresenta duas superações de medo. A primeira, quanto a rejeição que os missionários/missionárias vão viver. Se rejeitaram o "dono da casa", há de rejeitá-los também. Portanto, não queiram ser bem vistos por todos/todas. Vocês serão rejeitados/rejeitadas. Então, sede firmes e não tenhais medo.
O segundo momento, Jesus destaca para não temer os que matam o corpo. E aí, faço memória aos mártires. São Dom Oscar Romero, morto no altar. São Maxmiliano Kolbe, morto na câmara de gás. Irmã Dorothy, assassinada pelos grileiros da terra da Amazônio. E ainda hoje falamos deles e delas. O corpo por ser morto, mas o legado fica. Lembro aqui a morte da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro. Mataram o corpo, mas as ideias ficaram. Gandhi, Mather Luter King. Tiveram suas vidas ceifadas, mas suas ideias estão no meio de nós até hoje.
Hoje somos chamados a não temer. A assumir a causa do Reino dos Céus. A ser missionários/missionárias das bem aventuranças. Amém.
sexta-feira, 10 de julho de 2020
Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 10,16-23
Disse Jesus aos seus discípulos: 16 Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas. 17 Cuidado com os homens, porque eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. 18 Vós sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa, para dar testemunho diante deles e das nações. 19 Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado o que deveis dizer. 20 Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós. 21 O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. 22 Vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo. 23 Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. Em verdade vos digo, vós não acabareis de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem.
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Jesus continua sua instrução aos seus discípulos. O texto de hoje se inicia com um envio, "Eis que eu vos envio". E nesse envio ele apresenta uma oposição, ovelhas x lobos. As ovelhas terão que anunciar o Reino dos Céus aos lobos. Que coisa! Pode ser que não alcancemos essa palavra, ou façamos uma leitura equivocada. As ovelhas são obedientes aos pastor. As ovelhas escutam a voz do pastor. As ovelhas conhecem o pastor.
O pastor dá a vida pelas suas ovelhas. O pastor cuida, alimenta, dá de beber, trata as feridas, e vai atrás das que se desgarraram.
O lobo não. O lobo mata. Tira a vida. Devora. Não se importa com a ovelha. parafraseando um conto, o "lobo é mau". O lobo não se importa com a vida da velha.
Se trouxermos para os dias de hoje, o lobo não se preocupa com a saúde das ovelhas, o lobo é corrupto. O lobo é racista, misógeno, homofóbico. O lobo não se preocupa com o meio ambiente. O lobo calunia. Faz fofoca. Fala mal das pessoas. Destrói reputações.
É a esses lobos que Jesus envia seus discípulos. Os lobos precisam se converter. Os lobos precisam ouvir a palavra de Deus e saberem que precisam mudar de vida.
Então, aquele ou aquela que se coloca como discípulo(a) missionário(a) devem ser prudentes como as serpentes. Mas, observemos, prudência; e não agir como as serpentes, que matam. Ser prudente como a serpente é estar atento a possíveis ataques. E estar vigilante. Alerta. Pronto para a defesa. Em oposição a isso, devem agir com a simplicidade das pombas. Eles pousam nos territórios das serpentes por não verem o mal. Mas tomemos cuidado, muitas pessoas ao nosso redor querem nos matar, nos destruir.
Em seguida, Ele nos faz um alerta, os homens "vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas". Se imaginarmos que as sinagogas eram (e ainda é) os lugares santos para os judeus, ficamos chocados. É como se alguém fosse colocado dentro de um templo católico e ali fosse açoitado na frente de todas e de todos. E, sem percebermos, ou com essa intenção, quantas pessoas açoitamos com nossa palavras maldizentes? Toda forma de discriminação é uma forma de açoite moral. Toda violência é um açoite. Toda forma de exclusão é um açoite.
Jesus faz um alerta, toda essa violência que o discípulo sofrerá servirá para que ele dê testemunho de Jesus diante dos algozes e das nações. E ainda mais, não devem se preocupar com o que se dirá em sua própria defesa. O Espírito Santo dará a iluminação necessária para isso. Quem se dispõem a ser discípulo/discípula deve estar preparado para ser condenado junto com Jesus.
E Mateus encerra com uma visão apocalíptica. A divisão. Isso era comum entre os judeus. As várias correntes religiosas disputavam quem tinha verdade na interpretação da Torá, da Lei. E numa mesma casa poderia haver um fariseu e um saduceu. Não nos impressionemos com as palavras de divisão ditas por Jesus. Agora, numa mesma casa haverá aqueles que creem nos discípulos e começarão a seguir o Caminho; e aqueles que ficarão ainda na antiga aliança. E temendo os poderosos, entregarão seus familiares e compatriotas.
A perseguição gera missão. A perseguição desaloja. A perseguição é um empurrão que o lobo e a serpente fazem. Partir e anunciar é a missão do discípulo/discípula missionário/missionária.
Somo convidados a enfrentarmos os perigos da vida, os perigos de anunciar a Boa Nova. Sabemos que seremos perseguidos, açoitados e até mortos. Mas não fraquejemos. Pois, "quem perseverar até o fim, esse será salvo".
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